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Texto colaborativo para o Jornal Essência Cristã, edição nº 12. 24/06/2023
O BULLYING e a Inteligência Artificial.
O BULLYING e a Inteligência Artificial.
O
assunto sobre Inteligência Artificial ganhou páginas e continua em destaque nos
noticiários. Precisamos nos inteirar sobre o tema, pesquisar em fontes
confiáveis, para concluirmos sobre o quanto de bom e de ruim essa tecnologia
nos oferece. Sabemos que é um avanço tecnológico irreversível, e o que víamos
em ficções científicas já é possível encontramos em ferramentas bem diante dos
nossos olhos. Quem não estiver preparado para enfrentar essa evolução estará
fadado ao fracasso. Terrível dizer isso. Com relação a Inteligência Artificial,
atente-se, estude, questione, evolua, o futuro o espera.
Às
vezes, me questiono se o homem, diante de tantas transformações sociais,
tecnológicas, informacionais, percebe que a vida o tem possibilitado a
aproximação ou o melhoramento nas suas relações interpessoais. Assistindo,
lendo, presenciando a tanta barbárie, tenho a impressão de viver da mesma
maneira que os nossos ancestrais pré-históricos que sobreviveram à custa de
muita luta. Não penso com isso em desconsiderar o homem como um ser evoluído,
no entanto, existem algumas circunstâncias vividas que me levam a pensar
contrariamente a esse fato.
Por
que falarmos sobre Bullying, essa palavra tão antiquada e estranha? Estranha?
Não. Se analisarmos seus significados, perceberemos que se trata de uma palavra
cujo conceito nos acompanha há gerações. Bullying significa uma variedade de
agressões intencionais e repetidas, praticadas entre alunos para mostrar o
poder de força de um sobre o outro. Os autores e os alvos são crianças e
adolescentes, e as ações dos agressores e/ou autores são praticadas dentro das
escolas, cujas vítimas (alvos) são as mais tímidas, que não conseguem sair em
sua própria defesa, seja por falta de habilidade, seja por dificuldades físicas
ou emocionais, ou aquelas que apresentam algumas características físicas que
podem chamar a atenção, os conhecidos ou tratados “diferentes”. Entretanto o Bullying não se limita apenas ao
contexto escolar, pode acontece dentro
de casa, nos clubes, no ambiente de trabalho, entre outros.
Pesquisas
indicam que as crianças alvos de Bullying superam cada vez menos seus traumas
psicológicos. O problema está no crescimento desta prática dentro do círculo
infanto-juvenil, e atinge todas as escolas, sejam elas da rede particular ou da
rede pública, haja vista estarem ali os que sofrem e os que praticam esses
tipos de ações e/ou agressões. Por não saberem dar nomes às suas atitudes,
algumas crianças e jovens continuam praticando suas supostas “maldades”,
alegando serem meras “brincadeirinhas”. Brincadeira saudável não causa danos físico,
psicológico e o isolamento de uma criança. No entanto, quando se trata do
conhecido Bullying, a história muda de figura, pois, aqui, se aplica a ideia da
brincadeira da “maldade”. Bullying pode
ser considerado uma palavra ou assunto antiquado, porém ainda é crescente o
número de crianças ou adolescentes que assumem comportamentos agressivos contra
os colegas de escola sem se darem conta do que estão fazendo.
Esse
assunto já foi tão discutido que tenho dúvidas se docentes e pais de alunos o
desconhecem. Muitas vezes, ambos já presenciaram essas ações e não se deram
conta dos malefícios que o Bullying causa. Por exemplo, há pais que desconhecem
o comportamento agressivo do filho dentro da escola; como também há pais que
não conseguem diminuir o sofrimento do próprio filho, quando este é o alvo.
Encontra-se nesta cadeia de problemática a criança que, por insegurança, muitas
vezes não consegue relatar a alguém as humilhações pelas quais passa. Chamo a
atenção para essa questão, pois, afinal não cabe ao professor cuidar sozinho do
comportamento dos seus alunos, ou seja, há aqui uma tarefa que deva ser
compartilhada com a família. Nesse caso, o acompanhamento das crianças e dos
adolescentes em fase escolar é missão, há tempos, daqueles envolvidos no
processo do seu desenvolvimento: pais e escola. Mas há pais que não pensam
dessa maneira, vivem no mundo da IA, buscando as vantagens da comunicação
instantânea e informações valiosas, entretanto seus espíritos são da época das
cavernas e, enquanto isso, a disseminação do Bullying aumenta, sem que percebam
que seus filhos estejam envolvidos nesse processo de violência.
Se
Bullying já existia e se estende até os dias de hoje, leva-me a refletir sobre
a necessidade de discussão sobre o assunto num âmbito mais geral. Pois, viver
nesta época das trocas comunicacionais, da era da Internet, da Inteligência
Artificial (IA) que trouxeram eficiência e praticidade para a sociedade é
preocupante perceber que os indivíduos se ataquem de modo negligenciável
através das várias linguagens que oprimem, como o Bullying, por exemplo. É não permitir a própria evolução do homem
enquanto ser das interações sociais, por falta de empatia.
A
Inteligência Artificial está aí, querendo tomar conta de tudo e de todos. Acredito que ela não seja capaz de assumir o
papel de interação social que a escola representa à sociedade. Mas não demora
ela vai dominar, e tomara que pessoas bem-intencionadas, que saibam lidar com
essa ferramenta, usem-na no combater ao Bullying, detectando e filtrando
linguagens ofensivas e abusivas nas plataformas online. Sei que poderão
desenvolver recursos onde uma vítima de Bullying poderá desabafar, indicar seus
agressores e receber suporte emocional com segurança.
No
entanto, apesar dessas ferramentas promissoras, o problema subjacente ainda
persiste. A tecnologia pode ser uma faca de dois gumes, uma vez que os próprios
avanços tecnológicos também podem ser usados como ferramentas de Bullying. As
redes sociais, por exemplo, fornecem uma plataforma para disseminação rápida e
ampla de mensagens de ódio e cyberbullying. Os avanços na IA podem até mesmo
intensificar essas práticas, com deepfakes e bots maliciosos
sendo usados para espalhar desinformação e prejudicar a reputação das pessoas. Se
os Homo Sapiens continuarem praticando exclusões pelos motivos que lhes convém,
tendo o controle dessa ferramenta tecnológica (IA) por mero capricho, para
depois dizer que foi “brincadeira”, como retroceder esse processo?
Se
todas as crianças e adolescentes que ganharem celulares top de linha, forem
instruídas a como lidar com a IA, mas a elas não forem ensinadas sobre empatia,
se não lhes ensinarem a importância de interagirem socialmente de forma
civilizada e respeitosa e se não lhes ensinarem a enxergar no próximo seu
semelhante, a estagnação da evolução humana por causa da sua desconexão
emocional será preocupante. Daí entenderem sobre Bullying será ainda mais
difícil.
Quero
pensar que isso não vai acontecer. Que os usuários da IA serão responsáveis o
suficiente para utilizá-la em benefício da humanidade, quem sabe, uma
ferramenta para conscientização contra opressões de todas as espécies,
inclusive o Bullying. Cuidemos das
nossas inteligências, utilizando-as para a construção de um mundo melhor, pois
o futuro nos espera.
Autoria - Rita de Cássia Zuim Lavoyer