A MENINA QUE LÊ NAS RUAS - O nome dela é Ana Carolina, ao lado a professora Ana Lúcia, da escola Altina de Moraes Sampaio.
Ana Carolina é uma aluna que tomou gosto pela leitura incentivada pela professora Ana Lúcia. Hoje, Ana Carolina não consegue se desgrudar dos livros. Lê andando nas ruas. Se não existir lugar ela o inventa e ali mesmo faz sua história.
A roda foi feita e o
fogo no meio para esquentar a contação. E chegava um, chegavam outros, muitos
vieram.
A noite estava
estrelada, uma estrela mais sábia que a outra, mas não competiam entre si.
Brilham simplesmente.
Era uma noite gostosa,
essa de agora mesmo. A fogueira queimando e o povo ouvindo. Era noite de prosa.
Prosa de avô, de biso, de tatara, de caverna, de bicho-papão e... Prosa de
gente, prosa de bicho, prosa de história. Prosa de prosa, ué! Prosa de livro,
sô!
Tinha uma menina, o
nome dela é Ana Lúcia. Ana Lúcia sonhava com uma floresta, com uma espaçonave,
com um deserto, com uma aliança, com um relógio que não funcionasse pendurado
no gancho de um cabeçalho.
Ana Lúcia inventou um
carrinho de mão. Encheu-o de vida. De vida calada querendo saltar fora as
palavras. Levou vida à floresta, à espaçonave, ao deserto, formou com eles
aliança sem compromisso algum com o tempo do mundo. A inventora inventou de
inventar palavras saltadas. Criou degrauzinhos para que elas subissem. Escalaram
montanhas, arranha-céus e, de lá, saltaram no mais profundo dos oceanos.
Nadavam, faziam coreografias entre os corais e perolizaram os seres marinhos, encantando os deuses de
todas as profecias.
Das palavras caladas
uma borbulhou na boca da folha de rosto. Era um rosto lindo, meigo e voraz ao mesmo tempo. Mas não
de um tempo que passa e não volta, é um tempo que fica pra sempre na história
da gente. Rosto de menina que anda e não olha, nem responde a quem lhe pergunta na rua:
_ O que está lendo,
menina!?
A rua sabe da menina
que lê, que dá voz às palavras caladas fazendo-as saltar fora da boca da folha
de rosto.
Que rosto sabido tem
essa menina! Que menina linda que lê andando na rua. Lendo, tropeçou em um
montão de livros e caiu na verdadeira história da Ana Carolina.
Para Ana Lúcia e Ana
Carolina, professora e aluna, respectivamente. Exemplos do Altina de
Moraes Sampaio.
Rita Lavoyer