Alzheimer
foto: madalena pestana
Mas não foi.
O que sofri há-de bastar para relembrar. Eu não quero ficar aprisionada, como a uma cadeira de rodas, à mentira que me contarem então, para me agradar.
É que eu já não quero esquecer.
foto: madalena pestana
bendita escada! abençoado dia!
como as pedras arredondando memorizam
o murmúrio da água que rolou
guardo a mão apresso o passo
fujo da minha memória.
fecho-me em mim, que cansaço!
sim, livrei-me do teu laço
mas não me sabe a vitória.
merci à
não tenho a mala pronta para partir tenho as memórias ainda por dobrar. será que cabe tudo? e no caminho o que mais irá pesar?
pastoreando os olhos pelas caminhos há estradas que nos levam para longes que muitas vezes sonhámos se sozinhos.
mas dobrar e arrumar os passados bons e maus tirá-los do regaço para os por num canto da mala dá cansaço.
não tenho a mala pronta para partir mas sei que tenho algures onde chegar é pois a exacta hora de seguir na incessante busca de encontrar.
The Truth and The Lie, 2002-Timur Tsaku
dying love - thanks to
amei muito. fui amada.
antes não tivesse sido.
porque ora, a vida parada
onde espero acocorada
numa espera sem sentido
hoje é vida esvaziada
sou um farrapo perdido
da bela manta cuidada
que me cobria a jornada.
tinha filho amante ou amigo
agora não tenho nada.
pego a adaga mato o amor
de um só golpe seco frio
decepo-o não fica ferido.
prefiro um amor matado
a este meu amor morrido.
LIGTH#3(desert) - MIGUEL CIFUENTES
entreaberta a porta
a memória sem convite
invade o espaço livre
guardado para os sonhos
ainda por viver.
eu que a julgava morta...
corro a fechá-la à chave
não a volto a abrir
raios partam a porta
e a memória!
quero os sonhos à solta
nesta terra magoada
mas revolta
onde só esperam
tempo para florir.
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