27 enero, 2007

Solidão a Dois

Quero que me leves leve como um fato raro pregado na parede como um gato preto comum em breve campo de neve. Te quero crua me carregando quero que tu regue me pegue jamais me negue. Já mais te querer é sim inevitável impreciso primário necessário prá mim. Quiçá me equivoco não me importo nem bem me porto. Não aprendi nenhum pouco a aprender nem tampouco a enrigecer qual nesses amores cheios de chatisse intensos como um chuvisco sem choros de gozo ou de muito gostar. Te trago meus versos verdades meus nexos meu sexo minhas noites e nuances e nudezas. Te trago meus tragos e afagos todos aqui prontos prá serem entregues a ti.

25 enero, 2007

ENTRE-PAREDES

Te enlaço te amasso
te asso inteira
te faço toda faceira
minha rampeira

Indo ao Pampa.

Um horizonte plano, um gosto amargo, um trago largo.
Uma cidade de fronteira, uma tarde longa, uma milonga.
Uma charla, um pêlo moreno, um seio pequeno.
Quem é Pampa por inteiro, muito mais que poeta, é milongueiro.

24 enero, 2007

Reticências

Mais que amor
há trabalho, tédio, dor
sangue, fuzil, flor
mais que esperança perdida
gozo, pêlo, rima caída
há sol, mulher esquecida
enfim: vida!

23 enero, 2007

A toda gente-indiferente

Não mais te escrevo
te incomodar não quero
se a ti o silêncio agrada
abraça-o:






...

12 enero, 2007

Uno de mis corazones

11 enero, 2007

Fragmentos

I

Agora só resta uma ponta incandescente rasgando a pequena escuridão do velho quarto. Os móveis parecem dormir, assim como as paredes, os retratos, os livros. A brasa se queima devagarzito. Uma mão acaricia um abdômen, um seio, um regaço feminino. Ali só estão os três: ele - acordado, pensativo, inquieto -, ela, e a noite. As persianas só não evitam os poucos sons da rua – latidos, ventos - e algumas mechas de luz, que não são suficientes para tornar qualquer coisa concreta aos olhos. Tudo flui, como a fumaça do cigarro, como se aqueles corpos e objetos houvessem se fundido no recente gozo de suor e palavras. A noite morna segue, a mão segue, os minutos seguem. Há uma certa cumplicidade entre aqueles pêlos. Dos risos, dos silêncios, das músicas, dos beijos, do filme, dos goles: resta esta cena.

II

Se a tristeza se faz presente nesse momento quando se fará a felicidade? Por que querer algo sem limite, sem liberdade nem prisão, sem dor, só amor? Por que essa angustiazinha sem razão teima em estar presente? Por que essa náusea, esse aperto, esse olhar caído, perdido? Por que não se deixar dormir, sem querer saber o que virá depois do primeiro jornal do dia?

III

E por mais que ela diga, ou, no caso, não diga, sempre sobra algum pensamento no final da noite, algum plano absurdo que nem chega a ser contado, alguma certeza solúvel como o café das manhãs que ele gostaria de tomar com... ela.

07 enero, 2007

Sorte de um amor tranqüilo?

venham ver as minhas cores
amores
venham ter
sem pudores
sabores
calores
venham ver
viver!

06 enero, 2007

Charlando,

- Querido, tu é tão terno...
- Depende.
- Depende?
- Sim, às vezes sou paletó, casaco, sobretudo sobretudo.

03 enero, 2007

"Vem, me exorciza"

Entre nós e nossos laços
há beijos carinhos abraços
Entre nós e nossos braços
há nossos nus amassos
Entre nós e nossos maços
há cabelos unhas regaços

PS: Mais uma flor jogada à tumba da Literatura Universal.
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