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Vista do nosso quarto no Mauna Lani Resort |
Tenho visto nos últimos anos um crescimento absurdo no número de pessoas preocupadas com a boa forma. Neste quesito, infelizmente, eu passo longe! Seja pelas minhas origens, seja pela minha falta de vontade ou seja pelo imenso prazer que eu sinto em cozinhar - e comer! Mas faço minhas caminhadas e Pilates, que me dão um bocado de energia.
Como já escrevi aqui antes, sou neta e filha de portuguesas e minha avó paterna era sitiante. Elas nunca foram exatamente íidiche mamas ou mamas italianas, mas chegavam beeeeeem perto! Minha mãe sempre achava que estávamos magrinhos e nos obrigava a tomar copos e mais copos de vitaminas nos lanches da tarde. Sem contar que ela fazia absolutamente tudo que lhe ensinavam para ver os filhos rechonchudinhos. Chegou ao absurdo de perpretar uma receita caseira de estimulador de apetite; era mais ou menos uma mistura de ovo de pata (!), Biotônico Fontoura e leite condensado, para disfarçar o sabor da gororoba. E tentasse dizer que não ia tomar para ver o escândalo que ela fazia; só não cortava os pulsos pois perderia nova chance de nos atormentar com o próximo experimento rs. Sem contar o conluio que fez uma vez com um homeopata - claro que ele era médico dela também - e, em segredo, ganhei também junto com os demais remédios um estimulador de apetite! Como se em algum momento de minha vida depois dos sete anos de idade eu tivesse tido necessidade de tal coisa. Bom, dá para entender minha eterna luta com o peso?
Na minha primeira gastrite, que foi beeeem brava e me deixou derrubada por alguns dias, lembro de como ela ficava brava quando eu dizia que não iria comer isto ou aquilo - por ordem médica, diga-se de passagem. Aí o discurso era: "na rua come de tudo, minha comida fresquinha é que faz mal!". O que não era verdade, pois fiquei muito tempo levando marmitinha de casa, com frango cozido sem nada e purê de batatas minimamente temperado.
A vó Maria, então, era uma figura. Sitiante, mesa sempre posta tanto pelo número de filhos - onze - quanto para contentar possíveis visitantes. Este hábito ela manteve até às vésperas de ir para o hospital e falecer, aos noventa anos de idade. Lembro quando levei o Sergio até lá pela primeira vez; tadinha, ela quase enfartou ao ver aquele moço magrinho, magrinho. Lá pelas tantas, não se aguentou e disse para todos ouvirem: "mas minha filha, ele é tão magrinho, tadinho". Risada geral, menos da minha mãe, é claro.
Bom, tudo isso para escrever sobre conversas que escutei no President's Club do ano passado e que se repetiram este ano. Escrevo aqui da beira da piscina do Mauna Lani Resort, na ilha de Hawai'i, a Big Island, local do evento do Ano Fiscal de 2011. Tough job, I know rsrs.
Como disse lá em cima, adoro cozinhar e comer. Tenho problemas com meu corpo? Claro, a vida inteira fazendo regimes seguros e inseguros, tomando medicações malucas a ponto de ficar extremamente nervosa e perder completamente o sono, consultando médicos e nutricionistas, enfim, procurando além de um visual melhor, estar sempre dentro dos parâmetros considerados saudáveis. E talvez este seja meu maior problema, o que me impede de certa forma de persistir: meus indicadores médicos são sempre perfeitos! Ou seja, gordinha saudável. Sem contar que sou mega-ansiosa e nos picos de ansiedade sinto uma necessidade sobre-humana de mastigar! E ontem, durante nosso primeiro jantar, vieram as conversas.
Um dos colaboradores da empresa nos Estados Unidos é vi-ci-a-do em saúde. Sabe daquelas pessoas que chegam a ser chatas quando começam a falar do assunto? Pois é. Só não perdi o apetite pois o papo rolou após o prato principal, quase a ponto de prejudicar a sobremesa (eu iria pular esta parte, mas quando falaram que a guloseima do dia era creme brulée com macadâmias e pistaches, minhas boas intenções foram todas por água abaixo! Mas dividi com o marido, a sobremesa e a culpa rs).
Bom, o dia-a-dia dele resume-se em omelete de seis claras de ovos no cafe da manhã (que ele próprio disse que é um horror), coalhada sem nenhum tipo de adoçante (outro horror, que ele come com umas berries para dar uma disfarçada), shake de proteínas às 10h, frango no almoço, frango no jantar e mais algumas proteínas ao longo do dia; carboidratos beirando zero; orgulha-se, e muito, dos apenas 6% de gordura corporal. A esposa é um pouco menos radical na alimentação. Ontem, enquanto ele se exercitava na academia do hotel, ela ficou nadando na raia do spa; e ontem à noite ela estava com os ombros totalmente queimados de sol pelo tempo que ficou nadando! Para ficar daquele jeito, com certeza não foram quinze minutos de esporte! E no final da conversa, ele e a mulher deixaram escapar a seguinte frase: "nossa comida é ruim!". E ele complementou: "Acho que é por isso que estou sempre com fome e tenho que carregar algumas castanhas comigo!". Na realidade, essa sensação de fome vem da falta de carboidratos.
Resumindo, definitivamente a felicidade está no caminho do meio que, infelizmente, acho que terei que renascer ainda algumas vezes para alcançar!