Leituras III
“Alguns dias mais tarde, Banaka fez a sua aparição no café. Completamente bêbado, sentou-se sobre um tamborete do bar, caiu duas vezes, voltou a subir, pediu uma aguardente de cidra e pousou a cabeça no balcão. Tamina percebeu que ele chorava. «O que é que se passa, sr. Banaka?» perguntou ela. Banaka ergueu um olhar lacrimejante e mostrou o peito com o dedo: «Não sou nada, está a perceber! Não sou nada! Não existo!» Depois foi à casa de banho e da casa de banho directamente para a rua, sem pagar. Tamina contou o incidente a Hugo que à laia de explicação, lhe mostrou uma página de jornal em que estavam várias recensões de livros e uma nota de quatro linhas sarcásticas sobre a produção de Banaka. O episódio de Banaka, a apontar o peito com o indicador e a chorar por não existir, lembra-me um verso do Divan ocidental-oriental de Goethe: Estaremos vivos quando vivem outros homens? Na pergunta de Goethe dissimula-se todo o mistério da condição do escritor: o homem , pelo facto de escrever l