29 janeiro 2007
22 janeiro 2007
O que este Governo não precisa de ler
David Hume, Tratado da Natureza Humana, p. 488
Pelo menos em relação ao clima de "suspense" e afrontamento que o Governo mantém vai já quase um ano (!) quanto à conclusão da linha de metro na Avenida da Republica, em V. N. de Gaia. Não sei se teve ou não razão para interromper as obras. O que sei é que, se ao impor a interrupção quis dar uma ideia de boa gestão, passado todo este tempo sem mexer uma palha no assunto já o tiro lhe saiu pela culatra. Gerir bem (neste caso, melhor) seria fazer a mesma obra com menos dinheiro e não, pura e simplesmente, ficar com o dinheiro. Que belo exemplo.
21 janeiro 2007
Bola inteligente
Porque a bola pode não querer entrar.
Que inteligência... (a da bola).
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Domingo Pascal (3)
Blaise Pascal, Pensamento 100
Excerto de um livro não anunciado (360)
Finalmente, uma questão relacionada com os limites ético-filosóficos da persuasão. Referimo-nos exactamente à pretensa autonomia da via periférica nos moldes em que os autores a deixam entender, nomeadamente, na afirmação com que terminam o seu livro: “se os únicos argumentos disponíveis são fracos ou se a probabilidade de elaboração é baixa, então a via periférica será a estratégia mais indicada” (*). É que, de acordo com a orientação que temos vindo a desenvolver, o que parece mais indicado quando os argumentos são fracos é, simplesmente, não argumentar. Se nós próprios reconhecemos a fraqueza dos argumentos, que legitimidade teríamos para tentar influenciar o nosso interlocutor?
(*) Richard E. Petty e John T. Cacioppo, (1996), Attitudes and Persuasion: Classic and Contemporary Approaches, Oxford: Westview Press, p. 268
19 janeiro 2007
Pausa de guerreiro
jmf - french kissen'
Reacção mais do que natural. Manter os links, as polémicas, as audiências e a própria regularidade dos posts, é uma canseira para quem tem - ia a dizer outras - responsabilidades lá fora. No caso de jmf, porém, faço votos para que continue "nas tintas" se assim o entender mas não deixe nunca de "pintar"... no french kissen' ou no Terras do Nunca, tanto faz. Isto porque, concordando embora com a sumaríssima apreciação do Rui Branco, do que gosto é da maneira como o João Morgado Fernandes pensa e escreve, mesmo quando o vejo de extintor na mão a apagar o fogo de quem quer apenas queimar o Governo. Estou certo que se o faz, é porque acha que é necessário...
Para um manual de anti-corrupção
1) Em Julho do ano passado (!), o deputado João Cravinho apresentou um conjunto de iniciativas legislativas sobre o combate à corrupção a que, para surpresa geral, o seu próprio partido (PS), desde logo se opôs, recusando-se a agendá-las.
2) Há quinze dias soube-se que o Governo (PS) acabara de nomear João Cravinho para a administração do Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento (BERD), em Londres.
3) Na mesma altura o deputado recém-nomeado terá declarado ao Expresso:
‘‘Já sei que vão dizer que me compraram. Espero que os factos demonstrem o contrário’’
4) Os factos:
a) segundo o JN de hoje, Cravinho anunciou que vai entregar no Parlamento dois projectos de lei em matéria de corrupção, mas o grupo parlamentar já garantiu que não os irá agendar, por os considerar "não adequados nem consistentes".
b) Instado a comentar, João Cravinho, que já deve ter começado a "fazer as malas" declarou com uma resignação que nunca se lhe conhecera: "Cheguei ao limite dos meus poderes enquanto deputado".
5) O que pensará João Cravinho que estes factos demonstram? Tenho a certeza que não demonstram e jamais demonstrarão que se deixou comprar. Mas que o deputado não se iluda: também não demonstram e jamais demonstrarão o contrário. E é uma pena. Mas os factos são o que são.
17 janeiro 2007
A cada um a sua retórica
Comentando a afirmação do ministro, Miguel Cadilhe declarou ao mesmo semanário que "a avaliação feita pelo executivo ao seu trabalho à frente da "API" foi "infeliz, deselegante e não corresponde à verdade".
Por sua vez o jornal em causa titula a respectiva notícia deste modo:
Pode dizer-se que a cada um a sua retórica, qual delas a menos "académica":
O Governo,
porque comparando os resultados da API no ano de 2006 com os dos anteriores três anos apenas com base no número de projectos aprovados em cada ano, está a deixar no ar a ideia de que todos os projectos aprovados em 2006 foram elaborados e concluídos neste mesmo ano ou que os projectos que transitaram dos anteriores três anos não tiveram qualquer expressão. O que não cabe na cabeça de ninguém. Logo, das duas uma: ou quis colher louros alheios ou pretendeu apenas mandar uma indirecta a Miguel Cadilhe. Sentido de Estado, procura-se.
Miguel Cadilhe,
porque, tendo o direito de achar que a declaração do ministro foi infeliz e deselegante, já não poderia acusá-lo de algo que ele não disse. O ministro referiu-se apenas ao número de projectos aprovados e não ao trabalho de Miguel Cadilhe. Claro que a sua declaração pode implicitar uma crítica ao desempenho de Miguel Cadilhe mas o ponto é que ao implícito não se pode responder explicitamente. Quem o fizer cai na cilada retorica que todo o implícito espreita: a de acusar o interlocutor de processo de intenção. Ora Miguel Cadilhe não tem nenhuma prova objectiva do que o ministro terá pensado mas tão só do que acabou por dizer. E o que disse corresponde à verdade ou, pelo menos, Cadilhe não pôs em crise a veracidade da afirmação de que discorda.
O "Sol",
porque a frase proferida por Miguel Cadilhe foi "não corresponde à verdade" e esta não legitimava que se puxasse para título "Miguel Cadilhe acusa Governo de mentir". O jornal sabe muito bem que "Não corresponder à verdade" não significa "mentir". Mendacium est enunciatio cum voluntate falsum enuntiandi – era como Santo Agostinho definia a mentira. E, de facto, mentir é dizer o falso com a intenção de enganar. Mas não foi disso que Miguel Cadilhe acusou ministro. Afirrmar que algo não corresponde à verdade significa apenas que é falso, no sentido de contrário do verdadeiro, ou que é um erro, ou que é "diferente" ou ainda, que nem é falso nem verdadeiro. Em qualquer caso, sem nunca atingir o nível de censurabilidade da mentira. Moral da história: na notícia falou Miguel Cadilhe; no título falou o jornalista (ou o jornal) por ele. Não se admite.
14 janeiro 2007
Fórmula para super director dos impostos
"O Governo estuda fórmula para manter o director dos impostos"
Já no caderno "Confidencial", Isabel Vaz começa por considerar que a solução é simples mas depois avança com 3 sugestões (ou hipóteses) que são tão ou mais encrencas que o problema que visariam resolver.
Eu só pergunto: o homem não é extraordinariamente competente? Não melhorou extraordinariamente os respectivos serviços? Não apresentou resultados extraordinários? Se sim, porque não há-de ganhar extraordinariamente?
Pois... tem aquela coisa do Governo não poder pagar um ordenado mais alto do que não sei quem. Mas se não pode pagar um salário acima de "x" montante, talvez já possa pagar honorários e facturas de um combóio de consultores e empresas de serviços, sem ter que se submeter a tal limite. Se assim for, parece-me que a fórmula está encontrada:
- O director volta à actividade privada e cria uma empresa só para tratar da gestão dos impostos.
Fórmulas é comigo.
Nos belos ares da Covilhã
As Jornadas de Retórica e Mediatização que decorreram na Sala de Conselhos da UBI, não poderiam ter corrido melhor, quer pelo teor das comunicações produzidas, quer pelo animado debate que se lhes seguiu.
12 janeiro 2007
Excerto de um livro não anunciado (359)
Por outro lado, independentemente dessa falta de homogeneidade teórica no interior de cada uma das referidas vias de persuasão, o critério subjacente à classificação dicotómica de Petty e Cacioppo levanta alguns problemas de difícil solução, a nível interpretativo. Que devemos entender por informação relevante para a compreensão da mensagem? A informação pré-existente no receptor sobre o assunto em causa ou a que lhe é fornecida pela própria mensagem? E a sua relevância deverá ser apreciada em termos objectivos e universais, ou pelo contrário, avaliar-se-á segundo as necessidades próprias de cada auditório?
08 janeiro 2007
Retórica e Mediatização na Covilhã
11 e 12 de Janeiro de 2007 -Sala dos Conselhos /UBI /COVILHÃ
Organização:
Projecto Informação e Persuasão na Web/LABCOM
GT de Retórica da SOPCOM
PROGRAMA
14.30 - PAINEL 1 – RETÓRICA E PUBLICIDADE
* Moderação: Eduardo Camilo
A linguagem da “correcção política” – António Bento (UBI)
A persuasão publicitária: uma análise estrutural – Anabela Gradim (UBI)
O estatuto retórico da publicidade – Américo de Sousa (UBI)
16.30 - Intervalo
16.45 - PAINEL 2 – RETÓRICA E IMAGEM
* Moderação: António Fidalgo
Butterfly: A metáfora como abertura – André Barata, Ivone Ferreira e Alunos de Filosofia (UBI)
Retórica da imagem – a mediação pela ecografia – Regina Marques (ESE de Setúbal)
O virtual como metáfora – Catarina Moura (UBI)
19.00 – Reunião do GT de Retórica
>12 de Janeiro (6ª feira):
10.00 - PAINEL 3 – RETÓRICA E MEDIA
* Moderação: Tito Cardoso e Cunha
Espaço público e 'Retórica do Jornalismo’ – Hermenegildo Borges (UNL)
Persuasão e tecnologia – as teses de B. J. Fogg – Ivone Ferreira (UBI)
A credibilidade na Internet – Paulo Serra (UBI)
07 janeiro 2007
Procura-se: cigarro
É o nome de um novo blogue mas também do curioso (e divertido) exercício de retórica aplicada que está a ser levado a efeito por António Freire e Nuno Dias, dois alunos da professora de Retórica, Ivone Ferreira (UBI). Não podendo colaborar com a entrega de mais um cigarro (que larguei há alguns anos atrás), recupero este post - o único em que ao cigarro me referi - mesmo sabendo que não terei direito ao anunciado chupa-chupa.
05 janeiro 2007
* (a pedido)
"Paciência também é ir duas vezes ao dia e ler:
02 Janeiro 2007
O sr. tem é que se defender
Mudeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee!!
Coloque nem que seja um asterisco.
V*"
Valeu, Verônica. Um abraço e... asterisco colocado.
02 janeiro 2007
O sr. tem é que se defender
O meu amigo bem contra-argumentou que só se defende de quem lhe quer fazer mal e que, em princípio, o Estado é pessoa de bem. Mas o funcionário-robot não se comoveu. Saber se o contribuinte tem ou não tem razão, foi-lhe indiferente. Ele não está lá para pensar. Ele não está lá para averiguar. Ele não está lá para resolver. Neste caso, estava lá somente para dar o "bom" conselho que não se cansou de repetir:
O sr. tem é que se defender...
O sr. tem é que se defender...
O sr. tem é que se defender...
E é capaz de ter razão.