Mostrando postagens com marcador Lupe Cotrim. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Lupe Cotrim. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 25 de março de 2009

29

"SAUDADE"



SAUDADE

(a Guilherme de Almeida)


A saudade é o limite da presença,
estar em nós daquilo que é distante,
desejo de tocar que apenas pensa,
contorno doloroso do que era antes.

Saudade é um ser sozinho descontente
um amor contraído, não rendido,
um passado insistindo em ser presente
e a mágoa de perder no pertencido.

Saudade, irreversível tempo, espaço
da ausência, sensação em nós premente
de ser amor somente leve traço

num sonho vão de posse permanente.
Saudade, desterrada raiz, vida
que se prolonga e sabe que é perdida.


Lupe Cotrim

sábado, 20 de setembro de 2008

0

"DE PEDRA"


Eu sou de pedra, me dizias,

a defender tua distância.


E esquecias o musgo,

essa tua epiderme de ternura,

e o teu corpo de carinhos,

num horizonte de água e terra,

a te envolver na vida.


— Eu sou de pedra — insistias.

— Pesado. Denso. Inalterável.

De estofo eterno.

Apenas estou, não sofro;

se algum gesto me ferir,

eu sou duro;

quebrarei o gesto sem sentir.


E esquecias

que és pouso de borboletas,

alicerce de flores,

abraço de raízes,

vulnerável em tudo

do que em ti pertence

e minha mão possui, acaricia.


— Eu sou de pedra.

E esquecias, esquecias.


Lupe Cotrim
Blog Widget by LinkWithin