junho 30, 2005
III Encontro d'A Funda São:
diversão - diversidade - divertimento
No próximo sábado, dia 02 de Julho, ocorrerá o III Encontro d’A Funda São.
Desta vez, o cenário será Carcavelos, terra airosa e prazenteira que, cheia de bonomia, já viu arrastões do Tenreiro e arrastões da Cova da Moura, ambos dedicados à faina da pesca. Nada especioso, pois, que vá para lá um bando de erotizados exercer o seu direito (adquirido, claro, que não há almoços grátis) de arrasto também pelo magnífico areal…
Este III Encontro terá lugar no restaurante Estrela do Mar e dos convivas se esperará o habitual: boa disposição, camaradagem, linguagem desbragada e heterodoxia de conceitos.
Haverá espumantes de origens desvairadas e chamuças para enlevo de horas tardias junto ao mar.
Em singela homenagem integrada em tão sublime evento, será apresentado por este humilde servidor das coisas públicas e de uma ou outra coisa privada o livrinho de cordel, “Odes No Brejo E Alguns Pecados” (ed. Apenas Livros, Lda.), opúsculo poético, constituído por 30 odes que, na sua maioria, viram pela primeira vez a luz em alegre colaboração com aquele depravado blog.
E, assim, acontece…
junho 28, 2005
Ismael Serrano, conhecem?...
Certo dia, há vários anos atrás, apercebi num canal qualquer de tv dedicado à música uma canção em castelhano, com uma rara simbiose de música e letra, que me caiu, de imediato, no goto. Consegui anotar o nome do intérprete... e foi tudo quanto apurei dela, que nunca mais a ouvi.
Percorri mil e um estabelecimentos à procura daquele nome. E nada!
Vários anos depois, numa passagem por Andorra, recordei o nome e resolvi procurá-la. E encontrei-a. Não tem importância nenhuma... É apenas uma daquelas coisas de que a vida é feita.
Para os meus amigos, para as amáveis visitas, aquela que ficou sendo uma das canções da minha vida:
de Ismael Serrano, Papá, Cuéntame otra vez - álbum Atrapados en Azul
Papá cuéntame otra vez
ese cuento tan bonito
de gendarmes y fascistas
y estudiantes con flequillo
Y dulce guerrilla urbana
en pantalones de campana
y canciones de los Rolling
y niñas en minifalda
Papá cuéntame otra vez
todo lo que os divertísteis
estropeando la vejez
a oxidados dictadores
Y como cantaste al vent
y ocupasteis la Sorbona
en aquel mayo francés
en los días de vino y rosas
Papá cuéntame otra vez
esa historia tan bonita
de aquel guerrillero loco
que mataron en Bolivia
Y cuyo fusil ya nadie
se atrevió a tomar de nuevo
y como desde aquel día
todo parece más feo
Papá cuéntame otra vez
que tras tanta barricada
y tras tanto puño en alto
y tanta sangre derramada
Al final de la partida
no pudísteis hacer nada
y bajo los adoquines
no había arena de playa
Fue muy dura la derrota
todo lo que se soñaba
se pudrió en los rincones
se cubrió de telarañas
Y ya nadie canta al vent
ya no hay locos ya no hay parias
pero tiene que llover
aún sigue sucia la plaza
Queda lejos aquel mayo
queda lejos Saint Denis
que lejos queda Jean Paul Sartre
muy lejos aquel París
Sin embargo a veces pienso
que al final todo dio igual
las ostias siguen cayendo
sobre quien habla de más
Y siguen los mismos muertos
podridos de crueldad
Ahora mueren en Bosnia
los que morían en Vietnam
ahora mueren en Bosnia
los que morían en Vietnam
ahora mueren en Bosnia
los que morían en Vietnam
Nota 1 - se trocarmos a Bósnia pelo Iraque, nem se dá pelo passar do tempo...
Nota 2 - O álbum Atrapados en Azul é, na minha modesta opinião, todo ele excelente. Procurem-no e digam-me, de vossa justiça.
Nota 3 - Melancólica, a canção? Nem por isso. "Pero tiene que llover, aún sigue sucia la plaza..."
junho 26, 2005
Urbanismos II
nada mais que notas soltas num sorriso me perturbe
voos cruzados nas voltas de alguém perdido na urbe
na cidade que não sabe da sede por trás da sebe
que sobe p’la rua acima – tanta a fome quanta a sede
tantos nomes quantos homens nos quadrados da calçada
triangulam na alvorada
sequiosos de outras fomes
temerosos de outros medos
ciosos de enredos de anto
a disfarçar tons de pranto criando novos degredos
dá-me luz
dá-me essa aurora
de ser vivo nesta hora que demora a cá chegar
dá-me alento que rebento
nesta espera-desespero
de querer ir
e só chegar.
- Jorge Castro
junho 24, 2005
de Luís Viveiros, "Fagulhas" (ed. Instituto Piaget)
Hoje (ontem, portanto, pois foi a 23 de Junho), por Oeiras, outro poeta,
este madeirense, recordou-nos ser Portugal um país de tantos poetas.
No Espaço dos Sentidos,
o amigo Luís Viveiros lançou-nos as suas "Fagulhas",
aonde eu fui buscar o seu
MAR
Dizias que não mas é ainda o
mesmo mar que te recebe pelo
Natal quando regressas à ilha
A mesma vertigem a mesma
carne de azul escuro ainda o
mesmo abraço que pode matar
E já passaram muitos anos
junho 22, 2005
Legado
tenho apenas estas mãos
vês?
tenho apenas destes passos
os caminhos
que já nem me sobram no tempo
nem são ninhos
tenho apenas esta dor apaziguada
tenho o nada
quase tudo construído
ao rés da água
calosidades de mágoa
que me sobram do regato
em que me vês
e deslaço
o pretérito embaraço de ser tudo e quase nada
e assim sou
por onde vou
por onde passo
de nada sou
mas sou tudo quanto faço
sou o espaço
onde se cria este tempo
este passo que define a vida toda
porque eu sou
‘inda que morra
e deixo de mim o espaço
que tu virás
e trarás no regaço a vida toda
e eu ta darei
‘inda viva
‘inda que doa
com estas mãos que apenas tenho
vês?
onde trago de meus pais a vida toda.
- Jorge Castro
junho 20, 2005
A lei do menor esforço e a liderança
Há uma lei na Biologia, que aprendi com o Félix Rodriguez de la Fuente - há tanto tempo que já nem me lembro… - chamada a lei do menor esforço, a qual, sendo coisa muito séria e científica, quando chamada à colação, em Portugal, tende a ser levada à guisa de chalaça… Mas não é!
Não sendo eu, nem de perto, biólogo ou sequer mero aprendiz de feiticeiro na disciplina, julgo no entanto não proferir dislate bárbaro se enunciar essa lei, altamente respeitável, da seguinte forma: na Natureza tudo procura ou tende a alcançar um fim determinado (e determinante) com o menor dispêndio de energia possível.
No fundo, algo que nos é muito caro e de onde resulta tudo ficar, afinal, muito mais barato.
Entretanto, não passa dia sem que vejamos, na terra lusa, os nossos (des)governantes ou, até, meros pseudo-fabricantes de opinião a tornarem complexo até ao limite do absurdo os mais claros e elementares problemas de governação, criando então cornucópias de problemas irreversíveis e irremediáveis com a sua falta de destreza ou incapacidade de justo equilíbrio. Em resumo, passamos a vida a reinventar a roda e a discutir a quadratura do círculo, em redor do sexo dos anjos…
Veja-se esta recente bacorada com a greve dos professores, sem entrar em grandes minudências. Conseguiu-se, de uma assentada:
1. Revoltar ainda mais os já legitimamente revoltados professores, aumentando a adesão à greve;
2. Privar a imensa maioria dos alunos de uma semana inteira de aulas, apesar dos atrasos já verificados no início do ano lectivo com a célebre trapalhada das colocações, ainda por cima invocando o "superior interesse dos alunos"... (A propósito, então e as colocações de professores para o próximo ano, estarão esquecidas?);
3. Provar à saciedade que, no imbróglio da esgrima argumentativa, das duas, três: ou mente a senhora ministra, ou mentem os sindicatos, ou mentem ambos, sendo que nenhuma das opções tranquilizará o comum dos cidadãos;
4. Ouvir de um eminente representante dos pais – seja lá isso o que for… - dizer que os exames serão, para alunos e professores, “o culminar” de um ano lectivo inteiro, quando todos sabemos que os exames em questão só pesam 25% na nota final e que é suposto que o culminar de qualquer ano lectivo seja a apreensão de conhecimentos e a preparação para a vida… Pelos vistos, os representantes dos pais a que temos direito, não pensam assim, o que é uma pena.
…
Quando iniciei este “post” predispus-me a desenvolver um verdadeiro ensaio sobre a matéria. Mas, pensando bem, é melhor não, pois tudo isto é muito cansativo.
Porque é que a malta não faz uma excursão até à Suiça – este foi um exemplo que me ocorreu, assim de repente - estuda o(s) modelo(s) lá existente(s), paga os direitos inerentes e importa os processos? Já viram o trabalho e as canseiras que pouparíamos?
Perda de identidade? Nem pensem nisso! A malta vai até ali acima à Galiza e importa os conteúdos, submete-os à apreciação correctiva da Opus Dei, da Maçonaria, do Belmiro de Azevedo e da comunidade da Cova da Moura, que são as forças vivas da nação… e, depois, é só avançar no sentido de um Portugal europeu cumò caraças!...
Fiquem bem e não se fatiguem muito.
junho 17, 2005
A porra toda...
... é que por mais que a mulher de César se emboneque, cada vez mais faz questão de parecer uma grande puta, para além daquilo que a sua virtude muito bem lhe recomende e guie, portas adentro.
E, no fundo, é só por estas coisas todas que eu, aquela espécie degenerada de "trabalhador por conta de outrém", não encaixo no bestunto tudo aquilo que vou pasmando de ouvir, à nossa volta. Vejam só:
- Vem o referendo sobre a Constituição Europeia e arrepelam os cabelos, em alta grita por que se não se vota o SIM, já não há Europa. Mas o que a malta devia votar não erá SÓ sobre esta Constituição que, agora, os tais que antes gritavam, já se preparam, afinal, para mudar a correr?... E a Europa ainda aí está... pelo menos, hoje de manhã estava, que eu vi.
- Vem o Vítor Constâncio e diz que a previsão do déficit, para 2005, é de 6,83%. Nem 84, nem 82! 83 e mainada, com grande certeza no contar!... O Sócrates, acolitado pelo Coelho e pelo Campos e Cunha, arregaça as mangas e vá de aumentar os impostos, numa medida altamente inovadora e original, apoiado na muleta do desgraçado déficit "herdado".
- Vem a Manela, personagem acima de qualquer suspeita, e diz-nos que o Constâncio é fixe, mas divulgar assim o déficit é que foi uma aldrabice, porque uma previsão não é uma certeza e os impostos lixam-nos relativamente aos espanhóis e o poder de compra diminui e a economia afunda-se mais e... enfim, não se sai desta porra...
- Vem o João Talone arremelgar-se todo com o Mercado Ibérico da energia, com tudo que é parvo e ministro a passar a vida a dizer-nos que o nosso mal é a energia estar na mão de um monopólio... quando esse monopólio sempre esteve e ainda está, mesmo com as cosméticas das privatizações da tanga, na mão do Estado. Ora, se é o Estado o dono, o jogador e o árbitro, a porra do preço da energia não é definida por causas e efeitos de mercado mas por razões políticas que a razão desconhece, tal como acontece com a gasolina, o gás, etc.... Ou não?
Estou confuso, porque ainda hoje ouvi um representante dos empresários portugueses a dizer que o Mercado Europeu é que tem de ser e o Mercado Ibérico não faz sentido... Então, o que é que aquela malta anda para lá a fazer há uma data de anos?
- Vem o Sócrates, mais o Cunha e Silva, mais uma catrefa deles e diz que as reformas auferidas por altos cargadores (que são os que desempenham altos cargos) são legítimas, porque eles, coitados, trabalharam seis dias (ou seis meses, ou seis anos...) num poleiro qualquer... Mesmo que estivéssemos todos de acordo, o que não se entende é porque é que o tal reformado, coitado, não vai bugiar para as Seychelles e continua por cá a entupir o orçamento de Estado, ao activinho da Silva - na vedadeira acepção do nome - acumulando, também legitimamente, claro, uma pipa de massa das diversas funções, passadas, actuais, putativas, presuntivas e outras mais...
- Vem o Constâncio (outra vez, que ele aparece que se farta...) e, já esclarecido pela Manela o susto do déficit previsível - que o transforma assim a modos de um bruxo de novo tipo - e com as medidas do Sócrates já de velas desfraldadas, leia-se, portanto, "crise controlada", vai de adquirir uma frota nova com cerca de 60 belos e caros carritos para o Banco de Portugal, que esta vida é uma pressa.
- Vem o "arrasto" em Carcavelos e o ameaço na Quarteira e o roubo descarado nos comboios da linha de Sintra e andam para aí uns xenófobos da treta a dizer que tem que se acabar com isto, que é uma pouca vergonha... e os operadores turísticos ficam preocupados porque estas notícias são divulgadas pela BBC, em Inglaterra.
Também não percebo... Então os rapazes não estão a copiar, à pequena escala da Cova da Moura e, porventura, com maior justificação, o que vêem fazer aos sucessivos governantes dos sucessivos governos e respectivas clientelas e com a mesma impunidade?
- Vêm os trabalhadores da administração pública chateados, entre outras coisas, com o aumento do tempo de idade para a reforma, quando o Sócrates, o Constâncio, o Belmiro e uma data de inteligentes e opinativos tinham acabado de dizer que é preciso diminuir o peso dos excedentários na função pública... Afinal, se estão excedentários, porque é que têm de ficar assim durante mais uns anos? Será para os castigar de uma vida de calaceirice? Estou confuso...
- Por fim - que isto vai longo, não se chega a conclusão nenhuma e a malta não tem pachorra para estas merdas - vêm os taxistas, queixosos porque a bandeirada aumentou... E ELES ATÉ NEM QUERIAM, pois assim o governo está a estragar-lhes ainda mais o negócio, que já anda pelas ruas da amargura!!!... Então, se eles que mexem na bandeira não querem, a bandeirada aumenta porquê?
Mas, afinal, que porra é esta em que andamos todos atascados?
junho 16, 2005
de Mia Couto, in "Pensatempos" (ed. Caminho)
"A maior desgraça de uma nação pobre é que,
em vez de produzir riqueza,
produz ricos."
junho 14, 2005
sabedorias (poema bilingue - mirandês e pertués)
bibir en boca de lhobo
é uivo
quedar en rastro de lhiêbre
é caça
sentir filo de nabalha
é sangue
mercar las cuntas de bida
é fome
frenar la risa de l tiêmpo
é morte
preziar l aire desnudo
é vida
peinar l plaino camino
é obra
dourar l berde planalto
é sonho
bondar ser Fraga de l Puio
é sorte
sonar la gaita de fuôlhes
é festa
beilar al son de l pingacho
é grito
pintar la boç pelingrina
é vento
sonhar ser fuôlha de l’arble
é jogo
tamién ser águila en bolo
errante
al fin quisera ser tudo
não pude
al fin bolber a ser home
inteiro
sei mais
mas bou cansadico de l die
sei mais
que num te-lo you digo.
- Jorge Castro
junho 13, 2005
os divergentes - a morte saiu à rua num dia assim...
Hoje, morreu Eugénio de Andrade.
Hoje, morreu Álvaro Cunhal.
Dois homens. Dois seres humanos. Duas faces claras da vida.
Dois olhares argutos para o mundo.
Duas intransigentes vontades.
Duas mentes claras. Dois exemplos de vida.
Dois exemplos maiores
de que a nossa vida se faz hoje e é feita para o dia de hoje.
Dois caminhos gravados, indeléveis, a fogo no nosso imaginário colectivo.
Hoje morreram dois portugueses.
A nós, sobreviventes, a obrigação da memória e o dever do testemunho.
poisou uma mariposa num canteiro de palavras
tinha rosas tinha cravos
tinha agrestes malmequeres
tinha até ódios
horrores
mas tinha tantos amores em cada bater das asas
que voou de flor em flor
e na terra ressequida
de cada flor brotou água.
- Jorge Castro
junho 11, 2005
Arraial e Quermesse
Anda daí meu amigo
Vamos
Vem daí comigo
Belo o tempo e fresca a noite e o arraial que apetece
Entre cerveja e moelas e o brinde da quermesse
Que sai sempre e acontece no estralejar do foguete
Com as donzelas mais belas do bairro porque anoitece
Ali bem junto ao terreiro
E vês o padre
O engenheiro
A velha Maria tia daquele senhor presidente
Da Junta de Freguesia
Arroz doce que arrefece junto ao Joaquim que não esquece
A frescura da Maria
Que num dia de frescura dançou um tango com ele
Quase até junto à loucura
Mas fugiu na noite escura cheia de medo
Parece
Porque ouviu a sua prece junto ao ouvido em rosário
Que ao seu corpo lhe apetece o que à vizinhança enfada
E agora nem valeu nada ter feito tudo ao contrário
Do que a vida lhe pedia
Coitada e triste Maria
Nessa vida de fadário que dia a dia envelhece
Grita no palco o cantor ais de amar e ais de dor
E ais de todas as cores
E ele há até doutores que no arraial são senhores
De dar pezinho de dança
Qu’inda a noite é uma criança e quem não gosta de amores?
Sai dose de caracóis e a sardinha da abastança
Com sangria em contradança e muito alho no prego
Pago p’ra ver as velhotas
Senhoras do merceeiro
Que juntas vão ao terreiro dar sua graça na dança
Ventre com ventre que a pança
Do Zé do talho já cansa de se erguer nas pernas tortas
E lá voam mais foguetes
Enquanto a Amélia pedia dois bilhetes na quermesse
Que sai sempre e acontece rifar o lenço de seda
- P’lo menos daqui parece…
O tanto que lhe apetece ter a seda junto ao seio
Que no decote aparece
E que o António num anseio lhe comprou na doce crença
De se juntar nesse enleio de seda feito e de esperança
Roda a roleta e acorda
Do namoro que promete a ilusão que dormia
Saiu tapete de corda
Porque a sorte deu no sete
E a seda o oito pedia
Só por um valeu a pena
Pois sorte que por um perde
Não é má sorte é promessa de que essa roda da sorte
Pode ser bem que aconteça
Noutra volta dar o verde naquela esperança de seda
Senhor João não demore
A trazer essas bifanas
Bem passadas nas passadas que o João lá faz no trote
Das passadas amputadas que lhe calharam em sorte
Toc-toc no sobrado
Levou-lhe a vida um bocado
Diz ele em duas risadas a escarnecer da morte
E no terreiro o enredo noutro pezinho de dança
Um que dança contra o medo
Um velho a fingir criança
Um novo que a vida alcança com a extensão do braço
Apertando contra o peito o desejo num abraço
Belo o tempo e fresca a noite
Anda daí meu amigo
Vem comigo que apetece
Ir de noite sem abrigo ver a vida que se afoite
No arraial
Na quermesse…
- Jorge Castro
junho 06, 2005
Quadras em jeito de provérbios pós-modernos... e, talvez, não só!
- ... a culpa não é minha, ouviram? Ele é a rádio, a televisão, o diabo a sete!...
Não há maneira de se ter sossego!
bem pregava frei Tomás
mão à frente e mão atrás
olhai bem para o qu'ele diz
ide pr'além do que ele faz
tenho cá com muito afinco
safar-me desta maleita
qu'um home aos sessenta e cinco
tarde ou nunca s'endireita
devolver agora é que é
como a boca de outras eras
eu... de volvo e tu a pé
vou andando enquanto esperas
dás-me um não em querendo sim
dás-me um sim ao empurrão
ficamos assim-assim
europeus ou talvez não
António há p'las'Óropas
temos na ONU um António
já tivemos outro - o Botas...
ah Antónios d'um demónio!
e de Antónios e Marias
lá vai vivendo o povinho
quando a fome traz azias
vale-lhe um Santo Antoninho
somos no mundo os maiores
sempre à frente na loucura
com tanto cimento às cores
morreremos de fartura
pois se o come o construtor
e ao autarca dá sustento
vá de viver na maior
c'o a malta a comer cimento
já fomos povo alegrete
fomos jardim mal plantado
agora tudo é um frete
e o Jardim um mal-criado!
... pois, façam lá Vocelências um esforçozinho para,
ainda assim,
serem felizes, que isto das tristezas não paga dívidas,
ainda para mais com IVA a 21%!
junho 04, 2005
Feira do Livro
Já divulgados, aí pela comunidade fora, não é demais reservar-lhes, aqui também, um espaço por mérito, afinidades e - porque não? - cumplicidades, em sugestão de leitura urgente.
Dois ilustríssimos autores:
Luís Ene, com
Mil E Uma Pequenas Histórias, e
Paulo Proença de Moura, com
Persuacção - o que não se aprende nos cursos de gestão, provam que há mais vida para além dos blogs e surpreendem-nos sendo prova de que os blogs têm vida para dar e vender.
Aqui ficam as sugestões, em qualquer boa livraria perto de si... ou através dos respectivos blogs, (aos quais nem vou fazer "lincagem" pois, nesta altura, qualquer artista do meio saberá bem de quem se está a falar).
- Luís Ene - Mil E Uma Pequenas Histórias, onde "cada pequena história encerra um segredo que não se contém nas palavras que a formam", segundo o autor
Edição de Leiturascom.net (
editor@pauloquerido.com);
- Paulo Proença de Moura - Persuacção, "s.f. forma particular de persuasão tendo uma determinada acção como fim último", como nos diz o autor
Edição de Edições Sílabo, Lda. (
silabo@silabo.pt)
junho 02, 2005
eheheh... não consegui resistir a esta...
Já não há ovelhas tresmalhadas no rebanho do Senhor
porque agora temos um Pastor alemão.
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