Por cá somos assim, não nos contentamos com meias tintas, ou bem que tudo o que temos não presta para nada, lixo, lixo, xô, xô, ou bem que descobrimos minas de ouro debaixo de cada pedra. Há bem pouco tempo, vivíamos no auge do consumo, das casas próprias, das viagens, dos "negócios financeiros", da gente gira, dos seniores, dos masters do sucesso é só querer, não duvide. Depois, afundámos-nos no choque de descobrir a bancarrota, as dívidas, a sopa dos pobres, afinal os jovens não cabiam cá, os velhos estão a mais, as empresas a encolher ou a sumir-se em escombros de desemprego, os andares novos vazios, os outros degradados, afinal estava tudo mal e sem remédio, e tudo por nossa culpa, nossa tão grande culpa. A expiação impôs-se. Mas eis que, de repente, é tudo outra vez dourado, ou melhor dizendo, "gold". Se calhar foi mesmo o pontapé de saída da bola de ouro do Ronaldo, os vistos gold jorram milhões e as imobiliárias reanimam-se sem mãos a medir, os idosos gold são bem-vindos, e os jovens gold vamos buscá-los onde estiverem, os investimentos gold vão ter tribunal com passadeira vermelha, só queremos os melhores, atenção, connosco é assim, ou gold ou nada. O País desdobra-se em folheados dourados, dura o que dura mas é gold gold gold, por menos do que isso não fazemos, tenham paciência. Connosco é assim mas convenhamos, para tanto gold é precisa muita lata!
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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014
domingo, 9 de fevereiro de 2014
Somos tão bons ou melhores...
Leio que o governo quer atrair imigrantes talentosos. Acho
muito bem, assim tenhamos capacidade para fixar em Portugal os melhores. As
praias e o sol não serão por certo suficientes.
Leio que o governo vai lançar, para o efeito, os
"vistos talento". O objectivo anunciado é atrair imigrantes de
talento ou elevado potencial. Segundo o governo "A imigração que queremos
cria o seu emprego e com isso cria oportunidades para os próprios portugueses,
não assenta no mercado de trabalho tradicional mas enriquece-o e
alarga-o".
Confesso que não compreendo a razão pela qual não criamos
"vistos talento" para reter em Portugal os talentos nacionais.
Estamos a assistir à saída significativa dos nossos jovens mais qualificados de
sempre que procuram no estrangeiro o que o país não tem para lhes dar. Com eles
vai-se o investimento feito na educação que tantos recursos custou ao país e
que tantos sacrifícios exigiu de muitas famílias, vai-se a energia e a
inovação, vai-se a esperança do futuro, fica um país cada vez mais envelhecido,
mais pobre e triste por ver partir os seus jovens sem visto de regresso.
Se não somos capazes de fixar os nossos talentos, como
seremos capazes de captar os talentos estrangeiros? Haja vontade e meios para o
conseguir, mas coloquemos em primeiro lugar os nossos. O que é nacional é tão
bom ou melhor!sábado, 8 de fevereiro de 2014
Miró...
Tenho acompanhado, sem emoção e com pouco interesse, o folhetim de Miró. Nunca se falou tanto deste pintor. De repente, graças à ação da comunicação social toda a gente se pôs a falar dos quadros de um grande pintor. Nunca vi tanto especialista. Nunca ouvi falar tanto de um pintor. Nunca um pintor foi tão "conhecido", reconhecido e "pintado" por cronistas, políticos, entendidos, desentendidos, tolos, espertos, oportunistas, calculistas, especialistas e até a Maria e o José da Esquina, velhos conhecidos, já me falaram do Miró. Uma verdadeira "miromania" instalou-se neste retângulo de gente letrada, louca e despropositada. Pensei, se "todos" falam e escrevem sobre Miró, e os seus elegantes e estranhos desenhos e pinturas "infantis", por que razão também não hei de falar ou de escrever? Homessa! Eu também vivo no mesmo retângulo, tenho costela e osso frontal de meio louco, já fiz política ou coisa parecida, gosto de ler, gosto de escrever, e não falo de Miró? Uma figura que vai ficar no imaginário português? Um gajo tão importante e cujos quadros valem milhões e que são pretexto para outras tantas confusões? Homessa! Hoje é a minha vez de falar por causa de Miró. Não falo de Miró, porque apesar de sentir um interessante efeito estético quando olho para a sua obra, que não sei explicar, só sei que me sinto bem, e para mim chega, não sou especialista em pintura, mas sou capaz de descrever as emoções e os efeitos na minha alma quando vejo, ouço e apalpo tudo aquilo que tem arte. Faz-me sentir diferente, para melhor, e dá-me prazer.
A arte deveria ser estimulada. A arte deveria ser a forma encantada de ver o mundo. Todos os processos que estimulam a feitura ou a procura da arte são bem-vindos. Deveriam ser explorados até à exaustão. Os efeitos práticos, e não só, seriam espetaculares para o desenvolvimento do povo português. Mas para isso é preciso divulgar e cativar. Neste caso a comunicação social poderia e deveria chamar a si esta missão. Mas só falam de alguma coisa, e repetem durante dias e dias a fio, desde que haja algo de negativo ou de problemático associado. Falar pela positiva? Qual quê! Nem pensar, por vezes acontece ver um programa ou outro num daqueles canais "escondidos" e afastados pela bola e parvoíce mundanas.
Recordo que no último verão fui propositadamente a Amarante para ver os quadros de Amadeo de Souza-Cardoso. Tinha prometido a mim mesmo que teria de ir ver as obras de tão brilhante e importante pintor. Fui. Fiquei impressionado com o nosso grande pintor. Senti prazer naquela tarde. Fez muito bem ao meu ego luso, que anda pelas ruas da amargura, e à minha alma sequiosa de ser estimulada pela beleza da arte. Hoje, se fizessem um inquérito aos portugueses sobre quem foi Miró ou Amadeo de Souza-Cardoso não ficaria admirado que o primeiro, com os seus desenhos "infantis", seria facilmente identificado, enquanto o grande e genial impressionista português seria praticamente objeto da pergunta: Quem?! Joga em que equipa de futebol? Ou, então, é cantor, não é? Gosto muito dele. Eu também gosto!
Vá lá senhores da comunicação social, arranjem um qualquer "escândalo" ao redor deste pintor, ou de outros, porque artistas portugueses desconhecidos, e com valor, são "às paletes", de modo a que o povo português os conheça e passe a sentir orgulho neles.
Pronto! Não falei propriamente sobre o Miró, nem a "miromania" mundana, mas aproveitei o facto para falar de um grande, genial, pintor português, Amadeo de Souza-Cardoso. Neste verão, volto a Amarante para beber durante uma tarde a beleza da arte.
E não é só este que vou ver. Irei ver muitos outros. Muitos mesmo...
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014
"Indiferente ao mundo"
Deitado. Olhos fechados, boca semiaberta, indiferente ao mundo. Pergunta, que horas são? São seis horas. Da manhã? Não, da tarde. Emudeceu. Pede-me incessantemente para libertar as mãos. Explico-lhe que não pode e digo os motivos. Aparentemente aceita. Pede-me para mover os braços. Esfrego-lhe o braço esquerdo. Agora, o direito. Põe o braço direito, diz. Esfrego durante alguns segundos. Agora o outro, põe o braço direito. Esfrego-o durante alguns segundos. Pronto. Sento-me e olho para a sua expressão como se estivesse na antecâmara do esquecimento. Agora atrás. Atrás? Esfrego-lhe durante breves segundos as costas. Pronto. Está bem. O som é baixo, lento, despegado, embora se sinta alguma ansiedade na sonolência verbal. Quer protestar, e protesta. Contra-argumento conforme posso, invocando razões que seriam liminarmente destruídas de imediato há três dias. Protesta. Falta-lhe forças, mas não lhe falta vontade e algum discernimento. Tudo se desvanece num arrastar doloroso, e assume uma aparente passividade que me incomoda. Pede-me sempre a mesma coisa. Estou preso, tira-me isto. Liberta-me. Não posso, e explico de forma quase infantil as razões, razões que não engole. Pede uma, duas, várias vezes. Levanto-me e massajo-lhe os braços e as costas. Poucos segundos depois diz, está bem. Pronto. Acabo de me sentar. Pede-me novamente para por o braço direito. Levanto-me e repito a manobra com uma suave massagem. Perdi o conto às vezes que me pediu. Perdi o conto às vezes que fiz. Tudo feito com olhos fechados e boca semiaberta como se estivesse a saborear algo que eu não vejo. Há um desejo de libertação, estranho, já vi muitas vezes este desejo. Olho-o e recordo o discurso fluente e contundente de há poucos dias. Um contraste que dói, uma queda que espanta, mesmo para quem tem experiências nestas andanças. Os sinais de bonança estão à minha frente. O fim da tempestade da vida aproxima-se de uma forma calma, rápida e surpreendentemente aflitiva para quem o conhece. Olho e vejo tudo, o passado dele e o meu futuro. Tudo tem um fim, por vezes demora, outras não, outras incomoda. Ele sabe que o fim está à distância de um pensamento e de um desejo. A cabeça, mesmo atordoada pela doença, teima em querer espreitar, ver, ouvir e sentir o fim. Deitado. Olhos fechados, boca semiaberta, indiferente ao mundo, espera. Eu também.eitado. Olhos fechados, boca semiaberta, indiferente ao mundo. Pergunta, que horas são? São seis horas. Da manhã? Não, da tarde. Emudeceu. Pede-me incessantemente para libertar as mãos. Explico-lhe que não pode e digo os motivos. Aparentemente aceita. Pede-me para mover os braços. Esfrego-lhe o braço esquerdo. Agora, o direito. Põe o braço direito, diz. Esfrego durante alguns segundos. Agora o outro, põe o braço direito. Esfrego-o durante alguns segundos. Pronto. Sento-me e olho para a sua expressão como se estivesse na antecâmara do esquecimento. Agora atrás. Atrás? Esfrego-lhe durante breves segundos as costas. Pronto. Está bem. O som é baixo, lento, despegado, embora se sinta alguma ansiedade na sonolência verbal. Quer protestar, e protesta. Contra-argumento conforme posso, invocando razões que seriam liminarmente destruídas de imediato há três dias. Protesta. Falta-lhe forças, mas não lhe falta vontade e algum discernimento. Tudo se desvanece num arrastar doloroso, e assume uma aparente passividade que me incomoda. Pede-me sempre a mesma coisa. Estou preso, tira-me isto. Liberta-me. Não posso, e explico de forma quase infantil as razões, razões que não engole. Pede uma, duas, várias vezes. Levanto-me e massajo-lhe os braços e as costas. Poucos segundos depois diz, está bem. Pronto. Acabo de me sentar. Pede-me novamente para por o braço direito. Levanto-me e repito a manobra com uma suave massagem. Perdi o conto às vezes que me pediu. Perdi o conto às vezes que fiz. Tudo feito com olhos fechados e boca semiaberta como se estivesse a saborear algo que eu não vejo. Há um desejo de libertação, estranho, já vi muitas vezes este desejo. Olho-o e recordo o discurso fluente e contundente de há poucos dias. Um contraste que dói, uma queda que espanta, mesmo para quem tem experiências nestas andanças. Os sinais de bonança estão à minha frente. O fim da tempestade da vida aproxima-se de uma forma calma, rápida e surpreendentemente aflitiva para quem o conhece. Olho e vejo tudo, o passado dele e o meu futuro. Tudo tem um fim, por vezes demora, outras não, outras incomoda. Ele sabe que o fim está à distância de um pensamento e de um desejo. A cabeça, mesmo atordoada pela doença, teima em querer espreitar, ver, ouvir e sentir o fim. Deitado. Olhos fechados, boca semiaberta, indiferente ao mundo, espera. Eu também.
Isto foi ontem. Hoje já não espera, não vê, não ouve e não sente, apenas finge que vive, mas não sabe. Eu não, eu sei, eu vivo, eu vejo, eu ouço, eu sinto e continuo à espera...
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014
A homenagem devida a Oliveira e Costa
A avaliar pela polémica instalada sobre a venda dos quadros do Miró, é perfeitamente injusto não reconhecer o rasgo e a visão do Dr. Oliveira e Costa, que logrou trazer para Portugal a extraordinária colecção.
Assim, pelos elevados serviços prestados à pátria no domínio da cultura, bem que merece ser condecorado com o Grande Colar do Mérito Cultural. E, obviamente, um perdão antecipado de pena, que um país tem que ser generoso para quem assim fomenta a cultura, sobretudo dos nossos políticos e comentadores. Pois, sem Oliveira e Costa, nunca teriam a oportunidade de instantaneamente se tornaram especialistas em Miró.
Também por eles, Oliveira e Costa merece todas as homenagens. Miró ficaria grato.
As 1800 páginas de regras do QREN: um perfeito manual de corrupção
Sabiam os meus amigos que é preciso conhecer minuciosamente um
regulamento de 1800 páginas e uma centena de regras para algum empresário,
grande, médio ou pequeno, poder habilitar-se aos dinheiros do QREN (Quadro de
Referência Estratégica Nacional)?
Pior ainda, pois “não é certo que lendo tudo não haja outro
regulamento que se sobreponha…”, segundo referiu ao Jornal de Negócios o
Secretário de Estado do Desenvolvimento Regional.
Claro que esta situação leva a todos os favores interpretativos dos
burocratas, sendo a própria lei o principal instrumento que favorece e gera a corrupção. Não satisfeitos, os burocratas deram em inventar os Observatórios para
observar a corrupção que eles próprios criam e desenvolvem.
Justiça se faça, estas 1800 páginas de normas são dos burocratas de
Bruxelas. O nosso Secretário de Estado tem a suprema boa vontade de querer reduzi-las, para as tornar
compreensíveis e utilizáveis.
Reduzir, até pode ser que sim. Mas levar os
burocratas a mudar de manual suculento para um fast food regulamentar, isso não
acredito. Seguir um manual reduzido seria como prostituir-se a classe com material
de segunda ordem. Por isso, é bem mais certo que se reduza é o tempo do mandato do Secretário de Estado!... Burocrata manda.
quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014
"Nova idade"...
Quando se vive muito aprendemos a ver as coisas de uma forma bastante diferente. Sempre suspeitei que com a idade iria aprender e saber coisas que não se aprendem e nem se sabem quando se é novo. É preciso chegar àquela "idade". Ficamos admirados como é que entendemos e interpretamos o que se passa à nossa volta. Sentimos que somos mesmo diferentes. Para melhor? Sim, num certo sentido para melhor, mas também mais fragilizados, não em termos meramente físicos mas em termos de vida presente e futura. Adquirimos um certo à-vontade embrulhado em ansiedade e enfeitado com belos laços de resignação. Uma prenda única, diferente de tudo o que experimentámos ao longo da vida. As pessoas olham-nos de maneira diferente e nós vemos as coisas como elas realmente são. Penso que é a antecâmara da idade da sabedoria. Tudo nos inquieta, mas perante as inquietações, tristezas, tragédias e misérias da vida, conseguimos manter uma aura de dignidade, quem sabe se não é uma forma de resolver aquilo que não tem solução.
Sinto-me diferente, tão diferente que julgo não ser o mesmo, ou, então, acabei por me encontrar sem esquecer os sentimentos, as experiências e as vivências de outras épocas, que me alimentam, que me acalentam e que me fazem sonhar. Tudo caldeado na mente que acaba por impor um estranho ritmo de pensar e de decidir. Pequenas coisas sem importância passam a adquirir um estatuto e uma grandiosidade nunca imaginada, enquanto outras, tão valorizadas, tão veneradas e tão desejadas acabam por remeter-se ao seu verdadeiro plano, a insignificância.
É muita estranha a minha forma de pensar de hoje versus a que me acompanhou durante toda a vida. Mesmo as experiências triviais, novas no tempo e velhas na forma, são diferentes, e esperam a minha opinião. Tenho que a dar e tenho que me explicar. Sim, porque no final tenho de encontrar uma explicação para mim e viver com ela...
Sinto-me diferente, tão diferente que julgo não ser o mesmo, ou, então, acabei por me encontrar sem esquecer os sentimentos, as experiências e as vivências de outras épocas, que me alimentam, que me acalentam e que me fazem sonhar. Tudo caldeado na mente que acaba por impor um estranho ritmo de pensar e de decidir. Pequenas coisas sem importância passam a adquirir um estatuto e uma grandiosidade nunca imaginada, enquanto outras, tão valorizadas, tão veneradas e tão desejadas acabam por remeter-se ao seu verdadeiro plano, a insignificância.
É muita estranha a minha forma de pensar de hoje versus a que me acompanhou durante toda a vida. Mesmo as experiências triviais, novas no tempo e velhas na forma, são diferentes, e esperam a minha opinião. Tenho que a dar e tenho que me explicar. Sim, porque no final tenho de encontrar uma explicação para mim e viver com ela...
Os Transportes dos sindicatos.
Ontem, grevistas da CP ocuparam a via férrea e não deixaram partir comboios.
Nas empresas privadas de
transportes, que têm donos que visam remunerar adequadamente o capital
investido, os trabalhadores asseguram regularmente
o serviço de transportar os cidadãos, em paz social, sem greves ou perturbações
de serviço.
Nas empresas públicas de transportes, que visam exclusivamente prestar
o serviço público de transportes, os trabalhadores não passam um dia sem greve
ou perturbação do serviço.
Nas primeiras, privadas, mandam os donos e os trabalhadores colaboram
activamente no serviço público que regularmente prestam.
Nas segundas, públicas, os donos, que dizem sermos nós, seguramente não mandam, o poder é dos sindicatos
que se arrogaram o direito de transportar ou parar. Ou, agora, tornar suas as próprias
infraestruturas públicas.
Nas primeiras, privadas, pagamos o bilhete ou o passe, e somos servidos.
Nas segundas, públicas, pagamos o passe por antecipação, e as indemnizações
compensatórias nos impostos, e ficamos em terra.
Compreendo que haja quem goste deste tipo de serviço público. E não o queira
exercido por empresas privadas. Naturalmente, quem dele se aproveita para fins
privados. Cinicamente, invocando o serviço público e o bem do povo. Que lhes
paga, sem receber a contraparte. Um roubo. Dizem que constitucional.
terça-feira, 4 de fevereiro de 2014
Maldição?
Esta estória das obras de Miró tem contornos que seriam anedóticos se não revelasse a tragédia de um País entregue a gente imatura e acima de tudo impreparada. Desde a epifania que despertou alguns senhores deputados para a existência de um tesouro nas mãos da Parvalorem, tesouro que até então não tinha provocado qualquer interesse ou comoção nem no governo nem na oposição; até ao despacho do S E da Cultura que a decisão de indeferimento do decretamento provisório de providencia cautelar dá a conhecer. Esse despacho incide sobre o pedido de autorização para expedição temporária do acervo em 31/01/2014, determinando a inutilidade do procedimento administrativo porque...os quadros já estavam em Londres! E mais não disse. Ou melhor, disse: a expedição sem autorização é contraordenação pelo que a Parvalorem tem de pagar uma coima...
segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014
A justificação do injustificável...
Vai para mais de dois anos que o problema do amianto do edifício sede da Direcção Geral de Energia e Geologia foi questionado por um grupo de funcionários através das normais vias administrativas. Agora o assunto conheceu a luz mediática. Ainda bem. A culpa é das burocracias do Estado, dos labirintos processuais e das contabilidades orçamentais. Um emaranhado de causas que aparece no topo das justificações do injustificável. Não é a primeira vez que é encontrado amianto em instalações públicas. Recordo-me do caso do Palácio de Justiça em Lisboa, o edifício sofreu à época uma grande intervenção. Esperemos que a luz mediática não se apague até que a solução do problema conheça rapidamente a luz do dia e que seja realizado o levantamento que está por fazer dos edifícios públicos com amianto...
"Células de Deus"...
Procuramos incessantemente soluções para os nossos problemas. O homem inquieta-se face ao sofrimento. Não é de hoje esta inquietação, é de sempre, mas quem sabe se um dia não irá conseguir apagar grande parte do seu sofrimento graças às suas descobertas.
Quando descobriu as propriedades das células estaminais levantaram-se esperanças quase que infinitas, indo da reparação das lesões até à clonagem. A fonte miraculosa começou a abrir novas perspetivas e, ao mesmo tempo, a criar pruridos intensos sob o ponto de vista ético. A problemática dos embriões excedentários e a sua utilização para fins específicos, tipo regenerativo, causou, e continua a causar, muita discussão e tentativas de impedimento a muitos níveis. De qualquer modo este tipo de células também têm o seu senão. Depois conseguiu-se obter células estaminais induzidas a partir de células do adulto o que permitiu eliminar graves problemas éticos. Mas não são suficientes porque apesar de serem pluripotentes não são totipotentes. Estas últimas possuem toadas as capacidades inerentes às primeiras células embrionárias capazes de dar origem a qualquer tipo de célula. Mais um avanço em termos biológicos e até éticos. Agora as coisas deram um salto pouco comum. Células do adulto, qualquer uma, que sejam sujeitas a um stress intenso, a lamber os limites da morte, faz com que as células consigam regredir a um estádio perfeitamente idêntico às das primeiras células que se dividem, totipotentes, podendo originar qualquer tipo de célula. Basta, por exemplo, submeter células a um meio ácido durante meia-hora para que possam adquirir este potencial. Depois é fácil, pelo menos aparentemente, transformar um órgão doente semeando as tais células novinhas em folha. Até é possível criar um embrião a partir da célula de um adulto dando origem a um indivíduo perfeitamente igual a si próprio. O processo, repito, é simples, demasiado simples e levanta a hipótese de no futuro a medicina regenerativa conseguir reparar tudo e mais qualquer coisa. Não é ficção, é uma realidade cujas portas começam a abrir-se. Deste modo é legítimo perguntar se um dia destes não irá ser possível tratar e regenerar tudo que ameace a integridade física humana, transportando-nos a um patamar muito interessante e até esquisito. Uma espécie de imortalidade à custa de uma agressão extrema, quase mortal, de uma célula do adulto. O homem caminha a passos largos para atingir o seu maior sonho, transformar-se num deus igual aquele que sempre criou e amou, mas que vai perdendo lugar neste planeta para o criativo ser humano.
"Sabes que dia é hoje?"
Não me posso esquecer. É impossível. Ainda tenho razão e uma memória que me obriga amiúde a mergulhar no passado, alimentando-me de histórias, de carícias, de imagens, de sons, de silêncios, de esperanças e de muito amor. Ouvi da sua boca pela primeira vez quem era o São Brás. Um santo, médico, bispo, que fez milagres com as doenças da garganta. Ela sabia o milagre da criança aflita com uma espinha espetada na garganta que não conseguia respirar, quando, ao passar por ela, a mãe pediu ao santo para a salvar. São Brás, sem qualquer instrumento, retirou da garganta uma enorme espinha que a ameaçava de morte. Deliciava-me com esta história e comecei a prestar um profundo respeito e admiração pelo santo. Talvez tenha sido o primeiro santo cuja data decorei e nunca mais esqueci, três de fevereiro. Todos os anos, enquanto fui criança, ouvia deliciado a mesma história e não deixava de colocar a minha pequena mão na garganta como a querer tirar uma espinha imaginária, embora já tivesse tido alguma experiência da incomodidade provocada por uma ou outra, pequena, claro.
Perguntei-lhe por que é que a mãe não lhe tinha dado uma pequena bola feita de miolo do pão para engolir e assim tirava a espinha. Era o que fazia comigo. Dizia que naquele caso a espinha, sendo muito grande, e estando espetada profundamente na garganta, não podia ser retirada dessa forma. Eu ouvia, fascinado, a história, afagando a garganta como se estivesse a sentir a maldita espinha. Depois vinha a pequena festa, pequena mesmo, mas mesmo assim bonita, a que não faltava os beijinhos e os abraços de parabéns. Era o dia do seu aniversário. Todos os anos ouvia a lenda do São Brás. Depois, mais tarde, já não lhe pedia para me contar novamente a história. Não precisava de a ouvir da sua boca, ouvi-a mentalmente, vezes sem conta sem deixar de afagar a garganta. Quando não estava com ela telefonava-lhe e começava a conversa dizendo, sabes que dia é hoje? É o dia do São Brás. Imagino que deveria estar a sorrir. A seguir dava-lhe os parabéns e um beijinho por mais um aniversário. Agradecia e dizíamos as trivialidades próprias do dia. Continuámos com este ritual durante muitos anos. Mesmo quando a cabeça começou a render-se ao inevitável, nunca deixou de ter a lucidez suficiente e uma explosiva alegria nesse dia que começava sempre com a mesma frase, sabes que hoje é o dia de São Brás? Ria-se. Sim, nos últimos anos ouvia-a rir-se do outro lado sempre que lhe lembrava o santo. Mesmo no último ano em que fez anos, não deixei de lhe dizer, sabes que dia é hoje? Respondeu-me: - Sei filho. Sei. É o dia de São Brás? - É! Uma pequena gargalhada, ou algo similar, saiu-lhe da garganta como se estivesse abençoada pelo santo.
Hoje é o dia de São Brás. Já não lhe posso perguntar, sabes que dia é hoje? É o dia do santo, cuja lenda deverá ter sido a primeira, ou uma das primeiras, que fixei e que todos os anos, neste dia, gostava de a ouvir pela boca minha mãe.
- Sabes que dia é hoje?
Oiço, finjo ouvir, gostava de ouvir a resposta, é o dia do São Brás. Entretanto afago com a mão a garganta como fazia em pequeno...
sábado, 1 de fevereiro de 2014
"Senhor da Ponte"
Tenho saudades, confesso. Muitas saudades. Cresci e vivi na sua companhia. Nas muitas idas e vindas à vila tinha de passar por ele. Muitas das vezes parava, espreitava, dizia-lhe adeus e algumas vezes até lhe dava uma moeda. Ele olhava, não dizia nada, mas sorria à sua maneira. Durante anos foi o meu ponto de referência, de confiança e até de esperança. Partilhava dos meus segredos, ansiedades e eu acreditava nos seus cuidados e atenções. Nunca ninguém se esbarrou contra ele. Nunca. Entravam a cem à hora na ponte, e ele gozava com o atrevimento, assim que ameaçavam entrar pela capela dentro, o meio peão, o chiar dos travões e o descascar dos pneus davam por terminada a investida contra ele. Ele gostava, posso mesmo dizer que adorava, conhecia de cor os "Fângios" da época, o Senhor Regadas, o Carlos Adelino e o acelera do Arlindo com a sua mota. Andei com os três, e ao chegar aquele ponto, crítico, calava-me e benzia-me mentalmente. Presumo que só continuava a respirar depois de ter dado a curva. Ele gostava de tudo isto, dos aceleras, dos peões que calcorreavam a Via Cova ou a Calçada Velha, dos carros de praça, velhos ronceiros, das mulheres descalças que levavam o almoço aos homens que trabalhavam nas fábricas na Estação, dos crentes que lhe faziam promessas e das carroças puxadas pelas mulas. Ele gostava de tudo isto, sempre fechado no seu silêncio, mas vivo de emoções e preso aos múltiplos encantos que ouvia e via a toda hora, fosse de dia fosse de noite, houvesse alegria ou jogasse tristeza vinda do céu ou das almas que por ali passavam. Ele gostava. Não sei se via, mas ouvia as águas do rio a correr pachorrentamente ou com muita violência debaixo da ponte que lhe deu o apodo. Ele gostava. Eu também gostava dele. Não me lembro uma única vez que tenha passado por ali, e foram tantas, meu Deus, que não o cumprimentasse à minha maneira. Depois, um dia, para não morrer afogado tiraram-no daquele lugar. Hoje, passo por ele todas as semanas mais do que uma vez, mas há uma barreira que me impede de lá ir, de o ver e de travar meia dúzia de palavras como fazia nos velhos tempos. Mando-lhe pelo ar, em silêncio, algumas frases e outros tantos pensamentos. Eu sei que ainda se recorda de mim. Eu nunca o esqueci, mas tenho pena de o terem colocado naquele sítio. Sinto que está triste, solitário e praticamente abandonado. Sei que precisa de ouvir e de ver os carros, mas de frente, não daquela forma impessoal e distante dos que por ali passam sem dar conta da sua existência. Duvido que consiga ver os condutores. Ele precisa de ver, ouvir, sentir e beber as orações dos que querem tocar-lhe à porta. Ele precisa de movimento, de estar em permanente interação com carros, motos e pessoas, de conviver, de partilhar conversas e emoções, de ser o perfeito cúmplice das vidas das pessoas. Mas ali, naquele local, não consegue. Está triste. Deve mesmo chorar durante a noite. Chamam-lhe o Senhor da Ponte. Para manter o seu nome Ele precisa apenas de viver à entrada duma ponte sob a qual corra água. Não é preciso ser uma ponte especial, nem que a corrente de água seja a de um rio, uma ribeira também serve. Se O colocassem naquele espaço junto à "casa paroquial", em frente da igreja, do outro lado da rua, junto à entrada do viaduto, estou certo de que recuperaria a alegria e iria ajudar todos os que por ali passassem. Estou certo de que gostaria. Não se sentiria abandonado e faria a felicidade de muitos. A mim dava.
Ondas e ondas
"Afiada como a foice é a margem entre a luz e a sombra"
Amor no vale, de G. Meredith
Podemos fazer um montão de leis, por exemplo "é proibido os jovens exporem-se a perigos estúpidos", "é dever de cada jovem recusar alinhar em aventuras imprudentes", "é abolido o hábito nefasto da admiração pelos mais fortes ou mais rebeldes". Já agora, faz falta uma lei que proíba ondas de opinião pública alimentadas por especulações e por conversas cruzadas que induzam a julgamentos precipitados e cruéis para quem os sofre. Lembro-me sempre dos apupos de ódio aos pais da pequena Maddie depois de inflamados palpites sobre a sua culpabilidade no desaparecimento da filha.
Nunca conseguiremos proteger os nossos filhos de tudo o que lhes pode acontecer, a distinção entre a prudência e a loucura, entre a bravata e a inconsciência, entre o bem e o mal é um permanente exercício de risco, de frustração e de ansiedade para quem quer educar e proteger sem coartar a liberdade. Porque não os avisámos suficientemente, como pudemos deixá-los ir, como foram sem nos avisar? Perante uma tragédia há sempre um sentimento de culpa, por absurdo que seja, por injusto que seja, manda a caridade, no sentido cristão do termo, que se poupem as pessoas envolvidas a mais sofrimento. Um crime é sempre uma tragédia, mas uma tragédia não resulta sempre de um crime. Pode resultar de uma fatalidade impossível de prever ou evitar, mas em regra vem da imprudência, do desafio, ou do tão juvenil sentido da invencibilidade e do gosto por ir além dos limites impostos.Mas a tragédia pode e deve servir para alertar para o perigo, e assim prevenir que volte a suceder. Se procurarmos crimes onde devíamos ver a tragédia estamos a desviar do essencial e a impedir que se leve a sério o perigo que causou a desgraça. As ondas do mar revolto e bruto não sabem o que fazem, mas a voracidade pública que clama cegamente por um "culpado" não pode ignorar que só aumenta a tragédia dos que a sofreram.
Temo o homem de um só livro!...
Temo o homem de um só livro.
S. Tomás de Aquino
Vi ontem esta citação na contracapa de um livro que folheava numa livraria. Que me deixou a pensar quanto extremismo, quanta dor, quanta barbárie se devem a quem seguiu ou segue apenas uma cartilha, vermelha, verde ou de qualquer cor!...
Sabia que S. Tomás de Aquino era considerado como uma das mais refulgentes inteligências humanas de todos os tempos. Fiquei a saber que também foi um homem verdadeiramente sábio.
PS: ... sábio e avançado no seu tempo. Parece que S. Tomás de Aquino tomava banho várias vezes por ano, ao contrário dos seus pares e da nobreza que ecologicamente usavam lavar-se por inteiro apenas uma vez. Agora, banho regular tomarão as nossas "elites" políticas, as ideias é que andam mais porcas que nunca...
sexta-feira, 31 de janeiro de 2014
Mensagem
Pode ser influência do tempo, mas apetece-me recordá-lo:
"Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro..."
Pessoa, Mensagem
"Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro..."
Pessoa, Mensagem
quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
Faz o que te digo não faças o que eu faço...
A Alemanha decidiu em 2011 aumentar a idade de reforma dos 65 anos para os 67 anos para responder à evolução demográfica, designadamente ao aumento de esperança de vida, contribuindo assim para melhorar as contas financeiras do sistema de pensões.
Merkel defendeu que os países europeus deveriam adoptar a mesma medida, o que tem vindo a acontecer em muitos países. Nos países intervencionados, como Portugal, o aumento da idade de reforma assumiu, inclusivamente, um carácter urgente, não tendo sido adoptados mecanismos de gradualismo que neste tipo de mudanças são normalmente introduzidos.
Merkel decidiu agora, para satisfazer promessas eleitorais, inverter o caminho. A idade de reforma vai baixar para os 63 anos. Será que Merkel vai ter agora a mesma atitude de 2011 e defender o mesmo aos parceiros europeus? É caso para dizer: faz o que te digo não faças o que eu faço...
Merkel defendeu que os países europeus deveriam adoptar a mesma medida, o que tem vindo a acontecer em muitos países. Nos países intervencionados, como Portugal, o aumento da idade de reforma assumiu, inclusivamente, um carácter urgente, não tendo sido adoptados mecanismos de gradualismo que neste tipo de mudanças são normalmente introduzidos.
Merkel decidiu agora, para satisfazer promessas eleitorais, inverter o caminho. A idade de reforma vai baixar para os 63 anos. Será que Merkel vai ter agora a mesma atitude de 2011 e defender o mesmo aos parceiros europeus? É caso para dizer: faz o que te digo não faças o que eu faço...
quarta-feira, 29 de janeiro de 2014
Não me tinha apercebido, mas hoje reabriram os tribunais...
Há coisas que persistem. Sobre elas em tempos aqui escrevi. Em homenagem ao que permanece, volto a publicar:
- "A sessão solene que assinala o início do ano judicial ocorre em fins de Janeiro. Pensar-se-ia que o ciclo anual da justiça começa em Setembro após as férias judiciais. Ou mesmo no princípio do ano civil. Não. Ocorre quando a agenda dos actores determina, atrasando-se em relação a estes marcos sem outra curial explicação. Este facto simbolicamente retrata, a par da rotina da cerimónia, o desfasamento no tempo e no modo da justiça nacional.
- Mas não é o desfasamento no tempo a causa do mal. É somente uma das consequências de um sistema completamente disfuncional, que tem origens tão conhecidas como dificilmente assumidas por quem tinha o dever de as assumir primeiro".
Da internalização das externalidades negativas e da descarbonização
Acaba de ser criada uma nova Comissão, a Comissão para a reforma fiscal verde. Para além da cor, a Comissão tem um objectivo deveras exótico: promover mecanismos que permitam a "internalização das externalidades negativas". Claro, mas "sem agravar a carga fiscal global para as famílias e as empresas". Isto é, internalizar o negativo, mas sem agravar o que está, eis uma verdadeira quadratura do círculo verde. Como se trata de matéria fiscal, naturalmente a Comissão é presidida por um engenheiro e vai ser apresentada no Ministério do Ambiente. E, muito importante, para além de internalizar as externalidades negativas, a reforma dos impostos deve produzir "uma redistribuição dos incentivos fiscais adequados a promover uma economia de baixo carbono". O preço da energia e a competitividade é coisa de somenos nesta matéria.
No âmbito do Ministério das Finança, terminoram há bem poucos dias os trabalhos da Comissão de Reforma do IRC. Não sei se tinha cor. Foi também já anunciada a Comissão para a reforma do IRS. Ainda não sei a cor. Mas presumo que em ambas terá sido a vermelha, para condizer com as cores da bandeira de um país cuja maior especialidade é a cobrança de impostos até à extorsão.
Claro que o Ambiente não pode ficar atrás das Finanças nesta matéria impositiva. E aí temos o retrato de um governo corporativo, com um ministério a abocanhar competências de outro. Claro que não, tudo ficará explicadinho... Mas se um Ministério a cobrar impostos já faz o que faz, será de fugir de dois Ministérios em concorrência fiscal.
E enquanto China,Índia, Rússia, Brasil e todos grandes poluidores do planeta vão produzindo e concorrendo com a nossa cara energia, nós andamos preocupados com descarbonizações verdes, que já oneram, e de que maneira, os custos de uma energia que, só por si, dificulta a competitividade no mercado global da nossa microcospicamente poluente economia.
E é assim que um governo, não sei se unitário, mas seguramente corporativo, se propõe salvar o mundo, descarbonizando Portugal. Temei, oh gentes! E é caso para ficar verde, mas de medo.
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