- Mãe, meu pai é tão carinhoso! Tenho muita sorte de ter ele, né?
Em outra conversa, a mesma coisa.
- O que você comeu de sobremesa, Isadora?
- Comi uva.
- Tava boa?
- Não, tava bem azeda, mãe. (meio reclamando da uva)
- Ah, vai lá reclamar com seu pai, foi ele que comprou.
- Eu não vou, não. Ele é tão carinhoso
Eu bem que ouvia falar que as meninas são loucas pelo pai. Adoram, idolatram, são as filhinhas-do-papai mesmo. Mas não achei que era tanto assim. Duvido que tenha uma filha mais puxa-saco do pai do que a minha.
Ainda bebê, Isadora já apresentava uma ligação muito forte com o Marcelo. Ela adoecia, ele adoecia e vice-versa. Diarréia num, diarréia no outro. Eita! Acho até que aprendeu a falar papai primeiro do que mamãe.
Como ela começou a falar cedo, já gritava de madrugada: "Papai, eu quero meu pai!". Claro que o pai passava bem longe de ouvir, naturalmente programado que é para apagar durante a noite. E quem ouve o menor ruído e pula da cama para atender o filho??? Quem, quem?? A mãe, claro. E o que essa mãe aqui ouvia quando chegava lá no berço da filhinha-do-papai??? "Eu não quero a mamãe, quero o papaiiiii!" A mãe aqui num misto de fúria-tristeza-ciúme voltava pra cama e acordava o papai sonolento com o maior prazer: "Vai lá, TUA filha está te chamando!" Depois de várias madrugadas, desisti de levantar e apenas cutucava o Marcelo para ver o que a Isadora queria.
E assim, continua seguindo essa relação de amor entre os dois. Fico com ciúme? Claro. Uma pontinha de inveja? Uma pontinha não, um iceberg! Mas ao mesmo tempo fico numa felicidade danada de ver que minha filhinha tem muita sorte de ter o pai que tem. Ela tem mesmo um paizão e sabe valorizar isso. Que continue assim!