Pode ser 100 gramas, um quilo, dez ou cento e tal. Pode pesar na história de toda a Humanidade ou apenas no ventre de uma mãe, nas memórias de um pai... Pode alterar a grelha de programação de um telejornal ou somente a ordem dos grãos de areia de um deserto. Pode forrar de diários uma imensa biblioteca por tantos anos vividos, ou deixar escrito um simples relatório de mais uma criança que não vingou à nascença, para efeitos estatísticos. Não importa o impacto ou a duração, o peso é invariável. Toda a vida é, simultâneamente , escolha e acaso, rescrevendo, na sua pequenez, a misteriosa fórmula matemática que move todas as coisas. Toda a vida pesa o infinito, pois incontáveis são as hipóteses de esta se relacionar com outras vidas, seja no imediato, seja passados mil anos, seja através de uma palavra, seja fruto do seu próprio fim, redireccionando, ininterruptamente, o curso do Universo. Almada, Maria - Castelos de Algodão Doce, Sextante, 2009