29 fevereiro 2008

LÁ ESTIVEMOS...

PORQUE...


o deus dos exércitos já troa na martirizada península balcânica, mais logo não fiques em casa. Vem mostrar que a Sérvia não está só na injustiça e ilegalidade que lhe foi movida por parte da comunidade internacional.

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28 fevereiro 2008

NÃO ESQUEÇAS. É JÁ AMANHÃ

Não esperes no sofá, para depois contares nos noticiários das 20.00h quantos eram os manifestantes. Não te acomodes pensando que outros darão voz à tua indignação. Não te ocultes sob o argumento que só lá vão "aqueles". Não te rendas aos problemas da intempérie. Não te justifiques com um cómodo e "pantufento" "é final de um dia de trabalho". Não desculpes a ausência com um "não sou desse partido".
A defesa da Sérvia é de todos, a amputação do Kosovo um crime contra o qual não podemos deixar de protestar. A onda de indignação que varreu o nosso país deveria amanhã concentrar muitos em frente ao par(a)lamento. A ver vamos. Mas não se esqueçam a Sérvia precisa de nós e a Europa também.

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27 fevereiro 2008

NÃO TE ESQUEÇAS DE VIR MOSTRAR QUE...

PNR COM A SÉRVIA


Divulga e não faltes: Sexta-feira, dia 29 na manifestação em frente ao par(a)lamento pelas 18.00h.

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26 fevereiro 2008

TERRORISTA DA AL GAYEDA

(Com os agradecimentos ao VL)

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25 fevereiro 2008

KOSOVO: OS CUSTOS (PARA JÁ) DE UMA IMBECILIDADE AMERICANA


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22 fevereiro 2008

CÚMULO DO DESESPERO...

Ou a conjugação do desespero, com outsoursing, a deslocalização e o choque de culturas

Alguém estar deprimido, liagar para o "SOS Voz Amiga", ser atenddido por um call center no Paquistão, comunicar a intenção de se suicidar e ser saudado com entusiasmo e a pergunta se sabe conduzir um camião...

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O ESPERADO

E como já repararam a República Srpska já exigiu a independência... E haverá "direito internacional" que lho possa negar?
Claro que há, aquele ditado pelos EUA, braço armado NATO, e acólito-dependentes da UE.

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CRÓNICA EXCEPCIONAL DE UM DEPUTADO QUE DIZIA A VERDADE

Aconteceu mesmo como podem ler aqui, mas os zelosos e mal pagos coleguinhas do par(a)lamento logo lhe deram na cabeça por dizer aos portugueses a verdade e lá veio, diligente e bem comportado, pedir desculpa pelas "infelizes declarações".
E siga a fanfarra que a festa ainda tem muito para dar!

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CRÓNICA DE OKINAWA

Muitos provavelmente não saberão o que é Okinawa (ilha do arquipélago de Ryu Kyu e extremidade meridional do Japão), nem tal facto é particularmente relevante para o assunto em apreço.
Okinawa é um dos muitos territórios do mundo com forças de ocupação dos EUA, sim existem muitos...
Mais uma vez foi imposto o recolher obrigatório às forças de ocupação aí estacionadas na sequência de mais uma violação a uma habitante da ilha. Infelizmente não é a primeira vez e temo bem que não seja a última. É, digo-o com conhecimento próprio, ultrajente o comportamento e a arrogância daqueles militares naquela ilha. Aliás tal vale-lhes uma manifesta antipatia por parte dos habitantes que, não raras vezes lhes vedam a entrada em determinados locais. Recordo-me de um episódio quando lá estive de um bar que, à conta dos américas e seu boçal comportamento, proibia a entrada a ocidentais. Acompanhado de amigos japoneses e declarando que era português (o que determinou uma onda de entusiasmo e de simpatia que até a mim surpreendeu) entrei. Há sítios onde ser português é muito mais valorizado do que ser américa. Antes assim!

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21 fevereiro 2008

DEVER DE "MEMÓRIAS"

Fino humor. Recebido do sempre atento e atencioso Professor Faurisson a quem publicamente agradeço.

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20 fevereiro 2008

TINHA OU NÃO RAZÃO?

Ainda nos veremos forçados, não daqui a muitos anos, a louvar o esforço do "camarada" Enver Hoxha.
Digam lá se tinha ou não razão em proibir a religião? Ele lá sabia o perigo de um Estado muçulmano na Europa.
Nacionalista não seria, mas que neste assunto tinha toda a razão, lá isso tinha e durante anos à Albânia (e aos albaneses) não lhes era permitida essa veleidade.
Grande Enver Hoxha, sabia-a toda!!!

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19 fevereiro 2008

SHARON STONE


Capaz do pior e do melhor:
"Nunca cheguei a crer na versão oficial dos atentados"
Afirmações sobre os atentados do 11 de Setembro.
E felizmente não é a única, cada vez surgem mais vozes dissonantes...

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18 fevereiro 2008

ARRANCARAM O CORAÇÃO DA SÉRVIA

Tantas vezes nesta tribuna escrevi sobre a orgulhosa Sérvia que não poderia deixar passar a data de ontem sem um comentário, mais entre os tantos já proferidos, naturalmente. Este é, todavia, sentido. Gosto da Sérvia (como o disse aqui tantas vezes) e como nacionalista não posso deixar de lamentar a trama urdida por vende pátrias contra tão orgulhoso povo. São, uma vez mais, os sinais destes tempos de esterco em que vivemos... Ontem, se por acaso ainda não deram conta, venceu o fundamentalismo islâmico no coração da Europa e teve por "padrinho" o seu visceral inimigo: os EUA (Serão mesmo? Ou é só uma forma de chatear uns quantos incómodos?) . Paradoxal? Talvez não, ou simplesmente burrice na qual os EUA tão pródigos são (não nos esqueçamos que quer Ben Laden - que nos anos 90 andou pela Albânia a estimular o "democrático e valoroso" UÇK -, quer Saddam foram seus aliados, e veja-se o que aconteceu...). Será que mais uma vez os cowboys, verdadeiros anti-Midas já lançaram as sementes de mais uma colossal cag*** que em breve virará a criatura contra o criador? De qualquer dos modos este Estado islâmico - prenúncio da Grande Albânia em formação - será um problema dos europeus e não, obviamente dos américas. Os governantes europeus, solicitos e rastejantes, quais carneiros ou cães bem treinados seguiram a voz do mestre e ei-los prontos a abençoar esta aberração (nem todos os países, é certo, mas isso pouco importará face às novas disposições do famigerado Tratado de Lisboa).
São curiosas as propostas de bandeiras do novo "estado", desde a cópia da mãe Albânia, passando por uma de imitação da do Tio Sam até à actual de influência da UE, nelas se espelha a realidade desta aberração: uma terra albanesa (que nunca foi na sua história um estado independente ou autónomo e que foi vítima de uma cuidade política de colonização que conduziu ao que vemos [hoje Kosovo, amanhã Cova da Moura, já se disse com ironia mas com profética perigosidade]), apadrinhada pelos EUA e UE com o único intuito de lixar (com F grande) a Sérvia. É óbvio que aquele paraíso de traficantes é uma realidade mais do que artificial, é óbvio que tem razão a Sérvia ao clamar a ilegalidade do acto que viola todas as normas do direito internacional.
Cultural, religiosa e historicamente aquela terra é Sérvia (não haverá quem, bem intencionado, o possa negar), é mesmo o seu coração ou alma, por isso a martirizada Sérvia teve que ser amputada deste elemento. Na batalha do Kosovo, ironicamente, se lançou a resistência europeia de séculos ao Islão. A história explicará porquê... mas como já aqui escrevi, ainda nos vamos "rir" muito.
P.S. Parece que a UE mudou para o ramo da alfaiataria, dos factos (não dos fatos) à medida, o Kosovo será independente porque é uma situação especial (única e irrepetível, acrescento eu...) e por tal facto não se viola o princípio da inviolabilidade territorial que, aquele gangue de malfeitores, sempre defendeu e defenderá excepto, claro está, no caso da Sérvia, qual pária que urge eliminar.
São uns comediantes, para não dizer o que verdadeiramente queria mas que infrigiria as normas da boa educação...

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QUE FAZER COM A MINHA BIBLIOTECA?

O meu antigo colega Eurico de Barros que, para além de escrever em diversos órgão de comunicação, mantém com todos nós mesa neste recomendável espaço escreveu este fim-de-semana (dia 16) uma notável crónica sobre o que fazer com as bibliotecas (o título é aquele que serve de entrada a este postal), tema que, de quando em vez, afecta todos quantos gostam de ler e, ao longo da vida, ao invés de adquirirem "fashion trash", vão com persistência e carinho construindo as suas bibliotecas. São elas dádivas de ilustração, companheiras fidelíssimas de alegrias e sólidos carvalhos que tantas vezes nos recebem em momentos de tristeza ou enfado. Mantém connosco uma relação de total cumplicidade e jamais nos falham... Lícito é pois que, nos interroguemos sobre o que lhes acontecerá quando formos "desta para melhor".
Questionava-se o Eurico sobre as obras de um indivíduo que foram passadas a patacos pela família que as distribuiu generosamente (às vezes nem sequer é o caso...) por alfarrabistas lisboetas (embora tal tenha um aspecto positivo: o de recolocar em circulação o que a outros, quiçá a nós, aproveitará).
Como ele diz e bem, ou se consegue inocular o virus a um descendente que a estime ou então propõe uma espécie de funeral bibliófilo viking: uma pira dos nossos livros no topo da qual sejamos imolados até só restarem cinzas.
Confesso que a ideia e a imagem são sugestivas...

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PARABÉNS RODRIGO









Parabéns Rodrigo.
Farias hoje 64 anos escreveu-o já um dos teus verdadeiros amigos, digo eu - e ele a mim se associa, sei-o seguramente - que fazes, pois alguém como tu jamais nos deixa.
Aqui fica esta tua imagem de há sessenta e três anos.
Um abraço amigo e a nossa saudação de braço ao alto.

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16 fevereiro 2008

NOSTALGIA DA RDA, DDR OU GDR

Confesso-vos este meu pecado, tenho uma sentida nostalgia dos tempos da saudosa República Democrática Alemã, esse espaço de cobiçada liberdade no qual, como se recordam, foi preciso murar Berlim para a proteger das hordas de porcos capitalistas que a esse paraíso se queriam acoitar.
Que saudades desse exemplo de democrata, Erich Honecker, que saudades dessa educativa e tolerante Stasi que educava para a democracia. Que verdadeira privação experimento por não escutar mais escutar (oficialmente, claro está)o Auferstanden aus Ruinen (aqui fica o link para os meus companheiros de saudade: http://musi.ca/refer/aufersta.MP3).
Que falta faz a RDA nos nossos dias, ela sim deveria ter sido o motor da nova Europa, ela sim tinha a mais cobiçada e desejada medalha que deveria ter sido adoptada: a Medaille fur Kämpfer gegen Faschismus (Medalha para os lutadores contra o fascismo).
Já estou a ver os guardiões da democracia europeia, orgulhosamente perfilados num qualquer 7 de Outubro (data de aniversário da instituição desse paraíso terreno em 1949), de peito feito para receberem a cobiçada condecoração.
Isso sim, isso é que era, digam lá que o velho Honecker não a sabia toda.

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ESTAVAM CERTOS

Mentes perversas e entes mentirosos quiseram apresentar a jovem apresentadora da televisão alemã de vinte e seis anos, Juliane Ziegler, como uma mera inocente que, por no máximo um lapso de língua, proferira em directo a tenebrosa e maldita expressão "o trabalho liberta", pela qual foi despedida.

Após aturada investigação o "Reverentia" descobriu que agiram bem os zelosos guardiães do regime democrático dada a ligação manifesta e comprovada da jovem ao tenebroso sub-mundo da extrema-direita. Há que puni-los exemplarmente, não vão os mesmos chegar a convencer um dia, que nem metade, do que para aí dizem é verdade.
Mas os nossos aplausos: é decapitar a besta no covil; e viva a revolução, marxista, naturalmente. Vivam os novos zelotas "mai'la" nossa Cândida e outros tantos de sólida formação "antifacista". Porque mesmo pensar, fora dos cânones, é uma intolerável perversão que urge punir...


Aqui fica, em rigoroso exclusivo, a prova.

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15 fevereiro 2008

SPRECHEN MACHT ARBEIT ZU LOSEN - NOVAS DA DITADURA

Não completamente certo dos meus dotes para o alemão (de que apenas tive dois anos de aulas em já muito longínquos anos... Garantidamente falta o "trema" em lösen mas não consigo nas maiúsculas) aqui vos deixo a máxima desta "democrática" Europa: "Falar faz-te perder o trabalho".
A apresentadora Juliane Ziegler (até hoje não conotada com nenhuma "tenebrosa força de extrema-direita)", proferiu num contexto (evidentemente sem qualquer intenção como poderão ver - mesmo os que não entendem alemão) a expressão "Arbeit macht frei", e foi o bastante para um "Nazi-Skandal im TV" (escândalo nazi na tv), apesar de na maior parte do video se dedicar a desculpar a "infeliz expressão" foi despedida do seu emprego.
Aqui vão pois as últimas novas da ditadura e mais vocábulos impronunciáveis...

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13 fevereiro 2008

ORDEM DA TORRE E ESPADA - JUSTIFICAÇÃO

O duplo centenário da criação da Ordem Militar da Torre e Espada, Valor, Lealdade e Mérito que se comemora no presente ano, em que se celebra a ida da corte para o Brasil e a sua instituição pelo príncipe-regente D. João, tem-me afastado da vossa companhia, pelo que vos peço desculpa. A verdade é que à falta de comemorações no país instituidor (pelo menos até ao presente, embora espero que tal cenário mude em breve), lá se vão fazendo uns artigos evocativos para revistas brasileiras, americanas, suiças, austríacas e alemãs, uma dinamarquesa ainda está em negociações.
No caso de por cá se manter a norma de "em casa de ferreiro, espeto de pau" pelo menos no estrangeiro a criação da OTE não passará esquecida.
P.S. De Colecção Particular (que não a minha, infelizmente...) aqui vos deixo o modelo da primeira placa.

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06 fevereiro 2008

MON PAYS ME FAIT MAL - 6 DE FEVEREIRO DE 1945



MON PAYS ME FAIT MAL

Mon pays m'a fait mal par ses routes trop pleines,
Par ses enfants jetés sous les aigles de sang,
Par ses soldats tirant dans les déroutes vaines,
Et par le ciel de juin sous le soleil brûlant.

Mon pays m'a fait mal sous les sombres années,
Par les serments jurés que l'on ne tenait pas,
Par son harassement et par sa destinée,
Et par les lourds fardeaux qui pesaient sur ses pas.

Mon pays m'a fait mal par tous ses doubles jeux,
Par l'océan ouvert aux noirs vaisseaux chargés,
Par ses marins tombés pour apaiser les dieux,
Par ses liens tranchés d'un ciseau trop léger.

Mon pays m'a fait mal par tous ses exilés,
Par ses cachots trop pleins, par ses enfants perdus,
Ses prisonniers parqués entre les barbelés,
Et tous ceux qui sont loin et qu'on ne connaît plus.

Mon pays m'a fait mal par ses villes en flammes,
Mal sous ses ennemis et mal sous ses alliés,
Mon pays m'a fait mal dans son corps et son âme,
Sous les carcans de fer dont il était lié.

Mon pays m'a fait mal par toute sa jeunesse
Sous des draps étrangers jetée aux quatre vents,
Perdant son jeune sang pour tenir les promesses
Dont ceux qui les faisaient restaient insouciants,

Mon pays m'a fait mal par ses fosses creusées
Par ses fusils levés à l'épaule des frères,
Et par ceux qui comptaient dans leurs mains méprisées
Le prix des reniements au plus juste salaire.

Mon pays m'a fait mal par ses fables d'esclave,
Par ses bourreaux d'hier et par ceux d'aujourd'hui,
Mon pays m'a fait mal par le sang qui le lave,
Mon pays me fait mal. Quand sera-t-il guéri ?
Poèmes de Fresnes

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AINDA NOS VAMOS "RIR" MUITO...

Com o resultado das eleições na Sérvia.
Festejem enquanto podem a vitória do europeísta Boris Tadic e não se esqueçam que este resultado (além do mais "folgado") é obtido num momento em que os muçulmanos albano-kosovares se preparam para proclamar a independência unilateral desta província, berço histórico da Sérvia (que foi vítima de uma migração albanesa e de uma verdadeira caça aos sérvios), com o beneplácito dos Estados Unidos da América e da União Europeia (que, uma vez mais, aparenta nada reter da história ou, simplesmente, de modo arrogante ignorá-la), pelos quais esperam ser de imediato reconhecidos, mesmo com a inexistência de aprovação por parte do Conselho de Segurança da ONU (mas estamos certos que, como num passado recente, bastarão os interessas da OTAN...) e apesar da total, e compreensível, oposição da Sérvia.
A ver vamos o que tão insígnes quanto risonhos "cozinheiros" farão desta feita...

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02 fevereiro 2008

MAIS CANALHADAS DA CANALHA...

Não sei se repararam naquele bando de arruaceiros que pretendiam contra-manifestar-se (de modo não autorizado) ontem no Terreiro do Paço, as faixas recicladas no verso ostentavam glórias passadas do "berloque" que, não obstante, reprovou a atitude dos jovens. E viva a hipocrisia...
O hipócrita e fariseu Rosas no par(a)lamento votou contra a moção proposta de homenagem a um chefe de Estado assassinado dizendo que "se votassemos favoravelmente este voto estaríamos a fazer algo que esta casa nunca fez: escrever uma versão oficial da história".
Bem sabemos o que encerra de hipocrisia esta afirmação, mas como por vezes pela boca morre o peixe é bom conservá-la para memória futura... Porque não há-de ser só neste caso que o parlamento não quererá escrever uma versão oficial da história...

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01 fevereiro 2008

PRESENÇA A ASSINALAR...

Presidentes de partido, não vi lá mais nenhum... Nem mesmo o do PPM. Acho que diz tudo do país e, sobretudo, do carácter amorfo e "politicamentecorretês" da canalha...

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A "CAÇADA" NA PRIMEIRA PESSOA


«No dia 1 de Fevereiro regressavam suas Majestades EI-Rei D. Carlos I, a rainha, a Senhora Dona Amélia, e Sua Alteza o Príncipe Real, de Vila Viçosa onde ainda tinham ficado. Eu tinha vindo cedo (uns dias antes) por causa dos meus estudos de preparação para a Escola Naval. (…) Na capital estava tudo num estado de excitação extraordinária. (…) Depois do almoço estive a tocar piano muito contente porque naquele dia dava-se pela primeira vez o Tristão e Isolda de Wagner no teatro de S. Carlos. (…) Pouco depois recebi um telegrama da minha adorada Mãe dizendo-me que tinha havido um descarrilamento na Casa Branca, que não tinha acontecido nada, mas que vinham com três quartos de hora de atraso. (…) Dei graças a Deus, mas nem me passou pela mente, como bem se pode calcular, o que havia de acontecer. (…)
Um pouco depois das 4 horas saí do Paço das Necessidades num landau com o visconde de Asseca em direcção ao Terreiro do Paço. (…) Finalmente chegou o barco em que vinham meus pais e meu irmão. Abracei-os e viemos seguindo até à porta (…), entrámos para a carruagem os quatro.
No fundo a minha adorada Mãe dando a esquerda ao meu pobre Pai. O meu chorado Irmão diante do meu Pai e eu diante da minha Mãe. O que agora vou escrever é o que me custa mais: ao pensar no momento horroroso que passei confundem-se-me as ideias. Que tarde e que noite mais atroz!
Saímos da estação bastante devagar. Minha Mãe vinha-me a contar como se passou o descarrilamento na Casa Branca quando se ouviu o primeiro tiro no meio do Terreiro do Paço, mas que eu não ouvi. Era sem dúvida o sinal para começar aquela monstruosidade. (…)
Eu estava olhando para o lado da estátua de D. José e vi um homem de barba preta com um grande gabão. Vi esse homem abrir a capa e tirar uma carabina. Estava tão longe de pensar num horror destes que disse para mim mesmo: «Que má brincadeira.» O homem saiu do passeio e veio pôr-se atrás da carruagem e começou a fazer fogo. (…) Logo depois de o Buiça ter feito fogo (que eu não sei se acertou) começou uma perfeita fuzilada como numa batida às feras. (…) Saiu de baixo da arcada do Ministério um outro homem que desfechou uns poucos de tiros à queima-roupa sobre o meu pobre Pai. Uma das balas entrou pelas costas e outra pela nuca, o que o matou instantaneamente. (…) Depois disto não me lembro quase do resto: foi tão rápido! Lembro-me perfeitamente de ver minha adorada e heróica Mãe de pé na carruagem com um ramo de flores na mão gritando àqueles malvados animais: "Infames, infames."
A confusão era enorme. (…) Vi o meu Irmão em pé dentro da carruagem com uma pistola na mão. (…)
De repente, já na rua do Arsenal, olhei para o meu queridíssimo Irmão. Vi-o caído para o lado direito com uma ferida enorme na face esquerda, de onde o sangue jorrava como de uma fonte. Tirei um lenço da algibeira para ver se lhe estancava o sangue. Mas que podia eu fazer? O lenço ficou logo como uma esponja. (…)
Eu também fui ferido num braço por uma bala. Faz o efeito de uma pancada e um pouco de uma chicotada. (…)
Agora que penso neste pavoroso dia e no medonho atentado parece-me e tenho quase a certeza (não quero afirmar porque nestes momentos angustiosos perde-se a noção das coisas) que eu escapei por ter feito um movimento instintivo para o lado esquerdo. (…)»




O relato do regicídio nas memórias de D. Manuel II

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CENTENÁRIO DA "CAÇADA"

"Caçada", foi com esta designação que D. Manuel II se referiu ao acto assassino que presenciou, no qual foi ferido, e que vitimou seu pai D. Carlos e o seu irmão o príncipe D. Luís Filipe no dia 1 de Fevereiro de 1908, faz hoje 100 anos.
A súmula destes cem anos é evidente e poderíamos dizer, sem qualquer risco, que as "razões" que levaram a cáfila pestilenta dos pedreiros livres, através de um seu sucedâneo de carbonária denominação, ao atentado se encontram decalcadas na perfeição na sociedade dos nossos dias. Valeu a pena pois... que o digam os membros da Associação Promotora do Livre Pensamento (nestas coisas é sempre muito usada a "liberdade") que ontem foram ao Alto de São João homenagear os carbonários mártires da liberdade...
Enfim. Só não percebo porque depois se indignam quando outros comemoram, ou evocam outros assassinos, embora a resposta seja clara: é que há assassinos "bons" e assassinos "maus"...
Das vastas comemorações/evocações de realçar um livro lançado na passada Quarta-feira no Palácio da Independência (Palácio Almada) Dossier Regicídio. O Processo Desaparecido de uma equipa coordenada pelo Professor Mendo de Castro Henriques e cuja leitura vivamente vos recomendo.
Hoje, quanto mais não seja para maçar a sanguinolenta canalha republicana, hei-de dar um saltinho à homenagem que vai ser levada a cabo na esquina fatal no Terreiro do Paço com a Rua do Arsenal, pelas 17.ooh, além do mais um centenário destes não há todos os dias...

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