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A mostrar mensagens de dezembro, 2008

Leituras III

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“Alguns dias mais tarde, Banaka fez a sua aparição no café. Completamente bêbado, sentou-se sobre um tamborete do bar, caiu duas vezes, voltou a subir, pediu uma aguardente de cidra e pousou a cabeça no balcão. Tamina percebeu que ele chorava. «O que é que se passa, sr. Banaka?» perguntou ela. Banaka ergueu um olhar lacrimejante e mostrou o peito com o dedo: «Não sou nada, está a perceber! Não sou nada! Não existo!» Depois foi à casa de banho e da casa de banho directamente para a rua, sem pagar. Tamina contou o incidente a Hugo que à laia de explicação, lhe mostrou uma página de jornal em que estavam várias recensões de livros e uma nota de quatro linhas sarcásticas sobre a produção de Banaka. O episódio de Banaka, a apontar o peito com o indicador e a chorar por não existir, lembra-me um verso do Divan ocidental-oriental de Goethe: Estaremos vivos quando vivem outros homens? Na pergunta de Goethe dissimula-se todo o mistério da condição do escritor: o homem , pelo facto de escrever l

Leituras I + 1/2

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Servidão Humana é um livro sobre a condição servil do Homem; é um livro sobre escravidão. O Homem como escravo incondicional: do seu corpo - Philip e o seu pé boto e as dificuldade de ser diferente; escravo do amor, do desejo, da atracção irracional e inexplicável; escravo da tradição e da moral - a promessa de sentido no sentido irracional da vida eterna; escravo do futuro, escravo do presente, escravo do passado. Escravo da busca da imortalidade pela arte: a pintura, a literatura. Escravo dessa busca, incessante e jamais satisfeita, do "sentido da vida". Escravo de, apesar de todas as evidências no sentido da incapacidade de o conseguir, querer saber que sentido tem "isto". Escravo de si próprio, sempre, porque escravo do livre arbítrio: "Que preço se pagava para se ser diferente dos animais!" Philip personifica tudo isto de uma forma admirável. 600 páginas de muito mais; um conjunto de novelas e contos, válidos em si mesmos (se separados), mas belissima