Porque celebramos o 10 de Junho, Dia de Portugal?
Lisboa, 10 de Junho de 2003
Convida-me, e honra-me, a Direcção do Partido Nacional Renovador com o pedido para proferir uma conferência, ou melhor uma conversa com camaradas, no Dia de Portugal. Ao aceder a este convite, foi-me pedido um tema, de imediato me ocorreu o porquê de celebrarmos este dia, numa perspectiva de partilhar com os mais jovens experiências, razões, valores e fidelidade, dos outros apenas, como sempre, escuto, respeito e aprendo.
E é em torno desta tetralogia de vectores: Experiência / Razões / Valores / Fidelidade que desenvolverei esta despretensiosa conversa.
Experiência
A experiência é, desta tetralogia, a menos interessante, e advém apenas da natural conjugação da militância e da idade. Desde o já longínquo ano de 1985, que os Nacionalistas portugueses, autonomamente, não celebram esta data, há quase vinte anos... Corria o ano das celebrações dos 600 anos de Aljubarrota e a ocasião, propícia – e bem aproveitada -, encerrou, infelizmente, agitados e combativos anos de manifestações pelas ruas de Lisboa. Os Nacionalistas não possuiam uma sólida organização e um longo e lamentável hiato teve início. Desde a década de 90, há falta de melhor, dispersamente alguns de nós, ou melhor, muitos de nós, se associam às celebrações do “Movimento 10 de Junho” junto ao Monumento dos Combatentes em Belém, onde revemos camaradas, relembramos episódios, partilhamos emoções...
Urge pois, que o PNR, como entidade que espero e desejo aglutinadora das desencontradas e desavindas tendências da Direita Nacional, possa erguer uma bandeira que todos sigamos e, num breve futuro, possamos recuperar as ruas e logo o país.
É tempo de nos despojarmos de caprichos pessoais, esquecermos divergências, abandonarmos caprichos de liderança, arrumarmos desavenças menores para podermos promover a união do que é fundamental. Só assim poderemos triunfar. Recuperemos as velhas máximas: LUTAR / TRABALHAR / VENCER
Razões
Portugal não escolheu, como outros países, para celebrar a Pátria um qualquer feito de armas, um tradicional herói ou uma data ligada à afirmação da nacionalidade. Escolheu alternativamente a presumível data da morte do nosso maior poeta – Luís de Camões. Na realidade, ninguém como ele representa a nossa história e cultura, a gesta dos Descobrimentos, a grandeza de Portugal. Assegura, assim, plenamente uma concepção ideológica e política da nossa Pátria e sua História.
Por isso a democracia quase ignora Camões e desvaloriza a sua obra maior – Os Lusíadas, propondo o seu progressivo abandono dos programas liceais.
Por isso Portugal e Camões são tão maltratados nas comemorações oficiais e quase apenas se valorizam as Comunidades Portuguesas. Importantes, sem dúvida, mas Portugal é mais, muito mais, que elas.
Valores
Os valores são escolhas, nem sempre cómodas, é certo, mas que norteiam as nossas vidas. É assim o amor à Pátria, nosso valor de todos os dias. Por isso somos Nacionalistas, por isso enveredámos por este incómodo e árduo caminho mas, simultaneamente, o único que nos realiza e preenche. Por isso somos rectos, por isso prezamos a camaradagem, por isso desprezamos tíbios e traidores, por isso temos fé num futuro melhor, por isso prezamos a ordem e lutamos por um Portugal de que nos possamos orgulhar e onde os nossos filhos possam crescer independentes e livres de compromissos enganadores. Por tudo isto abdicámos da partilha de migalhas que a partidocracia coloca à disposição daqueles que se contentam com o rebutalho de valores e vagueiam na miséria do espectro de degradação, desordem, corrupção e vilania que a dita democracia trouxe ao nosso país.
Fidelidade
A fidelidade aos princípios deve ser apanágio dos Nacionalistas. Tal como a nossa vida a nossa militância é, como disse, árdua, difícil e feita de provações. A fidelidade é, porém, o último reduto inultrapassável. Não uma falsa fidelidade entendida como uma obrigação que de algum modo nos violenta. Falo-vos da verdadeira fidelidade, a que nos preenche, satisfaz e completa. Somos fiéis à mulher que amamos, porque a amamos, porque é para nós algo de absoluto, porque é impensável que alguém preencha o seu lugar. Devemos, assim, igual fidelidade à Pátria, como amor verdadeiro. Devemos à Pátria inabalável lealdade e dedicação.
São caminhos difíceis, os que vos falo, por vezes de restrições, mas são esses verdadeiramente os que nos distinguem dos animais!
Por isso, qual profissão de fé, ano após ano abdicamos do lazer de um feriado para o dedicamos à sagração da Pátria, junto de camaradas que caminham ao nosso lado nesta longa e penosa caminhada.
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