Apreensão de filhotes de papagaio feita pela Polícia Ambiental do Estado de São Paulo em Presidente Prudente (SP), dia 28/09/2011 - Foto: Divulgação da Polícia Militar Ambiental de São Paulo.
Época de reprodução na natureza, época dos traficantes faturarem alto
Somente em três apreensões de setembro/2011 foram encontrados em poder dos traficantes mais de 1000 filhotes de papagaio. Imaginem quantos ninhos foram saqueados para obter esta quantidade de filhotes.
Que tragédia, Meu Deus! E tem gente que compra um filhote de papagaio achando que não tem nada a ver com este crime hediondo contra a vida. O tráfico existe porque tem consumidor.
Estes filhotes apreendidos mesmo que sobrevivam jamais poderão voltar para natureza. O destino será o cativeiro, até que a morte chegue para lhes aliviar o sofrimento
Ocorrência: 26/09/2011
Apreendidos 517 papagaios no trevo do ibó, em Belém do São Francisco (PE)
O Ibama foi acionado pela Polícia Federal em Pernambuco para fazer a autuação de dois homens presos, acusados de tráfico de animais silvestres na madrugada da última segunda-feira (26) na BR-316, no trevo do Ibó, em Belém do São Francisco/PE. Os infratores transportavam 517 papagaios num caminhão em condições precárias, amontoados em grades de ferro muito pequenas. Os animais seriam levados de Juazeiro/BA para Caruaru/PE e Maceió/AL. A Polícia Federal acredita que as aves seriam comercializadas na feira de Caruaru ao preço que varia de R$ 100,00 a R$ 200,00 e uma rede de traficantes de animais silvestres pode estar atuando na região, utilizando as BRs 428, 316 e 232 como rota de escoamento das aves. O Ibama aplicou uma multa no valor de R$ 5,17 milhões a cada um dos presos. No início da tarde, as aves foram transportadas para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) em Recife.
Ocorrência: 28/09/2011
Apreensão de 200 filhotes de papagaio
----- Original Message -----
Sent: Friday, September 30, 2011 5:35 PM
Subject: ocorrência de tráfico de animais silvestres do MS para a Capital de SP
Senhores, boa tarde!
Trata-se de uma apreensão realizada por uma de nossas Patrulhas Ambientais, no município de Presidente Prudente.
A ocorrência foi atendida na madrugada de quarta-feira passada e culminou com a apreensão de 200 filhotes de papagaio que estavam sendo traficados do Mato Grosso do Sul e tinham como destino a Capital.
Infelizmente, cerca de 50 filhotes já estavam mortos.
Os filhotes foram destinados a uma instituição da região para os devidos cuidados.
Contra os traficantes foram arbitradas multas que totalizaram R$ 311.500,00, além da responsabilização penal imposta.
O resultado, em que pese indesejado, decorre da intensificação das ações de fiscalização desencadeada em todo o Estado.
Coronel PM - Comandante
Comando de Policiamento Ambiental
Rua Colônia da Glória, 650 - Vila Mariana - CEP 04113.001 - São Paulo - Capital
Fone: (11) 5082.3330
"JUNTOS, FAREMOS UMA POLÍCIA MILITAR AMBIENTAL CADA VEZ MAIS FORTE".
Apreensão de filhotes de papagaio feita pela Polícia Ambiental do Estado de São Paulo em Presidente Prudente (SP), dia 28/09/2011 - Foto: Divulgação da Polícia Militar Ambiental de São Paulo.
Ocorrência: 16/09/2011
R7 Noticias Do MS Record - Divulgação/PMA
Dupla é presa com 306 filhotes de papagaio em MS
Aprensão de filhotes de papagaios feita pela Polícia Rodoviária Federal em Bataguassu (MS), no dia 15/09/2011. O destino era a capital paulista. Foto: Divulgação da Policia Militar Ambiental de São Paulo.
Aves foram encontradas dentro de uma caixa em um carro na BR-267
Além dos papagaios, foi apreendido um filhote de arara
Dois homens foram presos na quinta-feira (15), na rodovia BR-267, na região de Bataguassu (MS), com 306 filhotes de papagaio e um filhote de arara, que estavam em caixas dentro de um veículo. Após perseguição policial, eles tentaram fugir, abandonando o veículo na estrada, mas foram detidos pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). As informações são do MS Record.
Os suspeitos, que moram em São Paulo, foram autuados pela PMA (Polícia Militar Ambiental) da cidade em R$ 153.500 cada um e foram encaminhados à Polícia Civil.
Os animais foram recolhidos pela polícia e foram transportados para o CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), em Campo Grande.
Tráfico
De acordo com a Polícia Militar Ambiental, de setembro a dezembro, é período de reprodução do papagaio, a espécie mais traficada em todo o Mato Grosso do Sul. Nesta época, são realizados trabalhos preventivos nas propriedades rurais, por meio de informação da legislação e educação ambiental, para evitar o aumento do tráfico de animais silvestres.
Apreensões
A última apreensão da espécie ocorreu no último sábado (10), quando foram apreendidos 144 filhotes no distrito de Casa Verde, Nova Andradina.
Segundo levantamento da PMA, a região principal do problema está situada entre os municípios de Batayporã, Bataguassu, Ivinhema, Novo Horizonte do Sul, Anaurilândia, Três Lagoas, Santa Rita do Pardo, Nova Andradina e Brasilândia.
Nestas áreas, os policiais estão em constante monitoramento do movimento dos traficantes
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
Perigo letal queimar lixo plástico no quintal
O hábito da queima de lixo plástico nos quintais das residências libera fumaça altamente tóxica contendo substâncias químicas conhecidas como dioxinas e furanos* que apresentam um potencial cancerígeno considerável. É um problema ambiental gravíssimo que ocorre no Brasil inteiro, inclusive nas regiões metropolitanas onde há coleta seletiva.
Além da fumaça, o resíduo da queima é da mesma forma muito tóxico, por conter as mesmas substâncias, contaminando para sempre o solo – e não deve ser tocado sem luvas de proteção.
Em Santa Catarina, praticamente todas as residências com fogão a lenha queimam sacos plásticos no fogão (como combustível) junto com a lenha, produzindo grandes quantidades de dioxinas e furanos.
Em São José dos Campos (SP), observo nas imediações do prédio onde moro um catador de recicláveis acumular em seu quintal o descarte de resíduos plásticos sem valor comercial e, com freqüência, atear fogo em tudo, geralmente à noite. A fumaça tóxica se espalha por toda a região central da cidade, se impregnando nos pulmões de milhares de pessoas.
Não há nenhuma campanha para esclarecer a população sobre os riscos à saúde deste péssimo hábito. Ao invés de entregar o lixo para o caminhão de coleta as pessoas acham mais cômodo descartá-lo no quintal de casa e atear fogo, quando não o fazem nas barrocas, terrenos baldios e leito dos rios e córregos.
Eu lembro da minha infância que nas festas juninas em Itaiópolis (SC), antes da era dos sacos plásticos, tínhamos o hábito de queimar pneus velhos na fogueira e a fumaça liberada causava náuseas e muita dor de cabeça. Algumas pessoas da comunidade também queimavam os pneus com freqüência para obter o arame de aço ideal para a fabricação de gaiolas para prender os passarinhos, como o canário-da-terra-verdadeiro (Sicalis flaveola), já que agregavam valor às gaiolas quando as vendiam juntamente com os canários que capturavam na natureza.
Então, a partir daquela época eu já desconfiava que não fazia bem para a saúde queimar pneus. Eu estava certo, conforme revelaram mais tarde os estudos científicos realizados na Europa no final dos anos 70, que inclusive já apontavam a queima de lixo doméstico como a principal fonte de dioxinas.
Algumas formas de dioxinas tóxicas, formadas quando se queimam o lixo plástico, borracha, pneus, solventes etc. (produtos que contenham cloro em sua composição), são consideradas hoje as mais perigosas substâncias já criadas pelo Homem, com grau de toxidade ultrapassando o urânio radioativo (U-235) e o plutônio.
Autoridades do mundo científico destacam que as doenças relacionadas com a contaminação por dioxinas são várias, entre elas o cloroacne**, o câncer no fígado; o câncer no palato; o câncer no nariz; o câncer na língua; o câncer no aparelho respiratório; o câncer na tireóide; a queda de imunidade; malformações e óbitos fetais; abortamentos; distúrbios hormonais; concentrações aumentadas de colesterol e triglicéridos; hiperpigmentação da pele; dor de cabeça e nos músculos; desordem no aparelho digestivo; inapetência, fraqueza e perda de peso; neuropatias; perda da libido e desordens dos sensos.
A contaminação pelas dioxinas ocorre de forma lenta e gradual, em pequenas doses, e não é facilmente detectada porque, em curto espaço de tempo, não gera sintomas. Mas, como são cumulativas no organismo, após alguns anos, as intoxicações pelas dioxinas podem provocar várias doenças fatais.
*Moléculas semelhantes às dioxinas e se diferenciam por possuírem um oxigênio a menos.
** Caracteriza-se pela erupção de comedos e cistos polimórficos após exposição a hidrocarbonetos aromáticos halogenados (que contém cloro), tais como dioxinas e dibenzofuranos. O tratamento é difícil e a cloroacne pode persistir por vários anos, mesmo após interrupção do contato com a substância agressora.
Além da fumaça, o resíduo da queima é da mesma forma muito tóxico, por conter as mesmas substâncias, contaminando para sempre o solo – e não deve ser tocado sem luvas de proteção.
Em Santa Catarina, praticamente todas as residências com fogão a lenha queimam sacos plásticos no fogão (como combustível) junto com a lenha, produzindo grandes quantidades de dioxinas e furanos.
Em São José dos Campos (SP), observo nas imediações do prédio onde moro um catador de recicláveis acumular em seu quintal o descarte de resíduos plásticos sem valor comercial e, com freqüência, atear fogo em tudo, geralmente à noite. A fumaça tóxica se espalha por toda a região central da cidade, se impregnando nos pulmões de milhares de pessoas.
Não há nenhuma campanha para esclarecer a população sobre os riscos à saúde deste péssimo hábito. Ao invés de entregar o lixo para o caminhão de coleta as pessoas acham mais cômodo descartá-lo no quintal de casa e atear fogo, quando não o fazem nas barrocas, terrenos baldios e leito dos rios e córregos.
Eu lembro da minha infância que nas festas juninas em Itaiópolis (SC), antes da era dos sacos plásticos, tínhamos o hábito de queimar pneus velhos na fogueira e a fumaça liberada causava náuseas e muita dor de cabeça. Algumas pessoas da comunidade também queimavam os pneus com freqüência para obter o arame de aço ideal para a fabricação de gaiolas para prender os passarinhos, como o canário-da-terra-verdadeiro (Sicalis flaveola), já que agregavam valor às gaiolas quando as vendiam juntamente com os canários que capturavam na natureza.
Então, a partir daquela época eu já desconfiava que não fazia bem para a saúde queimar pneus. Eu estava certo, conforme revelaram mais tarde os estudos científicos realizados na Europa no final dos anos 70, que inclusive já apontavam a queima de lixo doméstico como a principal fonte de dioxinas.
Algumas formas de dioxinas tóxicas, formadas quando se queimam o lixo plástico, borracha, pneus, solventes etc. (produtos que contenham cloro em sua composição), são consideradas hoje as mais perigosas substâncias já criadas pelo Homem, com grau de toxidade ultrapassando o urânio radioativo (U-235) e o plutônio.
Autoridades do mundo científico destacam que as doenças relacionadas com a contaminação por dioxinas são várias, entre elas o cloroacne**, o câncer no fígado; o câncer no palato; o câncer no nariz; o câncer na língua; o câncer no aparelho respiratório; o câncer na tireóide; a queda de imunidade; malformações e óbitos fetais; abortamentos; distúrbios hormonais; concentrações aumentadas de colesterol e triglicéridos; hiperpigmentação da pele; dor de cabeça e nos músculos; desordem no aparelho digestivo; inapetência, fraqueza e perda de peso; neuropatias; perda da libido e desordens dos sensos.
A contaminação pelas dioxinas ocorre de forma lenta e gradual, em pequenas doses, e não é facilmente detectada porque, em curto espaço de tempo, não gera sintomas. Mas, como são cumulativas no organismo, após alguns anos, as intoxicações pelas dioxinas podem provocar várias doenças fatais.
*Moléculas semelhantes às dioxinas e se diferenciam por possuírem um oxigênio a menos.
** Caracteriza-se pela erupção de comedos e cistos polimórficos após exposição a hidrocarbonetos aromáticos halogenados (que contém cloro), tais como dioxinas e dibenzofuranos. O tratamento é difícil e a cloroacne pode persistir por vários anos, mesmo após interrupção do contato com a substância agressora.
sábado, 10 de setembro de 2011
Por que tantas enchentes em Blumenau?
Deslizamento de grandes proporções ocorrido em 1983 (grande enchente em Blumenau) nas encontas do rio do Couro, onde foi criada a RPPN Taipa Rio do Couro, que faz divisa com outra RPPN que criamos, Corredeiras do Rio Itajai. (clique sobre a imagem para ampliar)
A área da bacia hidrográfica do rio Itajaí é de 15.000 km2 e abrange 47 municípios catarinenses. Em linha reta, a nascente fica a 160 km de distância, em Papanduva (SC). Toda a água drenada nesta imensa área da bacia hidrográfica passa por Blumenau e Itajaí um pouco antes de ser despejada no Oceano Atlântico. Portanto, devido à localização e a imensa área da bacia hidrográfica situada em uma região com elevado índice pluviométrico qualquer chuva forte causa problemas nestas cidades.
São comuns fotos antigas mostrando inundações em Blumenau. No álbum da minha família tem várias destas fotos amareladas, de um período na década de 50 que meu irmão mais velho morou na cidade para estudar. Não é por acaso que desde sua fundação, em 1852, Blumenau já teve 70 enchentes registradas. Uma enchente a cada 2 anos e 3 meses. Há relatos que um ano após a fundação o vilarejo formado pelos primeiros colonizadores já sofreu uma inundação.
Deslizamento ocorrido nas cabeceiras do rio Itajaí, em frente da RPPN Corredeiras do Rio Itajai. Foto 16/09/2011
Nos últimos anos tem aumentada consideravelmente a pressão para destruir o que resta de mata ciliar preservada, sobretudo nas cabeceiras do rio Itajaí. Isto significa que deve agravar muito o problema das enchentes em Blumenau nos próximos anos. As matas preservadas prestam um serviço ambiental de reter a água das chuvas e liberá-la aos poucos para os rios. Sem as matas, as águas das grandes enxurradas escoam instantaneamente para os rios provocando as enchentes. Com esta devastação toda que está ocorrendo, a situação de quem vive em Blumenau e Itajaí fica a cada dia mais dramática.
Diante de tanta destruição nós decidimos salvar uma área da bacia hidrográfica do rio Itajaí que concentra uma grande quantidade de rios e nascentes, ou seja, estamos salvando concretamente dezenas de quilômetros de matas ciliares e uma riquíssima biodiversidade. Com muito esforço, usando nossas economias, já conseguimos salvar 860 hectares, que foram comprados pedacinho por pedacinho. Deste total, 215 hectares foram comprados pelo Instituto Rã-bugio para Conservação da Biodiversidade com dinheiro de doadores, que sensibilizaram com a nossa luta. Quase toda a área já foi transformada em Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) , situação onde nunca mais poderá ser desmatada.
Estas poucas matas preservadas que restam e que lutamos para salvar também são castigadas toda a vez que chove muito. Sofrem os efeitos das degradações causadas no entorno, como a ocupação irregular das bordas dos penhascos (chapadas). A cada chuva forte ocorre um deslizamento de grandes proporções. Toda a vegetação e detritos vão parar no rio, represando suas águas até encher rapidamente e estourar, formando uma cabeça d’água (com vários metros de altura), com um poder de destruição semelhante a um tsunami avassalador, que causa uma grande devastação nas margens, arrancado árvores centenárias e destruindo os barrancos.
Somente no entorno da RPPN Corredeiras do Rio Itajaí, a 140 km de Blumenau, com as chuvas intensas dos últimos anos já ocorreram sete deslizamentos de grandes extensões que represaram o rio do Couro, afluente do rio Itajaí do Norte, que atravessa a RPPN. Veja as imagens. É triste de ver o cenário de destruição que a cabeça d’água provoca nas margens, desestabilizando os barrancos que passam a desmoronar com freqüência, derrubando mais árvores raras e centenárias e assoreando os rios.
O futuro de Blumenau e Itajaí vai depender dos resultados de nossos esforços de salvar o que resta das matas que protegem as cabeceiras do rio Itajaí. Uma luta que começou no início dos anos 70, quando era adolescente e tentava impedir o desmatamento das margens do rio Itajaí denunciando inutilmente para as autoridades em Brasília, mas não desisti. Nos últimos anos, finalmente, começamos a virar o jogo em Itaiópolis e municípios vizinhos, quando as promotorias (Ministério Público) e Poder Judiciário das comarcas destes municípios começaram a exigir o cumprimento das leis ambientais. Só em Itaiópolis (SC), pelo menos 300 infratores foram multados e processados por crime de desmatamento, a maioria na bacia hidrográfica do rio Itajaí. Claro que o trabalho da fiscalização do IBAMA-SC e Polícia Ambiental de Santa Catarina foi também de fundamental importância.
A pressão para destruir o que resta da mata ciliar do rio Itajaí fica cada vez mais forte e a área a ser fiscalizada é muito extensa o que exige um grande investimento do poder público em infraestrutura de pessoal e de equipamentos para fortalecer os órgãos de fiscalização, como Polícia Ambiental, para que se consiga dar uma proteção adequada à matas preservadas remanescentes do rio Itajaí. O que podemos garantir por enquanto são os 860 hectares que compramos e já transformamos quase tudo em RPPN.
A área da bacia hidrográfica do rio Itajaí é de 15.000 km2 e abrange 47 municípios catarinenses. Em linha reta, a nascente fica a 160 km de distância, em Papanduva (SC). Toda a água drenada nesta imensa área da bacia hidrográfica passa por Blumenau e Itajaí um pouco antes de ser despejada no Oceano Atlântico. Portanto, devido à localização e a imensa área da bacia hidrográfica situada em uma região com elevado índice pluviométrico qualquer chuva forte causa problemas nestas cidades.
São comuns fotos antigas mostrando inundações em Blumenau. No álbum da minha família tem várias destas fotos amareladas, de um período na década de 50 que meu irmão mais velho morou na cidade para estudar. Não é por acaso que desde sua fundação, em 1852, Blumenau já teve 70 enchentes registradas. Uma enchente a cada 2 anos e 3 meses. Há relatos que um ano após a fundação o vilarejo formado pelos primeiros colonizadores já sofreu uma inundação.
Deslizamentos nas cabeceiras do rio Itajai, na RPPN Refúgio do Macuco, ocorridos em set/2o11. Consequência do desmatamento na borda da chapada realizado em 2005. Repare que o infrator continua desmatando. Foto 17/09/2011.
Deslizamento ocorrido nas cabeceiras do rio Itajaí, em frente da RPPN Corredeiras do Rio Itajai. Foto 16/09/2011
Nos últimos anos tem aumentada consideravelmente a pressão para destruir o que resta de mata ciliar preservada, sobretudo nas cabeceiras do rio Itajaí. Isto significa que deve agravar muito o problema das enchentes em Blumenau nos próximos anos. As matas preservadas prestam um serviço ambiental de reter a água das chuvas e liberá-la aos poucos para os rios. Sem as matas, as águas das grandes enxurradas escoam instantaneamente para os rios provocando as enchentes. Com esta devastação toda que está ocorrendo, a situação de quem vive em Blumenau e Itajaí fica a cada dia mais dramática.
Deslizamentos nas cabeceiras do rio Itajaí, em frente da RPPN Corredeiras do Rio Itajai. O deslizamento da esquerda foi consequencia de uma estrada construida recentemente por caçadores para caçar no entorno da RPPN. Foto 16/09/2011
Diante de tanta destruição nós decidimos salvar uma área da bacia hidrográfica do rio Itajaí que concentra uma grande quantidade de rios e nascentes, ou seja, estamos salvando concretamente dezenas de quilômetros de matas ciliares e uma riquíssima biodiversidade. Com muito esforço, usando nossas economias, já conseguimos salvar 860 hectares, que foram comprados pedacinho por pedacinho. Deste total, 215 hectares foram comprados pelo Instituto Rã-bugio para Conservação da Biodiversidade com dinheiro de doadores, que sensibilizaram com a nossa luta. Quase toda a área já foi transformada em Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) , situação onde nunca mais poderá ser desmatada.
Deslizamento ocorrido nas cabeceiras do rio Itajaí, em frente da RPPN Corredeiras do Rio Itajai. O local foi desmatado em outubro de 2010. Foto 16/09/2011
Estas poucas matas preservadas que restam e que lutamos para salvar também são castigadas toda a vez que chove muito. Sofrem os efeitos das degradações causadas no entorno, como a ocupação irregular das bordas dos penhascos (chapadas). A cada chuva forte ocorre um deslizamento de grandes proporções. Toda a vegetação e detritos vão parar no rio, represando suas águas até encher rapidamente e estourar, formando uma cabeça d’água (com vários metros de altura), com um poder de destruição semelhante a um tsunami avassalador, que causa uma grande devastação nas margens, arrancado árvores centenárias e destruindo os barrancos.
Destruição provocada por uma cabeça d'água que se formou devido ao represamento - e rompimento em seguida - do rio do Couro pelo desmoronamento da encosta. Este local fica na RPPN Corredeiras do Rio Itajaí, em Itaiópolis (SC) Foto: 22/01/2010.
Somente no entorno da RPPN Corredeiras do Rio Itajaí, a 140 km de Blumenau, com as chuvas intensas dos últimos anos já ocorreram sete deslizamentos de grandes extensões que represaram o rio do Couro, afluente do rio Itajaí do Norte, que atravessa a RPPN. Veja as imagens. É triste de ver o cenário de destruição que a cabeça d’água provoca nas margens, desestabilizando os barrancos que passam a desmoronar com freqüência, derrubando mais árvores raras e centenárias e assoreando os rios.
Árvore caída sobre o rio do Couro na RPPN Corredeiras do Rio Itajai, devido a desestabilização do barranco causada pela erosão da cabeça d'água (liberação da água represada pelos detritos do desmoranamento)
O futuro de Blumenau e Itajaí vai depender dos resultados de nossos esforços de salvar o que resta das matas que protegem as cabeceiras do rio Itajaí. Uma luta que começou no início dos anos 70, quando era adolescente e tentava impedir o desmatamento das margens do rio Itajaí denunciando inutilmente para as autoridades em Brasília, mas não desisti. Nos últimos anos, finalmente, começamos a virar o jogo em Itaiópolis e municípios vizinhos, quando as promotorias (Ministério Público) e Poder Judiciário das comarcas destes municípios começaram a exigir o cumprimento das leis ambientais. Só em Itaiópolis (SC), pelo menos 300 infratores foram multados e processados por crime de desmatamento, a maioria na bacia hidrográfica do rio Itajaí. Claro que o trabalho da fiscalização do IBAMA-SC e Polícia Ambiental de Santa Catarina foi também de fundamental importância.
A pressão para destruir o que resta da mata ciliar do rio Itajaí fica cada vez mais forte e a área a ser fiscalizada é muito extensa o que exige um grande investimento do poder público em infraestrutura de pessoal e de equipamentos para fortalecer os órgãos de fiscalização, como Polícia Ambiental, para que se consiga dar uma proteção adequada à matas preservadas remanescentes do rio Itajaí. O que podemos garantir por enquanto são os 860 hectares que compramos e já transformamos quase tudo em RPPN.
sábado, 3 de setembro de 2011
A luta para impedir que caçadores exterminem a fauna da Mata Atlântica
A Mata Atlântica é um ecossistema em acelerado processo de extinção. Restam apenas alguns fragmentos, que ainda abrigam animais raros e ameaçados de extinção. Medidas extremas são necessárias para salvar da destruição total estes vestígios da Mata Atlântica, como comprar estas áreas e transformá-las em reserva (RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural) . É o esforço que estamos fazendo nos últimos anos.
Acampamento de caçadores na RPPN Refúgio do Macuco, às margens do rio do Couro. Na margem oposta fica a RPPN Corredeiras do Rio Itajaí.
Não podemos deixar uma floresta vazia para as gerações futuras. Sem os animais uma floresta morre lentamente porque são eles que plantam as árvores. Deter a ação dos caçadores determinados a não desistirem enquanto não terem certeza que mataram o último animal aparenta ser uma tarefa fácil, mas descobrimos que não é tão simples assim. Esta batalha que estamos travando com os caçadores que atuam na RPPN Corredeiras do Rio Itajaí e entorno nos mostrou que comprar uma área e transformar em RPPN é a parte mais fácil de todo o processo para proteger uma área.
Por ser uma das poucas áreas bem preservada e abrigar uma fauna impressionante de mamíferos e aves muito visados e já exterminados em outros lugares, a pressão de caçadores é muito forte. Já localizamos 9 barracos e ranchos no entorno e até dentro da RPPN construídos pelos caçadores (veja as imagens). Armadilhas e cevas são comuns de serem encontradas. Grupos de até 15 caçadores fortemente armados já foram vistos (e filmados) entrando na RPPN, na barra do rio do Couro (afluente do rio Itajaí) para acampar em um feriado prolongado e destruindo a tiros as placas de advertência que ali é uma área protegida.
Armadilha para capturar PACA (Agouti paca), mamífero ameaçado de extinção e muito raro em Santa Catarina, encontrada na RPPN Corredeiras do Rio Itajai, em Itaiópolis (SC).
Há dois meses, o rapaz que contratamos para cuidar da RPPN quase virou presa dos caçadores e teve a oportunidade de ver de perto um caçador em atividade. Ele ouviu um cachorro latir e se aproximar. Imediatamente se escondeu, deitando no chão. Logo em seguida apareceu o caçador com uma espingarda nas costas e atiçando cachorro. Para sorte do rapaz o cachorro não teve interesse em localizá-lo e o caçador que havia se aproximado até uns 10 metros desistiu de seguir adiante e afastou-se em seguida.
Não está havendo omissão das autoridades locais para o problema do crime de caça. O Ministério Público (Promotoria) e o Poder Judiciário de Itaiópolis têm aplicado todo o rigor da lei para desestimular a ação dos caçadores. Várias armas já foram apreendidas e infratores processados. A Polícia Ambiental de Canoinhas têm feito várias incursões pela mata, subindo e descendo grotões, para surpreender os caçadores que atuam nos lugares mais isolados. Já efetuou prisões de caçadores em flagrante. A Polícia Ambiental de Rio do Sul também faz rondas pela estrada às margens do rio Itajaí e já prendeu caçadores e traficantes de animais (passarinhos) em flagrante. Já tivemos apoio até da Polícia Federal, que recentemente abriu inquérito e está indiciando suspeitos.
Acampamento (barraco de lonas plásticas) de caçadores no meio da mata localizado e destruido pela Polícia Ambiental de Canoinhas (SC).
Com muita dificuldade, um grande esforço das autoridades, como da polícia ambiental, consegue-se inibir a ação de um grupo de caçadores, mas alguns meses depois surge outro mais desafiador ainda, que demanda muito mais esforços e exige outro tipo de tática. Os caçadores atuam em locais de difícil acesso, sem estradas e protegidos por barreiras naturais, como o rio Itajaí e paredões rochosos com até 100 metros de altura.
Acampamento de caçadores às margens do rio Itajai situado na área comprada recentemente para integrar a RPPN Corredeiras do Rio Itajaí.
Boa parte dos caçadores é de fora, mora em São Bento do Sul (SC), Blumenau (SC) Santa Terezinha (SC), Itaiópolis (SC) etc., e recebem apoio para guardar as armas e hospedagem de alguns moradores do entorno, geralmente com vínculo de parentesco com alguém do grupo. Alguns moradores do entorno não resistem à tentação de continuar caçando na RPPN, mesmo correndo o risco de serem presos, cujas chances aumentam a cada dia e eles sabem muito bem disso.
Ficamos indignados com o fato de toda a vez que um caçador é preso, indiciado ou teve a arma apreendida ele passa a nos ameaçar, mandando recado por meio de terceiros, geralmente parentes. Basta que o caçador perceba que aumentou o risco de ser pego em flagrante pela polícia que ele parte para ameaças. Dias atrás um recado que mandaram para mim foi o seguinte: “Eu sei como esperar com a espingarda e matar um bicho que anda por uma trilha na mata e tática para pegar o Germano é a mesma”. O que o caçador não sabe é que este tipo de ameaça não surte o efeito desejado, não me intimida mais, porque eu já estou acostumado.
Tubo de PVC com tampas utilizado para esconder espingardas encontrado em um acampamento de caçadores.
É um desafio muito grande defender com seriedade a natureza no Brasil. Os animais silvestres estão com dificuldade em sobreviver nos fragmentos cada vez menores da Mata Atlântica e ainda precisa escapar dos tiros e armadilhas de caçadores impiedosos, que não respeitam nada.
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
Árvore da Mata Atlântica ameaçada de extinção abatida e esquecida na mata
CANELA-PRETA (Ocotea catharinensis), espécie de árvore da Mata Atlânica ameaçada de extinção, que foi abatida há mais de 30 anos e esquecida na mata, onde hoje foi criada a RPPN Corredeiras do Rio Itajai. Clique sobre a imagem para ampliar
Esta imagem é da RPPN Corredeiras do Rio Itajaí, localizada em Itaiópolis (SC), e mostra um exemplar de CANELA-PRETA (Ocotea catharinensis), espécie ameaçada de extinção, que foi abatida provavelmente no início dos anos 80 (há 30 anos) e esquecida no meio da mata, isto é, não foi aproveitada. A parte mole já apodreceu (só ficou o cerne, a parte mais dura e resistente da madeira). Uma canela-preta para atingir este tamanho leva pelo menos 300 anos.
O local fica ao lado da estrada que abriram com trator-de-esteira no meio da mata para extração da madeira mais valiosa. Já é o segundo exemplar de canela-preta abatida e não aproveitada que encontramos na RPPN
Para nossa sorte, foram esquecidos também vários exemplares vivos de canela-preta e canela-sassafrás em lugares fáceis de tirarem. Nos lugares de difícil acesso, a mata está ainda intacta.
Cepo e tronco da canela-preta (Ocotea catharinensis) abatida há mais de 30 anos. As partes moles já apodreceram. Clique sobre a imagem para ampliar
A Canela-preta é uma espécie da flora brasileira ameaçada de extinção do ecossistema da Mata Atlântica, segundo a Portaria do IBAMA nº 37-N, de 3 de abril de 1992 (Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira Ameaçada de Extinção)
De acordo com Reitz et al (1978), em Santa Catarina, a canela-preta chega a representar até um terço do volume em madeira em matas primárias na floresta pluvial atlântica. Devido à qualidade de sua madeira e ao amplo uso para que se presta, em Santa Catarina esta foi severamente explorada. A medida que ia ficando rara, seu valor comercial aumentava, viabilizando a extração em locais de difícil acesso.
Nos pisos das casas construídas na primeira metade do século XX, nas vertentes litorâneas do Estado de Santa Catarina, é comum encontrarmos a dobradinha canela-preta/peroba, dando aspecto listrado aos assoalhos com tons tendendo ao amarelo/negro para a peroba e canela respectivamente. De acordo com Klein (1978-1980), na bacia do Rio Itajaí-Açu, a canela-preta formaria, junto com a laranjeira-do-mato (Sloanea guianensis) e peroba-vermelha (Aspidosperma olivaceum), as espécies dominantes do estrato superior da floresta pluvial atlântica.
Referências
Klein, R.M. Ecologia da flora e vegetação do Vale do Itajaí. Sellowia, 30 e 31. 1979-1980.
Reitz,R.; Klein,R.M.; Reis, A. Projeto Madeira de Santa Catarina. 1978. 320 p.
Esta imagem é da RPPN Corredeiras do Rio Itajaí, localizada em Itaiópolis (SC), e mostra um exemplar de CANELA-PRETA (Ocotea catharinensis), espécie ameaçada de extinção, que foi abatida provavelmente no início dos anos 80 (há 30 anos) e esquecida no meio da mata, isto é, não foi aproveitada. A parte mole já apodreceu (só ficou o cerne, a parte mais dura e resistente da madeira). Uma canela-preta para atingir este tamanho leva pelo menos 300 anos.
O local fica ao lado da estrada que abriram com trator-de-esteira no meio da mata para extração da madeira mais valiosa. Já é o segundo exemplar de canela-preta abatida e não aproveitada que encontramos na RPPN
Para nossa sorte, foram esquecidos também vários exemplares vivos de canela-preta e canela-sassafrás em lugares fáceis de tirarem. Nos lugares de difícil acesso, a mata está ainda intacta.
Cepo e tronco da canela-preta (Ocotea catharinensis) abatida há mais de 30 anos. As partes moles já apodreceram. Clique sobre a imagem para ampliar
A Canela-preta é uma espécie da flora brasileira ameaçada de extinção do ecossistema da Mata Atlântica, segundo a Portaria do IBAMA nº 37-N, de 3 de abril de 1992 (Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira Ameaçada de Extinção)
De acordo com Reitz et al (1978), em Santa Catarina, a canela-preta chega a representar até um terço do volume em madeira em matas primárias na floresta pluvial atlântica. Devido à qualidade de sua madeira e ao amplo uso para que se presta, em Santa Catarina esta foi severamente explorada. A medida que ia ficando rara, seu valor comercial aumentava, viabilizando a extração em locais de difícil acesso.
Exemplar gigantesco de canela-preta (Ocotea catharinensis) que está a salvo na RPPN das Araucárias Gigantes, em Itaiópolis (SC). Foto: 10/02/2013. Clique sobre a imagem para ampliar |
Referências
Klein, R.M. Ecologia da flora e vegetação do Vale do Itajaí. Sellowia, 30 e 31. 1979-1980.
Reitz,R.; Klein,R.M.; Reis, A. Projeto Madeira de Santa Catarina. 1978. 320 p.
sábado, 16 de julho de 2011
Salvo mais um pedaço da ameaçada Mata Atlântica
Imagem da nova aquisição, que vai salvar para sempre a mata ciliar do rio Itajaí. Figueiras gigantescas repletas de orquideas, bromélias, cipós e outras plantas aéreas mostram a importância de salvar estas áreas para as gerações futuras. Clique sobre a imagem para ampliar
Com grande alegria informamos que no dia 13/07/2011 concretizamos a compra de mais uma área de Mata Atlântica com 54,5 hectares que é confrontante com a RPPN Corredeiras do Rio Itajaí, em Itaiópolis (SC), possibilitando ampliar a área que ficará protegida para as gerações futuras. Além da riquíssima biodiversidade, neste terreno ficam as mais belas taipas (paredões rochosos) do trecho do rio Itajaí que corta o município de Itaiópolis.
Nestes paredões rochosos vive e se reproduz o GAVIÃO-POMBO-GIGANTE (Leucopternis polionotus) , ameaçado de extinção. Clique no link e veja as imagens desta ave magnífica que fizemos no local. É enorme e emite o som semelhante ao daquelas águias (ou falcões) que aparecem nos filmes norte-americanos.
As fotos destes gigantescos paredões, local de refúgio e nidificação para aves ameaçadas de extinção, foram tiradas da estrada, na margem oposta do rio Itajai, que pertence ao municipio de Santa Terezinha (o rio Itajai faz a divisa com Itaiópolis). Clique sobre a imagem para ampliar
Nestas taipas se reproduz também o URUBU-REI (Sarcoramphus papa), ameaçado de extinção. Moradores sempre avistam um casal frequentado o local. O rio Itajaí neste ponto é chamado de raso do mandi, porque dizem que é o local onde ocorre a desova do mandi (uma espécie de bagre). É muito visado pelos pescadores que praticam a pesca predatória com tarrafas na época de procriação. A partir de agora este local ficará protegido pela vigilância da RPPN e a presença freqüente da Polícia Ambiental.
Com esta área, já conseguimos salvar para as gerações futuras temos 830 hectares, sendo que 215 hectares foram adquiridos com recursos de doadores (veja esta matéria “Brasileiros fazem doações para salvar a Mata Atlântica” e pertencem ao Instituto Rã-bugio. Será protocolada a criação da RPPN como fizemos nas demais áreas nas próximas semanas.
Imagem da área preservada adquirida, às margens do rio Itajaí, em Itaiópolis (SC), que será transformada em RPPN, para garantir sua preservação para as gerações futuras. Clique sobre a imagem para ampliar
Com grande alegria informamos que no dia 13/07/2011 concretizamos a compra de mais uma área de Mata Atlântica com 54,5 hectares que é confrontante com a RPPN Corredeiras do Rio Itajaí, em Itaiópolis (SC), possibilitando ampliar a área que ficará protegida para as gerações futuras. Além da riquíssima biodiversidade, neste terreno ficam as mais belas taipas (paredões rochosos) do trecho do rio Itajaí que corta o município de Itaiópolis.
Nestes paredões rochosos vive e se reproduz o GAVIÃO-POMBO-GIGANTE (Leucopternis polionotus) , ameaçado de extinção. Clique no link e veja as imagens desta ave magnífica que fizemos no local. É enorme e emite o som semelhante ao daquelas águias (ou falcões) que aparecem nos filmes norte-americanos.
As fotos destes gigantescos paredões, local de refúgio e nidificação para aves ameaçadas de extinção, foram tiradas da estrada, na margem oposta do rio Itajai, que pertence ao municipio de Santa Terezinha (o rio Itajai faz a divisa com Itaiópolis). Clique sobre a imagem para ampliar
Nestas taipas se reproduz também o URUBU-REI (Sarcoramphus papa), ameaçado de extinção. Moradores sempre avistam um casal frequentado o local. O rio Itajaí neste ponto é chamado de raso do mandi, porque dizem que é o local onde ocorre a desova do mandi (uma espécie de bagre). É muito visado pelos pescadores que praticam a pesca predatória com tarrafas na época de procriação. A partir de agora este local ficará protegido pela vigilância da RPPN e a presença freqüente da Polícia Ambiental.
Com esta área, já conseguimos salvar para as gerações futuras temos 830 hectares, sendo que 215 hectares foram adquiridos com recursos de doadores (veja esta matéria “Brasileiros fazem doações para salvar a Mata Atlântica” e pertencem ao Instituto Rã-bugio. Será protocolada a criação da RPPN como fizemos nas demais áreas nas próximas semanas.
Imagem da área preservada adquirida, às margens do rio Itajaí, em Itaiópolis (SC), que será transformada em RPPN, para garantir sua preservação para as gerações futuras. Clique sobre a imagem para ampliar
domingo, 3 de julho de 2011
Criação de abelhas silvestres (meliponicultura) ameaça colmeias na natureza
Cepo de uma PEROBA (Aspidosperma olivaceum) centenária com 70 cm de diâmetro abatida criminosamente com motosserra para retirada de uma colméia de abelhas silvestres. O local fica em uma área de Mata Atlântica primária, em uma encosta às margens do rio Itajaí, onde foi criada a RPPN Corredeiras do Rio Itajaí, em Itaiópolis (SC).
A pior coisa que pode acontecer para uma espécie de planta ou animal é ser alvo da cobiça humana. O fato de uma área ser protegida e vigiada não é empecilho para alguém que deseja saquear algo que pode lhe render alguns trocados.
A bola da vez são as abelhas nativas da Mata Atlântica, ou sem ferrão, cujo comércio tem sido fortemente impulsionado ultimamente com a propaganda de que podem ser exploradas intensivamente para produção de mel, com promessas de ser uma atividade altamente lucrativa. Pelo menos para os saqueadores de colméias em áreas protegidas de matas nativas deve ser, pois já estão ganhando dinheiro sem investimento nenhum.
No meio da área mais preservada da RPPN Corredeiras do Rio Itajaí, em Itaiópolis (SC), observamos algo inacreditável. Uma árvore centenária, com 70 cm de diâmetro, foi abatida com uma motosserra apenas para saquear uma colmeia de abelhas silvestres. O tronco que estava oco foi seccionado para ser levado apenas a parte onde estava a colméia. Veja as imagens. Não conseguimos identificar a espécie de abelha silvestre, para saber se é ou não espécie ameaçada de extinção.
Detalhe do tronco da PEROBA (Aspidosperma olivaceum) abatida onde foi saqueada uma colmeia de abelha silvestre na RPPN Corredeiras do Rio Itajai
O que restou da PEROBA (Aspidosperma olivaceum) centenária abatida: troncos seccionados com motosserra para retirada da colmeia de abelhas silvestres
Secção do tronco da PEROBA (Aspidosperma olivaceum) abatida onde estava parte da colmeia de abelhas silvestres saqueada
Na área onde fica o Centro Interpretativo da Mata Atlântica (CIMA), em Jaraguá do Sul (SC), na parte mais preservada, encontrei recentemente outra árvore abatida com o propósito de saquear uma colmeia de abelhas silvestres.
Isso mostra que o problema é preocupante porque já não temos tantas matas preservadas para proteger a biodiversidade e que podem estar sendo garimpadas as últimas colmeias de certas espécies. Descobri que estas colmeias saqueadas da natureza são vendidas para os criadores por R$ 70,00
Troncos com colméias de abelhas silvestres saqueadas da natureza na casa de morador do entorno da RPPN Corredeiras do Rio Itajai. Foto: Christopher Thomas Blum
Este tipo de apicultura utilizando as abelhas nativas ganhou até um nome especial, meio complicado, de meliponicultura, como uma estratégia de marketing para mostrar que está se explorando algo novo, diferente, mas não é bem assim.
Quando o assunto é domesticação de plantas e animais, o principal equívoco que se comete é ignorar a experiência do passado do ser humano em lidar com as leis da natureza. Esta experiência ainda não acabou. Nesta dura batalha que nossa espécie travou contra a natureza, para explorá-la de modo a aumentar indefinidamente nossa população, que deverá atingir 7 bilhões neste ano, nossos principais alimentos são provenientes de apenas algumas espécies plantas e animais que foram domesticados por volta de 10 mil anos e desde esta época não surgiram grandes novidades.
Mel não é um alimento básico dos humanos. É uma iguaria bastante antiga, mas chegou à mesa das classes menos abastadas somente as últimas décadas, em decorrência da produção comercial de mel em larga. Para esta finalidade, não foi por acaso a escolha da abelha européia Apis mellifera, espécie dócil, que foi miscigenada aqui no Brasil com outra subespécie Apis mellifera scutellata, de origem africana, que denominamos de africanizada, com os propósitos de aumentar a produção, mas tem causado todos estes problemas, com muitos acidentes graves, provocando a morte de centenas de pessoas todos os anos.
Há muitas evidências de que a opção de explorar abelhas nativas da Mata Atlântica para a produção comercial de mel em larga escala foi considerada, testada intensamente e descartada em vários momentos da nossa história nos últimos 300 anos, pelo menos.
A produção de mel com estas abelhas em pequena escala existe há décadas. Quem já não foi abordado nas ruas das grandes metrópoles desde a década de 70, ou antes disso, não sei, por um vendedor ofertando mel de abelha jataí (certamente falso) a um preço 10 ou 20 vezes maior do que o mel de abelha africanizada?
O argumento de que a produção em pequena escala ajudará na geração de renda de pequenos agricultores (agricultura familiar) é pouco provável que ocorra, considerando que já estão com dificuldade em vender ao consumidor final por R$ 5,00 o quilo do mel de abelha africanizada que é relativamente fácil de produzir. Inclusive produtores rurais no entorno de grandes metrópoles ricas do nosso País não estão conseguindo mercado para o mel que produzem de abelhas africanizadas com preços populares. O que dirá, então, vender um mel que custa 10 ou 20 vezes mais, produto de alto valor que é muito mais visado pelos falsificadores – e dificulta a aceitação.
Além de um mercado muito limitado, as dificuldades de manejo são imensas. Haja vista do que ocorre com a apicultura tradicional, que para sobrevivência da colmeia é necessário deixar certa quantidade de mel, mas nem sempre os apicultores, principalmente os inexperientes, respeitam este limite e perdem todas as colmeias nos invernos mais rigorosos. Imagine, então, como será difícil controlar a ganância para um produto que custa R$ 100,00 o quilo e de espécies de abelha que só toleram retirar uma quantidade muito pequena de mel. Portanto, as colmeias saqueadas na natureza vão morrer nas mãos dos criadores em pouco tempo.
As doenças desconhecidas ainda que advirão da criação intensiva de abelhas silvestres é outra grande ameaça às espécies nativas que habitam nossas matas preservadas. Mas pela situação vulnerável em que se encontram hoje, poderão desaparecer da natureza bem antes disso, pelo simples saque das colmeias, como estamos observando.
Na Mata Atlântica ocorre uma interação muito forte entre plantas e animais. A dispersão das sementes e polinização da maioria das plantas são serviços realizados por animais (aves, mamíferos e insetos). Algumas espécies de abelhas silvestres são polinizadores específicos de certas árvores e o declínio ou extinção destes insetos representa a fim para estas árvores e consequentemente pode causar um colapso em todo o ecossistema.
A pior coisa que pode acontecer para uma espécie de planta ou animal é ser alvo da cobiça humana. O fato de uma área ser protegida e vigiada não é empecilho para alguém que deseja saquear algo que pode lhe render alguns trocados.
A bola da vez são as abelhas nativas da Mata Atlântica, ou sem ferrão, cujo comércio tem sido fortemente impulsionado ultimamente com a propaganda de que podem ser exploradas intensivamente para produção de mel, com promessas de ser uma atividade altamente lucrativa. Pelo menos para os saqueadores de colméias em áreas protegidas de matas nativas deve ser, pois já estão ganhando dinheiro sem investimento nenhum.
No meio da área mais preservada da RPPN Corredeiras do Rio Itajaí, em Itaiópolis (SC), observamos algo inacreditável. Uma árvore centenária, com 70 cm de diâmetro, foi abatida com uma motosserra apenas para saquear uma colmeia de abelhas silvestres. O tronco que estava oco foi seccionado para ser levado apenas a parte onde estava a colméia. Veja as imagens. Não conseguimos identificar a espécie de abelha silvestre, para saber se é ou não espécie ameaçada de extinção.
Detalhe do tronco da PEROBA (Aspidosperma olivaceum) abatida onde foi saqueada uma colmeia de abelha silvestre na RPPN Corredeiras do Rio Itajai
O que restou da PEROBA (Aspidosperma olivaceum) centenária abatida: troncos seccionados com motosserra para retirada da colmeia de abelhas silvestres
Secção do tronco da PEROBA (Aspidosperma olivaceum) abatida onde estava parte da colmeia de abelhas silvestres saqueada
Na área onde fica o Centro Interpretativo da Mata Atlântica (CIMA), em Jaraguá do Sul (SC), na parte mais preservada, encontrei recentemente outra árvore abatida com o propósito de saquear uma colmeia de abelhas silvestres.
Isso mostra que o problema é preocupante porque já não temos tantas matas preservadas para proteger a biodiversidade e que podem estar sendo garimpadas as últimas colmeias de certas espécies. Descobri que estas colmeias saqueadas da natureza são vendidas para os criadores por R$ 70,00
Troncos com colméias de abelhas silvestres saqueadas da natureza na casa de morador do entorno da RPPN Corredeiras do Rio Itajai. Foto: Christopher Thomas Blum
Este tipo de apicultura utilizando as abelhas nativas ganhou até um nome especial, meio complicado, de meliponicultura, como uma estratégia de marketing para mostrar que está se explorando algo novo, diferente, mas não é bem assim.
Quando o assunto é domesticação de plantas e animais, o principal equívoco que se comete é ignorar a experiência do passado do ser humano em lidar com as leis da natureza. Esta experiência ainda não acabou. Nesta dura batalha que nossa espécie travou contra a natureza, para explorá-la de modo a aumentar indefinidamente nossa população, que deverá atingir 7 bilhões neste ano, nossos principais alimentos são provenientes de apenas algumas espécies plantas e animais que foram domesticados por volta de 10 mil anos e desde esta época não surgiram grandes novidades.
Mel não é um alimento básico dos humanos. É uma iguaria bastante antiga, mas chegou à mesa das classes menos abastadas somente as últimas décadas, em decorrência da produção comercial de mel em larga. Para esta finalidade, não foi por acaso a escolha da abelha européia Apis mellifera, espécie dócil, que foi miscigenada aqui no Brasil com outra subespécie Apis mellifera scutellata, de origem africana, que denominamos de africanizada, com os propósitos de aumentar a produção, mas tem causado todos estes problemas, com muitos acidentes graves, provocando a morte de centenas de pessoas todos os anos.
Há muitas evidências de que a opção de explorar abelhas nativas da Mata Atlântica para a produção comercial de mel em larga escala foi considerada, testada intensamente e descartada em vários momentos da nossa história nos últimos 300 anos, pelo menos.
A produção de mel com estas abelhas em pequena escala existe há décadas. Quem já não foi abordado nas ruas das grandes metrópoles desde a década de 70, ou antes disso, não sei, por um vendedor ofertando mel de abelha jataí (certamente falso) a um preço 10 ou 20 vezes maior do que o mel de abelha africanizada?
O argumento de que a produção em pequena escala ajudará na geração de renda de pequenos agricultores (agricultura familiar) é pouco provável que ocorra, considerando que já estão com dificuldade em vender ao consumidor final por R$ 5,00 o quilo do mel de abelha africanizada que é relativamente fácil de produzir. Inclusive produtores rurais no entorno de grandes metrópoles ricas do nosso País não estão conseguindo mercado para o mel que produzem de abelhas africanizadas com preços populares. O que dirá, então, vender um mel que custa 10 ou 20 vezes mais, produto de alto valor que é muito mais visado pelos falsificadores – e dificulta a aceitação.
Além de um mercado muito limitado, as dificuldades de manejo são imensas. Haja vista do que ocorre com a apicultura tradicional, que para sobrevivência da colmeia é necessário deixar certa quantidade de mel, mas nem sempre os apicultores, principalmente os inexperientes, respeitam este limite e perdem todas as colmeias nos invernos mais rigorosos. Imagine, então, como será difícil controlar a ganância para um produto que custa R$ 100,00 o quilo e de espécies de abelha que só toleram retirar uma quantidade muito pequena de mel. Portanto, as colmeias saqueadas na natureza vão morrer nas mãos dos criadores em pouco tempo.
As doenças desconhecidas ainda que advirão da criação intensiva de abelhas silvestres é outra grande ameaça às espécies nativas que habitam nossas matas preservadas. Mas pela situação vulnerável em que se encontram hoje, poderão desaparecer da natureza bem antes disso, pelo simples saque das colmeias, como estamos observando.
Na Mata Atlântica ocorre uma interação muito forte entre plantas e animais. A dispersão das sementes e polinização da maioria das plantas são serviços realizados por animais (aves, mamíferos e insetos). Algumas espécies de abelhas silvestres são polinizadores específicos de certas árvores e o declínio ou extinção destes insetos representa a fim para estas árvores e consequentemente pode causar um colapso em todo o ecossistema.
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