sexta-feira, 31 de julho de 2009

Atenção aos pormenores






A incrível Fátima Felgueiras, quem sabe se por estar mesmo inocente, foi absolvida de todos os crimes de que estava acusada em tribunal. O tribunal “não conseguiu” provar, nenhuma das acusações, nomeadamente o seu envolvimento com o futebol local e o paradeiro de milhões de euros que, por essa via, se esfumaram.


Esta é uma das frases proferidas pela autarca nos festejos do final do julgamento. Tivesse ela dito a dita durante o dito e os juízes poderiam ter reparado que a senhora até já fala como os futebolistas. Poderia bem ter sido um sinal... mas agora já é tarde!

Não, não, não sou a única...



Ao dar uma última vista de olhos na “Visão” da semana passada, antes de a reciclar, tropecei pela segunda vez na estória da jovem portuguesa, Alexandra Barrulas, a qual, segundo a revista, quando era criança queria ser neurocirurgiã, mais tarde veterinária ou bióloga, praticou ténis e artes marciais, toca piano, até há pouco tempo trabalhava no marketing de uma grande empresa de electrodomésticos... mas que afinal, acabou por ser a primeira praticante de Wrestling portuguesa, essa aldrabice americana que é uma espécie de imitação de luta livre.

Desta segunda vez a notícia também não me interessou nada, só que reparei na “legenda” que a “Visão” pespegou na fotografia da moça:

A única portuguesa que...
...ganha dinheiro para provocar o público, ser arrogante e fazer acrobacias num ringue

A única?! É absolutamente lamentável! Quero dizer, é absolutamente lamentável que jornalistas profissionais tenham varado estes últimos tempos sem nunca darem pela existência dessa outra grande portuguesa que vive de provocar o público, ser arrogante e fazer acrobacias, a sinistra ministra da educação, Doutora Maria de Lurdes Rodrigues! Lamentável!

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Deputado sensível...


(Rembrandt - "Aula de anatomia do Dr. Tulip" - 1632)

O Correio da Manhã, grande jornal de referência do meu café da esquina, tem-me dado praticamente tantas “alegrias” como “inquietações”. Esta notícia extraordinária do deputado do PS pelo distrito de Braga, de seu nome Manuel Mota é a mais recente “inquietação”.

A estória é tão simples quanto hilariante. O deputado, ao saber que estava nas listas para as próximas legislativas, mas em lugar não elegível, ficou tão “desgastado” que teve de ser assistido de urgência no hospital. Felizmente, quis o “Bom Jesus de Braga” que o homem se recompusesse, concedendo-lhe ainda a “graça” extra de o fazer subir dois lugares na lista eleitoral, passando assim a ser elegível.

Aqui é que a porca torce o rabo! Até hoje, desde que fui anunciado como candidato na lista da CDU pelo Distrito de Évora, já me fiz dispensar de actividades ligadas à pré-campanha aí por umas três ou quatro vezes. Ora por ter um recital para fazer, ora por cansaço acumulado, ora por estar mesmo indisposto, embora não tanto como a imagem ilustra.

O meu “receio” é que o pessoal da CDU, em Évora, comece a desconfiar das minhas dores de costas e da estória dos “bypasses” (a que nenhum deles assistiu, na verdade...) e comecem a pensar que o que eu quero realmente é subir uns lugares...

E agora?

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Paredes de Coura



Um dos mais badalados festivais de verão, o de Paredes de Coura, vai ter uma novidade, que para além de ser uma boa ideia, está já a ser um sucesso de adesão, que é o “Serviço de Babysitting”, para a filharada que acompanhe os apreciadores da música do Festival. Assim, deixam de ter desculpa para não se deslocarem ao belo local para assistir aos vários concertos.

Segundo me pareceu, mas isso foi impossível confirmar, os casais que conseguirem provar terem feito os filhos ali mesmo, em anteriores edições do Festival, beneficiarão de descontos muitíssimo interessantes.

Nota: Não vale a pena irem moer a cabeça dos organizadores do evento, pois esta dos descontos fui eu que inventei.

Deixem a moça em paz, que diabo!... Não querem lá ver o "raça" dos homens, hein?!



Agora seria a altura ideal para o PS e o BE pensarem em acabar com os desmentidos dos desmentidos, porem-se de acordo (o que não será difícil) e dizerem que tudo não passou de um grande mal entendido, nem importando já quem está a mentir, se um, se o outro, se os dois.

O convite para as listas de deputados, alegadamente feito pelo PS a Joana Amaral Dias, que esta confirma e o PS desmente, mas Louçã reconfirma e o PS redesmente, acrescido da promessa de cargos importantes no Estado, que o PS desmente, ninguém confirma e que acabou por obrigar Joana a ficar “incontactável”, o que deve ser uma tristeza para os amigos... é uma enorme trapalhada que está a ficar cansativa.

Esta estória de “assédio” da direcção de Sócrates a Joana Amaral Dias, mesmo que "na forma desmentida", se fosse um filme de longa metragem, seria filme candidato a Óscar de melhor montagem, ou melhores efeitos especiais, conforme o sentido de humor mais ou menos atrevido do realizador.

Infelizmente, não é! É apenas um pequeno documentário sobre a “vida selvagem” em que se transformou alguma da nossa actividade política.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Grande calor!



- Mããããeee!

- Sim...

- Vou para a piscina, ter com os meus amigos...

- Está bem, mas põe qualquer coisa na cabeça por causa do sol.

Quando os males vêm por bem...



Se não for pedir muito, espero que quando (ou se) o vírus da gripe me apanhar, isso me dê jeito para alguma coisa. Pelo menos tanto como deu à Dona Manuela Ferreira Leite.

Não é por nada... mas eu também detesto aturar bêbados, além de que para me rir com anedotas fascistas, tenho em casa os DVDs da série “Allo! Allo!”, na qual os comediantes fazem rir porque querem fazer rir... e são inteligentes, o que faz toda a diferença.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Esses são os imprescindíveis...





O recital em Gouveia foi um serão para recordar, numa Praça de S. Pedro povoada de gente boa.

Uma reflexão fez-me companhia durante parte da viagem de regresso para Montemor-o-Novo, altas horas da madrugada:

Nunca deixarei de ficar espantado e inspirado pela força e dimensão do espírito de resistência e luta daqueles que em algumas zonas do país se afirmam como militantes e candidatos de esquerda. Em lugares onde isso não é apenas um “incómodo” para a rotina familiar ou profissional, mas sim, não poucas vezes, um risco bem real.

O convívio com jovens candidatos da CDU, tanto de Gouveia como também de Viseu, confirmou e reforçou mais uma vez a minha admiração por estas pessoas realmente imprescindíveis, para usar a definição de Brecht. O recente “foguetório” reaccionário e mesmo fascistóide de Alberto João Jardim, veio chamar a atenção para esta realidade... mas quantas vezes, por aí, seja no famoso “cavaquistão” ou em tantas outras zonas do país, existem e exercem o poder tantos e tantos “Jardins” tão ou mais perigosos e "salazarentos" que o original madeirense, quanto mais não seja, porque ao contrário deste, ladram muito, muito menos...

domingo, 26 de julho de 2009

Aduladores







O Cid Simões, depois de me mostrar a caricatura do post anterior, enviou-me este "alimento" para o fim de semana, na forma de um poema de Almeida Faria, que curiosamente é daqui, de Montemor-o-Novo.

Depois das conversas que tenho tido, em que um certo deputado me tem contado da agitação, encontrões, cotoveladas e ataques de nervos, que há pelas bandas dos "grandes" partidos do poder, para a constituição das listas eleitorais, não resisto à tentação de lhes dedicar estes versos.


Aduladores

Nós, os aduladores, adulamos por gosto.

Para nós, nada mais delicioso que adular
Gente famosa, poderosa, gente de posses,
Gente que nos ouça e olhe e lá de cima 

Um dia, em público, nos ajude e elogie,

Gente que nos defenda se for preciso,

Gente que nos convide para o seu convívio,

Gente que nos consiga a condecoraçãozinha, 

A sinecura, o título, o lugar político,

O prémio (merecido ou imerecido).

Adoramos os céus da fama, os amarelos
Do ouro, do prestígio, da conta na Suiça. 

As metades das nossas caras de fugir

São a noite e o dia.
Sob os nossos melhor sorrisos

Escondemos focinhos grossos, de porcos bulldog.

Chafurdamos no esterco, no lixo.
Se nos descobrem, 

Assobiamos para os lados e disfarçamos, sorrindo.

(Almeida Faria)

sábado, 25 de julho de 2009

Nem fiquei mal na "foto"...



Há dias, o excelente desenhador e bloguista Fernando Campos, n”O sítio dos desenhos”, homem de traço e humor igualmente finos, resolveu publicar esta caricatura do cantor que mora dentro de mim, acompanhado de um texto algo “embaraçoso” dedicado ao escriba de blogue que recentemente resolveu coabitar com o cantor. Só a descobri, por ter sido alertado pelo Cid Simões, cliente mais assíduo do Fernando Campos.

Fiquei muito “inchado” e à espera de uma boa desculpa para o publicar. Acho que hoje, dia em que estou de cantor, é um bom dia para partilhar a caricatura com os leitores do “Cantigueiro”.

Digo que estou “de cantor” porque hoje, para além das muitas horas em que estarei a conduzir, o que não tem interesse nenhum, quem me quiser ver terá que se dar ao trabalho de ir até Gouveia, onde estarei, à noite, a partilhar umas canções com as pessoas que aparecerem na Praça São Pedro com vontade de as ouvir, ou até, de as escutar.

Então, até logo!

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Sarita



Sarita

Sarita mora no musseque,
sofre no musseque,
mas passeia garrida na baixa
toda vermelha e azul,
toda sorriso branco de marfim,
e os brancos ficam a olhar,
perdidos no seu olhar.
Sarita usa brincos amarelos de lata
penteado de deusa egípcia
andar de gazela no mato,
desce à cidade
e sorri para toda a gente.
Depois, às seis e meia,
Sarita vai viver pró musseque
com os brancos perdidos no seu olhar!

António Cardoso (1933-2006)
(No reino de Caliban II - antologia panorâmica de poesia africana de expressão portuguesa)

quinta-feira, 23 de julho de 2009

José Sócrates – Espelho meu, espelho meu...









“Ainda está para nascer um Primeiro Ministro que faça melhor do que eu...”, diz Sócrates (fazendo de conta que está a referir-se unicamente ao défice).

Este tipo de pessoas tem uma característica comum e invejável: é feliz!

Infelizmente, o país não pode contar com o seu entusiástico e auto-convencido contributo, pois a esmagadora maioria... está internada.

Alberto João Jardim – O devoto





Já todos estamos habituados aos desmandos políticos e discursivos de Alberto João Jardim. A esmagadora maioria das bacoradas que diz, di-las exactamente por ser um "bácoro". Quase tudo o resto se trata, ou de “provas de vida”, ou de simples provocações para obter reacções e conseguir que o país acabe a discutir um qualquer item que fazia parte do pacote da provocação.

É o que está a acontecer com esta campanha jardinesca da revisão constitucional, polvilhada de interdições à ideologia comunista, interdições que vão assumindo cada dia novas formas, mantendo o essencial: serem fascistas. Toda a gente está a falar dela, o que o deixa feliz ao ponto de dar “graças a Deus” por todos terem ido na esparrela...

A cara porcina reluz, inchada pela convicção de que é um ser genial. Como um pateta que rebentasse a montra de uma joalharia com um tijolo, em plena baixa, ficando convencido de estar toda a gente a olhar para ele por ser o autor daquela ideia genial e não simplesmente por ter espatifado a montra.

A somar às luminosas qualidades que lhe conhecíamos, ficamos a saber que Jardim é igualmente um homem crente e agradecido. Eu, ao contrário, não creio em deuses, mas se algum existir, imagino, solidário, a profunda fatiga e o embaraço de ser-se “seguido e adorado” por este tipo de gente.

Graças a Deus, diz ele. Chega de graças e adeus! Digo eu...

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Cavaco Silva - Renovação de plantel





Cavaco Silva escolheu Vítor Bento para ocupar o lugar deixado vago por Dias Loureiro no Conselho de Estado. A confirmar-se mais uma vez a espantosa arte de Cavaco para escolher a gente que o rodeia, não tarda nada, estaremos a ter (ainda mais) novidades deste Vítor Bento.

Economista, já esteve à frente, atrás e ao lado, de variadíssimas instituições. Na SEDES, esse tão produtivo grupo de inefáveis pensadores, pouco mais conseguiu produzir como solução para Portugal e a sua economia, do que o recorrente “conselho” de corte de salários. Dos trabalhadores, claro! No Banco de Portugal, foi director do Departamento de Estrangeiro. Para ir para a SIBS (aquela coisa dos cartões Multibanco), pediu no Banco de Portugal uma licença sem vencimento que dura há anos. Antes de começarem a pensar que nesse caso até fez muito bem, sempre vos digo que ao fim de todos estes anos (cerca de nove) sem ter posto os pés no Banco de Portugal, o benemérito Constâncio, empenhado em aumentar em alguns milhares a reforma de Bento, mesmo sem ele ter feito rigorosamente nada no banco, resolveu, por uma questão de “equidade interna”, dar-lhe uma “promoção por mérito”. Que ele aceitou, evidentemente.

Infelizmente, nos tempos que correm e atendendo às notícias que nos vão chegando todos os dias, envolvendo bancos, banqueiros e os seus amigos empresários e ex-governantes, o “grande mérito” de Vítor Bento foi exactamente não ter feito nada, não ter tocado em nada, nem ter tido acesso a papeis ou negócios no Banco de Portugal.

Quem acha bem e normal ser promovido por “mérito” como recompensa pela excelência de um trabalho que não fez, tem certamente conselhos igualmente excelentes para dar ao Estado. Será um grande substituto de Manuel Dias Loureiro!

Vital Moreira – Um cérebro extremamente selectivo (actualizado)





O deputado europeu Vital Moreira não quis deixar de dar também a sua opinião sobre os últimos desmandos de Alberto João I, “o Rei-Jardim” da Madeira, Porto Santo, Desertas e Selvagens. Vai daí, produziu um texto no seu blogue, verberando as mais recentes e já tão comentadas declarações daquele, digamos assim, político. Prantou-lhe o título de “E o Presidente não diz nada?” e escreveu:

“Como se não bastasse a sua provocante proposta de eliminação do representante da República nas regiões autónomas e de criação do cargo de presidente da região, com poderes de promulgação legislativa e de convocação de referendos regionais, Alberto João Jardim veio também dizer que vai fazer um referendo a essas mesmas propostas na Madeira.
Sabendo-se que a convocação de referendos cabe exclusivamente ao Presidente da República e que não pode haver referendos sobre propostas inconstitucionais nem sobre matéria constitucional (como é o caso), até quando é que Cavaco Silva, normalmente tão zeloso das suas prerrogativas constitucionais (e bem!), resolve dizer "basta" às provocações institucionais do líder regional madeirense?”

E pronto...foi tudo! Muito curiosamente, nas outras e ainda mais recentes declarações de Jardim, que por acaso, foram as mais polémicas e comentadas... o deputado Vital não reparou. Passaram-lhe ao lado. Defenderá também ele a ilegalização do comunismo e do PCP? Mistério.

Numa pequena correcção ao título deste texto, diria que Vital Moreira não tem uma parte do cérebro muito selectiva. Tem é uma parte do cérebro que jaz morta e apodrece.


PS: Fazendo fé no que me diz um leitor, o deputado Vital Moreira, exactamente no mesmo dia em que fez o poste a que acima me referi, publicou também no Público um texto de que se pode respigar o seguinte (fornecido por esse leitor):

“(…)
A proposta de proscrição do PCP não é só descabida mas também uma demonstração intolerável de sectarismo político

(…)
O antifascismo está na génese da actual democracia constitucional. Ora, para o bem e para o mal, durante essas décadas negras da nossa história política, os comunistas estiveram na primeira linha da luta da oposição democrática contra o regime, sendo as principais vítimas da repressão fascista. Meter no mesmo saco uns e outros seria misturar no mesmo julgamento político e moral os algozes e as vítimas. (…)”

1. Fica aqui a devida correcção.
2. Para ter lido isto precisaria de, ou ter comprado o Público, ou ser assinante do dito, na internet (era bem o que faltava!).
3. Mesmo assim, gosto muito da frase “Ora, para o bem e para o mal, durante essas décadas negras, os comunistas estiveram na primeira linha...”
4. A outra parte do cérebro funciona. Nunca disse que não.
5. Está feita a penitência do dia.

terça-feira, 21 de julho de 2009

É a azeitona, estúpido!



"A situação já está preta
A situação já está preta
Já se pode armar aos tordos
Já se pode armar aos tordos
É mentira, é mentira, é mentira sim senhor..."
(Arlindo de Carvalho. Mais ou menos...)

E vai mais um! Desta vez é o ex-ministro de Cavaco, Arlindo de Carvalho, a ser constituído arguido no imbróglio do BPN. Nada que espante, pois já todos estamos psicologicamente preparados para ver, um dia destes, todas os elementos das equipas ministeriais do Primeiro Ministro Cavaco Silva, acusados de qualquer trafulhice, ou mesmo engavetados. Exceptuando, obviamente, os muito espertos e os honestos (que também deve ter havido). Já nada espanta!

O que é lamentável nesta notícia é que o outro Arlindo de Carvalho, o homem da Soalheira, interessantíssimo autor e compositor de músicas de raiz popular, como o “Chapéu preto” (que aqui assassinei um bocadinho), a tão bonita “Hortelã Mourisca”, “Fadinho Serrano”, “Castelo Branco” e tantas, tantas outras, veja assim o seu nome misturado com esta gentalha, apenas pelo azar manifesto da coincidência de nomes.


segunda-feira, 20 de julho de 2009

Papa Bento XVI - Afinal andámos a descontar para a Providência?



De entre as várias faixas da cassete papal, tal como a “defesa da vida”, os “valores da família tradicional”, a capacidade para “enfrentar o sacrifício”, etc, etc, o Chefe de Estado do Vaticano, Ratzinger, saiu-se com uma nova receita para quem está a sofrer na pele os efeitos da profunda crise que a economia mundial atravessa: confiar na Providência!

Algum de nós poderia imaginar uma forma mais criativa de pôr os trabalhadores cristãos a exercitar a sua capacidade de sofrimento, enquanto esperam que a crise “passe”, entregando-se nas mãos divinas? Algum de nós poderia imaginar uma forma mais criativa de evitar aborrecimentos aos responsáveis por essa crise que esmaga milhões de trabalhadores, cristãos ou não? Algum de nós poderia imaginar uma forma mais criativa de convencer os trabalhadores e explorados de que o caminho não é o da luta contra os exploradores, mas sim o da esperança em milagres?

Claro que grande parte dos responsáveis mundiais pela exploração selvagem, perdão, pela crise imprevisível que se abateu sobre o mundo, são também cristãos, católicos ou dos outros... só que viajam para o céu lá mais à frente, em Classe Executiva, ou em "Falcon" privado.

O Papa ainda teve tempo para brincar com a sua queda na banheira, que resultou apenas numa rápida cirurgia ao dói-dói no pulso.

Deixo três singelas reflexões:

1. Só escrevo este texto e neste tom, porque quis o acaso que eu não seja jornalista e quis a sorte que não seja italiano. Senão... não sei não!...

2. Já nem as (antes tão temidas) quedas na banheira são o que eram...

3. Como compreendo o solidéu da imagem aqui em cima! Que chapéu, por mais pequeno, ou mesmo, vá lá... ridículo que seja, quer estar pousado naquela cabeça?

domingo, 19 de julho de 2009

“Aqui somos nós à frente do lugar onde morreram aqueles… quantos é que foram?”





Ou seja, vivemos num mundo que alberga alguns terroristas perigosos, o que é inaceitável, povoado por um número infinitamente maior de idiotas, potencialmente tão ou mais “perigosos” para o futuro e para o desenvolvimento da sociedade quanto os terroristas, o que é profundamente lamentável.

As bengalas de Gestaçô



Estas belíssimas, criativas e artesanais bengalas de Gestaçô, concelho de Baião, são dignas representantes de uma longa e antiga linhagem destes rijos acessórios de toilette, que ao longo do tempo tanto fizeram em prol do esclarecimento, argumentação, acerto de contas, clarificação de ideias, etc, tudo isto, evidentemente, para além de terem contribuído para dar uma bela pose e elegância no andar a muitas gerações de políticos e outras gradas figuras da nossa História que as usaram, com maior ou menor necessidade, com mais ou menos razão, com boa ou má pontaria.

Ainda bem que há quem se dedique à sua preservação, produção e divulgação, pois estamos a viver tempos em que já vão fazendo falta... de quando em vez...

sábado, 18 de julho de 2009

As súbitas paixões





"Era um general tão estúpido, tão estúpido... que até os outros generais deram por isso!"
(Autor desconhecido, de um Século anónimo)

"A cultura é tão importante, tão importante... que até Sócrates e Cavaco deram por isso!"
(Adaptação aos nossos tempos, da citação anterior)

Antes de mais, devo declarar que acho Guimarães um espanto de cidade, com um Centro Histórico precioso de tão bonito e que ir ser Capital Europeia da Cultura lhe assenta como uma luva.

De qualquer modo, o que me traz aqui hoje, é o espanto que causam estas súbitas paixões pela cultura manifestadas tanto pelo Senhor Presidente do Conselho, como pelo Senhor Presidente da República.

Claro que, infelizmente, o primeiro está apenas a prolongar quanto pode o sketch teatral do arrependimento por não ter investido o suficiente na dita cultura nos últimos quatro anos (o famoso e quase único erro que “admite”) e a aproveitar a época eleitoral para atirar uns milhões para cima de alguns protegidos e gradas figuras do meio artístico internacional. Já no caso ainda mais deplorável do segundo e como se pode ver por algumas das suas algo extemporâneas “declarações de amor” à cultura, estas só acontecem porque alguns dos seus assessores lhe devem ter soprado ao ouvido que “essa coisa da cultura” é uma actividade que dá lucros, pode criar muitos postos de trabalho e que em muitos casos, tem um retorno dos investimentos que faria inveja a muitas empresas e empresários da treta que andam por aí.

Tirando isso, deixem-nos apaixonar-se à vontade e investir na cultura! Pode ser que alguma parte dos milhões, mesmo que pequena, caia em campo fértil e frutifique...

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Quadratura do Círculo... e um eufemismo





E pronto! Mais um programa de televisão que o meu mau feitio praticamente me impedirá de continuar a ver... embora, para dizer a verdade, já só o visse muito por acaso e apenas uns bocaditos aqui e ali.

Trata-se da “Quadratura do Círculo”. Acabou-se a pachorra! Primeiro, a continuar com aquela “equipa”, cada vez entenderei menos o que raio lá continua a fazer o António Costa em plena campanha eleitoral (de facto). Mesmo que ele interrompa as homilias, ser-me-ia quase impossível continuar a ver, serenamente, aquela cara de beto seboso do António Lobo Xavier, sempre armado em grande democrata, sempre cheio de “grande estima pessoal” por toda a gente, mas que achou esta última baboseira de Alberto João Jardim (antes fosse!...), “muito oportuna”, porque blá, blá, blá, blá...

Belo filho... de um cabaz de ameixas podres! Como diria uma amiga minha, que era “fisicamente” incapaz de dizer “puta” em público.

Adenda: É de notar que escrevi um texto inteiro sobre a “Quadratura do Círculo” sem mencionar uma única vez o Pacheco Pereira, nem lhe dedicar nenhum adjectivo, vá lá... menos urbano. Que diacho!... Isso há-de contar alguma coisa para atenuar os pecados de um ou outro entusiasmo verbal de outros posts!

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Alberto João Jardim – “Il Duce” de fancaria



Afinal os sinais estavam certos. Alberto João Jardim é um protofascista. Parolo, pequeno e alcoolizado, mas protofascista.

A sua proposta de revisão constitucional no sentido de proibir o comunismo é fascista, mesmo que disfarçada do desequilíbrio com que vezes demais é “desculpado” das enormidades que profere e comete.

Infelizmente, até à hora em que escrevo, apenas vejo “reacções” acobardadas, por parte de dirigentes nacionais do PPD-PSD. Esperemos por outras mais corajosas, de gente com maior dimensão!

Felizmente, como muito bem diz Edgar Silva, coordenador do PCP Madeira, isto, a que eu chamaria de delírio “italiano” de Alberto João Jardim, irá parar ao caixote do lixo da História, tal como o seu autor.

Manuel Alegre - Lamentável!


Pronto... eu sei que a diferença entre os dois não é assim tão grande, mas mesmo esta montagem já me deu uma trabalheira, que faria se ainda me pusesse com preciosismos!

O poeta Manuel Alegre anda numa azáfama. Quer reconciliar o eleitorado PS que se zangou com o governo, quer que o seu partido isto, quer que a esquerda aquilo... quer que Helena Roseta aqueloutro... e no meio disto tudo ainda arranja tempo para se enxofrar com António Vitorino, do qual não recebe lições.

Vamos lá ver. Qualquer pessoa normal, dois minutos depois de começar a receber uma lição de António Vitorino... adormece profundamente. Manuel Alegre, não! Com aquele feitio ruidoso que se lhe conhece, respinga imediatamente, só que desta vez talvez tenha exagerado na dose...

Quando o poeta se diz preparado e disposto para ajudar o Partido Socialista em tudo, "até a colar cartazes, coisa que muitos não fazem", parece antes estar a mandar o cavalheirismo às malvas e, como desconfia o Aristides, n'O Blogue do Castelo e eu próprio estou igualmente inclinado a desconfiar, deve estar a insinuar que António Vitorino, na realidade, o que não consegue é chegar aos ditos cartazes.

A ser verdade, isto é uma grande maldade. A exploração de uma característica física do pensador do PS, mesmo que este o tenha irritado bastante, não fica nada bem a um insigne pescador, caçador, poeta, deputado... e futuro candidato à Presidência da República.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Qual era a dúvida?





Pelos vistos, para desespero de todos os que estão sempre prontos para defender o governo fascista de Israel, chegam-nos notícias que nos dão conta de que estávamos certos ao apontar às tropas israelitas vários crimes de guerra e o assassinato premeditado e frio de crianças, mulheres e homens palestinianos, todos tão civis quanto desarmados. Os desabafos e confissões dos soldados que não conseguem conviver com as monstruosidades em que participaram, vêm confirmar o que todas as ONGs e observadores independentes denunciavam.

Está lá tudo. Os escudos humanos, as armas proibidas, as ordens para matar sem perguntar nada, os disparos às cegas, a política de transformar tudo à passagem em “zonas estéreis”, o que apenas se consegue arrasando tudo, nas próprias palavras de um soldado israelita.

Já sabíamos que só na última grande ofensiva de Israel, o balanço de vítimas foi de quase 1500 mortos palestinianos, na esmagadora maioria civis, enquanto do lado israelita morreram dois civis, vítimas dos rockets do Hamas e 10 soldados, sendo que destes, 4 foram abatidos acidentalmente por “fogo amigo” (termo mais imbecil!) de colegas seus.

Com números assim, nem seria preciso esperar pelos (sempre louváveis) rebates de consciência dos participantes nos assassinatos e genocídio planeado de todo um povo, para reafirmar a condenação da direita, extrema direita e trabalhistas (é bom não esquecer!), que têm partilhado o poder durante décadas de crimes e, ao mesmo tempo, reforçar a solidariedade com todos os que, dentro de Israel, lutam e levantam a sua voz contra este estado de coisas, buscando uma solução de paz que respeite o povo palestiniano.

Se a morte fosse interesseira...







Se a morte fosse interesseira
Ai de nós o que seria
O rico comprava a morte
Só o pobre é que morria.
(António Aleixo)

É um dos "encantos" de um sistema económico que privatiza aquilo que deveria ser público, neste caso, a saúde. Em vez de se trabalhar para termos um Serviço Nacional de Saúde de excelência, transforma-se a doença dos cidadãos numa oportunidade de negócio para as hienas do costume. Depois, faz-se o que for possível para transformar os Centros de Saúde e Hospitais públicos num enorme caos, justificando assim o encaminhamento, em alguns casos, pago pelo próprio Estado, dos utentes do SNS para os privados.

O diabo é que as hienas vão ficando cada vez mais esfaimadas por dinheiro e, quase sempre, olham muito mais longamente e com muito maior interesse, para as contas bancárias dos “clientes”, do que para o seu estado de saúde.

As queixas de discriminação vão aparecendo a rodos. Os casos de gestão “criativa” nestas instituições privadas de saúde e as médias e grandes canalhices que se instalaram no dia a dia do calvário dos nossos doentes, estão aí para todos verem.

O que faz o sistema? Volta a colocar os cuidados de saúde nas mãos de onde nunca deviam ter saído? Sacrilégio... não!!!


terça-feira, 14 de julho de 2009

Sem açaime





A estória é curta. Passou-se com Fátima Coelho, costureira na empresa Fersoni-Comércio Internacional, S. A., em Joane, Famalicão.

Fátima Coelho é delegada sindical e dirigente do Sindicato Têxtil do Minho e Trás-os-Montes. Tem apenas 38 anos de idade e desses 38 anos, 25 foram passados a trabalhar sempre na mesma empresa. Esta empresa esteve habituada, durante anos e anos, a não ter operárias sindicalizadas, não suportando, por isso, a presença de uma delegada sindical e muito menos os frutos do seu trabalho entre as companheiras.

Em 2007 foi despedida. Com motivos tão despropositados que o Tribunal de Trabalho de Famalicão considerou o despedimento nulo.

Reintegrada na empresa, nunca mais teve descanso. As perseguições e humilhações públicas, são constantes e de toda a ordem. A última humilhação foi pagarem-lhe o ordenado em dinheiro, num saco de plástico contendo 333 moedas de um euro, mais uma de 5 cêntimos. Era o ordenado deste mês de Junho... ficou ali, exposta ao gozo, quase meia hora, a contar moedas.

A “justificação” foi o facto de ela não ter conta no mesmo banco da empresa. Ficam três perguntas:

- Quanto estofo é preciso ter e quanta necessidade deste “fabuloso” ordenado de 333.05 euros, para suportar isto?

- Em que altura da nossa vida democrática é que este tipo de “empresários” se convenceu de que pode fazer seja o que for, impunemente?

- Quem atiraria a primeira pedra a um operário que, nestas circunstâncias, se esquecesse momentaneamente das boas maneiras e rachasse "as hastes" deste patrão de alto a baixo?

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Falta de vergonha na cara





Este traste, de nome Roberto Micheletti, que dá a cara pelos militares golpistas fazendo de conta que é presidente das Honduras, deve sonhar com a inclusão do seu nome no Guinness Book of Records, ombreando com grandes feitos como “o maior tacho de caracóis”, “a sandes de mortadela mais pesada”, ou “o traque mais longo”, mas no seu caso, pela “produção do maior número de frases alarves no menor espaço de tempo”.

Vai bem lançado! Duma só vez, conseguiu dizer que admite a hipótese de “conceder” uma amnistia ao Presidente legítimo das Honduras, se este se entregar voluntariamente aos golpistas... mas que está fora de questão este ser “autorizado” a voltar ao poder.

Já que estava com balanço, aproveitou para afirmar que a culpa desta “teimosia” do Presidente Zelaya em insistir que é o Presidente eleito é (evidentemente) de... Hugo Chávez! Quem havia de ser?!

Como este tipo de faladores “diarreicos” dificilmente consegue parar, acrescentou ainda que a culpa pela morte do jovem apoiante do Presidente Manuel Zelaya, assassinado pelos golpistas... (adivinharam!) é igualmente de Chávez. Está mesmo convencido de que “Chávez é o culpado disto tudo”. Ora toma!...

O que é grave é que esta “coragem” para afrontar a comunidade internacional deve querer dizer que o fantoche pensa ter, ou sabe que tem, algum apoio importante e seguro. De onde virá?

Bela ideia!






Não tive tempo para ler a notícia completa... mas com o título, "Na África, Obama pede democracia e fim da corrupção", estou completamente solidário.

Presumo que deve ser para levar para casa...
Espero que consiga "recolher" bastante. São duas coisas de que os EUA estão a precisar há muito tempo!

domingo, 12 de julho de 2009

O manto da invisibilidade



Alguns cientistas, continuam a desenvolver estudos sobre metamateriais que, a fazer fé em algumas experiências, poderão vir a ser capazes de, sob determinada luz, não produzirem sombra, nem qualquer reflexo.


Tenho fortes suspeitas de que esta pesquisa sobre coisas invisíveis se inspirou em antiquíssimos segredos do Japão, aplicados no fabrico de certas peças de kimonos que (obviamente) não se conseguem ver, como na ilustração aqui em cima, ou então nas roupas, nas ideias e nas políticas de alguns dos nossos ministros, como por exemplo o do ambiente ou o da cultura... que já há muito não se podem ver em lado nenhum.

PS: Se a cultura chegou ao estado em que a vemos enquanto o Governo a ignorou, agora que Sócrates a declarou "grande prioridade"... é que estará mesmo tudo lixado! Exemplos dos resultados catastróficos das "prioridades" de Sua Excelência o Presidente do Conselho, não faltam por aí.

Beija! Beija! Beija!...



José Manuel Durão Barroso, a esposa, os filhos e demais família, Cavaco Silva, Sócrates... e os restantes parolos que acham mesmo ser muito importante para Portugal que o presidente da Comissão Europeia seja português, não cabem em si de contentes. José Manuel Durão Barroso foi confirmado como candidato oficial à sucessão de José Manuel Durão Barroso. Pelos vistos, com o acordo dos governos nacionais da União.

Faltará, daqui até ao fim do verão, cumprir apenas a mera formalidade de apresentar aos deputados o seu “programa”, o que convenhamos, o “camarada Abel” poderá condensar em meia dúzia de linhas. Na minha versão, se possível, ainda mais condensada, a coisa deve reduzir-se a:

1. Não fazer ondas, nem aborrecer ninguém.
2. Fazer sempre o que mandam os países mais ricos da União e defender os seus interesses.
3. Em caso de dúvida, fazer o que mandar a Casa Branca, seja qual for o presidente que lá habite.

Não tem por onde falhar. Vai ser mais um “grande e brilhante” mandato!

sábado, 11 de julho de 2009

Confiança






Ao que parece, virão por aí novas regras para as renovações das cartas de condução. Entre outras coisas, será feito um check-up bastante mais apertado, tanto às condições de visão, como psicológicas.

Acho muitíssimo bem! Ninguém está interessado em ter "encontros imediatos" nas estradas com o Mr. Magoo, ainda por cima a regular mal da cabeça...

Seja como for, estou confiante. Se um ministro como Mário Lino pode participar na condução do país, eu acho que sairei da inspecção com uma licença de condução para Boeing 747, ou mesmo o Airbus A380!

Daniel Bessa - Génio desperdiçado



O senhor Daniel Bessa, ex-ministro de Guterres, seguindo o exemplo de muitos outros ex-ministros, por esse mundo fora, que passeiam por colóquios, conferencias e jantaradas várias, o grande saber e talento que quase sempre não revelaram enquanto estavam nos governos, foi dizer umas coisas a Aveiro.

A dada altura, no que a princípio pareceria um toque de humor, mas afinal era a sério, afirmou que a famosa gaffe de Manuel Pinho, na China, quando tentou atrair investimento para Portugal “gabando-se” dos baixos salários portugueses como se de uma vantagem se tratasse, em vez de gaffe, foi afinal uma das coisas mais acertadas que disse.

Aqui, o senhor Bessa tomou o freio nos dentes e saiu disparado. Não só essa afirmação de Pinho foi acertada, como essa ideia deve tornar-se num “desígnio nacional”. O país deve, segundo ele, fazer um “controlo férreo” dos custos, portanto, dos salários. Logo a seguir mete os pés pelas mãos, “lamentando” o facto de, devido ao baixo poder de compra dos portugueses, a procura interna estar estagnada. Mostrando que afinal não é tão inteligente como se diz, esquece-se de que a esmagadora maioria das empresas portuguesas produz exclusivamente para o consumo interno.

Não será preciso ser astrofísico para perceber que todo e qualquer aumento do poder de compra dos portugueses se reflectirá directa e imediatamente no dia a dia dessas empresas e nos seus balanços... mas não para o senhor Bessa! Esse aconselha as empresas a manter os salários e todos os custos de produção (exceptuando os ganhos dos gestores, certamente) ao nível mais baixo que for possível... e dedicarem-se à exportação. Aconselha mesmo algumas empresas a deslocalizarem alguns sectores da sua produção para países com ainda mais baixos salários, abandonando o país.

A menos que esteja a falar para meia dúzia de grandes empresas, que representam muito pouco para Portugal, tanto em número de postos de trabalho, como em receitas para o Estado, mais dois ou três casos excepcionais de PMEs realmente viradas para o mercado externo, este argumento do ex-ministro é tão pedestre que se torna bastante difícil classificá-lo de maneira educada.

Os senhores ex-ministros Pinho & Bessa que me desculpem a comparação, mas lembram-me os grandes relvados dos jardins, sempre “minados” de poias. Quando pensamos que conseguimos evitar uma, é exactamente no movimento de nos desviarmos que acabamos por pisar a outra.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Saramago - União Ibérica... e política (actualizado)





A fazer fé nas notícias, o Prémio Nobel da Literatura, José Saramago, apoia veementemente a reeleição do militante do PS António Costa, para a presidência da Câmara Municipal de Lisboa. Para isso, exorta não menos veementemente os lisboetas a fazerem por isso, votando novamente e assaz no actual Presidente da autarquia.

A meu ver (mas posso estar enganado...) esta declaração de apoio que muitos verão como um acto de liberdade de pensamento e independência intelectual e que em condições normais o seria, perde muito do seu valor pelo facto de ter sido proferida dentro das instalações da CML, no preciso momento em que o escritor assinava com o Presidente António Costa, um protocolo para a produção de um filme, provisoriamente chamado "União Ibérica", sobre a relação dele próprio com a sua mulher, Pilar del Rio.

Cobrir António Costa e a sua política de elogios e apelar à sua reeleição num tal momento, por mais limpo e desinteressado que seja, deixa fatalmente no ar um cheiro a negócio. É pena!

Adenda: Dada a quantidade de comentários, seria uma maratona estar a responder individualmente... mas também não quero ficar-me pelas saudações colectivas.
Assim, agradeço todas as opiniões, sem excepção e apenas para o tal Aldeão da margem Sul, atendendo ao facto de, pelos vistos, se ter perdido e entrado por acaso no que lhe pareceu ser uma "sacristia" e sujado o chão, deixei a resposta que me pareceu mais à medida da qualidade do equivocado visitante.
Quanto aos "toques" para dizer alguma coisa sobre a posição de apoiante e mandatário da candidatura de António Costa assumida por Carlos do Carmo, apenas direi que a "relação" do conhecido fadista com a CDU é muito diferente da que é (ou era) a de Saramago. Mais, Carlos do Carmo não é Saramago e o meu interesse pelas suas posições político-eleitorais é, digamos... muito modesto!

Consciências tranquilas, vá lá... muito calmas...





Pelo que temos visto e lido, sempre que alguma figura mais ou menos pública ligada ao poder executivo, ou à alta finança (o poder real), é confrontado com um qualquer "mau passo", declara invariavelmente e com ar solene, “Estou de consciência tranquila!”

É o caso dos envolvidos nesta estória extraordinária do prédio dos CTT, em Coimbra, de Isaltino, que se deu ao luxo de vir para a rua dar “conferências de imprensa”, enquanto dentro do Tribunal, o procurador lia as alegações finais referentes aos vários crimes de que está acusado e para os quais o MP pede uma pesada condenação, do “esquecido” Dias Loureiro, da “carioca” Fátima Felgueiras, do “escorregadio” Pimenta Machado, do “ruidoso” Valentim Loureiro, abatedores de sobreiros, compradores de submarinos, licenciadores de casinos... e toda a sorte de figurantes em centenas de negócios manhosos.

Só pode haver uma explicação. Toda esta gente confunde uma consciência embriagada pelo poder, anestesiada pela corrupção, ou mesmo já morta, com “consciência tranquila”. Não é a mesma coisa! Felizmente, em alguns casos, o estado comatoso da tal “consciência” acaba por alastrar a outras zonas do cérebro... e faz com que se deixem apanhar.

Mais tranquilo irá ficando o país se começar a ver, pelo menos alguns deles, atrás das grades!

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Cimeira do G8 - Os ricos são nossos amigos



Sei, de "fonte" tão segura e formosa como a própria Leonor, que foram precisas várias horas e muita explicação, para que alguns dos ricos dirigentes mundiais do “G8” entendessem que a resolução de lutar contra a fome não se limitaria a adiantar em uma hora os horários dos pequenos almoços, almoçaradas e jantares servidos na própria Cimeira.

Embora cruzando os dedos às escondidas, lá se “comprometeram” com a ideia de que é necessário trocar a ajuda alimentar por um real apoio ao desenvolvimento da agricultura nos países mais pobres, já que, ao contrário do que parecem pensar os nossos jovens tecnocratas, os alimentos não nascem nas prateleiras do “tio” Belmiro de Azevedo... e mesmo que crescessem, esses países não têm dinheiro para os comprar.

Afinal, parece que terem destruído as agriculturas que alimentavam milhões de seres humanos (incluindo a nossa), apenas para proteger os grandes produtores ocidentais e enriquecer uns tantos amigos, está a sair muitíssimo caro aos ricos. Daí, talvez, esta súbita "preocupação".

Sanfona - Num "mundo ideal"



Num “mundo ideal”, recheado de países governados por partidos com maiorias absolutas, sempre que algum dos partidos na oposição tivesse a ousadia de exigir uma Comissão Parlamentar de Inquérito, fosse sobre que assunto fosse, haveria sempre dois caminhos a seguir:

1. Se o previsível resultado do inquérito fosse simpático para o Governo da maioria, tudo bem, a CPI faria o seu caminho normal.

2. Se o previsível resultado do inquérito fosse antipático para o Governo da maioria, alguém, responsável pela propaganda do partido elaboraria previamente um “relatório”, que outro alguém ligado ao partido se encarregaria de apresentar no final da CPI e onde estariam vertidas as mais convenientes conclusões. Independentemente do que nela se tivesse passado, inquirido, ou esclarecido... e, evidentemente, independentemente da opinião dos deputados da oposição.

E pronto! Num “mundo ideal” o assunto estaria arrumado, já que é conhecida a indiferença olímpica dos cidadãos para com quase tudo o que se passa no Parlamento, incluindo, obviamente, as Comissões Parlamentares de Inquérito.

Então o que é que correu mal neste nosso “mundo imperfeito”, apesar da maioria absoluta? Foi o facto de, desta vez, a CPI ter dado nas vistas. Por ser sobre um caso que interessava os cidadãos. Pela prestação particularmente activa dos deputados participantes. Pelo triste espectáculo a que o país assistiu, dado pelo Governador do Banco de Portugal, que pouco mais fez do que balbuciar desculpas para a sua incompetência e para a inoperância da sua supervisão. Pelo degradante espectáculo dado pelo “esperto” manda-chuva do BPN, que aproveitou as horas de reflexão passadas na cela, para organizar os seus apontamentos... e tão bem o fez que, já seguro dos nomes que pode arrastar consigo na queda, dá-se ao desfrute de ser arrogante e insolente perante os deputados.

Mesmo nestas condições, o Partido Socialista não entendeu que não passaria sem ser notada esta sua votação solitária, num “relatório” que lhe dá jeito.

Mesmo no meio de mais esta trapalhada “socrática”, ainda consigo extrair desta estória pelo menos três coisas positivas:

1. O termo “supervisão” deixa de estar ligado ao conceito de “ver muito bem”, passando definitivamente para o campo da ficção científica, como um dos super-poderes do Super-Homem.

2. A alta e bonita deputada Sónia Sanfona (“sereia”, a fazer fá nesta notícia) fez uma grande entrada na ribalta do mediatismo político, mesmo não tendo sido da melhor maneira, como “madrinha” do relatório do PS.

3. Toda esta conversa, trouxe para as televisões, jornais e revistas, a palavra “Sanfona”, nome desse extraordinário instrumento musical, que para além de ser um objecto fascinante, luta há muitas décadas para escapar à extinção, só o conseguindo à custa do amor à música tradicional por parte de alguns grupos europeus, nomeadamente, franceses, espanhóis e um ou outro de Portugal, com especial destaque para um dos seus grandes “apaixonados” e também reconhecido construtor, Fernando Meireles.

Não se perdeu tudo!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Michael Jackson - Do talento puro e da arte, até à "indigência" e alienação



A incapacidade do capitalismo para controlar os delinquentes que ele próprio cria, uns arvorados em neoliberais, outros apenas bandidos, provocou, como todos sabemos, mais uma crise no sistema. Desta vez a coisa foi assustadora para a classe dominante. Independentemente de muitos deles não terem parado de ganhar dinheiro a rodos, o espectáculo de bancos a falir, ou a serem “nacionalizados”, ainda que por pouco tempo, deixa-os num estado de nervos caótico.

De qualquer maneira, o pior de tudo, foi começarem a ouvir por todo o lado gente até aí muito sossegada, que inesperadamente começou a ventilar a hipótese de o sistema estar falido, de as teses daquele barbudo Marx terem sido prematuramente declaradas como mortas, de ser preciso mudar de sistema económico, de ser, talvez, interessante, voltar a ouvir com uma nova atenção as propostas dos partidos que, por todo o mundo, já o diziam bem antes de chegar a crise...

Foi o pânico! Houve que lançar mão de tudo. Fazer com que as pessoas não se sintam seguras em nenhum emprego. Fazer com que fiquem agradecidas por o terem. Fazer com que haja sempre uma fila interminável de candidatos a meia dúzia de postos de trabalho, constituída por gente disposta a tudo para os conseguir. Deixar avolumar o sentimento de insegurança até ao ponto de, para além de agradecidos aos patrões, os cidadãos começarem a sentir-se mais seguros rodeados de polícia e dispostos a abdicar de liberdades e direitos. Culpar os pobres pela sua situação. Culpar os imigrantes, os árabes, os pretos, os sindicalistas, os comunas... tudo, menos a sacrossanta economia de mercado.

Na dúvida e para aliviar o stress social que todas estas medidas provocam, é preciso apostar forte na alienação. De forma milionária. Atirando milhões e milhões para cima de miúdos, com o pretexto de serem “desportistas”. Inundando as televisões com toneladas de novelas e programas de entretenimento cujo nível vai baixando de mês a mês. Investindo na música “indigente” que a toda a hora tem representantes nos vários canais dessas mesmas televisões. Enterrando os livros bons que se vão escrevendo, sob pilhas de lixo “light”, escrito por vedetas disto e daquilo, ou mesmo simples figurantes do “jet-set”. Atascando os escaparates em revistas “cor de rosa”, onde podemos saber dos arrufos, dos amores, das tricas, dos boatos e da localização ao milímetro do local “inconfessável” em que a jovem actriz ou cantora pimba espetou, para a posteridade, o seu mais recente e ousado piercing.

A sorte ajudando, artistas com a dimensão dramática de um Michael Jackson, sucumbem não se sabe bem como e porquê, permitindo ao sistema que controla a nível global os meios de comunicação, montar este show comercial obsceno à volta da vida e morte dessa patética vítima do próprio sistema, marioneta trágica nas mãos do capitalismo.

Todo o asco que me provoca esta campanha mundial de alienação, misturada com a infame exploração comercial do artista morto, quase me faz esquecer que houve um tempo em que gostei de Michael Jackson.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Cristiano Ronaldo – A verdadeira pandemia





O Real Madrid, como qualquer grande empresa de espectáculos, no intuito de promover a venda das bugigangas em que faz algum do dinheiro que ganha nas suas lojas, nas quais deve igualmente “lavar” uma boa parte dos milhões com que paga todas estas fantasias obscenas a que alguns ainda chamam desporto, ou futebol, montou um verdadeiro circo mediático para registar a chegada ao local de “trabalho” do seu mais caro empregado, o português Cristiano Ronaldo. Nada de extraordinário. Trata-se apenas de marketing!

Já verdadeiramente extraordinário é o facto de as televisões e rádios nacionais, numa iniciativa tão excessiva quanto parola, fazerem horas e horas de directos em Madrid, para assistirmos à recepção do “galáctico” artista, com verdadeiras honras de Estado. Neste caso, o estado a que tudo isto chegou!...

Resta uma pequeníssima “consolação”. Pelos vistos, na Espanha, um país onde desgraçadamente, o desemprego poderá chegar aos 25%, existem muitos milhares de cidadãos tão patetas e manipuláveis como nós.

A voz do dono






Habituados a que os golpes militares mais ou menos sangrentos e as ditaduras assassinas da América Latina contem sempre com o apoio, quando não mesmo do financiamento por parte dos EUA, alguns dos nossos órgãos de informação não sabem bem como “processar” estas posições “excêntricas” da administração norte-americana, que alinham com a OEA, a ONU e praticamente todo o mundo, na condenação do golpe militar nas Honduras.

Vão dando as notícias, poucas, mas sempre de pé atrás, como quem não acredita lá muito que seja verdade o apoio dos EUA a Manuel Zelaya. Vão tendo o máximo cuidado para não se comprometerem, não vá a verdadeira intenção dos verdadeiros patrões dos seus patrões... ser afinal a do costume.

É assim que se produzem as pérolas noticiosas, como a que ouvi ontem, numa das rádios nacionais, em que na notícia que dava conta da repressão violenta das tropas golpistas sobre os cidadãos que queriam mostrar o seu apoio ao presidente democraticamente eleito, o povo era reduzido a “alguns populares”, a carga da tropa sobre cidadãos desarmados (provocando mortos), passava a “confronto”, enquanto os próprios militares golpistas eram promovidos a “forças da ordem”.

Temos efectivamente belos meios de comunicação social e alguns grandes “jornalistas” ao seu serviço!