segunda-feira, 21 de maio de 2012
anne sexton
CORAGEM
É nas pequenas coisas que o vemos.
O primeiro passo da criança,
tão incrível como um terremoto.
A primeira vez que você andou de bicicleta,
desequilibrando-se pela calçada.
A primeira surra, quando seu coração
saiu sozinho em viagem.
Quando o chamaram de bebê chorão
ou pobre ou gordo ou maluco,
e o tornaram um completo estranho,
você bebeu aquele ácido
e o ocultou.
Mais tarde,
se você enfrentou a morte das balas e bombas,
não o fez com um estandarte,
mas apenas com um chapéu para
cobrir seu coração.
Você não afagou sua fraqueza
embora ela estivesse ali.
Sua coragem era um carvão
que você continuou engolindo.
Se seu camarada o salvou
e morreu fazendo-o,
então aquela coragem não era coragem,
mas amor; amor tão simples como espuma de barbear.
Mais tarde,
se suportou um grande desespero,
você o fez sozinho,
recebendo uma transfusão do fogo,
raspando as crostas de seu coração,
e então o arrancando feito uma meia.
Depois, meu irmão, você pulverizou sua pena,
fez-lhe uma massagem nas costas,
então a cobriu com uma manta
e, após haver dormido um pouco,
ela acordou para as asas das rosas
transformada.
Mais tarde,
quando tiver de encarar a velhice e a natural conclusão,
sua coragem ainda se mostrará nas pequenas coisas,
cada primavera será uma espada que você afiará,
aqueles que você ama viverão em febres de amor
e você barganhará com o calendário
e no último instante,
quando a morte abrir a porta dos fundos,
você vai calçar suas pantufas
e sair.
tradução: rodrigo madeira
poema em inglês
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belíssimo poema, comovente.
ResponderExcluirrods
é lindo mesmo, rodolfo. eu não conhecia nada dessa poeta. foi o pozzo quem me mandou um link. tbm fiquei comovido.
ResponderExcluiranne sexton não chegou a vê-lo publicado. o poema consta do livro póstumo "the awful rowing toward god".
veja o que diz o blog "Poesia & Lda":
"Anne suicidou-se a 4 de Outubro de 1974, após um almoço com a sua amiga Maxine Kumin, no qual estivera a rever o seu manuscrito "The Awful Rowing Toward God", que viria a ser publicado em Março do ano seguinte. Regressando a casa, vestiu o casaco de peles da mãe e fechou-se na garagem com o automóvel ligado." (http://poesiailimitada.blogspot.com.br/2011/08/anne-sexton.html)
quando a morte abriu a porta da garagem,
anne sexton tirou suas pantufas
e acelerou.
e enquanto a morte nos é uma chamada para a lucidez...
ResponderExcluirque por enquanto nos deixa sem pantufas, barganhando o céu nas folhas de algum livro, ou transfundindo o fogo, em demandas do porque somos no que estamos; enquanto isso, neste vinte e dois de maio, quero cumprimentar, cumprimentar você, meu grande amigo, por mais um ano em que a morte medra você.
Parabéns!!!
T.S
Lindíssimo e comovente
ResponderExcluirÉ impressionante vermos como as palavras tem um poder enorme na vidas das pessoas, assim é uma linda poesia no coração de quem as lê.
ResponderExcluirÉ impressionante ler esse poema, e perceber que ele nós mostra o quanto somos corajosos, mesmo sem enxergamos isso dentro de nós.
amei,conheci vendo o filme O mínimo para viver.
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