Eram 13h35. Fui votar.
Quer queira, quer não, sempre sinto uma ligeira comoção na altura em que entro na sala, um indivíduo diz o meu nome, outros dois confirmam os dados…Toda aquela panóplia de procedimentos e jargões provoca em mim a noção de estar a praticar um acto solene. Gosto que assim seja.
Vou até ao posto de voto. Leio bem. Procuro fazer uma cruz perfeitinha. Levo tudo muito a sério.
Ao sair da escola primária onde sempre tenho de me dirigir nestes dias, sinto sempre uma espécie de dever cumprido. Consciência tranquila. Um comungar cívico. Saio em paz e com a clara noção que aquilo é importante para mim. É um momento meu.
Pode parecer excessivo, mas é real. Sempre que voto, sinto um nervoso miudinho, porque ainda hoje acredito que o meu voto é importante.
Não entendo tanta abstenção num tema como este. Estou cansado de ouvir toda a gente a queixar-se porque os políticos só falam de coisas que não nos interessam, só tratam de temas que a União Europeia entende como importantes, deixando para trás as reais e concretas questões do dia-a-dia, as que nos afectam, blá blá blá e o diabo a sete mais a coisa que as pariu.
56% de abstenção acrescido do que sabemos do anterior referendo sobre este tema…é coisa que não entendo.
Não querem votar? Não votem. Estão no seu direito... Mas parem de se queixar todos os dias! Chega da conversa de merda de que os políticos só pensam não sei em quê e que a vida está difícil e sem condições. Numa altura em que podemos expressar directamente a nossa opinião sobre um assunto, olhamos para o lado e nem à praia vamos, já que o sol ontem adormeceu.
Não querem votar? Não votem. Fiquem com a merda que têm e deixem levar-se pela vidinha que não vos permite querer dizer alguma coisa na sociedade onde vivem.
Bom proveito. Afinal…nem é nada convosco…