Lucrécia... Nova via?!?!
Organizámos o material no arnês para iniciar a escalada.
Calmamente, o Paulo Alves olha para cima e comenta: “Sim, já entrei por aqui!” Por cima das nossas cabeças ergue-se uma fissura vertical encaixada num diedro, estética e convidativa. “Não me admira…” respondo “… a fenda é realmente evidente.”
Topos
O primeiro lance
O Paulo Alves, em conjunto com os “clássicos” da época, como o Vasco Pedroso e um curto etc, realizaram, nas décadas de 70 e 80, numerosas ascensões na Serra da Estrela. Algumas estão documentadas, outras nem tanto.
Não nos surpreendeu quando, seis tiradas mais acima, no lance mais difícil da via, o Paulo voltou a reconhecer o terreno: “Sim, sim! Já aqui estive, há muito tempo!” Desta vez tratava-se de uma super fissura fina em “S” que corta uma placa verde, livre de musgo. “És um desmancha-prazeres!” Ripostou a Daniela divertida com o nosso próprio embaraço. “Não podias, ao menos, ter-nos deixado esta?”
Não nos surpreendeu quando, seis tiradas mais acima, no lance mais difícil da via, o Paulo voltou a reconhecer o terreno: “Sim, sim! Já aqui estive, há muito tempo!” Desta vez tratava-se de uma super fissura fina em “S” que corta uma placa verde, livre de musgo. “És um desmancha-prazeres!” Ripostou a Daniela divertida com o nosso próprio embaraço. “Não podias, ao menos, ter-nos deixado esta?”
O primeiro lance
Daniela no segundo largo. Helder lá embaixo
A quarta tirada
Na saída do quarto largoA quarta tirada
Muito provavelmente a fissura em “S” foi realizada em 1978 (há quase trinta anos!), durante a abertura da via “Passeio de Verão”, na face leste do Cântaro.
No pequeno livro de fotocópias publicado em 1995 pela Associação Desnível vem um croquis muito geral desta via. A espartana descrição dita o seguinte: “Sobretudo situada no lado direito da parede, abordando os diedros, as placas e fendas mais interessantes desta face.”
No dia 22 de Agosto de 1978, o Vasco Pedroso, o Paulo Alves, Carlos Teixeira e Mário Cardoso, calçados com botas de couro (porque os pés de gato estavam longe de surgir), alcançam o anel do Cântaro. Aí, decidem desviar-se radicalmente para a esquerda e entrar de chofre no pilar superior, entre as faces leste e a sul. Momentos depois, com o apoio de alguns passos realizados em escalada artificial, a mestria e o entusiasmo resolveram o problema de uma das mais estéticas fissuras do Cântaro Magro.
No pequeno livro de fotocópias publicado em 1995 pela Associação Desnível vem um croquis muito geral desta via. A espartana descrição dita o seguinte: “Sobretudo situada no lado direito da parede, abordando os diedros, as placas e fendas mais interessantes desta face.”
No dia 22 de Agosto de 1978, o Vasco Pedroso, o Paulo Alves, Carlos Teixeira e Mário Cardoso, calçados com botas de couro (porque os pés de gato estavam longe de surgir), alcançam o anel do Cântaro. Aí, decidem desviar-se radicalmente para a esquerda e entrar de chofre no pilar superior, entre as faces leste e a sul. Momentos depois, com o apoio de alguns passos realizados em escalada artificial, a mestria e o entusiasmo resolveram o problema de uma das mais estéticas fissuras do Cântaro Magro.
Quinto lance
Detalhe do pilar superior. O segundo largo na foto (sétimo lance da via) corresponde ao crux
Voltando ao presente, a nossa seria supostamente, a primeira repetição da via “Lucrécia” na face sul do Cântaro. Neste dia 14 de Setembro, o Hélder Massano e o Paulo Alves, a Daniela Teixeira e eu formámos as duas cordadas animadas para o efeito.
Na verdade e, de acordo com as novas revelações, a “Lucrécia” deixou de ser uma nova via para passar a uma combinação de lances antigos de vias quase esquecidas no tempo e alguns largos novos, abertos no dia 21 de Julho deste ano.
De consciência, desta feita, sentimos não ter legitimidade para reclamar um novo itinerário. No entanto, em falta de uma nomenclatura de substituição (e com o devido acordo do Paulo Alves) resolvemos manter o nome de “Lucrécia” para este belo alinhamento de fissuras e diedros.
Na verdade e, de acordo com as novas revelações, a “Lucrécia” deixou de ser uma nova via para passar a uma combinação de lances antigos de vias quase esquecidas no tempo e alguns largos novos, abertos no dia 21 de Julho deste ano.
De consciência, desta feita, sentimos não ter legitimidade para reclamar um novo itinerário. No entanto, em falta de uma nomenclatura de substituição (e com o devido acordo do Paulo Alves) resolvemos manter o nome de “Lucrécia” para este belo alinhamento de fissuras e diedros.
Ambiente National Geographic na transição a pé entre a parede inferior e o pilar superior.
O largo mais dificil
Paulo Alves na saída do penultimo largo
Agora no topo da via com o Helder a espreitar lá embaixo.
Entretanto o Nuno Soares (Larau), participante activo no parco equipamento e escovagem dos lances mais sujos da via, propôs um desafio interessante: o encadeamento no dia da “Lucrécia” (265 mts, 6c) e da via “Erika” (265 mts, 6b+). Será decerto um longo dia, completo e gratificante.
Paulo Roxo
O largo mais dificil
Paulo Alves na saída do penultimo largo
Agora no topo da via com o Helder a espreitar lá embaixo.
Entretanto o Nuno Soares (Larau), participante activo no parco equipamento e escovagem dos lances mais sujos da via, propôs um desafio interessante: o encadeamento no dia da “Lucrécia” (265 mts, 6c) e da via “Erika” (265 mts, 6b+). Será decerto um longo dia, completo e gratificante.
Paulo Roxo