terça-feira, 30 de junho de 2009

Sem fundo!





O Partido Socialista há muito se habituou a manejar Fundações várias, da mesma maneira que os cidadãos comuns manejam os seus porta moedas. A grande diferença é a dimensão dos orçamentos. Desde que foi imperioso para Soares e para os seus cúmplices, à época, poderem movimentar milhões às escondidas, para financiar a contra-revolução, fazendo entrar no país rios de dinheiro vindo dos EUA, da Alemanha, etc, para o fazer chegar às mãos de toda a sorte de crápulas, cobrindo um vasto leque que terá ido desde redes bombistas e incendiários “espontâneos” de Centros de Trabalho do PCP, até à criação de sindicatos “amarelos”, o PS não consegue passar sem ter sempre uma ou duas “Fundações” ao seu dispor para gerir as suas redes de influências e interesses.

Tal é o vício, que mesmo enquanto Governo, não resiste à tentação de ter maneira de fazer chegar às mãos “amigas” os pagamentos de favores, sem ter que se aborrecer com papeladas, concursos, explicações e todo esse tipo de empecilhos... e lá vai “Fundação” p’ra cima! Ele já foi a do Armando Vara, que supostamente tratava da segurança rodoviária, ele agora é esta das comunicações móveis... é um fartar!

Paralelamente, como que por castigo pela nossa passividade, vamos assistindo às dezenas de passagens por cargos ministeriais e postos menores em Secretarias de Estado, que acabam, invariavelmente, em belos “empregos”, com belos nomes e ainda mais belos ordenados. As maiores empresas portuguesas, principalmente as que têm participação pública, a Caixa Geral de Depósitos e até outros bancos, em vez de criarem riqueza para o país, são sangradas diariamente por exércitos de assessores, vogais, conselheiros e, principalmente, conselhos de administração, tão gigantescos quanto inúteis.

Todo este filme me passou à frente, lendo mais uma estória de um ex-chefe de gabinete de Sócrates que se “deu muito bem”.

PS, PSD e CDS, tornaram-se especialistas em fornecer “gestores”. Os génios que cá, como no resto do mundo, arrastaram a economia para a pocilga em que está a chafurdar.

Alguns, ingenuamente, tentam a sorte por sua conta. O meu pensamento “solidário” vai muitas vezes para essa gente, os Isaltinos, as Fátimas Felgueiras, os Mesquitas Machados, etc, etc, etc. Quando passam, como toda a gente, os olhos pelas notícias, devem sentir-se tão pequenos, tão ingloriamente apanhados, tão burrinhos...

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Guiné Bissau - Caminho para a paz?




Os guineenses estão a desinteressar-se pelos votos. Alguns, certamente, por acharem que aquilo que lhes “vendem” como luta política se limita afinal a uma guerra entre gangs pelo controlo do milionário negócio do tráfico de droga e não algo que lhes interesse verdadeiramente.


Dois candidatos declaram vitória. Não sei se pelo número de votos que julgam ter arrecadado, se pelo facto de terem chegado com vida até ao acto eleitoral, isso sim, um facto extraordinário.

De qualquer modo, dois candidatos a declararem vitória, é uma notícia que não augura nada de bom, pelo menos enquanto a Guiné Bissau continuar a trilhar este caminho que, no passado próximo, tem dado os tristes resultados que todos conhecemos.

Sinceramente, espero estar enganado. O povo da Guiné Bissau merece viver em paz e de uma forma digna, mesmo não possuindo os vastos recursos de outros países da região.

Honduras – Um teste




Está-lhes no sangue! As oligarquias reaccionárias da América Latina e as cúpulas militares que lhas são fieis, nunca perdem uma oportunidade de espezinhar os direitos e liberdades dos seus povos. Fizeram-no agora, mais uma vez, com um golpe militar, nas Honduras, onde o acto mais significativo, para já, é o sequestro e expulsão do país, do presidente democraticamente eleito, Manuel Zelaya. Felizmente, estes golpistas não se sentiram suficientemente “apoiados” para o assassinar, como outros, no tempo de Salvador Allende...

A maioria de hondurenhos que elegeu o Presidente Zelaya, reclama o seu regresso e a reposição da normalidade. Apesar de ainda não terem escolhido uma cor para a sua causa (estão na moda as “revoluções” coloridas), um teste interessante à nossa atenção sobre o que se passa nas televisões, jornais e blogues, será descobrir se aí, o povo das Honduras e o seu Presidente democraticamente eleito, são tão importantes, menos importantes, muito menos importantes, ou nada importantes, isto em comparação com os oposicionistas do Irão.

Ah, e não vale a pena vislumbrar aqui qualquer ataque aos iranianos que contestam o resultado das eleições e muito menos um alinhamento com Amahdinejad. O que escrevi, quer dizer apenas o que está escrito!

domingo, 28 de junho de 2009

Cavaco Silva – O conselheiro




O brilho ofuscante do nosso Presidente mais uma vez iluminou os céus da política nacional, qual girândola colorida.

Primeiro, foi o acto de grande coragem moral, política (quiçá física) de, contra os resultados de dezenas e dezenas de “sondagens”, marcar a data das eleições legislativas para um dia diferente das autárquicas, encerrando assim o seu mais recente tabu(zinho).

Segundo, a generosidade de desperdiçar com os políticos e os partidos mais um dos seus preciosos e preclaros conselhos. Aconselha-nos Cavaco a que façamos campanhas eleitorais com juizinho, que é o que na sua cabeça quer dizer “serenidade e elevação”, mas sobretudo, que falemos de assuntos que interessem aos portugueses.

Devo confessar que com esta é que ele me tramou! Não é que eu esteja encarregado de fazer muitas intervenções na campanha... mas as poucas que já escrevi são inteiramente dedicadas a assuntos que interessam profundamente aos finlandeses, aos aborígenes da Austrália e alguns eleitores da Papua Nova-Guiné. Essa dos portugueses, nunca me passou pela cabeça!

E agora o que é que eu faço... assim já tão em cima da hora?

sábado, 27 de junho de 2009

Jovens à força...




Já vários amigos me deram os parabéns, vá lá... gozaram um bocadinho comigo, com a notícia que saiu no Jornal Avante!, dando conta da apresentação da lista de candidatos a deputados da CDU pelo distrito de Évora. O motivo dos efusivos “parabéns” é o facto de eu, na notícia, ter 43 anos, o que, convenhamos, é uma prenda extraordinária para uma pessoa que nasceu em 1952.

Infelizmente, o que podia bem não passar de uma gralha, é afinal o retrato de uma situação bem mais inquietante. A verdade é que foi este o método encontrado pelos dirigentes do PCP, para conseguirem andar a dizer aos quatro ventos que o Partido está a rejuvenescer e a ganhar vitalidade. É apanhando as pessoas mais idosas, como eu, desprevenidas... e tirando-lhes grandes fatias à idade. Obviamente, tudo por directiva expressa do Comité Central.

E assim, surripiando-nos a idade, arranjaram maneira de se verem livres dos velhos, o que me faz desconfiar que devem estar esgotadas as injecções para nos darem atrás da orelha...

Estes comunistas são tramados!!!

Adenda: Fui entretanto voltar a ver o link e tal como disse o Salvoconduto no seu comentário, os amigos editores do Avante! on line já me "devolveram" os 14 anos... e lá estou eu, novamente com os meus 57 anitos.
Arruinaram a piada do post, mas para compensar, sinto-me outra vez "normal".

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Não se pode ter tudo...







Se afinal o Governo pode vetar o anunciado negócio da compra de parte da TVI pela PT, torna-se claro que é impossível achar que o Governo não era perdido nem achado no projecto de negócio. Sabendo estarem dependentes da concordância do Governo, nunca passaria pela cabeça dos gestores da PT avançarem para uma compra desta natureza sem o informarem previamente. Nada adianta a Sócrates, jurar que nada sabia sobre o negócio. Ninguém acredita!

A vida é assim!... Se por um lado nos mostra um Primeiro Ministro a tomar uma “atitude avisada”, confirma-nos, por outro, que o mesmo Primeiro Ministro é um mentiroso.

Não se pode ter tudo...

Por uma democracia baratinha



Segundo a dupla Cavaco Leite/ Manuela Ferreira Silva, o que Portugal precisa é de uma democracia que fique baratinha. Campanhas eleitorais de duas horas, em vez de quinze dias, feitas só na televisão e num único Tempo de Antena. Uma democracia baratinha, comprada na mesma “loja dos trezentos” em que Cavaco e a Dona Manuela compram as suas ideias.

No momento em que todos os partidos, com excepção do PSD, tornaram claro que entendem ser melhor para a clarificação de posições, defesa de programas e ideias, não misturar a campanha para a eleição de Deputados da República, de onde sairá o próximo Governo de Portugal, com a não menos importante campanha para a eleição local de milhares de candidatos às Câmaras, Assembleias Municipais e Juntas de freguesia, com toda a confusão que daí podia nascer, Cavaco “descobriu várias sondagens” que lhe dizem que a maioria dos portugueses querem as duas eleições no mesmo dia. Dando de barato a refinada lata que é preciso ter para se sair com uma estória destas, todas as razões que tanto o Presidente como Ferreira Leite invocam para justificar a coincidência das eleições, são no mínimo muito fraquinhas.

A questão do dinheiro que custam as campanhas e as eleições é apenas mesquinha e “miserável”. Muito mais baratinho, seria seguir a sugestão da Dona Manuela, suspender a democracia por seis meses, escolher entre a família e os amigos os futuros Deputados da República, Presidentes de Câmara, de Assembleia Municipal e de Junta... e nomeá-los directamente por "mail" ou "sms". Eleições para quê?

O facto de os portugueses serem ou não serem capazes de distinguir o Presidente da Câmara do Primeiro Ministro, ou da Mula da Cooperativa (a maioria é, efectivamente), não altera a realidade de serem campanhas diferentes, com programas e problemas específicos diferentes, em centenas de cidades e vilas onde muitas vezes se vota de maneira diferente para a Autarquia Local ou para a Assembleia da República. São campanhas com Dinâmicas políticas próprias, o que em muitas cidades e vilas leva a que se façam acordos e coligações que não têm nenhuma correspondência com a realidade político-partidária nacional. Dá para imaginar a esquizofrenia de uma campanha em que de manhã os candidatos estivessem coligados para a Câmara e lá mais p’rá tardinha já fossem adversários na outra campanha?!

O choradinho sobre a terrível abstenção que um “excesso” de eleições pode provocar é uma falácia. O que afasta os cidadãos das mesas de voto e da participação democrática, é o desânimo, é sentirem-se enganadas eleição após eleição, por aqueles a quem confiaram o seu voto e a seguir ignoraram tudo o que prometeram em campanha, são os tristes exemplos que vêm de cima, é a corrupção, são as estórias sempre mal contadas, envolvendo gente ligada ao poder, quando não é mesmo gente do poder. Isso é que faz os cidadãos descrer e desistir da participação.

Não existe excesso de democracia ou de eleições! Existe, sim, um enorme défice de credibilidade! É preciso demonstrar, claramente e com os milhares de bons exemplos que conhecemos, que os partidos não são todos iguais, como querem fazer crer exactamente aqueles que, enquanto choram lágrimas de crocodilo pela democracia, fazem de tudo para a boicotar, como bem sabemos.

Adenda: Porque é que ilustrei este texto com uma fotografia do Woody Allen e da Scarlet Johansson? Primeiro, porque sim! Segundo, porque são duas pessoas muito mais interessantes e inteligentes do que os protagonistas do post. Terceiro, porque se publicasse outra vez fotografias do Cavaco e da Ferreira Leite, iria novamente e como já vai sendo hábito, ouvir “ralhetes e protestos” dos queridos leitores... e hoje não me apetece!

quinta-feira, 25 de junho de 2009

A esmagadora maioria





Esta seita de trânsfugas vindos de todas as direcções e origens “ideológicas”, que tomou de assalto o Partido Socialista, decidiu que a melhor forma de ocupar o espaço político deixado vago por um PSD, à época, em estado de coma, seria enfiar na gaveta a ideologia, talvez para fazer companhia ao defunto “socialismo” de Soares. O desprezo que têm pelo pensamento dos outros... ou pelo pensamento em si mesmo, embora tendo, infelizmente, resultados dramáticos para o país e para a democracia, leva por vezes a estórias perfeitamente caricatas que são bem o exemplo de como quem nos “governa” está convencido de que pode à vontade fazer passar os cidadãos por parvos. Apenas três exemplos com horas de vida:

1. Durante o debate quinzenal na Assembleia da República, Sócrates vendia a informação de que o arguido no caso Freeport, Carlos Guerra teria apresentado o seu pedido de demissão do cargo público que exercia, o qual já teria sido aceite pelo Ministro da Agricultura, o mesmo Ministro, noutro local, poucos minutos antes, declarara que iria ainda falar com Carlos Guerra... e depois então decidiria.

2. Mais uma vez, o PS presenteia o país com uma estória de fundação que não se sabe bem o que é, onde basicamente, o governo anda “enrolado” com as operadoras privadas de telecomunicações, em parte incerta, com milhões de euros em circulação e tudo muito mal contado. Entretanto, o sempre tão claro Mário Lino já veio clarificar a situação, o que deixou tudo devidamente... pior!

3. Uma empresa em que o Estado tem uma "Golden Share", está disposta a pagar um preço acima dos valores de mercado, para garantir a compra de parte muito importante de uma estação de televisão ostensivamente hostil a Sócrates e ao Governo. Ok! Vamos partir do princípio “caridoso” de que isto não é uma manobra para “partir a espinha” à linha editorial da TVI. Quão estúpido tem um Governo que ser, para achar que os portugueses não vão pensar exactamente o contrário? Quão estúpido tem um Governo que ser, para achar que pode ficar bem nesta fotografia? Como é que não vê que é uma estória tão duvidosa que até Cavaco Silva vai conseguir perceber isso?

Não! Não é ignorância nem estupidez. É o efeito de muitos meses de decisões sem contraditório efectivo, de votações favoráveis garantidas, mesmo contra a oposição toda em peso. É o efeito avassalador das maiorias absolutas, que leva à facilidade, à irresponsabilidade, ao desprezo pelos “sinais”, à arrogância. Infelizmente para o PS, leva também e invariavelmente, à derrota!

O cheiro a poder absoluto traz quase sempre à superfície o pior das pessoas.

Pergunto a Vossa Excelência...





Sobre mais este debate quinzenal na Assembleia da República pouco se me oferece dizer, até porque fui apanhando apenas pedaços das intervenções, ora em televisão, ora em rádio, enquanto me fui deslocando ao longo da tarde. No final já tinha chegado a casa. É sobre o triste espectáculo que, quase sempre, antecede o encerramento do debate, que quero deixar uma reflexão.

Poucas coisas haverá mais deprimentes e até algo indignas, do que o papel a que se presta o dirigente do PS, Alberto Martins, sempre que chega a hora do partido “governista” falar (adoro este termo brasileiro!).

Alberto Martins raramente intervém realmente sobre o que quer que seja. Limita-se a “rapar” de um papelinho onde foi anotando as várias farpas atiradas pelas oposições, farpas a que Sócrates não teve tempo, ou vontade, ou talento para responder... e aí vai ele! Responde a tudo e a todos, num estilo por vezes a tentar o humor, importado do estilo coimbrão das assembleias estudantis dos anos sessenta do século passado, cruzado de discussão doméstica numa qualquer das suas famosas “repúblicas”. Depois, para acabar, faz de conta que faz uma ou duas perguntas ao Primeiro Ministro, como quem lhe estende a capa negra para ele passar por cima... e Sócrates lá consegue um último “tempo de antena”, longo e já sem contraditório possível, para fazer mais alguns dos seus “reclames”, como no meu tempo de juventude se chamava à publicidade.

Não tenho a intimidade suficiente com o Dr. Alberto Martins (aliás, não tenho nenhuma) para saber se hoje ele é capaz de melhor do que isto... mas isto é algo triste!

quarta-feira, 24 de junho de 2009

"Prémio Lemniscata"





O blog “O valor das ideias” e logo a seguir o “Activismo de sofá”, tiveram a simpatia de me premiar com este selo, ou selar com este prémio. Espero não ter passado ao lado de mais algum “aviso”. Os prémios são sempre, ou pelo menos, quase sempre agradáveis. O “bilhete de identidade” deste Lemniscata, no Parágrafo seguinte, ajuda bastante a esse agrado.

“O selo deste prémio foi criado a pensar nos blogs que demonstram talento, seja nas artes, nas letras, nas ciências, na poesia ou em qualquer outra área e que, com isso, enriquecem a blogosfera e a vida dos seus leitores."

O que seria das, tantas vezes, monótonas regras, sem o sobressalto de uma excepção? Assim, desta vez, para além de (como sempre) entregar o prémio a (quase) todos os blogues da minha lista, destaco os sete que são “das regras”, tentando não acertar naqueles que sei já terem este mesmo prémio.


Muito obrigado!

Cristiano Ronaldo – Gaiola dourada



Na esmagadora maioria, os multimilionários cultivam um profundo desprezo pelas vidas dos milhões de seres humanos que exploram miseravelmente para conseguir as suas fortunas obscenas. Aprender a odiar os pobres, os trabalhadores, todos os que só não lhes dão ainda mais dinheiro a ganhar por serem “preguiçosos”, é uma espécie de anestesia para qualquer réstia de alguma coisa parecida com consciência, que pudessem ter alojada em qualquer parte do cérebro.

Alguns desses multimilionários estendem esse desprezo ao próprio dinheiro que acumulam, não se incomodando em insultar a fome mundial, todos os dias, com a forma com que estoiram rios desse dinheiro.

Florentino Perez, o patrão do Real Madrid e dono de Cristiano Ronaldo, sabe bem que assim é. Portanto, antes que algum sheik louco lhe tire por “tuta e meia” o brinquedo em que gastou quase 100 milhões de euros há poucos dias, estabeleceu uma “cláusula de rescisão de contrato” para este jogador, no valor de 1.000 Milhões de Euros.

Estaremos perto de atingir o limite da demência que se apoderou do mundo do chamado espectáculo “desportivo”, ou a procissão ainda vai no adro?

terça-feira, 23 de junho de 2009

Michelito - A morte a metro






Existem temas em que gostaria de ter a capacidade de me manter equidistante das várias partes. Aproveitando, mais uma vez, para esclarecer que estar “equidistante” não é estar “longe do cavalo”, acrescento que o fenómeno das touradas é um desses temas. Gostaria de poder acreditar que os animais não sofrem miseravelmente e que mais alguma coisa, para além do gosto de ver sangue, leva pessoas aparentemente pacíficas a ir às as praças. Infelizmente, não consigo!

Mesmo assim, faço os possíveis para que a actividade tauromáquica me seja totalmente indiferente. Estórias como a deste miúdo franco-mexicano, Michelito (11 anos), vêm, de vez em quando, estragar-me esse possível distanciamento.

Conseguir proibir o miúdo de tourear em Portugal é tão compreensível como discutível, as ameaças feitas aos dirigentes da ANIMAL são “típicas” de uma certa maneira de estar na vida... já a intenção de um dos adultos que exploram o miúdo, neste caso, o seu empresário, de mover um processo à Comissão de Protecção de Crianças e Jovens, por esta, no seu melhor entendimento das suas obrigações, ter tentado defender o menor Michelito, parece-me passar um pouco as marcas.

O mundo das touradas é muito complexo, envolve muito dinheiro e, por outro lado sentimentos tão ligados aos instintos básicos, que é do mais elementar bom senso tentar entender os seus protagonistas, antes de lhes colar rótulos apressados.

Mesmo assim, gostaria que alguns daqueles sempre prontos a sacar de um papelinho com os nomes dos grandes pintores e grandes escritores que foram ou são conhecidos aficionados da “festa brava”, sendo que alguns até já sabem recitá-los de cor e outros, embora menos, conhecem-nos bem desde o “berço”, gostaria, como ia dizendo, que me dissessem que raio de arte e beleza é que conseguem vislumbrar no facto de um miúdo de 11 anos matar 6 touros num só dia, com o único objectivo de passar a figurar com esse “feito” inútil e gratuito, no “Guiness Book of Records”, essa espécie de imenso paraíso da imbecilidade.

O malmequer desta cidade que me quer bem, que me quer bem.



"E quando agarro a madrugada,
colho a manhã como uma flor
à beira mágoa desfolhada,
um malmequer azul na cor,
o malmequer da liberdade
que bem me quer como ninguém,
o malmequer desta cidade
que me quer bem, que me quer bem."

(José Carlos Ary dos Santos)

(O poema, na sua versão integral e como vai já sendo hábito, encontra-se aqui)

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Évora – Declaração de “interesses”





Durante os próximos tempos, a todos aqueles que me “acusarem” de aqui defender e divulgar posições da CDU e, quem sabe, fazer algum reparo a uma ou outra das forças políticas que concorrem às eleições, tomando o partido da coligação PCP-PEV, responderei... que estão carregados de razão!

A verdade é que aceitei o honroso convite para fazer parte da lista da CDU que concorre às eleições para a Assembleia da República, pelo distrito de Évora. Depois de feita, ontem, a apresentação oficial da lista, aos órgãos de comunicação social e aos eleitores do distrito, já não é uma "inconfidência" falar do assunto.

Numa lista constituída, naturalmente, por militantes do PCP e dos Verdes, represento os independentes. Este é um serviço cívico que presto com grande satisfação!

De qualquer maneira, a minha presença na lista de candidatos a deputados da CDU, pode bem ser vista de outros ângulos, a saber:

1. Numa lista em que o Nº1, João Oliveira (que já é deputado, presentemente), tem apenas 30 anos de idade, logo seguido por uma candidata, Ângela Sabino (que já foi deputada), igualmente com 30 anos, sendo que todos os outros ainda pouco se afastaram da juventude... eu sou o “idoso”. Sirvo por isso e também, para equilibrar a lista, o que devia levar os comentadores que insistem na teoria da “antiguidade” dos candidatos da CDU, a reverem os seus apontamentos, pelo menos.

2. Com os dois primeiros da lista a terem nascido já cinco anos depois do 25 de Abril, muitas das estórias que eu lhes posso contar, durante os muitos jantares, almoços, caminhadas a pé e sessões de campanha, que faremos juntos, sobre todos estes anos que levámos até aqui chegar, poderão talvez dar-lhes pistas para entenderem algumas das razões porque somos como somos. Se uma ou outra dessas estórias, por serem divertidas, ajudarem ao bom humor e confiança dos candidatos, tanto melhor!

3. A minha participação servirá para mostrar aos eleitores, sobretudo aqueles que já andam por cá há mais tempo e que em alguns casos talvez se recordem das centenas de vezes que por aqui cantei em cidades, vilas, aldeias, montes no meio do campo, em salas grandes, pequenas, ou em cima de atrelados de tractor, que estou disposto a fazer tudo outra vez... e que, portanto, nem todos os cantores que por aqui cantaram a Reforma Agrária e Abril, foram tratar da sua vida para outras aragens. Serve também, espero, para honrar a memória de outros que se ainda vivessem, estou certo de que não teriam ido tratar da sua “vidinha” para outras aragens.

Será, sem dúvida, uma jornada calorosa, “acalorada” e, espero, coroada de êxito. Naturalmente, o “Cantigueiro” continuará a ser exactamente o que já era... e eu também!

Adenda: Como terão visto aqueles que o conhecem, eu tinha "trocado" o nome ao João Oliveira, o nosso cabeça de lista. Está corrigido, com um pedido de desculpas. É o que faz estar a pensar em várias pessoas e assuntos ao mesmo tempo!... Tenho que desacelerar um pouco...


Autoeuropa – Música para os ouvidos...





O desenrolar dos acontecimentos na Autoeuropa é verdadeira música para os ouvidos do PSD, Pinto Balsemão e os seus canais de televisão, jornais e revistas, povoados de jornalistas “jeitosos”.

Com títulos como o “PCP boicota...”, ou o “PCP impede...”, ou pérolas como esta de Emídio Rangel, teorizando sobre "quem terá traído o António Chora", uma verdadeira homilia sobre as qualidades excepcionais do dirigente da CT, dá-se a entender que a proposta de acordo da UGT e do BE é bondosa, enquanto qualquer coisa que venha do lado da CGTP é o diabo. Qualquer proposta vinda da UGT (e do BE) que seja votada e aprovada pelos trabalhadores, é a “democracia em marcha”, mas se a maioria dos trabalhadores (por voto secreto, imagine-se!!!) votar de maneira diversa, isso não é uma votação nem uma posição... é boicote. Se votarem segundo a vontade da Administração, da UGT (e do BE), são seres livres e bonitos, ao passo que, se maioritariamente (e por voto secreto, imagine-se!!!) votarem contra essa vontade, fazendo valer a sua, então já não passam de robots controlados e feios, a que só faltam os bigodes para serem clones do José Estaline.

Mesmo antes de o patronato revelar quais são as represálias que decidiu exercer sobre os trabalhadores, esta gente, certamente com boas informações internas, está em condições de nos “informar” sobre quais as medidas que irão ser tomadas, quantificar o “lay-off”, identificar aqueles que vão ser “dispensados”, quem sabe, até com nomes, moradas e filiação partidária.

O desenrolar dos acontecimentos na Autoeuropa é verdadeira música para os ouvidos do PSD. Vão utilizando todos os meios de propaganda de que se lembram para diabolizar os comunistas, numa tentativa desesperada de impedir o seu crescimento eleitoral, que contra ventos e marés, mesmo assim, acontece, o que os deixa em pânico. Na mesma passada, endeusam o “bom senso” e a maleabilidade e flexibilidade do BE, que consideram ser, nestas condições, capaz de continuar a desviar, mesmo que provisoriamente, muitos milhares de votos do PS e assim, talvez, ajudar a repetir nos próximos actos eleitorais uma “vitória” do PSD, conseguida não por mérito próprio, mas apenas à custa da retumbante derrota de Sócrates e da sua incapacidade de fazer alguma coisa certa para o país, ou de convencer os portugueses de que é capaz de mudar, enganando-os mais uma vez.

O desenrolar dos acontecimentos na Autoeuropa é verdadeira música para os ouvidos do PSD e de Pinto Balsemão, representante em Portugal da seita do grande capital internacional e sem pátria, essa espécie de sociedade secreta que dá pelo nome de “Clube de Bilderberg”, para cujas reuniões o fundador do PSD vai convidando algumas figuras nacionais que vão entrando na calha do poder e na posição que mais lhes agrada: de cócoras.

Mesmo sem ser um grande adepto das “teorias da conspiração”, consigo imaginar as conversas em que esta estratégia foi delineada e a satisfação com que devem receber as notícias que lhes chegam sobre o desenrolar dos acontecimentos na Autoeuropa. Como música para os seus ouvidos!

domingo, 21 de junho de 2009

Freeport



Como se pode ver pelas notícias, também no “Caso Freeport”, quem se vai lixando são os mexilhões, enquanto os tubarões, embora algo agitados, continuam em águas profundas e longe da rebentação.

“O mais grave de tudo é que são os grandes que comem os pequenos, ou seja são precisos muitos pequenos para alimentar um grande.”

(Padre António Vieira)

Em legítima defesa



Tinha as Quatro Estações à disposição. Todas do António Vivaldi.

Sob este calor incontrolável e, portanto, em legítima defesa, escolhi um pedacinho do Inverno...

Para o servir primorosamente, convidei um dos doidos de estimação cá de casa, o já vosso conhecido Nigel Kennedy.

Refresquem-se... e bom domingo!

“Inverno” – Nigel Kennedy
(António Vivaldi)


sábado, 20 de junho de 2009

Quase nos 40º... uma brisa!



"Cada bago de uva sabe de cor
O nome dos dias todos do verão."
(Eugénio de Andrade)

Foi o que me ocorreu, não só para sentir e esperar que sintam também uma brisa fresca no rosto (ou uma carícia do Eugénio de Andrade, como queiram...) como para retribuir um outro sopro leve de maresia, chegado dos Açores via mail, enviado pelo escritor Daniel de Sá. Chegou na forma de um conto em que se canta o amor sem medida, se assiste à construção de um grande soneto enquanto se prova um vinho chamado “Lucília”... mas isso, só indo ler o “Dueto a uma só voz”, que não está publicado no seu blog, mas sim aqui.

Quando o mar bate...



Ao que parece, tanto por cá como na Espanha, existe alguma pressão vinda de cima (não, não exageremos, quando digo “de cima”, refiro-me apenas aos Bispos, Cardeais... essa gente), no sentido de baixar os ordenados aos padres. Dizem que é para fins de caridade...

Mas ó céus! Também na Igreja, quem se lixa (digamos assim) é o mexilhão?!

Primeiro, vinda de uma Igreja e de uma hierarquia habituadas à ostentação, a ideia de pedir um esforço económico logo aos padres, para além de uma hipocrisia, é demagogia no seu estado puro.

Segundo, tratando-se, como alegam, de caridade, não seria suposto ela não ser propagandeada? Ou será que o belo princípio da caridade cristã “Não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita”(Mateus 6: 1 a 4) já só é praticado (infelizmente!) por alguns acordeonistas?

Terceiro... olhem... haja pachorra!

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Sócrates e o seu “erro”



Nos tempos de Goebels e do império do nazi/fascismo, “investia-se” na cultura sacando o revólver. Nos tempos de Salazar, por cá, “investia-se” na cultura prendendo, torturando e assassinando alguns dos seus criadores. No tempo iluminado dos governos de Cavaco Silva, “investia-se” na cultura, por exemplo, mandando o pateta Sousa Lara “investir” contra José Saramago.

Ficamos agora a saber pela boca de José Sócrates, que o seu erro foi, talvez, investir pouco na cultura, o que me sugere alguns comentários.

É preciso uma bela dose de descaramento, descaramento humilde, claro, para descobrir, assim do nada, que ao fim de quatro anos de governação, “o erro” foi uma deficiente aposta na cultura... tudo o resto apenas uma lamentável deficiência de comunicação entre os génios governativos e o povoléu, que nunca entende os seus geniais governantes... e pensar que se safa com este argumento.

Conhecendo o estilo socrático e o dos seus mais próximos conselheiros, fico à espera de ver "o erro" maquilhado com dinheiro, dentro de muito pouco tempo, com duas ou três realizações culturais espaventosas que encherão o olho ao povo e os bolsos a alguns amigos... e fica “o erro” resolvido.

Por fim, não valia a pena ter assumido publicamente a sua falta de investimento na cultura. Basta ouvi-lo falar para ver que é pessoa que não investe muito na cultura, pelo menos desde os tempos da sua passagem pela Secundária Frei Heitor Pinto, da Covilhã, em finais dos anos sessenta do século passado.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

José Calvário



(Ao lado da capa do disco pede ver-se este vosso amigo ao lado do maestro, eu com 21, ele com 22 anos)

O José Calvário foi o meu primeiro orquestrador. Pouco tempo depois do “Cantigueiro” estávamos a gravar o histórico “Fala do homem nascido”, apenas com poesia de Gedeão, musicado pelo José Niza e cantado pela Tonicha, Duarte Mendes, Carlos Mendes e por mim. As orquestrações do Zé foram um trabalho notável. Ainda não tinha sido feito um disco assim, na música portuguesa (uma certa música portuguesa).

O José Calvário era implacável para com os músicos, em estúdio, mas sobretudo para com os cantores ou cantoras que incomodassem o seu “ouvido absoluto”. O facto de repetidamente ter querido trabalhar comigo noutras gravações, sempre fez muito bem ao meu ego.

O José Calvário era um ferrenho militante do PPD. As nossas trocas de galhardetes sobre política ou as minhas escolhas musicais e sobretudo de “carreira profissional”, que o deixavam tão abismado como “zangado” comigo, nunca transpuseram a linha do desrespeito. Por exemplo, nunca cometeu a deselegância de me convidar para as recorrentes gravações de hinos do PPD, para as quais convidava variadíssimos dos meus colegas das cantigas, pagando, diga-se, muito bem.

Tinha um sentido de humor fulminante. Vi-o por várias vezes em estúdio a ser tremendamente cáustico para com algumas cantigas “vermelhas” e os seus autores e cantores, enquanto, ao mesmo tempo as servia com orquestrações primorosas. Era um grande músico!

Durante anos, repetidamente, sempre que me encontrava, dizia com um ar entre o escandalizado e o incrédulo, que não percebia porque raio é que eu me tinha posto à margem de uma carreira comercial... mas eu sei que ele sabia.

Viveu toda a vida num regime de stress potencialmente suicidário. Deixou-nos de vez, agora.

Diz-me espelho meu! Há alguém mais humilde do que eu?



Não faltará quem tenha arte e conhecimentos políticos para encontrar alguma coisa para comentar sobre os mais recentes acontecimentos na vida de José Sócrates, nomeadamente a tarde inútil que ele e nós passámos ontem, por conta da Moção de Censura do PP ao Governo.

Enquanto espero, gostaria de assinalar um acontecimento, tão sincero quanto inesperado da minha parte: estou a gostar muito deste novo Sócrates! Deste Sócrates humilde, mas que na sua humildade nem por isso fica menos vistoso, mostrando que tem todo um vasto leque de personalidades com que nos pode brindar a qualquer momento, conforme a conjuntura e a cor do cenário.

Agora é a humildade. Qual se seguirá?

Para acabar, não posso deixar de assinalar a humildade com que José Sócrates pede uma nova maioria absoluta para poder governar sozinho...

Sócrates a governar sozinho!!! Essa seria, sem dúvida, uma excelente opção... mas assim de pé prá mão, para onde é que hão-de ir tantos milhões de portuguesas e portugueses, por muito aliciante que pareça a ideia de o deixar sozinho?

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Não cumprir os prazos? Jamé!!!



Apesar da evidência que é a necessidade de, pelo menos, uma ligação de comboio de alta velocidade (TGV ou outro) entre Portugal e o resto da Europa, existem pormenores muito estranhos nesta nossa saga do TGV.

Por que raio é que o bendito comboio tem que passar na Ota? Que diabo há na Ota? O fantasma do Aeroporto?

Como se justifica a “ciguêra” de tirar 15 minutos à minúscula viagem de Lisboa ao Porto, num pais que não consegue que a “viagem” de um doente até à cirurgia de que necessita, ou por vezes, até, entre o aparecimento de um sintoma de doença e uma simples consulta para a diagnosticar, dure menos do que um ano, quando não é ainda mais?

Poderia ficar aqui a atirar mais pedras ao pobre comboio, umas mais certeiras do que outras, como sempre acontece, mas na realidade o que quero fazer hoje é saudar a evidente “portugalidade” que o nosso TGV já ostenta orgulhosamente:

Ainda nem foi construído... e já anda com atraso!

Os alternadeiros



Durante umas horas, quem sabe, uns dias (no máximo), teremos direito a um novo Primeiro Ministro. Bom... talvez não um novo, mas com uma nova maneira de falar. Em vez daquele tom desafiador a que nos acostumou, ensaia agora uma sonoridade à sacerdote em plena homilia. Só falta mesmo começar a carregar nos típicos “éches”.

Só uma coisa não muda: é tudo mentira! Diz com ar contristado que reconhece os resultados “decepcionantes” das eleições... mas a culpa é toda de “um certo desgaste do Governo”. Diz que o Governo (e o PS) vão empenhar-se com humildade nas tarefas que têm pela frente, mas quais são essas tarefas? Explicar as medidas e reformas que o Governo tem, corajosamente, implementado, ou seja, explicar “com humildade” aos portugueses, que afinal são umas bestas e não entendem nem dão valor ao Governo e ao Primeiro Ministro de excelência que têm.

Como a primeira coisa que esta gente recupera depois dos desaires é o descaramento, mais uma vez mostrando o profundo desrespeito que tem pela democracia e as convicções dos outros, Sócrates, nas vésperas de eleições para o Parlamento, casa onde devem estar dignamente representadas as várias opções políticas, os sonhos e as legítimas aspirações dos portugueses, repete o insulto à inteligência dos eleitores, que é esta recorrente tentativa de transformar as eleição de centenas de candidatos e as propostas para o país apresentadas pelos seus diversos partidos, numa mera corrida para o cargo de Primeiro Ministro, tentando reduzir o leque partidário a um cenário bipolar e mentiroso, de alternância sem alternativa, onde os eleitores votariam não mais por convicção, mas de forma calculista e interesseira, aquilo a que os calculistas e interesseiros gostam de chamar pragmatismo.

Recuperado que está o descaramento e segundo o “Expresso” online, o PS vai pedir uma nova maioria absoluta.

Aproveitando o balanço, parece que José Sócrates vai igualmente pedir para saber a chave do Euromilhões na sexta feira de manhã, ou, em alternativa, poder registar o boletim no domingo à noite.

Vai ser preciso voltar a esfregar-lhe a realidade na cara!

terça-feira, 16 de junho de 2009

Cavaco Silva - A (falta de) imaginação no poder





Para um Presidente da Comissão Europeia, fosse ele quem fosse, ser muitíssimo importante e decisivo para o seu país de origem, em detrimento dos restantes países membros, teria que ser uma pessoa absolutamente desprovida de carácter e no fundo, um corrupto. Ora José Manuel Durão Barroso, cuja principal função é estar de gatas perante as grandes potências europeias e os EUA e sendo, portanto, pouco mais que um inútil, não parece que tenha beneficiado Portugal em coisa nenhuma... o que sempre é um ponto a seu favor.

Estabelecido que Portugal não ganha nada com a portugalidade do Presidente da Comissão Europeia, a insistente excitação com a nacionalidade do homem só pode ser fruto da parolice. A mesma parolice que nos faz derreter de patrioteirismo com uma qualquer bota de ouro, saltos disto ou daquilo, primeiro lugar em concurso de arrotos, ou desenhos em muros, feitos com xi-xi... que apenas honram os atletas e autores dos “feitos” e não o país, que não poucas vezes não lhes liga a ponta de um corno se não trouxerem para cá uma medalhinha qualquer.

Cavaco Silva, que hoje em dia, basta mexer a boca para se ficar logo a saber que está seguramente a dizer uma tolice, disse «não imaginar algo mais importante para os superiores interesses de Portugal do que a escolha de um português para presidente da Comissão Europeia».

Curiosamente, da parte de Cavaco Silva esta declaração não podia ser mais acertada! Durante todos os anos em que teve a obrigação de realmente “imaginar” alguma coisa que servisse os superiores interesses de Portugal, não imaginou uma única de jeito, que fosse. Porque é que havia de o conseguir agora?

Delinquente




“Uma coisa perigosamente parecida a um ser humano, uma coisa que dá festas, organiza orgias e manda num país chamado Itália. Esta coisa, esta enfermidade, este vírus ameaça ser a causa da morte moral do país de Verdi se um vómito profundo não conseguir arrancá-la da consciência dos italianos antes que o veneno acabe por corroer-lhes as veias e destroçar o coração de uma das mais ricas culturas europeias.”

Começa assim um texto escrito por Saramago e carinhosamente dedicado a essa grande figura do “fascismo pimba” que é Sílvio Berlusconi, texto de que apenas aqui colei este excerto, mas que podem ler, na íntegra, dando um salto até ao “O Caderno de Saramago”.

Na revista “Visão” desta semana, quem quer que seja que lá tem uma rubrica a que chama “mais & menos”, resolveu colocar o Saramago no extremo da classificação negativa, alegando que ele pisou o risco e se excedeu, ao chamar delinquente (lá mais para a frente no texto), mas sobretudo, “coisa”, ao milionário italiano.

Está carregado de razão! Desde há uns dias, várias “coisas” cá em casa não param de protestar por terem sido, de uma forma tão infeliz, comparadas com “aquilo”.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Falta de vergonha





Benjamin Netanyahu decidiu bolçar mais algumas teorias e mentiras sobre o que considera a sua disposição para a paz com o povo da Palestina. O Primeiro Ministro de um país armado até aos dentes e possuidor de arsenal nuclear, está disposto a “admitir” a existência de um Estado Palestiniano... desde que este seja absolutamente desmilitarizado.

Como sempre há logo quem esteja disposto a ver “passos em frente” neste tipo de conversa. Como é evidente, outros, pelo contrário, vêm a realidade.

Independentemente de achar que este discurso israelita é, infelizmente, alimentado e “justificado” pelas posições de lunáticos e fanáticos religiosos que, enquanto dirigentes de países daquela região, defendem o desaparecimento de Israel do mapa, negam a veracidade histórica do Holocausto, etc, etc, e que são verdadeira “música” para os ouvidos dos falcões de Tel-Aviv, quanto a mim não há nenhuma novidade nesta exigência de uma Palestina desmilitarizada. Os homens, mulheres e crianças da futura Palestina, da actual Faixa de Gaza, ou seja de onde for, deixam-se matar com muito maior facilidade quando estão convenientemente desarmados e indefesos... e isso tem sido, ostensivamente, a especialidade do exército dos sucessivos governos fascistas de Israel.

Desabafo


"Fernando Pessoa encontra D. Sebastião num caixão sobre um burro ajaezado à andaluza"
(Júlio Pomar - 1985)

Depois de várias semanas de campanhas de desinformação, interpretações delirantes e mentiras descaradas, que deram ao esperto Cavaco a justificação para vetar a Lei de Financiamento dos Partidos, fazendo de conta que não está quase exclusivamente a tentar atingir a Festa do Avante, como bem se explica nestes textos do Vítor Dias no "O tempo das cerejas" e do Fernando Samuel no "Cravo de Abril", que subscrevo palavra por palavra.

Depois de vários dias de análises dos resultados das Europeias e sobre quem ganha ganhando, quem perde perdendo ou quem ganha perdendo, etc, até ao infinito da falta de vergonha.

Depois de intermináveis horas a ouvir falar de Ronaldo, de milhões, de casas novas em Madrid, de milhões, em directos de cá, de lá, de milhões, da família de Ronaldo, de milhões... e só conseguir ouvir notícias lá para depois do minuto vinte dos telejornais, uma pessoa é bem capaz de começar a perder a paciência com a nossa comunicação social, seja ela rádio, televisão, revistas ou jornais.

Nessas alturas, caras e caros amigos, devemos resistir à grande tentação de “baixar o nível”. Devemos socorrer-nos da arte, da diplomacia, da calma...

No meu caso, pedi ajuda ao Fernando Pessoa, perdão, Álvaro de Campos, para falar por mim.

Ora porra!

Ora porra! Então a imprensa portuguesa é
que é a imprensa portuguesa?
Então é esta merda que temos
que beber com os olhos?
Filhos da puta! Não, que nem
há puta que os parisse.

(Álvaro de Campos)

domingo, 14 de junho de 2009

Para uma melhor compreensão



Ontem, dia 13, fez quatro anos que Álvaro Cunhal nos deixou fisicamente. Hoje, dia 14, Ernesto “Che” Guevara completaria 81 anos de vida.

Qualquer um deles, anos depois do seu desaparecimento, continua a ameaçar “contagiar” (cada vez mais) jovens, aqui como em todo o mundo, com algumas das suas ideias, sonhos, convicções, mas sobretudo com o notável exemplo de entrega que foram as suas vidas.

Em todas estas datas correm rios de tinta em textos que ressumam ódio. Comentadores que quase todos os dias do ano tentam parecer exemplos de uma “direita civilizada e inteligente” (e, infelizmente, também muitos outros...), perdem totalmente a compostura e transformam-se em verdadeiros hooligans.

Temos que os compreender. Para qualquer dos mandantes deste sistema capitalista mais ou menos selvagem, mais ou menos incompetente, que vão governando o mundo, tal como para os seus fiéis criados, a simples ideia de ver um jovem estudante ou trabalhador ser “infectado” pela vontade de fazer alguma coisa na vida, pequena ou grandiosa que seja, movido não por interesses egoístas, mas pela convicção de que essa coisa está certa, deixa-os aterrorizados. A simples ideia da construção de uma sociedade em que se valorize mais a qualidade de vida e a solidariedade do que o sucesso a qualquer preço e a competição, deixa-os num estado de pânico indisfarçável. Um mundo amante da liberdade para todos, proporcionada pela justiça social, em vez da liberdade para alguns, proporcionada pelo lucro... tira-lhes completamente o sono.

Daí o ruído rouco das goelas, o pelo eriçado, o brilho das presas, o ódio cego nos olhos.

Como disse, temos que os compreender... para melhor lhes darmos luta!

sábado, 13 de junho de 2009

Sempre a aprender...



Pensava eu, na minha vasta inocência, que “alerta amarelo” era como que uma espécie de alarme indicador do avistamento de João Proença em qualquer lugar público... mas afinal, não é. Pelos vistos, “alerta amarelo” é apenas uma das várias cores dos avisos da Protecção Civil, para nos pormos a pau com o excesso de frio, o excesso de chuva, o excesso de calor... tudo coisas igualmente nefastas para a saúde, mas sem a “dimensão” de um João Proença, convenhamos. Adiante!

Faz por aqui um calor verdadeiramente “ensaropilhante”! Está a chegar a época balnear... mas alguém me diz onde é que eu vou encontrar uma praia adequada à minha provecta idade e ao meu vetusto feitio?

O nosso TGV - aproveitar enquanto é tempo...



Paulatinamente, pelo meio do ruído e a avalanche de informações cruzadas da última campanha eleitoral, passou praticamente despercebida a notícia de mais um avanço do nosso, pelos vistos, inevitável TGV. Os consórcios concorrentes ao multimilionário negócio, apresentam as suas propostas.

Não, não vou voltar a massacrar-vos com a minha conversa recorrente sobre o efeito tremendo que tantos milhares de milhões de euros teriam, se fossem realmente canalizados para a economia real. Nas micro, pequenas e médias empresas, que são a fonte de emprego da esmagadora maioria da força de trabalho do nosso país. Numa verdadeira "batalha da produção" (que sendo como se sabe, uma ideia "Gonçalvista", é pecado mencionar). No aumento generalizado dos salários, pensões e reformas mais frágeis (e injustas), o que significaria imediatamente e de forma sustentável a médio e longo prazo, o aumento do poder de compra de largas camadas da população, com o que isso significa de injecção de capital no pequeno comércio local, com o consequente “choque” de saúde económica no tal nosso universo empresarial, que na sua, mais uma vez, esmagadora maioria, produz para o consumo interno. Mais o emprego estável que tudo isto pode criar, ao contrário dos fogachos de mão de obra que será explorada nas megalómanas construções de um TGV pouco mais que inútil, no presente e dada a nossa dimensão, ou um novo Aeroporto Internacional, de oportunidade muito duvidosa. Mais o impulso ao consumo e produção dos nossos produtos agrícolas, das nossas pescas, até, imagine-se, na maior disponibilidade de mais algumas portuguesas e portugueses para consumir produtos culturais...

Mas não! Não vou maçar-vos com nada disso. Hoje vou apenas aproveitar aquilo que pode muito bem ser uma das últimas oportunidades para “brincar” com o TGV, com fotografias como esta . É que, a ser o consórcio liderado pelo “saudoso” Jorge Coelho (um dos pretendentes) a ficar com a negociata, perdão, a construção do TGV a seu cargo, num futuro muito próximo, “Quem se meter com o TGV, leva!”

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Cristiano Ronaldo – Excesso insultuoso



Quem como eu, não percebe nada de futebol, dificilmente consegue alinhavar num texto os elogios que realmente merece a arte e a magia que Cristiano Ronaldo tem nos pés. Já tudo terá sido dito sobre o jovem madeirense, mas esta transferência estupidamente milionária, tão exagerada que até alguns “do meio” estão escandalizados, volta a trazer-nos Ronaldo em doses intoxicantes para todos os noticiários, novamente (como quase sempre) pelas razões que menos importam.

Um dos títulos de jornal diz que Cristiano Ronaldo vale 12 “Maradonas” e 235 “Cruyffs”. Eu, ao contrário, dou por mim a pensar que estes cerca de 93 Milhões de Euros envolvidos na transferência do jogador, chegariam para ajudar, com cerca de 500 € por mês, 15.000 desempregados, durante um ano... e isto, podendo Ronaldo continuar, mesmo assim, a ganhar principescamente, com o restante.

A esmagadora maioria dos comentadores e analistas diz que isto pode ser "questionável", eticamente, dado o momento de crise e blá, blá, blá, mas que enquanto investimento é absolutamente legítimo, terá um extraordinário retorno, etc, etc. Mais, juram que é a (sacrossanta) Economia de Mercado a funcionar e como todos sabemos, questionar a economia de mercado é pouco menos que heresia. É uma questão de fé, ou como alguém disse, muito acertadamente, é a Teologia do Mercado.

Muito bem! E todos aqueles que (mais uma vez) como eu, forem “ateus”... também no que respeita à Teologia do Mercado? Em que estado de “humor” é que ficam?

Não vale a pena fazer um desenho, pois não?

Second life - prioridades



Decididamente, as redes sociais e as comunidades virtuais, na internet, estão na moda. Uma dessas comunidades virtuais e talvez a mais “in”, no momento, é o “Second Life”.

E que diabo é o “Second Life”? Como o nome indica, é uma imitação de uma segunda vida, uma vida paralela, onde tudo é “virtual” e toda a gente pode “ser” o que quiser. Os habitantes deste “mundo” são os “avatares”, figuras criadas pelos utilizadores reais para os representarem no mundo virtual.

Temos assim todo um universo de milhares de pessoas que se fazem passar pelo que não são, com o objectivo de se “relacionarem” virtualmente com outros milhares de pessoas, que sabem de antemão, estarem igualmente a mentir.

Por qualquer razão, a Presidência da República sentiu-se atraída por este “mundo”. Uma das suas últimas iniciativas foi criar ali uma “ilha” dedicada ao 10 de Junho.

Dada a extrema semelhança entre o “Second Life” e o governo de José Sócrates, os nossos ministros bem podiam aderir... quero dizer, irem para lá, realmente... e não voltarem.

Certamente, este post não passa de mau feitio da minha parte. Certamente, estas iniciativas virtuais são as verdadeiras prioridades do país...

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Não é justo!



Ainda no rescaldo do 10 de Junho e da condecoração da UGT, não percebo porque é que, aproveitando o facto de António Barreto (figura algo inquietante) ser o mestre de cerimónias, ninguém se lembrou de condecorar igualmente esse farol do progresso que é a CAP, filha dilecta do carrasco da Reforma Agrária e dos milhares de mulheres e homens que a sonharam e viveram.

Grave “injustiça”!

Descomprimindo



As campanhas eleitorais, mesmo depois de acabarem, reservam sempre mais algumas surpresas. Revisitando as listas dos vários partidos, cheguei à lista do PS. Adivinhem quem encontrei, concorrendo ao Parlamento Europeu, pelo PS, em último lugar na lista. Exactamente! Como podem ver pela fotografia... Francisco Louçã. Isto apesar de estar disfarçado atrás de um "nome artístico", como José Pinhanços Bianchi.

OK, pronto! Se não é o Francisco Louçã, é um irmão gémeo separado à nascença... e não vale a pena “ofenderem-se” os simpatizantes de Louçã, primeiro, porque é a brincar que se goza uma parte muito importante da vida e além disso, muito mais razões para ofensa pela “associação” teriam os simpatizantes do histórico líder do CDS, Francisco Lucas Pires e do não menos histórico líder do Sinn Féin, Gerry Adams, da Irlanda do Norte, os dois vítimas desta minha brincadeira dos “gémeos separados à nascença”, há muito tempo.


quarta-feira, 10 de junho de 2009

Mil



Se alguém há uns tempo me dissesse que eu iria não só abrir este “estabelecimento” na blogosfera, como aqui escrever mil textos, micro, pequenos ou médios, sobre centenas de temas, dando ares de pelo menos em alguns deles “ter assunto”...

Se alguém me dissesse que, tendo eu esse topete, haveria pessoas com pachorra para me “ouvir”...

Já que aconteceu, fico grato, por ter encontrado tantos amigos, que afinal estavam mesmo “logo ali”! Fico grato pelos milhares de passos que se juntaram aos meus nesta marcha onde tantas vezes têm feito juntos um belo ruído. Fico grato pelo futuro... que assim tem muito mais sentido.

Obrigado!

O “insigne herói”



"Há diversas modalidades de Estado: os estados socialistas, os estados corporativos e o estado a que isto chegou! Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos. De maneira que quem quiser, vem comigo para Lisboa e acabamos com isto. Quem é voluntário sai e forma. Quem não quiser vir não é obrigado e fica aqui."
(Salgueiro Maia – Madrugada do dia 25 de Abril de 1974, na parada da EPC de Santarém)


Esta triste fotografia foi-me enviada por mail por vários amigos. Trata-se de um simples anúncio de venda de uma singela e já velhota casa de Castelo de Vide. Nada mais normal, aparentemente. O que é que faz deste anúncio um caso especial? O facto de se tratar da casa onde nasceu Salgueiro Maia, “insigne herói” como diz a placa ali posta há já uns anos.

Num país “normal”, o Estado, autarquia outra qualquer entidade, não teria deixado escapar esta oportunidade de adquirir a casa de Salgueiro Maia, para fazer dela mais um ponto de contacto das populações com o 25 de Abril, o seu significado, a vida do militar que teve o papel que este teve, no desenrolar das operações que iniciaram a Revolução dos Capitães, que depois o Povo se encarregou de continuar.

Como lembra, e bem, no seu mail, o Cid Simões, um dos amigos que me enviou a fotografia, tivesse ele nascido numa “mansão”... e esta já seria um museu, mas nesse caso, o mais provável seria ele ter ficado do lado errado da História, digo eu.

Por ironia, Salgueiro Maia é hoje alvo de uma homenagem, em Santarém, cidade onde decorrem as comemorações do 10 de Junho, com a participação de Cavaco Silva. A confirmar-se este acto público do Presidente, trata-se da subida de mais alguns degraus na escada da falta de decoro, que como sabemos, é infinita.

A menos que o Presidente da República tenha cortado relações com o antigo Primeiro Ministro, estamos a falar de um Aníbal Cavaco Silva que recusou, exactamente a Salgueiro Maia, uma pensão. Quando, na doença, mais precisava dela. Estamos a falar do Aníbal Cavaco Silva que pouco tempo depois não viu qualquer inconveniente em dar uma pensão a dois torcionários da PIDE.

Mas para que estou eu a entrar em “pormenores”? Estamos a falar de Aníbal Cavaco Silva...