Heródoto.
Os nove livros da historia.
Situamo-nos no 484-430 antes de Cristo, é aqui uma obra
lendária escrita por Heródoto de Halicarnaso,temos
na nossa frente um historiador que une o
mito com a historia, a narração linear com a fábula, o relato fantástico da
ordem das “Mil e um noites” com a veracidade.
De entre todas as descrições vamos escolher algumas
historias maravilhosas que fazem parte destes relatos, narrações que inspiram
nossa fantasia e nos permitem perceber valores, trajetórias e relações que
tinham na época.
Ao situar-nos na perspectiva de 2500 anos atrás vamos
constatar a afinidade que tinha o homem com os presságios, os oráculos e como
as premonições ocupavam um lugar importante no pensamento da época.
O relato se divide em nove livros dedicados a nove musas, que segundo a mitologia grega eram
responsáveis pelas artes.
Basicamente os nove
livros relatam a vida no Egito, na Grécia e no império Persa; especificamente a
linhagem do reis persas Astiages, Ciro, Cambises, Dario, Jerjes e a guerra
contra Grécia.
Primeiro livro
(dedicado a Clio deusa da historia e da criatividade).
Heródoto no primeiro livro começa descrevendo alguns seqüestros
de mulheres para explicar as desavenças entre gregos e persas que ocorrem pela
disputa do controle político da região, este conflito bélico se conhece como
“guerras medicas”.
Ele narra como a sacerdotisa
Io foi raptada pelos fenícios
dando origem as discórdias, depois os gregos raptaram Medeia devolvendo o
agravo, os troianos raptaram Helena e os gregos destruíram Tróia.
Entendo esta narração como uma interpretação mítica (poético-histórico)
de como se instala em Tebas (Egito) uma civilização grega (mito de Io) como se
reconhecem divindades vindas do Euro - Ásia e África na Grécia (Medeia) e como
se produz a guerra de Tróia (Helena).
Em outro momento falaremos sobre estes acontecimentos agora
vamos apresentar algumas historias que Heródoto descreve nestes nove livros
misto do mundo real e de ficção.
A historia do rei
Candaules e a nudez da sua esposa.
O rei Candaules por vaidade ou por insensatez, orgulhoso da formosura
da sua mulher, provoca a seu súbdito privado (Giges) para verificar com seus
próprios olhos a beleza da sua conjugue a observando nua na intimidade, Giges
nego-se a profanar a privacidade da rainha até que depois de varias reticências
o rei Candaules falou: “Giges você ainda não esta completamente convencido da
beleza da minha esposa porque os homens acreditam mais nos olhos que nos
ouvidos”.
A situação ficou evoluindo a tal ponto que Giges, forçado,
finalmente aceita ficar escondido no
quarto para verificar a cena intima, da
rainha se despindo.
O fato é que a esposa percebe o intruso, disfarça qualquer
reação sobre o acontecido e no outro dia chama Giges em privado, censura a ação
do rei e coloca estas duas opções: ou ele mata Candaules, assume o reino e faz
ela sua esposa ou será morto por ter espionado sua nudez.
Giges encurralado escolheu a alternativa de se manter com
vida e assim junto com a rainha acordaram dar morte ao rei. Consultado o oráculo
com o propósito de legitimar a punição foi autorizado o castigo contra Caudales,
a posse de Giges e a validação do seu novo matrimonio.
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Este relato guarda uma reflexão interessante sobre a nudez,
o recato e a intimidade, ao mesmo tempo em que
mostra como uma mulher, na antiguidade, era capaz de se rebelar contra
um desrespeito ao ponto de se vingar mandando matar seu próprio marido.
A historia do cantor
Arión e o golfinho.
Arión era um cantor de Corinto (terra do rei Periandro), Arión
também poeta, foi o primeiro a compor o Ditirambo. Depois de ganhar grandes premiações
materiais em um festival de música, embarca
de volta para sua terra Corinto.
Na viagem sua fortuna chama a atenção e desperta a malicia
de parte da tripulação. Arión sofre ameaças dos marinheiros da nave, finalmente
o rendem e o enquadram, ele teria que
entregar seu patrimônio , apenas poderia escolher entre ser jogado no mar pela
tripulação ou por própria decisão, Arión argumenta e convence aos usurpadores
que entregaria seus bens e se jogaria no mar se antes permitissem cantar uma
canção final.
Os ladrões aceitam, ele se veste com suas melhores galas,
empunha uma cítara e canta O Nomo Ortio (música
consagrada a Pálas, dedicada a ser interpretada em combates), concluído o canto
se jogou no mar como tinha sido combinado com seus carrascos.
Os marinheiros seguiram a Corinto, mas Arión recolhido por
um golfinho foi salvo e levado com vida a Ténaro, daí seguiu para Corinto onde
se apresentou ante Periandro .
Periandro não acreditou na historia, manteve Arión
custodiado e quando chegaram os marinheiros na cidade os indagou sobre a sorte
de Arión, estes responderam que se achava bem em Tarento... quando Periandro
permitiu a presença de Arión trajado com as mesmas roupas que vestia no
fatídico dia para opor seu relato ao dos seus algozes, estes atordoados confessaram o crime.
Os ladrões foram punidos e em honor a todo este relato em
Tarento foi construída uma estatua de bronze dedica a Arión montando um
golfinho salvador.
Historia de Solón e o
rei Creso, que queria ser o mais feliz de todos.
Solón depois de ter
criado as leis na Grécia se ausentou durante dez anos sob pretexto de conhecer
o mundo, viajou a Sardes na Persia, ali conheceu ao rei Creso quem mostrou seus tesouros e esperava do sábio
grego um reconhecimento pelo seu poderio, Creso então indagou Solón sobre quem
era para ele o homem mais feliz de todos.
Solón respondeu: Telos de Atena, por que teve uma família
afortunada e morreu lutando na batalha de Eutemis.
Creso perguntou: e o segundo?
Solón respondeu: Cléobis e Birtón, dois irmãos fortes e
ricos que em determinado momento depois de ter ganhado os jogos tinham que
transportar uma esfinge da deusa Héra (mulher de Zeus), para uma festa, mas como
os bois demoraram muito em arrastar o carro eles se somaram ao esforço e
ajudaram a transportar a deusa. Quando chegaram ao destino os dois morreram.
Creso ficou ainda descontente com a resposta e Solón
respondeu: “O homem rico não é mais feliz do que vive ao dia se a fortuna não o
acompanha até o final...O rico tem as vantagens de saciar seus desejos e enfrentar uma calamidade...mais o
outro se é feliz até na morte é o mais afortunado” .
Creso não gostou da resposta e despediu Solón...
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É interessante olhar o conceito dos gregos em relação aos
bens materiais e como eles incluem o acontecimento da morte como parte da
fundamentação do que seria uma existência bem sucedida.
A historia continua com Creso perdendo seu filho de forma
trágica e Ciro, rei dos persas, invadindo e tomando seu reino.
Os oráculos.
Existe no mundo antigo uma relação muito intima com os
oráculos, vou contar aqui três mensagens que envolvem adivinhação ou premonição:
o que aconteceu com Licas, com Creso e finalmente com Ciro.
Importante destacar como estes mensagens aparecem de forma alegórica
ou indireta, apenas como uma sinalização e não como uma resolução explicita.
Historia do cadáver
de Orestes.
Os lacedemonios sempre eram derrotados pelos de Tegea, incomodados
com estes fracassos enviaram um mensageiro a Delfos e o oráculo respondeu que
venceriam quando acharem o cadáver de Orestes.
Como não conseguiam encontrar-lo voltaram ao oráculo para
ter uma mensagem mais precisa que os aproximasse do alvo, o oráculo então
respondeu: “Em um lugar despejado da
Arcadia esta Tegea; dois ventos sopram ai com força rigorosa; golpe e contra
golpe soa, e sobre o dano esta o dano; cobre a Orestes esta terra geradora de
vida; e se a tua pátria o traz serás campeão de Tegea”.
Licas, o espartano, tentou decifrar a missiva, por acaso
estava frente a uma frágua e conversando com o ferreiro este conta que no seu
quintal depois de ter realizado uma escavação encontrou um féretro onde tinha
um cadáver anônimo.
Licas escutou o relato, observou os fatos e associou: os
ventos são os folies, o martelo o golpe e o ferro o dano que provocam as armas.
Contou sua interpretação aos lacedemônios, mas estes não
aceitaram a versão de Licas e o condenaram ao desterro. Ele voltou, troce o
cadáver de Orestes, foi perdoado e a partir de então os lacedemônios lutaram em
vantagem.
Historia da derrota
de Creso.
Creso quando perdeu seu reino reclamou de Apolo ter o
abandonado, os sacerdotes do oráculo lembraram que ele foi provocar Ciro e que o
oráculo o tinha advertido que se fizesse guerra aos persas destruiria um grande
império. Ele não suspeitava que o oráculo se referia ao seu.
Historia do Ciro.
Ciro, o mesmo que tinha vencido Creso, tem uma historia
muito singular.
Seu nascimento tem pontos paralelos com historias de crianças
que foram afastadas da suas casas maternas e que inspiraram mitos similares
como os de Édipo, por exemplo.
Resulta que o rei Astiages
teve um sonho no qual sua filha Mandana urinava sem parar e com isso inundava toda Ásia ; Astiages interpretou isso como um presságio negativo, mas tarde sonhou que do ventre da
sua filha nasceria uma parreira e que
ela cobria toda Ásia , consultado mágicos interpretaram e deduz que o filho que
nasceria de Mandana governaria no seu
lugar.
Assim , quando nasceu seu neto Ciro, resolveu encarregar a
seu parente Hárpago para ele o matar abandonando o recém nascido numa montanha;
Hárpago não se atreveu a fazê-lo e decidiu entregar a criança a um pastor para
ele executar o pedido funesto.
O pastor chegou a casa com a criança no mesmo momento que
sua mulher grávida tinha acabado de dar a luz uma criança morta. Propus a troca
das crianças e assim fico com Ciro,deixando seu filho abandonado enganando
Hárpago.
Passar- se dez anos e em um jogo de crianças Ciro parodia de
ser rei, cria seu séquito e um dos meninos que era filho de um homem próximo do
rei não aceita seu papel de inferioridade na brincadeira e é azotado. O pai
ofendido deu parte a Astiages e ele mando vir o pastor com seu filho para castigar-los.
Ao ver a criança observou seus rasgos físicos, sua altivez e
rapidamente a identificou como membro da sua prole, indagou a Hárpago e ao
pastor até tirar deste a confissão que confirmava a origem da criança.
Ao descobrir a verdade Astiages entregou Ciro a seus
verdadeiros pais e como castigo para punir Hárpago o convidou a jantar e entre
as comidas que serviu introduziu vísceras e carnes do filho do próprio Hápago esquartejado,
ele se deparou com o trucidamento, mas
silenciou.
Ciro cresceu e se transformou no comandante dos Persas,
Hárpago contou a Ciro como Astiages tentou o matar quando criança e Ciro embora
contra sua família, atacou os Medos. Astiages colocou ao Hárpago na frente do seu
exercito esquecendo a felonia que tinha cometido. Hárpago se vinga de Astiages
o traindo e assim Ciro (junto com a ajuda de Hárpago) se torna rei da Ásia
inteira.
Curiosidades do povo
persa.
O relato continua com a narração das peculiaridades dos
Persas, Heródoto conta que os jovens eram educados para saber montar cavalos,
lançar flechas e dizer a verdade.
Fala que os rios eram sagrados e que não era permitido se
lavar, urinar ou cuspir neles.
Heródoto relata curiosidades, costumes, vou citar algumas...
A historia da cama
para o Deus e uma mulher escolhida.
Conta Heródoto que acontece com os caldeus e que o mesmo
ocorre em Tebas, no templo de Zeus, onde existem salas muito ricas onde só tem
uma cama muito suntuosa e de seu lado uma mesa de ouro. Ninguém entra apenas
uma mulher escolhida em determinada noite para que o próprio Deus a possa possuir.
Pode ser interpretado este ritual como uma oferenda ou como
uma possibilidade de propiciar uma raça de semideuses.
A historia do féretro
cheio de riquezas.
A rainha Nitocris construiu acima da porta mais freqüentada
da cidade um sepulcro e gravou nele a frase “Se algum rei da Babilônia, que
vier depois de mim, precisar de dinheiro, abra o sepulcro e tome quanto precisar
más se não precisais não abras por que não redundará em seu proveito”. O
sepulcro permaneceu intacto até que o rei Dario o abriu e encontrou dentro um
cadáver e uma nota dizendo: “ Se não fosses insaciável de dinheiro e amigo do
torpe lucro, não abririas os ataúdes dos mortos”.
A historia das
mulheres na Babilônia.
Levavam todas as donzelas para um sítio e lá as vendiam como
esposas, as mais bonitas saiam caro e as mais feias eram entregues junto com
dinheiro arrecadado com a venda das mais dotadas para a população plebéia.Assim
o dinheiro das mais belas pagava o destino das menos favorecidas.
Existia outro costume ainda mais infame que obrigava a todas
as mulheres a ficar no templo de Afrodita até serem selecionadas e assim eram
obrigadas a se entregarem a um forasteiro.
A mulher não podia voltar para sua casa até não ser
escolhida, contam que algumas mulheres ficaram até quatro anos cativas.
Retomando a narração sobre Ciro....
A morte do Ciro.
Os últimos dias do rei narram seu interesse por Tómiris, uma
mulher do reino dos maságetas; ela o recusa e Ciro decide invadir seu
território.
Os Persas criaram uma armadilha: invadiram suas terras com
apenas uma parte do exercito, ao mesmo tempo deixaram servido no acampamento um
grande banquete; quando os maságetas atacaram, venceram aos poucos soldados
colocados como isca, os maságetas se deleitaram com as comidas e bebidas e dormiram,
assim o exercito de Ciro dizimou 30 % dos maságetas entre eles o filho de
Tómiris.
Tómiris , ainda assim, alertou Ciro a se retirar falando:
“Ciro, insaciável de sangue, não sejas soberbo , se não te retiras juro pelo
sol que terás sangue até saciar- te”.
Acontece à batalha final entre os dois exércitos, Ciro morre,
e seu cadáver fica tendido no chão no meio de todos os corpos jogados no campo
de batalha, em uma cena cinematográfica, Tómiris pega sua cabeça e a submerge
em um tonel de sangue falando para seu cadáver: “Te saciarei de sangue como te
falei”.
Segundo Livro (dedicado
a Euterpe deusa da Música e “doadora dos prazeres”).
Com o fim da era Ciro termina o primeiro livro e a partir
daí começa o segundo. Neste
segundo livro falasse sobre o Egito, sua história, a geografia do país,
religião, reis, animais sagrados e costumes.
Qual é o povo mais
antigo?
Existia a duvida sobre que povo seria o mais antigo, se os frigios
ou os egípcios.
Psamético dispus que duas crianças recém nascidas fossem
entregues a um pastor e que sem contato com a voz humana eles seriam observados
para assim identificar que tipo de língua eles pronunciariam pela primeira vez
no propósito de saber qual seria a primeira fala humana, se a dos frigios ou a
dos egípcios...depois de sons desarticulados eles pronunciariam um vocábulo: “
becos”, que era assim como se conhecia a
palavra pão entre os frigios.De este modo eles acharam que comprovaram que os
frigios fossem os mais longevos.
Heródoto continua sua narração se situando 400 anos após
Hesíodo e Homero, fala sobre o Nilo os egípcios e comenta que os deuses gregos
vêm do Egito salvo algumas como Hermes que vem dos pelasgos e Poseidão dos
líbios.
Comenta sobre a existência de uma música que existe em
Egito, em Chipre, na Grécia e na Fenícia chamada “O Lino” e também conhecida
como “Máneros”, a situa como a primeira canção.
A historia do rei
cego.
Feros quando jovem jogou sua lança no redemoinho do rio e
por esta causa perdeu a visão, adulto foi consultar o oráculo de Buto para se
curar e recebeu a seguinte mensagem: só se curaria se lavasse seus olhos com a
urina de uma mulher que tenha tido apenas relações intimas com o seu marido.
Começou a experiência com sua própria mulher, mas como nada
acontecia experimentou com outras e outras até encontrar uma com a qual se
sanou.
Colocou todas as consideradas infiéis em uma cidade chamada
Terra Vermelha, queimou a cidade com as mulheres dentro e casou com a virtuosa.
A historia do homem
mais inteligente do mundo.
Rampsinito herdou o reino de Proteo, tinha tantas riquezas
que contratou um arquiteto para construir um quarto secreto dentro do seu
palácio para ocultar seus bens, o arquiteto deixou, propositalmente, uma pedra frouxa
no meio de uma das paredes que ocultaram a sala que guardava o tesouro. O
arquiteto ficou doente e antes de morrer convocou a seus filhos para comunicar
o segredo ao modo de herança para eles retirar a pedra e ter acesso às riquezas.
Morto o construtor seus dois filhos foram ao palácio conhecendo
o segredo da pedra que ficou solta com o propósito de furtar as riquezas aos
poucos ,de forma discreta.
O rei começou a perceber que sua fortuna estava sumindo...
Como a porta continuava lacrada ele decidiu construir uma armadilha dentro de
um dos vasos que guardava algumas da suas jóias com o propósito de prender o
invasor.
Uma noite na que voltaram para roubar um dos irmãos ficou
preso na arapuca e como não teria como fugir pediu para seu cúmplice cortar sua
cabeça com a intenção de não serem reconhecidos ambos e assim poder manter
oculto à origem do estratagema.
O rei encontrou o corpo decapitado preso em um dos vasos e decidiu
pendurar-lo de uma janela do palácio e deixar dos guardas atentos tentando
prender que revelasse algum tipo de dor mais pessoal pelo morto.
O ladrão brigou com sua mãe que no desespero ia expor sua
dor e dar indícios do paradeiro das jóias roubadas, pensou em uma estratégia
mais indireta: partiu para o local com dois burros carregados com alguns litros
de vinho, parou frente ao cadáver, fingiu um acidente para se aproximar dos
guarda,s conseguiu os embriagar e assim retirar o corpo do seu irmão sem revelar
sua identidade.
O rei ao perder o corpo de um dos suspeitos, ideou um plano
para fisgar o ladrão, lançou uma proclamação publica oferecendo uma recompensa
para quem contasse para sua própria filha sua maior iniqüidade.
A convocatória atraiu o ladrão que no intuito de se
aproximar da bela filha do rei se submeteu a contar no encontro sua maior
crueldade. Assim ela depois de ouvir todos os relatos possíveis chegou ao nosso
homem.. A princesa tinha sido alertada de segurar o braço do suspeito que
confessasse algum relato que pudesse encaminhar ao rei para poder esclarecer o
crime do roubo das jóias e avisar aos guardas, mas o ladrão por cautela tinha
cortado o braço de um cadáver e colocado no lugar do seu se precavendo da
possibilidade de ser segurado pela princesa; quando a filha do rei ouviu seu
depoimento, gritou e segurou seu braço falso dando tempo de escapar.
A historia termina recompensando ao engenhoso ladrão. O rei ao perceber sua astúcia mandou oferecer
a impunidade e a mão da sua filha ao homem que tinha conseguido driblar a
inteligência egípcia. Final feliz para nosso ardiloso ladrão.
Terceiro livro
(dedicado a deusa Tália, musa da comedia).
No terceiro livro temos várias narrações principalmente
Heródoto conta a historia de Cambises , filho de Ciro, ele foi um rei
completamente desastrado que na sua tolice matou inocentes, casou com sua irmã,
assassinou seu irmão, provocou reis e deuses.
A historia de Policrates.
Amasis ficou preocupado com que a fortuna crescente de Policrates
despertasse inveja. Também temeu pelo fato de Policrates não sofrer nenhuma
perda assim que o aconselhou a se desprender da jóia de maior valor. Pediu para
jogar ela fora, longe do alcance dos homes, e assim permitir que sua sorte
sofra altos e baixos. Polícrates satisfez o pedido e jogou uma da suas melhores
jóias no mar.
Dias mais tarde Policrates recebeu de presente de um
pescador um peixe soberbo e os seus cozinheiros abrindo o peixe encontraram a
jóia jogada pelo rei no mar.
Ele contou isto a Amasis e Amasis rompeu relações temendo um
brutal futuro para o rei depois de não conseguir se desprender da sua fortuna
nem propositalmente.
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Curioso este pensamento, mas na antiguidade se temia alguma
tragédia muito terrível para aquela pessoa com a qual só ocorriam coisas
favoráveis.
De fato tempo mais tarde Policrates foi assassinado por
Orestes.
A matança dos
magos.
Doente Cambises depois de sete anos de governo foi substituído
temporariamente por um usurpador que se fez passar pelo seu irmão morto.
Para entender esta historia temos que considerar alguns
fatos: por um lado temos o episódio no qual Cambises tinha mandado a Prexaspes matar seu
irmão Esmerdis (também filho de Ciro).
Por outro lado, ao saber sobre a fragilidade da saúde de
Cambises, dois irmãos magos aproveitaram o parecido de um deles com Esmerdis, invadiram um dos domínios dos persas e fizeram que o falso Esmerdis assumira o trono
.
A intriga de que Esmerdis teria sobrevivido ficou no ar ao
mesmo tempo em que a suspeita da existência de um falso rei crescia.
Congregados sete líderes persas para deliberar sobre como
agir ante os dois magos usurpadores, assistiram uma cena reveladora: na hora da
reunião, passaram sete falcões no céu despedaçando dois abutres, depois deste
augúrio decidiram atacar matando aos irmãos e a todos os magos da região.
Como Dario foi
escolhido rei.
Reconstruindo os acontecimentos temos que Ciro neto de
Astiages assumiu o poder persa, foi substituído por Cambises, momentaneamente
pelo falso Esmerdis. Revelada a farsa os lideres persas se reuniram para
deliberar qual seria o melhor tipo de governo e finalmente quem seria o
substituto no poder.
Primeiro decidiram se escolheriam democracia, oligarquia ou
monarquia. Durante as deliberações é digno de admiração o discurso de Otanes
quem defendeu a teses de que todos teriam que ter os mesmos direitos, chamava
de Isonomia a igualdade de direitos ante a lei, argumentava que o poder
centralizado se converteria em tirania e que o povo teria que exercer o poder.
A postura de Otanes foi excluída e ele se retirou da
candidatura a monarca alegando que em essas condições não desejava nem governar
nem ser governado. Sua postura criou um antecedente histórico quando se fala
sobre concepção de liberdade.
Os outros seis lideres finalmente decidiram-se pela
monarquia. Escolhido o sistema restaria agora eleger quem seria o novo rei,
depois de algumas ponderações os comandantes acertaram um método pouco habitual:
concordaram que de manhã levariam seus cavalos a determinado lugar e aquele
dono cujo cavalo relinchasse primeiro seria escolhido rei.
Dario comentou este fato ao seu empregado responsável pelo
cuidado dos seus eqüinos, este teve uma idéia brilhante para favorecer seu
patrão: levou o seu cavalo junto com uma égua para o lugar marcado pelos
lideres para o teste e fez com que o casal de eqüinos tivesse contato intimo
durante a noite, de manhã o cavalo de Dario ainda com lembranças da noite
anterior relinchou primeiro que os cavalos dos outros competidores e assim
Dario se corou rei dos persas. Um raio no céu acenou positivamente para
confirmar a escolha.
Animais fantásticos.
Heródoto descreve formigas do tamanho de um cão que vivem
debaixo da superfície do deserto e que correm mais rápido que os camelos.
Apresenta também umas serpentes voadoras que moram na Arábia
que se reproduzem em um ciclo de destruição e renovação bastante curioso.
A fêmea estrangula o macho depois que este ejacula; as crias
dentro do ventre, para vingar o pai devoram a mãe e assim saem à luz.
A historia do médico
Democedes.
Democedes tinha curado Dario de um problema de uma torção no
pé, o rei o recompensara oferecendo uma vida de riquezas, mas não o deixava
voltar à Grécia sua terra natal.
Democedes morava em um lugar abastado, mas o impedimento de
poder viajar criou nele uma tristeza e uma ânsia de liberdade... O seu prestigio
crescia e assim teve que atender várias pessoas da corte, entre elas Atosa, filha de Ciro e esposa de Dario, a
curou e pediu para ela um favor que não a desonraria.
Atosa orientada por Democedes instigou a Dario invadir Grécia
e enviar uma primeira comitiva (na qual incluiria alguns persas e ao medico) para
avaliar o território.
Dario chamou 10 persas, encomendou a missão e pediu para não
deixar Democedes fugir, depois chamou a Democedes contou seu plano e até ofereceu levar sua
mobília de presente para sua família para eles admirarem sua nova condição, mas
o médico preferiu deixar suas pertences no seu lar para simular seu desejo de
voltar.
Viajaram em uma nave especialmente destinada ao propósito de
reconhecer o território que iriam conquistar, quando chegaram a Crotona ,
pátria de Democedes, este fugiu, os persas o prenderam e os crotonenses
defenderam seu compatriota .
Democedes mandou o recado para Dario que tinha se casado com
a filha de Miló, rei poderoso, com o intuito que seja respeitado sua decisão e para
que Dario saiba que na Grécia ele era também um homem notável.
Zapiro e a toma da
Babilonia.
Dario cercava, mas não conseguia tomar Babilonia, os
babilônios confiantes do seu poderio debocharam dizendo que os persas poderão
entrar na suas terras quando uma mula pudesse parir ...Zapiro, militar
importante ao serviço de Dario, escutava
tudo e por acaso uma da suas mulas deu a luz uma cria, observou o pressagio e
ideou um plano.
Se auto feriu as orelhas e o nariz e se passando por um
persa desertor se apresentou aos babilônios oferecendo seu conhecimento sobre o
exercito persa.
Com certa desconfiança foi ouvido, mas depois de ter
conseguido frear duas tentativas de invasão persa, seu nome começou a ser
conceituado na Babilônia.
Assim quando ninguém teve duvidas sobre sua fidelidade com
os babilônios em determinado momento ele abriu as portas aos persas e Dario
finalmente se apoderou da cidade desejada.
Quarto livro (dedicado a musa
Melpômene "aquela que é melodiosa”. Musa da tragédia apesar de
seu canto alegre).
A historia de Heracles e a mulher serpente.
Resulta que Heracles dormiu e quando acordou percebeu que tinha
extraviado suas éguas assim que as procurou por todas partes até chegar dentro
de uma caverna, aí encontrou um ser meio fêmea meio serpente.
Perguntou sobre suas éguas e esta respondeu que as tinha e
que só as devolveria si se unisse a ela.
O tempo passou e a metade mulher, metade serpente
entretinha ao Heracles com respostas evasivas, até que por fim entregou as
éguas, comunicou que se encontrava grávida de três crianças dele e perguntou
que teria que fazer com elas.
Heracles deixou seu arco com ela e respondeu: ”quando eles
foram adultos a quem você ver estender este arco o deixarás morar em tua terra
aos outros os enviarás fora”.
O menor, de nome Escita conseguiu lidar com o arco e de
este filho de Heracles, descendem todos os reis dos escitas.
A historia do juramento para os escitas.
Quando o rei ficava doente se pensava que alguém tinha
feito um juramento falso envolvendo seu nome, isto porque era comum entre eles
jurarem pela saúde do rei.
Assim o rei chamava aos adivinhos para detectar os
suspeitos, se eles admitissem o falso testemunho eram cortadas suas cabeças e
as dos seus filhos homens no ato, se os acusados se considerassem inocentes o
rei chamava outros adivinhos e no caso de confirmar a inocência do réu mandava
colocar fogo nos acusadores por serem falsos adivinhos.
A historia do povo tracio.
Os tracios se achavam imortais, eles não acham que morrem
ao contrario pensam que vão morar com o deus Salmoxis.
Cada cinco anos escolhiam um homem como mensageiro e o
sacrificavam pedindo pra ele enviar pedidos a Salmoxis.
Curioso ressaltar que ele tinha existido realmente,
Salmoxis tinha sido um profeta e um
líder espiritual dos tracios.
Outra curiosidade que narra Heródoto em relação ao
comportamento dos tracios ocorre durante as tormentas quando caem raios do céu
eles atiram flechas contra o deus, de certo modo entendendo os raios como ataques
divinos.
Historias dos escitas, arantes e atalantes .
Herodoto narra o encontro dos escitas com as amazonas,
mulheres guerreiras que sabiam montar a cavalo, atirar com o arco, mas que não
conheciam nada das tarefas domesticas.
Uniram-se a elas, pois acharam que os filhos dessa união
seriam naturalmente grandes guerreiros, fundando assim o povo dos sármatas.
As mulheres tinham os mesmos hábitos que os homens em
relação a sair de caça, andar a cavalo ou usar trajes rudes. Para exemplificar
melhor o mundo e os valores que regiam estas fêmeas, comento que as donzelas amazonas
antes de casar tinham que matar um inimigo.
Heródoto continua o
livro narrando a guerra dos escitas contra Dario e no fim do livro quarto
Heródoto comenta algumas raridades sobre os atarantes, primeiro o fato que eles
não reconheciam nomes individualmente apenas eram identificados coletivamente
como pertencendo ao povo dos arantes, a segunda curiosidade é que quando o sol
queima em excesso o amaldiçoam com os
piores impropérios por conta de que o
calor os atormenta.
Por ultimo Heródoto narra à existência do monte Atlas,
conta que é tão alto que as nuvens ocultam seu cume, os habitantes que moram
perto tomaram o nome de atlantes , acreditam que o monte é a pilastra do céu, Heródoto comenta que os
atlantes nem comem carne animada nem tem
sonhos.
Quinto livro (dedicado a Terpsicore a musa da dança).
Atitudes irônicas ante o
nascimento e a morte.
Começa narrando alguns comportamentos dos getas, eles
ficavam tristes quando uma criança nascia pensando no futuro que aguardava e
felizes quando um adulto morria pudendo assim se liberar dos pesares.
Tracios.
Heródoto a seguir narra duas características dos tracios: por
um lado a linhagem é identificada pela quantidade das tatuagens e comenta também certa hierarquia que existia em
relação ao trabalho: atividades como a de participar das guerras eram
consideradas mais honrosas que a dos campesinos e trabalhadores da terra.
Historia que conta como os peonios foram parar na Ásia.
Resulta que Dario estava em Sardes quando dois cidadãos
peonios:, Pigres e Mancies, decidiram se envaidecer da sua casta levando para
perto do rei a sua irmã .
A moça bela e atraente foi ataviada com soberbas roupas e
com um cântaro na cabeça se mostrou ao olhar de Dario, este ficou admirado pelo
encanto feminino e mandou chamá-la.
Chegou ela junto com irmãos frente ao rei e interrogados
eles se identificaram como peonios, Dario perguntou se todas as mulheres em
aquela terra eram assim de encantadoras e eles responderam que sim.
Dario ordenou então a expatriação de todos os peonios para
Ásia.
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Cena interessante para ilustrar o poderio e como a vontade
de um rei era capaz de fazer ou desfazer o que seja que for.
Historia dos soldados fantasiados de mulher.
Sete embaixadores persas chegaram ante Amintas para pedir
água e terra para Dario, este deu e os convidou para serem seus hospedes.
Serviu um banquete e os persas disseram: “Quando somos
recebidos é costume entre os persas que se sentem entre-nos as esposas e
concubinas dos anfitriões”. O desejo foi cumprido para não cometer nenhuma
indelicadeza com os convidados.
Os persas bêbados começaram a se exceder com as mulheres
convocadas; Alejandro,filho de Amitas, olhando a cena falou com o pai: “ Pai já
é hora de dormir, deixa que agora eu cuido de nossos hospedes”.
O pai respondeu: “filho entendo teu recado, só vou te
pedir para não realizar uma ação temerária”... Assim o rei se retirou e Alejandro
falou para os convidados: “meus amigos permitir que estas mulheres tomem banho para
vocês poder acolhê-las de novo prontas para se deitarem”.
Os convidados aceitaram a sugestão e assim, as mulheres
saíram e o próprio Alejandro escolheu guerreiros imberbes, municiados de facas
e fantasiados com roupas femininas para substituir as damas verdadeiras. Quando
os hospedes se aproximaram os soldados fantasiados assassinaram os persas.
Dario buscou inutilmente pelo paradeiro de seus
embaixadores.
A historia de uma mensagem escrita na cabeça.
Tem situações em que uma mensagem tem que ser transmitido
de forma simulada, os métodos variam e atingem as formas mais inesperadas. Esta
é uma das mais incomuns que conheci.
Histieo queria indicar para Aristágoras a se sublevar
contra o rei, mas como não tinha meio seguro, pois todos os caminhos estavam
vigiados; cortou o cabelo do mais fiel dos seus criados marcou a mensagem na
sua testa, aguardou até que voltasse a crescer o cabelo, assim que o cabelo
cresceu o enviou para Mileto para pedir Aristágoras olhasse sua cabeça.
As marcas diziam: Sublevação.
A historia da estatua para Damía e Auxesia.
O ódio dos eginetas contra os atenienses nasce deste
principio.
Os epidaurios sofriam com a esterilidade da suas terras,
consultado o oráculo de Delfos ele aconselhou a levantar duas estatuas para
Damía e Auxesia feitas de madeira de oliva cultivada.
Pediram cortar madeira das olivas dos atenienses, pois não
existia em nenhum outro lugar estas arvores, os atenienses aceitaram se todos
os anos enviarem oferendas para Atenea Poliade e Aerecteo; os epidaurios acolheram
o intercâmbio.
Os eginetas se sublevaram contra os epidaurios e entre
outras coisas tomaram as esfinges
Os epidaurios deixaram de enviar oferendas e pediram aos
atenienses que reclamassem com os aginetas a posse das estatuas, os de Egina
responderam que nada deviam aos atenienses.
Os atenienses foram retirar as estatuas a força, quando as
carregavam um raio caiu sobre eles os enlouqueceu e resultou que toda a tripulação se matou entre sim salvo um único sobrevivente que voltou para Atenas.
As mulheres de Atenas ouviram o relato do único que restou
da expedição, as esposas indignadas decidiram furar os olhos do sobrevivente usando as fivelas que utilizavam para sujeitar
seus mantos.
Os atenienses condenaram esta ação e como reprimenda
simbólica decidiram trocar, a partir daquele momento, suas roupas dóricas pelas
jônicas, em outras palavras agora as mulheres vestiriam uma túnica de lino que
não usasse fivela.
Pelo seu lado as mulheres dos argivos e eguinetas ao
contrario por este motivo passaram a usar fivelas ainda maiores.
Sexto
Livro (dedicado a Erato, musa da poesia romântica).
Heródoto começa este livro falando sobre
costumes dos espartanos: cita o ritual de luto que segue a morte de um rei.
Comenta
como determinadas profissões (flautistas, pregoeiros e cozinheiros) herdam as
artes paternas assim o flautista é filho de flautista,etc ...
Termina
narrando batalhas entre gregos e bárbaros destaco estas duas historias....
A historia de
Cleômenes, Demarato e a mulher mais bela.
Aristón
rei de Esparta tinha casado duas vezes, mas não tinha filhos, procuro uma nova
parceira e se apaixona pela mulher de seu amigo Ageto.
Esta
mulher tinha sido a mais feia e se converteu na mais bonita deste modo: No afã
de reverter à feiúra de uma criança sua mãe envia todos os dias sua criada para
levar a menina no templo de Helena.
Um
dia uma mulher pediu para olhar a criança e depois de ter colocado sua mão
sobre o rosto da garotinha esta se transformou na criança mais bela de Esparta,
cresceu e casou-se com Ageto.
Aristón
usou um truque para tirar ela dos braços de seu amigo, chamou ele e fez jurar
em nome da amizade que os unia que poderiam solicitar mutuamente qualquer bem
que o outro possuísse, Ageto escolheu uma das jóias do tesouro de Aristón e
este a sua mulher.
Aos
dez meses de casamento nasce Demarato baixo suspeita de não ser filho legítimo,
este boato se espalhou e depois da morte de Aristón quando assume Demarato o
trono de Esparta Cleômenes usurpa o trono baixo pretexto de que o novo rei não
ser um filho autentico.
Demarato
procurou sua mãe para tirar a limpo essa questão e esta conta para ele a
seguinte historia: Na primeira noite que Arión me levou para seu quarto
apareceu um fantasma com a figura de Arión, dormiu comigo e colocou na minha
cabeça uma coroa que levava.
Os
adivinhos falaram que aquela aparição foi do herói Astrábaco, então você é
filho de Arión e dele.
No
fim Demarato foi acolhido por Dario e morreu feliz cheio de fortunas, Cleômenes
acabou se suicidando.
Historia do dente
perdido.
Na
antiguidade os homens tinham uma relação muito mais próxima com o alem, eles
entendiam que os deuses falavam por meio de indícios, de símbolos, de gestos.
Esta
historia fala um pouco disso; Os bárbaros (levam este nome todos aqueles que
não falavam grego) ao mando de Hipias tentaram atacar Atenas, os gregos com
Fidípedes ao mando organizavam a resistência.
Hipias
sonhou que tinha dormido com sua própria mãe e interpretou seu sonho no sentido de que significaria uma volta na
sua terra Atenas para recobrar-la e assim morrer em paz.
De
repente ele teve um espirro, como era muito velho, um dos seus dentes caiu na
terra e ele não o conseguiu achar-lo, Hipias então afirma : “ Não é nossa esta
terra, e não conseguiremos ter o que de ela era meu, meu dente
sabe disso”.
Sétimo
livro (dedicado a Polímnia musa da poesia sagrada)
No sétimo
livro acontece a morte de Dário e Jerjes
assume o trono do império persa, o exercito se prepara durante três anos
e com mais de cinco milhões de pessoas entre infantaria, naves, pessoal de
apoio para invadir Grécia.
Vou pinçar alguns relatos
representativos da narração.
A historia dos sonhos de Jerjes.
Na cúpula do exercito persa se
discutem questões como o “deter-se para refletir” (algo similar ao que
conhecemos como prudência) ou seu sentido antagônico: a precipitação.
Discute-se também como um exercito superior pode
fracassar contra um inferior se assim os deuses o determinam.
Finalmente se convoca o
exercito para atacar Grecia, existe um encontro entre Jerjes (rei dos persas) com
um dos seus conselheiros, um representante da observação e do cuidado, seu tio,
o ancião Artabo.
Jerjes justifica sua postura ousada
e agressiva opondo-se as argumentações do Artabo , e vai dormir, durante os sonhos uma voz diz
pra Jerjes não atacar os gregos e mais tarde um outro sonho desdizendo o
primeiro lhe sugerindo atacar.
Jerjes acorda confuso, forma a
tropa pede desculpas publicamente ao Artabo e termina solicitando mais um tempo
para observar melhor o panorama.
Na noite volta a sonhar e a voz
o ameaça: ou ele ataca ou ele poderá passar de um rei a um ser desprezível;
Jerjes fica nervoso no meio da noite pede ajuda a Artabo.
Comenta todo o processo,
confessa sua incapacidade para tomar qualquer decisão, pede a Artabo se deitar
na cama e colocar suas roupas para enganar “a voz” e testemunhar o ocorrido.
Artabo primeiro acolhe as desculpas de Jerjes, comenta
sobre a natureza dos sonhos, aceita o pedido e finalmente adormece na cama do rei vestindo um
do seus pijamas.
A voz aparece de novo,
reconhece quem ele é e diz: “assim que você é seu conselheiro? Vai e diz pra
ele que se não atacar aos gregos ele vai pagar caro”.
Artabo acordou, contou o sonho
para Jerjes, decide mudar sua opinião e outorgar a benção para atacar Grécia.
Jerjes ainda tem uma ultima visão, ele como
rei do mundo, rodeado do mapa da terra com lauréis na sua cabeça.
Tomaram quatro anos a partir
deste momento para preparar a invasão.
O translado.
Heródoto
relata os pormenores da viagem, narra as dificuldades que é transportar
1.700.000 combatentes mais outros
3.000.000 de pessoas de apoio.
Um
dia e meio demorava Jerjes em fazer uma vistoria na suas tropas, estas eram
formadas pelo exercito persa e soldados das diferentes colônias, tinha a
infantaria com seus cavalos, tinha a frota naval formada por mais de mil
embarcações, soldados a pé com seus escudos, lanças, dardos e punhais... O
exercito carregava mágicos, famílias inteiras, animais, etc...
Historia do estreito castigado
A
relação do homem com o mundo na antiguidade era diferente do que é hoje, eles
olhavam os movimentos da natureza como se estes tivessem vontade própria...em
relação ao que acontecia (sol,tormentas, impedimentos) eles reagiam agradecendo ou castigando as ações naturais.
Resulta
que quando o exercito persa quis atravessar o estreito de Helesponto , colocaram pontes para passar e uma forte tormenta
destruiu tudo aquilo.
Quando
sobe, Jerjes mandou azotar o mar ao mesmo tempo em que seus soldados insultavam
as águas dizendo: ”Água amarga, este castigo te impõe nosso Senhor...”
Ainda
mandou castigar aos responsáveis pela construção da ponte cortando suas cabeças
e as jogando contra o Helesponto.
Soldado trucidado.
Pitío
fazia parte da marcha com seus cinco filhos, ele pediu a Jerjes se poderia
liberar quatro da sua prole para voltar na Persia.
Jerjes
se irritou ao ponto de denegar o pedido, matar o filho predileto, dividir o
cadáver em dois e passar com exercito por cima.
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Nestas
duas historias fica evidente como Jerjes se considerava um semideus; no
primeiro caso se enfrentado com outro semideus (o rio) e no segundo decidindo ,
impunemente, sobre a vida das pessoas, castigando com mortes horríveis aos que
ele considerava que teria que castigar.
Oitavo
livro (dedicado à musa Urânia, musa celestial, musa dos astros)
No oitavo livro Heródoto chega ao ápice dramático da obra relata a
invasão persa na Grécia, narra à destruição de Atenas, a Batalha de Salamina, o
combate entre a frota persa e a grega e como ele é vencido pelos gregos.
Historia da coroa de lauréis.
Antes dos ataques os persas ficaram observando e colhendo dados sobre o
comportamento dos atenienses criando um serviço de espionagem ou se valendo dos
informes dos prisioneiros de guerra e dos desertores.
Uma das coisas que surpreenderam eles foi que a premiação nas
competições esportivas, esta era simbólica e não material, os heróis disputavam
as provas em busca de prestigio e não de ganhos materiais. Assim a coroa de
lauréis que significava a gloria para o vencedor tinha valor subjetivo.
A
guerra.
Jerjes confiante na maioria numérica e na fortaleza de seus homens, depois
de devastar por terra as principais cidades gregas, incendeia e destrói Atenas.
No mar encerra as forças gregas em Salamina, mas como seu ataque foi
desorganizado e o espaço onde estava atacando pequeno, as circunstancias não permitiram que ele
tirasse vantagem da sua superioridade, assim as naves gregas conseguiram se
impor.
Jerjes entrou em desespero, decide preservar sua cabeça e abandona a
luta, no seu lugar deixa um exercito de 300.000 homens ao comando de Mardonio e
se marcha em retirada.
Na viagem de volta, em barco uma tempestade coloca a integridade física
da tripulação em risco.
O capitão aconselhou reduzir o numero de tripulantes para deixar o barco
mais leve como forma de salvar sua vida assim que Jerjes exortou a tripulação
dizendo: “Mostrem como cuidam do rei, minha vida esta em suas mãos”, vários
voluntarios se jogaram no mar permitindo que o barco chegasse à terra firme.
Quando arribaram Jerjes mandou condecorar o capitão por ter salvado sua
vida ao mesmo tempo o mandou decapitar por ter sido responsável da morte de
guerreiros persas.
Livro nono (dedicado à musa Caliope, musa da poesia épica).
Este último capítulo é dedicado a os combates derradeiros de Platea e Mícala
onde os gregos acabaram com o exercito persa.
Chegamos à batalha final.
Os persas, com um exercito de 300.000 homens ao mando de Mardonio tentam
submeter ao exercito grego formado, entre outras etnias, pelos atenienses e os
lacedemônios.
Depois de uma expectativa que demora semanas de ameaças, sacrifícios, consulta
de oráculos, deserções, provocações e incertezas chegamos a um confronto
decisivo onde por fim os gregos matam Mardonio e 1.000 custodias do general e
assim o resto do exercito invasor, ao ver o fracasso da sua liderança, se
debanda e abandona a guerra se refugiando nas montanhas de Mícala e daí partem
para Sardes.
Historia de Masistes.
Masistes , irmão de Jerjes, e filho de Dario protagoniza uma historia
com seu irmão.
Em Sardes se encontrava Jerjes que vinha fugindo de Atenas; Jerjes ,nesta
oportunidade, olha com certa malicia para a mulher de seu irmão Masistes, mas
não consegue a consideração dela.
Jerjes propõe casar seu filho com a filha de seu irmão no intuito de
reforçar os vínculos e favorecer uma aproximação, mas quando conhece à filha de
Masiste se apaixona por ela, seu nome era Artaínta.
Em quanto isso Amestris, mulher de Jerjes, tinha tecido um manto para
seu marido, Jerjes declara seu interesse por Artaínta e como prova de seu amor
oferece o que ela quiser o que ela tiver desejo de possuir de seus bens.
Artaínta escolhe o manto e Amestris recebe esta noticia com ira supondo
que Jerjes teria feito este gesto a pedido da mulher de Masistes.
Amestris aguardou o dia do aniversário de seu marido, dia do banquete
real no qual por lei o rei concederia qualquer petição e ela pede a cabeça da
mulher do Masistes.
Jerjes ofereceu sua filha em casamento em troca da mulher ao seu irmão,
mas este desistiu.
Finalmente Jerjes mutila a mulher de Masistes ,mata a seu irmão e toda
sua prole.
Final.
Alguns persas fugindo
dos gregos foram alcançados e mortos, tal é o caso de Artaíctes,este era neto
de Artembares aquele que apresentou um projeto ambicioso de expansão para Ciro iniciando o ciclo de
poderio persa que estava chegando agora a seu fim.