quarta-feira, 26 de maio de 2010

O ofício

Se por mim o alívio, raro, perpassa
Sinto-me intimamente mentiroso e vadio
Anseio tão logo o meu ser arredio
Que em mim desperta motriz e me arrasta!

Minha audácia, amigo, a julgar suicída
É pra mim motivo digno à toda a raça Humana
Investir intensamente sua Existência e demanda
A sua própria alma e toda vida.

sábado, 22 de maio de 2010

Brisa Urbana

Sete horas, um passo a fora.
Os automóveis rugem,
Predadores.

O homem parece querer algemas,
Clama por liberdade,
Insuficiente.

Monstros!
Vejo-os, tantos
Todos os dias
Mesquinhos,
Inanimados.

Se houvesse recíproca
Veria
Nas feras
Beleza?

Este poema é um suspiro de ódio.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Via ouvidos, rumo seio

Tomei consciência de minha imperfeição
Afundo-me nela, dissoluto em indigência
Mutante sou, julgo, para minha inocência
Ainda hei de coexistir com meu próprio ser e não...

... Desejo buscar conforto n'outro plano,
É assim, sei, que jaz o necessário contato
Com o que lá fora chamam realidade e fato
É que homem fora do tempo ando.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Maiêutica de um irresoluto

Eis a teimosia na incerteza
Que me inquieta e tentadora me chama
Desanima-me, me acalenta e intensa clama
O meu espírito para contra a fraqueza

Porém já sei e só há sentido
O restante, quando se tem o necessário
Atribui-se o valor, pois, ao ordinário
E então não sei se sei ou se me divido

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A dor que impede a minha voz e arde
Devastadora, compressora, viva!
Tira-me o chão, me deixa sem saída
Se não a entrega sincera e me invade

Frívolo e fraco padeço
Pelos cantos, sem sequer exigência
E se em tudo vejo você em excelência
Desprezo-me porque em parte me connheço

Reticente, crio na ilusão e na possibilidade
Uma conciliação idealizada, pura e renovadora
Na qual poderemos retormar o que em outrora fora
O mais lindo mundo, nosso, e verdade

sábado, 23 de janeiro de 2010

...

Uma angústia me toma o corpo
E duvidoso, próximo, penso
No sentido que toma meu esforço
O inorgânico e, portanto, frio, um invento!

Tua sensatez quase maternal
Me é companheira e predadora
Sufoca-me, me conforta, é viral
É antipoética e consoladora

Peço-te, como um pagão
Que me absolva, de mim tenha piedade
O inconciliável desejo, dai-me perdão!
Mas amo-te, é verdade.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Irrisórias Esperanças

O privilégio de cortejar me espanta
Quando lembro da remota possibilidade
O momento apressa-se, não anda
Desfigura-se em oportunidade!

Cessam as involuntárias ações
E ínsipidas tornam-se as razões
No instante em que a convicção se desfaz
O olhar é a ameaça voraz

No cume da alva que me lanças
Rendo-me às irrisórias esperanças
Desvinculo-me à lógica, à coerência
Mergulho no cosmos da transcendência!