O presidente do Governo Regional diz que saberia combater o actual estado do país
Alberto João Jardim disse ontem, momento antes de um almoço, em Bruxelas, com o presidente da Comissão Europeia, no qual também esteve o vice-presidente do Governo Regional, João Cunha e Silva, que anda há 15 anos a chamar a atenção para a necessidade de serem tomadas medidas, no sentido de fazer face à actual crise que o país atravessa.O presidente do Governo Regional da Madeira, que comentava as recentes medidas anunciadas pelo executivo de José Sócrates para fazer face à crise, «há 15 anos que ando a dizer que toda esta estratégia “budgetista”, todo este orçamentalismo, que isto ia acabar mal. Cortou-se nos investimentos, libertaram-se capitais para se fazer especulações financeiras em vez de aplicar em investimento sustentado e reprodutivo. E eu fui dizendo, há 15 anos, que isto ia acabar mal e, agora, está aí o resultado à solta».Sobre as medidas tomadas, em concreto, Alberto João Jardim diz que nem «confiança tem em quem governa Portugal, como posso estar a fazer fé nas medidas que forem tomadas».Em relação às repercussões da crise à Região, Jardim disse que a «Madeira está a apanhar o que todo o mundo está a apanhar. A Madeira não é canto diferente do mundo, ou um canto de extra-terrestres — embora haja muitos momentos na minha vida que me apetece que a Madeira esteja fora de certos contextos», ironizou.Perante a insistência dos jornalistas sobre as medidas anunciadas por José Sócrates, Alberto João Jardim disse que «o senhor primeiro-ministro já disse tanta coisa que se há alguém que faça fé nele, eu não o faço».Apesar dos alertas que veio fazendo ao longo de 15 anos, Jardim disse que nada podia fazer, além de alertar. «Eu nunca governei a República Portuguesa, eu nunca fui membro do Governo da República Portuguesa. As responsabilidades de tudo o que se passou é de quem passou pelos Governos da República Portuguesa. Eu peguei numa região que era a mais atrasada de Portugal e coloquei-a em segundo lugar no PIB per capita. Peguei numa região que era das mais atrasadas da Europa e, em 15 anos, tirei-a das regiões de “Objectivo Um”. Eu fiz o meu trabalho, agora, não me peçam para ter tomado medidas que são tomadas mas é à escala nacional, como, por exemplo, a estratégia financeira do país».Uma vez que disse não ter fé neste Governo da República, e questionado sobre se teria fé na actual liderança da oposição, na actual presidente do PSD, Alberto João Jardim disse apenas que tem «fé nos princípios do meu partido e tenho esperança de que a líder do meu partido consiga mudar o estado de coisas em Portugal. E tenho fé em mim próprio, porque sei como é que se muda aquele estado de coisas».Em relação ao impacto que esta crise poderá ter, ou vir a ter sobre o Centro Internacional de Negócios da Madeira, o presidente do Executivo madeirense disse que, até ao momento, não dispõe de indicadores que lhe permitam ter uma opinião sobre isso. De qualquer maneira, Alberto João Jardim disse que «toda a movimentação no mercado de capitais vai ter, paralelamente, o seu reflexo no Centro Financeiro da Madeira».Embora não possa adiantar quais os montantes que isso possa representar, Alberto João Jardim recordou que a Madeira tem mais de três mil empresas financeiras no Centro Internacional de Negócios da Madeira. Não é pela actividade no Centro Internacional de Negócios da Madeira que se pode fazer um diagnóstico em relação a cada uma dessas empresas. Porque, cada uma dessas empresas actuará no Centro Internacional de Negócios da Madeira em função da sua situação individual».
Marsílio Aguiar in Jornal da Madeira, 10 Outubro de 2008
Marsílio Aguiar in Jornal da Madeira, 10 Outubro de 2008
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