Mostrando postagens com marcador JG de Araujo Jorge. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador JG de Araujo Jorge. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

1

"FADA"


Tua figura suave

delicada

nem parece que vive, parece bordada,

- como a boneca de seda de um desenho

de uma antiga almofada

que eu tenho...

Teus gestos, teus embaraços

fazem lembrar finos traços

de uma filigrana,

e tão frágeis me parecem, tuas mãos, teus braços,

que nem sei se és de carne ou se és de porcelana...

Bonequinha de louça

linda moça,tua alma é um fio de seda, estou bem certo,

e a minha imaginação

criou para o teu destino uma lenda encantada:

- jura que tu fugiste de algum livro

e que eras a ilustração

de uma história de fada !


(J G de Araujo Jorge)

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

0

"IRMÃ CHUVA"


Irmã chuva,
obrigado por teres vindo.

Trouxeste a paisagem adequada para a minha alma
doente de amor e melancolia. . .
Só a tua presença me faz bem e me acalma
neste dia. . .

Tua voz mansa e teu sussurro de vento
embalam em cantigas de ninar
meu coração. . .
Ah! só tu sabes falar assim ao sofrimento
e, na ponta dos pés, chegas, sem perturbar
a minha solidão. . .

Irmã chuva, obrigado por teres vindo
embalar meu coração agreste. . .
Só porque estou te vendo e estou te ouvindo,
nem podes calcular
o bem que me trouxeste. . .

J. G. de Araújo Jorge

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

0

"DIA DE CHUVA"

Dia de chuva,
dia cinzento,
dia de névoa,
dia de vento...
Vento que venta,
chuva que chove,
névoa cinzenta
que me comove...
Cinza tão fria
que cobre tudo:
alma de um dia
tedioso e mudo.
O mar de espumas,
- prata brunida -
tal como em brumas
a minha vida.
O céu parece
que vem a mim,
e a chuva desce
mansa, sem fim.
Faz bem à alma
esta tristeza
e a doce calma
da natureza.
Turva aquarela
à nossa vista,
como uma tela
impressionista.
No chão das ruas,
pelos dois lados,
há poças nuas
de olhos pisados.
Dançam letreiros
bêbedos,
frios,
qual marinheiros
sem seus navios.
Frios letreiros
piscam nervosos,
quais sinaleiros
de inúteis gozos.
Noite de chuva,
noite de vento,
noite viúva,
- pranto e lamento.
Vento que venta,
chuva que chove,
névoa cinzenta
que me comove.
Chuva morfina
que assim,
tão calma,
tão mansa e fina
chove em minha alma.
(Poema de JG de Araujo Jorge)
- do livro Cantiga do Só -
Blog Widget by LinkWithin