Legenda da foto: Radialista sergipano Augusto Júnior, — (Crédito da foto: Reprodução/Rádio Jornal, postada pelo blog para ilustrar o presente artigo)
Texto publicado originalmente no site do jornal CORREIO DE SERGIPE, em 18 de agosto de 2023
Radialista Augusto Júnior morre em Aracaju
Da redação, AJN1
Morreu na madrugada de hoje (19), o radialista Augusto Júnior, 62. A informação é que ele sofreu uma queda da própria altura no estacionamento do condomínio onde morava, no bairro Ponto Novo, em Aracaju, quando veio a óbito. Augusto Júnior fez história no rádio sergipano, sendo uma das vozes mais marcantes. Atualmente era diretor da Rádio Jornal FM, onde apresentava o programa Comando Geral. O local e horário do velório ainda não foram divulgados pela família.
Em decorrência do falecimento do radialista, o governador Fábio Mitidieri decretou luto oficial por três dias e suspendeu o Café ponto Gov, que seria realizado agora pela manhã, no Delmar Hotel. “A manhã de hoje começou triste. Minha solidariedade aos familiares e amigos do radialista Augusto Júnior, que nos deixou nesta sexta-feira. Em respeito a sua trajetória na comunicação, cancelamos a entrevista Café Ponto Gov”.
“Foi com tristeza que recebi a notícia do falecimento do radialista Augusto Júnior, diretor da Rádio Jornal. Um importante nome do rádio sergipano, que comandou esta emissora de expressão e contribuiu para a comunicação sergipana de maneira efetiva. Meus sentimentos a todos os familiares, amigos, companheiros de trabalho e aos seus ouvintes!”, disse o prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, através de uma postagem no Instagram.
Da história do rádio sergipano: Augusto Júnior
Publicado originalmente no site Osmário Santos, em 31/08/2006.
João Augusto Celestino de Assis, artisticamente, Augusto Júnior, nasceu em 16 de maio de 1961, na casa de número 328, rua Itaporanga, Centro. Seus pais: Augusto Bezerra de Assis e Maria Bernadete Celestino.
O pai (falecido), era pernambucano de Garanhuns. Foi caminhoneiro e sempre viajou bastante. Homem de personalidade e gênio fortes, deixou exemplos de honestidade e seriedade. “Dele, herdei o gênio. Sou homem de poucas palavras, bem parecido como foi meu pai. De todos os filhos, fui o mais próximo dele. Me faz muita falta até hoje”.
Sua mãe, Dona Bernadete, professora, era uma mulher extremamente vaidosa com sua aparência. Andava pronta e sempre maquiada. Falava bastante e fazia muitos amigos. Dela, herdou a franqueza e o sorriso sempre presente. “Minha mãe já se foi e deixou uma lacuna insubstituível em minha vida. Aprendi com ela que a verdade sempre deve ser dita”.
Conta que a sua infância foi maravilhosa. Embora de uma família de poucos recursos, não faltaram brinquedos, presentes e diversões. ” Sempre fui um garoto levado, e hiper-ativo. Desde pequeno, fui apaixonado por futebol. Jogava bola o tempo todo. Gostava de jogo de botão, andar de bicicleta e participar das brincadeiras de criança. Sempre fui bom aluno, apesar de não estudar muito em casa. Tinha facilidade em de aprender. Desde criança, tive uma queda para a área de humanas (História, Geografia, OSPB, Português, etc. Garoto levado, certa vez jogando futebol com Augusto Bezerra, meu irmão, acabei sendo atropelado por uma Kombi e fui parar no hospital. Noutra ocasião, fraturei os dois braços de uma só vez, também jogando futebol. Fiz muitos amigos na minha infância, alguns cultivos ate hoje”.
Com a mãe, os primeiros passos nos estudos. Além de ensinar em sala de aula, foi diretora do Jardim de Infância José Garcez Vieira, no Siqueira Campos. Estudou da 1ª a 4ª série no Colégio Alfredo Montes, na Av. Pedro Calazans. Fez da 5ª a 8ª no Colégio John Kennedy, no Siqueira Campos.
No primeiro ano científico, estudou no Ateneu; o 2º e o 3º, no Colégio Visão. “Sempre fui orador nas formaturas e participei de atividades culturais e esportivas. Tenho gratas recordações do meu tempo de científico no Colégio Visão. Tive a sorte de ter como professores: João Costa (Português), Almir Santana (Biologia), Augusto Bezerra (Química), Wellington Menezes e Ismael Silva (Matemática); Elias Pinho Oliveira (História); Edinil Simões (Geografia), Sacuntala Guimarães (Inglês), dentre outros”.
Registra que o tempo da juventude foi marcado de grandes descobertas e inesquecíveis baladas.
Desde garoto, sabia que tinha vocação para professor. Sempre foi um bom aluno de História e Geografia. Daí, a opção foi natural pelo curso de licenciaturas em Estudos Sociais (História). “Quando estudei na Faculdade, ainda não existia o Campus da UFS, fiz ainda dois períodos no prédio onde funciona hoje o IPES. Depois, foi inaugurado o Campus universitário professor Aluísio de Campos. Foi um tempo de ebulição com movimentos estudantis na UFS. Lembro-me dos discursos do jovem estudante de Direito, Marcelo Déda, e do estudante de Medicina, Edvaldo Nogueira, dentre outros companheiros do DCE. Cheguei a cursar também outros cursos como: Ciências Sociais e Geografia, sem completá-los”. Colou grau em Licenciatura em História no ano de 1985, pela Universidade Federal de Sergipe.
Mesmo na faculdade, na qual ingressou aos 17 anos, já despertava interesse pelos caminhos do rádio. Apesar de trabalhar durante cinco anos no Colégio Visão nunca se interessou em dar aulas. “O rádio já era mais forte na minha vida”.
O primeiro emprego aconteceu aos 14 anos de idade, quando participou da fundação do Colégio Visão. “Meu irmão, o professor Augusto Bezerra, era um dos sócios e por lá fiquei por cinco anos. Foi um grande aprendizado e fiz muitas amizades. Lembro de quatro grandes amigos que fiz nessa época em meu local de trabalho: Vicente (hoje, advogado) Vânia Góes e Tanit Bezerra e Violeta, hoje professora”.
Despertou para o rádio ainda no colégio. “Conheci, durante um dos intervalos de aula, Glau Peixoto, que também estudava no Visão. A partir daí, fui convidado a conhecer o seu trabalho na antiga Rádio Difusora (hoje, Aperipê) e de pronto me apaixonei pelo rádio. Desde pequeno, fui louco por futebol e ouvia as narrações esportivas pelo rádio. Naquela época, eu já tinha a vocação para o rádio sem perceber. Sabia todas as escalações dos grandes times brasileiros, colecionava figurinhas com jogadores e escudos dos de times de botão e falava de futebol o tempo todo. Não perdia um só jogo no Batistão. Desde cedo, me apaixonei por três times: o Confiança, o Fluminense e o Santos”.
No rádio, fez de tudo, porém se especializou no esporte. Por 21 anos, fez plantão esportivo. Também apresentou resenhas esportivas e programas ligados ao esporte. “Tive o prazer de participar de equipe esportiva convivendo com nomes consagrados com: Carlos Magalhães, Wellington Elias, José Antônio Marques, Alceu Monteiro, Haroldo Lessa, Andrade Lima, Carlos Batalha, Paulo Lacerda, Roberto Silva, Alexandre Santos, José Eugênio Canabrava de Mendonça, Glau Peixoto e muitos outros”.
Em 1996, lança o programa de jornalismo “Balanço Geral” no final da tarde, das 17h às 19 horas. “Uma novidade na época, pois era comum termos programas esportivos e sertanejos no horário. Foi um desafio que deu certo na época.O programa emplacou e hoje todo mundo copia. Hoje, apresento o “Comando Geral”, das 6h às 9h da manhã na Rádio Jornal. Foi outro grande desafio vencido. Até meados de 2004, Gilmar Carvalho apresentava o programa “Impacto” na emissora e era o dono da audiência. Com sua saída fui convidado pelo presidente da Rede Jornal, João Alves Neto, e pelo diretor geral, Alfredo Moura, para assumir o horário. Relutei bastante, pois não queria trocar uma liderança confortável à tarde por um horário onde haveria uma disputa acirrada pela manhã. Estreei o programa no dia 29 de outubro de 2004, com ótima equipe que me acompanha até hoje. Foi um sucesso, melhor seria impossível. Já na primeira pesquisa do Ibope, feita em 2005, no mês de setembro, a Rádio Jornal não só manteve o primeiro lugar, bem como, superou os índices anteriores ao Comando Geral. Hoje, nosso programa tem picos de 71% e média de 67% de audiência das 6h às 9h da manhã. Todos estamos muito felizes e agradecidos ao povo que entendeu a nova proposta da emissora: Jornalismo de conteúdo, informações e prestação de serviço. Sem baixaria e escândalos. A cada dia, crescemos mais em audiência”.
É diretor da Rádio Jornal há 20 anos e está na emissora há 28 anos. Diz que gosta do que faz e procura a crescer a cada dia. “Não me acomodo com os bons resultados. Quero sempre mais. Somos líderes de audiência desde 1987, o que é um marco na história do rádio de Sergipe. Poucas emissoras no Brasil conseguiram manter-se em primeiro lugar por tanto tempo. O nosso sucesso é reflexo da equipe que temos na emissora e do apoio que recebemos da direção.
Durante todos esses anos, matérias talentosas surgiram em nossa emissora.
Fui o 1º diretor de Jornalismo da TV Jornal, canal 13, e superintendente da Rede Jornal durante alguns anos, TV Jornal, FM Jornal, Rádio Jornal AM, FM Jornal de Estância, FM Jornal de Propriá e Rádio Imperatriz dos Campos, de Tobias Barreto”.
A primeira copa do mundo coberta por uma emissora sergipana teve a sua participação direta. Foi a de 1986, no México. “A Rádio Jornal era dirigida por Glau Peixoto. Eu comandava a equipe esportiva que transmitiu a Copa direto do México, com José Antônio Marques, Alceu Monteiro, Paulo Lacerda, Carlos Batalha e Glau Peixoto. Foi um marco que entrou para a história do rádio sergipano.Depois disso, fizemos muitas outras transmissões internacionais pela Jornal”.
Na administração pública, presença na Fundação Aperipê como superintendente-adjunto. “Aconteceu na gestão da professora Marlene Alves Calumby, no segundo governo do dr. João Alves Filho. Foi uma boa experiência”.
Das emoções vividas entre tantas, destaca os oito prêmios Bola de Ouro, que recebeu no Rio, São Paulo e Paraná como destaque do rádio esportivo no país.
“Foram momentos inesquecíveis. Recebi a maior premiação da imprensa esportiva nacional, ao lado dos maiores nomes da TV, do rádio e do jornalismo escrito do país”.
Um sonho realizado aconteceu de forma inusitada; uma entrevista de quase duas horas com Pelé, o atleta do século. “Foi em 1985 e consegui a entrevista através de Xuxa, que na época era namorada de Pelé. Agendei e fiquei aguardando. Certa noite, estava em casa quando fui chamado às pressas na rádio. Pelé recebeu o meu recado e mandou me chamar em casa para conceder a entrevista. Foi uma realização profissional”.
Profissionalmente, considera-se um homem feliz. “Acredito que tenho muito ainda por realizar. Vários projetos virão por aí. Trabalho onde gosto, como gosto e do jeito que gosto e sei fazer. É muito bom”.
Diz que sua família representa a base de sua vida e sua estabilidade. “Sou casado com Angélica há 17 anos. Tenho duas filhas: Maristella, de 24 anos, geóloga pela Universidade do Mato Grosso e atualmente fazendo mestrado, e Ana Gabriela, 19 anos, estudante de Direito na UNIT. Ainda não sou avô.Tenho quatro irmãos: Heloisa (falecida), Ada Augusta, Augusto Bezerra e Fabiano”.
Teve muitas pessoas importantes em sua vida, desde os pais, irmãos, professores, amigos, radialistas, jornalistas e parentes. ” Minha esposa Angélica foi um divisor de águas em minha vida. Drº João Alves, Drª Maria do Carmo e o empresário João Neto também são pessoas fundamentais no meu sucesso profissional, pois me proporcionaram grandes oportunidades de ascensão”.
Considera-se um homem feliz, realizado e de bem com a vida. “Tenho orgulho de dizer que jamais prejudiquei intencionalmente alguém. Ajudo a todos que posso. Procuro ser amigo e companheiro. Tenho filhas maravilhosas e uma família a qual amo muito. Sou realizado profissionalmente e pessoalmente. Além da área da comunicação aprecio muito a música e sou um bom colecionador de CDs, bem como, amante da arte cinematográfica. Acredito em Deus e na Salvação”.
Texto reproduzido do site: ajn1 com br