RA UMA VEZ uma criança que adorava ouvir histórias... ela nada mais esperava que viver cada momento, mas a cada passo dado neste seu mundo de sonhos e fantasia, pouco a pouco, sem o perceber, ia encontrando um sentido para a vida..."
Avozinha Garoa vai cantando Suas lindas histórias, à lareira. "Era uma vez... Um dia... Eis senão quando..." Até parece que a cidade inteira
Sob a garoa adormeceu sonhando... Nisto, um rumor de rodas em carreira... Clarins, ao longe... (É o Rei que anda buscando O pezinho da Gata Borralheira!)
Cerro os olhos, a tarde cai, macia... Aberto em meio, o livro inda não lido Inutilmente sobre os joelhos pousa...
E a chuva um' outra história principia, Para embalar meu coração dorido Que está pensando, sempre, em outra cousa...
Mário Quintana
("A Rua dos Cataventos")
"E quanto àquela criança que adorava ouvir histórias? O mais importante que resta disso tudo é que nunca esqueçamos a lição... crianças, jovens ou adultos, no mundo das fadas todos seguimos encantados e... FELIZES PARA SEMPRE !"
Quando eu era menina sempre adorava meus aniversários,Já de um tempo não consigo me sentir feliz plenamente nessa data.Por mais que tentem me alegrar, me agradar,me presentear.Não é o ficar mais velha que me incomoda.Nem sei o que é.
Acho que aquela “contenteza” de criança era tão intensa, com bolos em forma de trenó,festa cheia, velas acesas;que hoje acho qualquer comemoração meio pálida.
Já não saltito nos dias dos meus anos. Hoje fui muito mimada, presenteada,abraçada.Mas já não saltito no dia dos meus anos.
Mas não me veja, pessimista por isso.Não sou assim no dia-a-dia,apenas me conformo com a certa melancolia no dia dos meus anos.
Aniversário
Fernando Pessoa (Álvaro de Campos)
No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!
O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas
lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!
Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas o resto na sombra debaixo do alçado —,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...
Esse é um belo poema da Ana Vidal, do Livro Seda e Aço.Apenas uma amostra do livro que é todo muito bom,com poemas deliciosos.
MARÉS CHEIAS
Ponham-me sonhos a correr nas veiasDeixem-me navegar em fantasia E as vinte e quatro horas do meu diaserão sublimes como marés cheias! Quero palpitante tudo aquilo que toco Quero o que existe para lá do espelho E quero tingir de azul e ouro velhoas cores pardas dum mundo que não foco Que eu feche os olhos e me leve o vento! Que cada dia seja o meu primeiro! Que eu saiba sempre fazer um veleirodo banco de jardim onde me sento...
Quando as águas das enchentes chegam levam móveis,carros,casas.Levam sonhos. Replico aqui o desabafo do professor Sérgio Soares no Blog Dentro da Minha Cabeça do Rodrigo Rosselini.
O professor Sérgio Soares, residente a vida inteira em Ururaí, indignado com o descaso das autoridades em relação a situação em que se encontram os moradores de seu bairro, pede espaço aqui para divulgar uma carta aberta à sociedade:
"Queridos Amigos...
Uma vez que estou literalmente dentro d'água e aguado nessa situação, conto com algumas respostas e quem sabe soluções. Conto com algumas respostas.
*Sérgio Soares é professor de biologia da rede estadual, leciona no Colégio Estadual Dom Otaviano Costa, em Ururaí, e é também professor do Instituto Dom Bosco Salesiano, em Campos. Esta carta foi enviada ao jornal O Globo, para publicação.
Um agradecimento à Ana Vidal por ter emprestado essa foto linda do seu Porta do Vento da neve em Castro d'Aire, Portugal no primeiro fim-de-semana de dezembro.
escrito por João Ana Paula Motta 09-12-2008 12:24 1 comentários
A ASCOM (Assessoria de Comunicação da UENF), avisa que está montado um posto de coleta de roupas e alimentos para as vítimas das enchentes em Ururaí e Lagoa de Cima, na direção do CBB, até a próxima sexta, 05/12. Localização do CBB abaixo, assinalado em vermelho.