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domingo, 30 de abril de 2006
“Maias”
Maia, deusa do fogo que regia o calor vital e a sexualidade, não é esquecida por estas bandas. Em muitas portas o povo não deixa de colocar as “maias”. Amanhã, inicia-se o mês da deusa da fertilidade. Belas manifestações pagãs que “teimam” em persistir…
Os contentinhos da esquerda!...
O discurso do Presidente da República no 25 de Abril continua a fazer alastrar ondas de choque nalgumas áreas da esquerda.
Ainda mal recuperada do fôlego depois do murro no estômago, tem cabido a tardia reacção aos seus analistas institucionais e bem pensantes.
Ainda ontem, numa mesa-redonda na SIC Notícias, e para além de o Presidente ser depreciativamente tratado por “ o Cavaco”, o discurso foi analisado com um primarismo absolutamente confrangedor.
Ainda mal recuperada do fôlego depois do murro no estômago, tem cabido a tardia reacção aos seus analistas institucionais e bem pensantes.
Ainda ontem, numa mesa-redonda na SIC Notícias, e para além de o Presidente ser depreciativamente tratado por “ o Cavaco”, o discurso foi analisado com um primarismo absolutamente confrangedor.
Nada do que o Presidente disse foi relevante; relevante, sim era o que os analistas quereriam que ele dissesse. É verdade que foram consequentes: em vez de comentarem o discurso do Presidente, comentaram-se a si próprios.
Hoje, no Diário de Notícias, Nuno Brederode Santos, que considero, pensando que a estima é recíproca, termina a sua prosa com a seguinte afirmação: “…muita gente aplaudiu este discurso, porque muita gente tinha interesse em aplaudir o que foi feito justamente para que muita gente aplaudisse. Uma sinuosidade de alma a que alguns chamam política”.
Tem que ter cuidado, Nuno Brederode Santos, porque o argumento, de tão forte, pode voltar-se contra si próprio.
Muita gente vai aplaudir o seu comentário, porque muita gente tem interesse em aplaudir o que foi feito para que muita gente aplaudisse. Uma sinuosidade de alma a que muitos chamam comentário político!...
No final, podemos estar satisfeitos. Exclusão social não existe em Portugal. Pelo menos, a avaliar pelos comentários ao discurso de Cavaco Silva que os contentinhos da esquerda vão fazendo!...
Hoje, no Diário de Notícias, Nuno Brederode Santos, que considero, pensando que a estima é recíproca, termina a sua prosa com a seguinte afirmação: “…muita gente aplaudiu este discurso, porque muita gente tinha interesse em aplaudir o que foi feito justamente para que muita gente aplaudisse. Uma sinuosidade de alma a que alguns chamam política”.
Tem que ter cuidado, Nuno Brederode Santos, porque o argumento, de tão forte, pode voltar-se contra si próprio.
Muita gente vai aplaudir o seu comentário, porque muita gente tem interesse em aplaudir o que foi feito para que muita gente aplaudisse. Uma sinuosidade de alma a que muitos chamam comentário político!...
No final, podemos estar satisfeitos. Exclusão social não existe em Portugal. Pelo menos, a avaliar pelos comentários ao discurso de Cavaco Silva que os contentinhos da esquerda vão fazendo!...
Por Terras do Tio Sam – Abril 29, Sábado – Capítulo 8
Completou-se hoje uma semana desde que saí de Lisboa. E, olhando para trás, passou tão a correr!... Depois de uma primeira semana em DC – como acontece sempre nestes Programas, já me encontro, agora, em Seattle, 8 horas a menos do que em Portugal e com frio, chuva e vento! Parece que as perspectivas para amanhã são melhores, e espero mesmo que sejam, porque amanhã é dia de novidades culturais e recreativas (só Domingo regresso ao “trabalho”, que é como quem diz, às visitas, às conferências, às reuniões…). E como amanhã tenho previsto um passeio de barco ao largo de Seattle, era bom que o tempo estivesse bem melhor…
Bem, mas quanto à viagem, correu relativamente bem, excepto por três factores.
O primeiro, a exemplo do que já se tinha passado na viagem de Lisboa para aqui, residiu no facto de a minha bagagem de mão – comprada especificamente para poder ser arrumada na cabina – não caber nos compartimentos dos aviões dos EUA (bem, nem tudo podia ser bom, não é verdade?!). E aqui a Europa leva vantagem – pelo menos nos Airbus em que tenho viajado não tenho tido problemas. Talvez o facto de o fabricante destas bagagens ser europeu ajude a perceber por que se passam as coisas assim… O facto é que mais uma vez cheguei ao avião, esforcei-me por encaixar a mala no compartimento e… tive que desistir, tendo ela ido parar de novo ao porão.
Felizmente que até agora tudo em termos de bagagens tem corrido bem (leia-se: nada foi ainda perdido, como já uma vez no passado me sucedeu, sendo certo que essa mala nunca mais apareceu, até hoje!... Percebem agora a minha questão de levar o máximo de bagagens que posso comigo?!).
O segundo factor teve a ver com algo que se terá passado com um extintor no voo de DC para Chicago, que obrigou à sua reparação e que quase nos ia fazendo perder o voo de Chicago para Seattle (não sei se há voos directos de DC para Seattle, mas hoje não houve, daí a escala em Chicago). Felizmente, tudo se ficou pelo sobressalto, nada mais.
Finalmente, o facto de, ao que parece, agora, as companhias aéreas dos EUA, em voos domésticos já não servirem refeições sem serem pagas pelos passageiros, devido à concorrência, que é mais do que muita. Bem, se fosse só isto, enfim, já viajei em low cost carriers e aí não temos direito a nada para comer ou beber se não pagarmos; seria estranho que num voo da American Airlines tal se passasse, mas pronto… Agora, que tenha sido permitido – e parece que é a regra nos voos domésticos – que os passageiros tragam a sua própria comida para dentro do avião é que foi a grande novidade. Mal saímos em Chicago, o ELO avisou-me logo para ir ao McDonald’s, ou a qualquer outro restaurante de fast food ali ao pé, para que me embrulhassem o que eu quisesse, uma vez que mesmo isso seria melhor do que a comida paga (um snack) que teriam disponível no avião. E, portanto, não só eu, como a esmagadora maioria dos passageiros lá entrou no aparelho com o seu farnel (o meu era McDonald’s), para uma viagem de mais de 4 horas! Só visto, digo eu, porque contado ninguém acredita! Ainda para mais quando no voo de DC para Chicago, que demorou pouco mais de 1 hora e 30 minutos, serviram um aperitivo e uma bebida! Qual a coerência?! Sinceramente, não consigo descortinar… e no início do voo, lá estava a maior parte dos passageiros a comer o que tinha trazido! De filme – pelo menos para mim, que não estava habituado!
Bem, aparte isto, a viagem correu muito bem. Por exemplo, o espectáculo das Rocky Mountains do Estado de Montana (aquelas em que se passa o “Brokeback Mountain”) vistas cá de cima com o cume gelado absolutamente branco e depois tudo o resto rochoso e verde é fantástico… Tal como é extraordinário a quantidade de tempo de voo em que se passa por terrenos em que não há sinal de vivalma… o que comprova a imensidão deste país – são um verdadeiro continente!
Por volta das três da tarde, onze da noite em Lisboa, aterrámos no International Seattle-Tacoma Airport, que deve o seu nome ao facto de se situar sensivelmente a meio caminho entre as cidades de Seattle e Tacoma. Como já acima referi, chovia a cântaros (agora, acho que já não, felizmente) e, por isso, ainda bem que já estava previsto alugar um automóvel que nos servirá na nossa estadia aqui, e que o Marc Nicholson conduz.
Debaixo de chuva torrencial chegámos ao Roosevelt Hotel (em homenagem ao 26º Presidente Norte-Americano Theodore Roosevelt, que governou entre 1901 e 1909), bastante simpático, tal como já tinha acontecido com o Hotel Helix em DC. Sem grandes luxos, mas muito confortável e… fundamental, com fitness center!
Estes dias de viagens aéreas são sempre cansativos (ainda para mais quando foram quase 6 horas nos dois voos), pelo que resolvi ficar no quarto, tendo jantado por aqui, depois de um “joggingzito” para desentorpecer e dormir melhor!
… Que é que vou fazer, agora, que são quase 10 da noite, para amanhã me levantar cedo e tentar conhecer alguma coisa de Seattle, para além do passeio de barco que está programado. Ao fim da tarde temos a chamada “home hospitality”, uma experiência que consiste num jantar em casa de uma família americana que se oferece para o efeito, o que nos dá a oportunidade de avaliarmos os americanos no seu meio familiar.
Acho que deve ser muito interessante, mas para já, o que podemos fazer é… esperar por amanhã e ter uma boa (e comprida!) noite de sono, para retemperar forças!
Bem, mas quanto à viagem, correu relativamente bem, excepto por três factores.
O primeiro, a exemplo do que já se tinha passado na viagem de Lisboa para aqui, residiu no facto de a minha bagagem de mão – comprada especificamente para poder ser arrumada na cabina – não caber nos compartimentos dos aviões dos EUA (bem, nem tudo podia ser bom, não é verdade?!). E aqui a Europa leva vantagem – pelo menos nos Airbus em que tenho viajado não tenho tido problemas. Talvez o facto de o fabricante destas bagagens ser europeu ajude a perceber por que se passam as coisas assim… O facto é que mais uma vez cheguei ao avião, esforcei-me por encaixar a mala no compartimento e… tive que desistir, tendo ela ido parar de novo ao porão.
Felizmente que até agora tudo em termos de bagagens tem corrido bem (leia-se: nada foi ainda perdido, como já uma vez no passado me sucedeu, sendo certo que essa mala nunca mais apareceu, até hoje!... Percebem agora a minha questão de levar o máximo de bagagens que posso comigo?!).
O segundo factor teve a ver com algo que se terá passado com um extintor no voo de DC para Chicago, que obrigou à sua reparação e que quase nos ia fazendo perder o voo de Chicago para Seattle (não sei se há voos directos de DC para Seattle, mas hoje não houve, daí a escala em Chicago). Felizmente, tudo se ficou pelo sobressalto, nada mais.
Finalmente, o facto de, ao que parece, agora, as companhias aéreas dos EUA, em voos domésticos já não servirem refeições sem serem pagas pelos passageiros, devido à concorrência, que é mais do que muita. Bem, se fosse só isto, enfim, já viajei em low cost carriers e aí não temos direito a nada para comer ou beber se não pagarmos; seria estranho que num voo da American Airlines tal se passasse, mas pronto… Agora, que tenha sido permitido – e parece que é a regra nos voos domésticos – que os passageiros tragam a sua própria comida para dentro do avião é que foi a grande novidade. Mal saímos em Chicago, o ELO avisou-me logo para ir ao McDonald’s, ou a qualquer outro restaurante de fast food ali ao pé, para que me embrulhassem o que eu quisesse, uma vez que mesmo isso seria melhor do que a comida paga (um snack) que teriam disponível no avião. E, portanto, não só eu, como a esmagadora maioria dos passageiros lá entrou no aparelho com o seu farnel (o meu era McDonald’s), para uma viagem de mais de 4 horas! Só visto, digo eu, porque contado ninguém acredita! Ainda para mais quando no voo de DC para Chicago, que demorou pouco mais de 1 hora e 30 minutos, serviram um aperitivo e uma bebida! Qual a coerência?! Sinceramente, não consigo descortinar… e no início do voo, lá estava a maior parte dos passageiros a comer o que tinha trazido! De filme – pelo menos para mim, que não estava habituado!
Bem, aparte isto, a viagem correu muito bem. Por exemplo, o espectáculo das Rocky Mountains do Estado de Montana (aquelas em que se passa o “Brokeback Mountain”) vistas cá de cima com o cume gelado absolutamente branco e depois tudo o resto rochoso e verde é fantástico… Tal como é extraordinário a quantidade de tempo de voo em que se passa por terrenos em que não há sinal de vivalma… o que comprova a imensidão deste país – são um verdadeiro continente!
Por volta das três da tarde, onze da noite em Lisboa, aterrámos no International Seattle-Tacoma Airport, que deve o seu nome ao facto de se situar sensivelmente a meio caminho entre as cidades de Seattle e Tacoma. Como já acima referi, chovia a cântaros (agora, acho que já não, felizmente) e, por isso, ainda bem que já estava previsto alugar um automóvel que nos servirá na nossa estadia aqui, e que o Marc Nicholson conduz.
Debaixo de chuva torrencial chegámos ao Roosevelt Hotel (em homenagem ao 26º Presidente Norte-Americano Theodore Roosevelt, que governou entre 1901 e 1909), bastante simpático, tal como já tinha acontecido com o Hotel Helix em DC. Sem grandes luxos, mas muito confortável e… fundamental, com fitness center!
Estes dias de viagens aéreas são sempre cansativos (ainda para mais quando foram quase 6 horas nos dois voos), pelo que resolvi ficar no quarto, tendo jantado por aqui, depois de um “joggingzito” para desentorpecer e dormir melhor!
… Que é que vou fazer, agora, que são quase 10 da noite, para amanhã me levantar cedo e tentar conhecer alguma coisa de Seattle, para além do passeio de barco que está programado. Ao fim da tarde temos a chamada “home hospitality”, uma experiência que consiste num jantar em casa de uma família americana que se oferece para o efeito, o que nos dá a oportunidade de avaliarmos os americanos no seu meio familiar.
Acho que deve ser muito interessante, mas para já, o que podemos fazer é… esperar por amanhã e ter uma boa (e comprida!) noite de sono, para retemperar forças!
Combate ao envelhecimento
Portugal sofreu, em termos demográficos, modificações muito importantes nas últimas décadas traduzidas num rápido envelhecimento e numa forte redução da fertilidade. Estes fenómenos ocorreram, igualmente, noutros países, mas com uma ressalva, como já tinham alcançado um estatuto de riqueza e de desenvolvimento tornou-se mais fácil lidar com os problemas inerentes à nova situação.
Trabalhar mais anos e reduzir o valor das pensões – medidas anunciadas pelo primeiro-ministro – já tinham sido equacionadas há mais de trinta anos. É óbvio que, se tivessem sido tomadas atempadamente em consideração, teriam evitado não só situações desagradáveis para os actuais trabalhadores, mas também a emergência de "reformados prematuros".
A desertificação e o envelhecimento de muitas regiões do país estão na base de algumas medidas curiosas assumidas por alguns responsáveis autárquicos. A mais recente prende-se com a autarquia de Vila de Rei que começou a "importar" jovens casais brasileiros com filhos pequenos. Aparentemente, é compreensível a aflição da presidente da câmara face ao despovoamento e envelhecimento do seu concelho. Mas, podemos perguntar, será que o sangue tropical irá expressar-se no aumento da fertilidade? A sociologia explica que, rapidamente, as populações imigrantes acabam por adquirir os hábitos e costumes da nova realidade social. Estamos perante uma transfusão sanguínea meramente paliativa. Se a causa da hemorragia não for tratada, em breve, serão necessárias novas transfusões, porque os descendentes dos jovens colonos irão comportar-se de forma idêntica aos autóctones.
O governo está ciente (só agora!) que é preciso “estimular” a natalidade, sem sombra de dúvida, a melhor solução para combater o envelhecimento. Medidas já enunciadas vão nesse sentido, embora muito timidamente. Quer penalizar, em termos de taxa social única para a Segurança Social, caso não tenham filhos ou apenas um, ou, numa perspectiva oposta, beneficiar quem tiver três ou mais filhos. Claro que começam logo com as excepções. Os que ultrapassarem a idade fértil não serão abrangidos. Assim, a partir dos 50 anos, nada! Fora de prazo! Não sei quais as razões para esta discriminação. Da parte feminina, vá que não vá, mas da parte masculina, alto lá! Então, não se toma em linha de conta o sábio provérbio de que "homem velho e mulher nova filhos até à cova"? Será que o governo dispõe de dados que possibilitem inferir uma eventual falta de libido ou de potência sexual, entre os portugueses? Estão velhos, mas não estão mortos, penso eu! Se for um problema de potência é possível, na maioria dos casos, a sua resolução, desde que os respectivos fármacos sejam comparticipados. Provavelmente, o efeito mediático de uma medida destas seria suficiente para garantir a reeleição de qualquer governo ou facultar a subida da oposição ao poder!
A notícia, segundo a qual, em 2005, se venderam menos 700 mil preservativos do que em 2004, é preocupante. Podemos interpretar este fenómeno de várias maneiras. É de lamentar se a diminuição corresponder a descuido na sua utilização, o que não abona nada a favor da prevenção da sida, por exemplo. Se for sinónimo de menos relações sexuais, então, há algo que não vai bem no nosso reino. Quanto à existência de um mercado negro de preservativos é muito pouco provável, mas nunca se sabe! Quanto ao método ABC (abstinence, be faithful, condom), não acredito que se tenha instalado em Portugal. Se assim fosse já seríamos conhecidos como o Uganda da Europa, o que daria muito nas vistas! Também não há provas de que tenha havido qualquer açambarcamento no ano anterior, pelo que, à falta de melhor, opto pela diminuição da actividade sexual. E porque não? Envelhecimento, falta de futuro, instabilidade, tristeza, ansiedade, muitos ansiolíticos e antidepressivos, entre outros, podem dar cabo de "coisinhas" muito importantes...
sábado, 29 de abril de 2006
Carta a Miguel
Lisboa, 29 de Abril de 2006
Caro Miguel:
Envio-lhe esta carta no momento em que provavelmente se está a preparar para se levantar, cedíssimo e mal dormido, para viajar para Seatle, para lhe dizer que estou muito preocupado consigo.
Acredite que estou cheio de pena de si.!..
O meu amigo não fez mal nenhum para ser obrigado a esse tratamento de trabalhos forçados!...
O meu amigo está num verdadeiro campo de concentração, com disciplina rígida, horário violento, comida péssima, sempre observado por um ELO que não dá tréguas...
Se os americanos tratam assim os amigos, começo a imaginar como tratarão os inimigos!...
Mas, sendo os Americanos de natureza bondosa e afável, começo a pensar que a culpa é do ELO que o acompanha. É um exemplo acabado de como os burocratas conseguem estragar, tantas vezes, as melhores intenções governamentais...
Trate de fazer com que lhe atribuam uma ELA, e as coisa mudarão certamente!...
E para não ficar em mera teoria, sugiro que lhe tragam a Monica Lewinsky que, de certeza, o irá dispensar de toda essa panóplia preliminar, meramente burocrática, e o introduzirá, de chofre, no centro da grande política americana.
Sabe, Miguel, que uma coisa é andar a bordejar , aprendendo porventura novas tecnicidades, mas outra é navegar a todo o pano com um piloto expeimentado como a Monica, que assistiu, ensinou e aconselhou, nas mais íntimas e grandes decisões, ao longo da mesa oval da Casa Branca, e durante uma larga temporada, o melhor Presidente americano dos últimos anos.
Troque pois de Elo e rapidamente.
Exija a Monica, que sabe do que fala e o introduzirá de imediato nos segredos e intimidade da sua Casa Branca, quero dizer, da Casa Branca que já foi sua, em vez de andar por aí, nesse penoso trabalho de abordagens técnicas, sem finalização à vista, de cidade para cidade, de departamento para departamento...
E alimente-se bem, deixe-se dessa junk food, porque quem o irá tratar é o nosso Serviço Nacinal de Saúde e este já esgotou as verbas deste ano!...
Um abraço apertado do amigo de sempre e, não se esqueça, exija a Monica!...
E mande-nos sempre o relato...se possível na hora!...
Por Terras do Tio Sam – Abril 28, Sexta – Capítulo 7
O último dia do Programa em Washington, DC. Parece que foi ontem que aqui cheguei… Mas a partir de amanhã é Seattle que se segue.
Foi um dia menos carregado do que quarta e quinta-feiras, mas nem por isso menos interessante.
A primeira reunião foi às 10 horas da manhã com o Dr. Todd Tucker, Research Director do Global Trade Watch, Public Citizen, que é uma organização nacional, não-lucrativa, fundada em 1971 com o objectivo de representar (e defender) os interesses dos consumidores no Congresso.
Discutimos a globalização, a economia norte-americana, a forma de influenciar e pressionar ambas as Câmaras do Congresso, enfim – no fundo, o seu papel, e a defesa dos consumidores que a esta organização recorrem (e que não muitos – tanto que o seu site é actualizado de hora a hora…). Tratou-se de uma reunião com um âmbito totalmente diferente do que até agora tenho visto e discutido, mas que nem por isso (aliás, talvez mesmo até por isso) foi igualmente interessante.
Terminou por volta das 11 horas, o que nos deu tempo de passarmos em frente ao Capitólio (Capitol), que liga os hemiciclos das duas Câmaras do Congresso, e de ver, já próximo do Fed (o local da nossa próxima reunião), a estátua de homenagem a Einstein (Einstein Memorial), uma óptima recreação que, claro, não podia passar sem uma fotografia!...
Ao meio-dia chegámos então ao edifício sede do Federal Reserve System, em que tivemos um almoço de trabalho com os Drs. Thomas A. Connors (Senior Associate Director) e Michael P. Leahy (Assistant Director), ambos da Division of International Finance do Banco Central Norte-Americano.
Foi uma troca de impressões muito interessante, em que se falou da organização do Fed, de taxas de juro (política monetária) a nível global (com ênfase especial no BCE), das flutuações cambiais, da economia dos EUA, da Europa, da Ásia (sobretudo da China) da América Latina, das grandes questões macroeconómicas que hoje enfrentamos e… até dos problemas actuais da economia norte-americana.
Por volta das 13:30 regressámos ao hotel, tendo então, e como é habitual, ligado o computador e colocado a Internet em funcionamento (foi aí que escrevi o post “Reflexões Americanas).
Às 17:30 estava em frente à Embaixada de Portugal nos EUA, para um encontro que tinha sido agendado em Lisboa com o Embaixador Pedro Catarino, e em que também esteve presente o Dr. António Gamito (que tinha conhecido no jantar de véspera).
Foi igualmente uma agradável troca de impressões, em que se falou da presença Portuguesa nos Estados Unidos, do nosso país, dos planos que o Embaixador tem para promover Portugal aqui nos States, e também do contexto político norte-americano, entre outros assuntos.
Às 18:15 estava a despedir-me do Embaixador e pouco depois estava no hotel a trocar de roupa para ir para o Verizon Center assistir ao terceiro jogo da primeira ronda de play-offs da NBA entre os Washington Wizards e os Cleveland Cavaliers, às 20 horas. Desta vez foi comigo a Dra. Diane Crow do Department Of State (com quem tinha tido reunião na terça-feira de manhã), porque o ELO, Marc Nicholson tinha outro compromisso. O jogo em si não foi nada de especial – já tenho assistido a partidas transmitidas pela SportTV que são bem melhores; agora, o que nós não conseguimos apreender nas transmissões televisivas é todo o espectáculo à volta do jogo, que, esse sim, valeu bem a pena ver ao vivo. Desde logo, o recinto: um pavilhão (imponente) com capacidade para cerca de 25 mil pessoas, segundo me disseram! Mais do que muitos estádios de futebol no nosso país! Muito alto, mas com excelente visibilidade (ficámos numa fila muito alta, mas muito central, e conseguia-se ver tudo muito bem). Devem ter estado à volta de 20 mil pessoas, que quase nunca param quietas, porque quando o jogo está interrompido (e quem está habituado ao basquetebol sabe que há muitas interrupções), há sempre danças, concursos, diálogo com as bancadas, etc. Enfim, uma animação pegada, que começa logo com a entrada da equipa da casa, cujos jogadores passam por um tapete vermelho estendido, chamados um a um como se verdadeiros heróis se tratasse! É ainda digna de registo a existência de um enorme ecrã de televisão, com quatro faces (para ser visto em todo o recinto), suspenso do tecto, e que não só passa o jogo em directo, como as repetições das jogadas e vai lançando mensagens de apoio à equipa da casa (aqui nos EUA, segundo a Diane me explicou, é sempre assim, por isso, quando o próximo jogo acontecer, já no Domingo, em Cleveland, no Ohio, entre estas mesmas duas equipas, será ao contrário, isto é, será a equipa da casa a ser incentivada o tempo todo). Isto, claro, para além das “toneladas” de publicidade difundidas quer nessa televisão, quer por todo o recinto. Ah, já me esquecia: já nas instalações do pavilhão existe uma série de restaurantes de fast food, em que tudo é vendido sensivelmente ao dobro do preço normal!... Só vos digo que um hambúrguer, umas batatas fritas e uma cerveja me custaram a módica quantia de USD 14!... Mas enfim, já ali estávamos e só podíamos escolher entre comer junk food e junk food, e portanto, comemos... junk food!...
Foi pois (mais) uma óptima experiência, para acabar em beleza a estadia em DC. Bom, já me esquecia - falta o resultado, que fica para a história: os Cavaliers acabaram por ganhar por 97-96 aos Wizards, depois de estes terem terminado a primeira parte (primeiro e segundo períodos) em vantagem por mais de 10 pontos! O terceiro período, já na segunda parte, foi desastroso para os Wizards, que se deixaram empatar, e depois, no quarto período, foi uma autêntica lotaria. A 1 segundo do fim deu-se o último lançamento dos Wizards, mas a bola não quis entrar… e assim, lá ficou o resultado em 96-97, e neste momento, em jogos, os Cavaliers estão em vantagem por 2-1 – mas, ao que parece, passa à próxima ronda quem conseguir 4 vitórias em 7 jogos, pelo que ainda falta muito para decidir. De qualquer modo, era visível o desânimo entre os espectadores, já que 99.9% torciam pelos Wizards! Até eu já fazia claque!...
No regresso ao hotel, uma novidade no táxi que apanhei: pouco depois de eu ter entrado, o condutor parou e perguntou a dois rapazes que pareciam procurar táxi (mas que não tinham feito sinal) para onde iam. E, tendo ouvido a sua resposta, mandou-os entrar. Imagine-se isto em Lisboa! Mais tarde o ELO Marc Nicholson explicou-me que esta prática é permitida (legal) desde que o trajecto do passageiro original não seja perturbado – e assim sucedeu, de facto. No Hotel Helix, eu saí, pagando o que o condutor me pediu, e eles continuaram. Só faltou uma coisa: ter-me sido pedida permissão para que novos passageiros pudessem entrar. Claro que eu teria permitido (ainda por cima os passageiros que entraram vinham todos equipados "à Wizards" e, com a derrota, com o moral bem em baixo, coitados…), mas tendo sido apanhado de surpresa, confesso que achei tudo aquilo muito estranho…
E agora que estou no hotel, é hora de fazer novamente malas e depois dormir, que amanhã a alvorada é às 7 e a saída do hotel às 8:30 para o Reagan National Airport, de onde partiremos para Seattle, com escala em Chicago.
Até amanhã, então, já com 8 horas de diferença, e quase do outro lado do mundo!...
Foi um dia menos carregado do que quarta e quinta-feiras, mas nem por isso menos interessante.
A primeira reunião foi às 10 horas da manhã com o Dr. Todd Tucker, Research Director do Global Trade Watch, Public Citizen, que é uma organização nacional, não-lucrativa, fundada em 1971 com o objectivo de representar (e defender) os interesses dos consumidores no Congresso.
Discutimos a globalização, a economia norte-americana, a forma de influenciar e pressionar ambas as Câmaras do Congresso, enfim – no fundo, o seu papel, e a defesa dos consumidores que a esta organização recorrem (e que não muitos – tanto que o seu site é actualizado de hora a hora…). Tratou-se de uma reunião com um âmbito totalmente diferente do que até agora tenho visto e discutido, mas que nem por isso (aliás, talvez mesmo até por isso) foi igualmente interessante.
Terminou por volta das 11 horas, o que nos deu tempo de passarmos em frente ao Capitólio (Capitol), que liga os hemiciclos das duas Câmaras do Congresso, e de ver, já próximo do Fed (o local da nossa próxima reunião), a estátua de homenagem a Einstein (Einstein Memorial), uma óptima recreação que, claro, não podia passar sem uma fotografia!...
Ao meio-dia chegámos então ao edifício sede do Federal Reserve System, em que tivemos um almoço de trabalho com os Drs. Thomas A. Connors (Senior Associate Director) e Michael P. Leahy (Assistant Director), ambos da Division of International Finance do Banco Central Norte-Americano.
Foi uma troca de impressões muito interessante, em que se falou da organização do Fed, de taxas de juro (política monetária) a nível global (com ênfase especial no BCE), das flutuações cambiais, da economia dos EUA, da Europa, da Ásia (sobretudo da China) da América Latina, das grandes questões macroeconómicas que hoje enfrentamos e… até dos problemas actuais da economia norte-americana.
Por volta das 13:30 regressámos ao hotel, tendo então, e como é habitual, ligado o computador e colocado a Internet em funcionamento (foi aí que escrevi o post “Reflexões Americanas).
Às 17:30 estava em frente à Embaixada de Portugal nos EUA, para um encontro que tinha sido agendado em Lisboa com o Embaixador Pedro Catarino, e em que também esteve presente o Dr. António Gamito (que tinha conhecido no jantar de véspera).
Foi igualmente uma agradável troca de impressões, em que se falou da presença Portuguesa nos Estados Unidos, do nosso país, dos planos que o Embaixador tem para promover Portugal aqui nos States, e também do contexto político norte-americano, entre outros assuntos.
Às 18:15 estava a despedir-me do Embaixador e pouco depois estava no hotel a trocar de roupa para ir para o Verizon Center assistir ao terceiro jogo da primeira ronda de play-offs da NBA entre os Washington Wizards e os Cleveland Cavaliers, às 20 horas. Desta vez foi comigo a Dra. Diane Crow do Department Of State (com quem tinha tido reunião na terça-feira de manhã), porque o ELO, Marc Nicholson tinha outro compromisso. O jogo em si não foi nada de especial – já tenho assistido a partidas transmitidas pela SportTV que são bem melhores; agora, o que nós não conseguimos apreender nas transmissões televisivas é todo o espectáculo à volta do jogo, que, esse sim, valeu bem a pena ver ao vivo. Desde logo, o recinto: um pavilhão (imponente) com capacidade para cerca de 25 mil pessoas, segundo me disseram! Mais do que muitos estádios de futebol no nosso país! Muito alto, mas com excelente visibilidade (ficámos numa fila muito alta, mas muito central, e conseguia-se ver tudo muito bem). Devem ter estado à volta de 20 mil pessoas, que quase nunca param quietas, porque quando o jogo está interrompido (e quem está habituado ao basquetebol sabe que há muitas interrupções), há sempre danças, concursos, diálogo com as bancadas, etc. Enfim, uma animação pegada, que começa logo com a entrada da equipa da casa, cujos jogadores passam por um tapete vermelho estendido, chamados um a um como se verdadeiros heróis se tratasse! É ainda digna de registo a existência de um enorme ecrã de televisão, com quatro faces (para ser visto em todo o recinto), suspenso do tecto, e que não só passa o jogo em directo, como as repetições das jogadas e vai lançando mensagens de apoio à equipa da casa (aqui nos EUA, segundo a Diane me explicou, é sempre assim, por isso, quando o próximo jogo acontecer, já no Domingo, em Cleveland, no Ohio, entre estas mesmas duas equipas, será ao contrário, isto é, será a equipa da casa a ser incentivada o tempo todo). Isto, claro, para além das “toneladas” de publicidade difundidas quer nessa televisão, quer por todo o recinto. Ah, já me esquecia: já nas instalações do pavilhão existe uma série de restaurantes de fast food, em que tudo é vendido sensivelmente ao dobro do preço normal!... Só vos digo que um hambúrguer, umas batatas fritas e uma cerveja me custaram a módica quantia de USD 14!... Mas enfim, já ali estávamos e só podíamos escolher entre comer junk food e junk food, e portanto, comemos... junk food!...
Foi pois (mais) uma óptima experiência, para acabar em beleza a estadia em DC. Bom, já me esquecia - falta o resultado, que fica para a história: os Cavaliers acabaram por ganhar por 97-96 aos Wizards, depois de estes terem terminado a primeira parte (primeiro e segundo períodos) em vantagem por mais de 10 pontos! O terceiro período, já na segunda parte, foi desastroso para os Wizards, que se deixaram empatar, e depois, no quarto período, foi uma autêntica lotaria. A 1 segundo do fim deu-se o último lançamento dos Wizards, mas a bola não quis entrar… e assim, lá ficou o resultado em 96-97, e neste momento, em jogos, os Cavaliers estão em vantagem por 2-1 – mas, ao que parece, passa à próxima ronda quem conseguir 4 vitórias em 7 jogos, pelo que ainda falta muito para decidir. De qualquer modo, era visível o desânimo entre os espectadores, já que 99.9% torciam pelos Wizards! Até eu já fazia claque!...
No regresso ao hotel, uma novidade no táxi que apanhei: pouco depois de eu ter entrado, o condutor parou e perguntou a dois rapazes que pareciam procurar táxi (mas que não tinham feito sinal) para onde iam. E, tendo ouvido a sua resposta, mandou-os entrar. Imagine-se isto em Lisboa! Mais tarde o ELO Marc Nicholson explicou-me que esta prática é permitida (legal) desde que o trajecto do passageiro original não seja perturbado – e assim sucedeu, de facto. No Hotel Helix, eu saí, pagando o que o condutor me pediu, e eles continuaram. Só faltou uma coisa: ter-me sido pedida permissão para que novos passageiros pudessem entrar. Claro que eu teria permitido (ainda por cima os passageiros que entraram vinham todos equipados "à Wizards" e, com a derrota, com o moral bem em baixo, coitados…), mas tendo sido apanhado de surpresa, confesso que achei tudo aquilo muito estranho…
E agora que estou no hotel, é hora de fazer novamente malas e depois dormir, que amanhã a alvorada é às 7 e a saída do hotel às 8:30 para o Reagan National Airport, de onde partiremos para Seattle, com escala em Chicago.
Até amanhã, então, já com 8 horas de diferença, e quase do outro lado do mundo!...
sexta-feira, 28 de abril de 2006
“Mãos pequeninas”…
Desconhecia as capacidades poéticas do meu amigo Pinho Cardão. Na sua “poesia de intervenção” cometeu um erro de concordância ao trocar “mandai” por “mandem”, conforme bem elucidou António Viriato.
Escrever não é fácil, a não ser para alguns sobredotados. É preciso ler, reflectir, analisar, estudar e treinar. Quando escrevemos um texto, seja qual for, procedemos de imediato às devidas correcções e modificações. Às vezes demoramos mais tempo a rever e a alterar do que a escrever a primeira versão. É bom, é saudável.
A blogosfera permite-nos desenvolver esta “arte” de comunicar, o que é muito positivo, sobretudo, numa época em que a imagem e a expressão verbal têm mais visibilidade e cultivadores. Apesar de todos os esforços, não se lê e nem se escreve tanto quanto seria desejável para estimular o desenvolvimento cultural do nosso país. Talvez o hábito de escrever notas, posts ou comentários possa contribuir para melhorar a situação.
Temos a obrigação de cultivar e desenvolver a nossa língua, verdadeira “alma lusa”. As críticas são sempre bem-vindas. Devemos ser humildes e aceitá-las não só para o nosso bem pessoal mas também para o bem colectivo.
Um dia destes, um leitor enviou-me por e-mail uma crítica a uma nota minha, onde a propósito da medicação referia aderência (aos medicamentos) em vez de adesão. Confesso que utilizava - e agora mais do que nunca vou continuar - a palavra adesão. Mas o raio do hábito e a necessidade de ler e estudar em língua inglesa, em que determinados termos se prestam a confusão com palavras similares em português, caso de aderência, puxou-me, ou melhor, empurrou-me para o seu uso que, reconheço, não devia ter utilizado. Imediatamente, após ter agradecido o esclarecimento por e-mail, substitui aderência por adesão na referida nota.
Mão à palmatória! Aliás, era um desgraçado, porque, volta e não volta, tinha que estender duas pequeninas mãos à violência correctora da menina-de-cinco-olhos sempre que o todo poderoso professor primário, envergando o seu ceptro, “explicava” quais os erros a não cometer.
A afirmação segundo a qual todos cometem erros é irrelevante, porque sabemos que é assim. O erro é uma constante da vida e até mesmo fonte de vida. Recordo-me de um ensaísta francês que explicava a evolução das espécies através dos erros. Somos fruto do erro “compensado” por compromissos evolutivos.
No nosso caso, o erro pode ser devido a confusão, distracção (mais simpático), omissão ou ignorância. A hipótese de ignorância incomoda, sobretudo, quando é deixada em suspenso nas entrelinhas.
Não tenho nada contra os que detectam erros, como é óbvio. O que me incomoda é uma estranha superioridade traduzida, por exemplo, no meu caso, como um erro “simplesmente lamentável” misturada com intensa ironia, ou, no caso do “poeta republicano”, nos comentários efectuados. Seria suficiente dizer o que está mal e a melhor forma de corrigir. Pela minha parte, agradeço e corrijo, e sempre vou poupando as minhas mãos não pequeninas…
Reflexões Norte-Americanas
Meus caros, depois de ver as reacções que o meu último post (relativo a ontem, quinta, Abril 27), provocou (sobretudo a reconciliação da Marga com o Anthrax – ainda bem!!!), não podia deixar de partilhar convosco, enquanto tenho meia hora até à próxima reunião, com o Embaixador de Portugal aqui nos States, algumas reflexões. Umas provocadas pela Marga, outras ainda ao nível político-parlamentar, e que têm também a ver com o comentário do José Mário Ferreira de Almeida.
Cara Marga, comecemos por si.
Depois das desculpas (aceites, mas nem tinha que as pedir, no hard feelings!!!), pergunta-me você por que estou tão activo no blog só agora que saí do país. Sabe, em parte, isso justifica-se exactamente por isso – por estar longe de Portugal. Na verdade, tenho feito alguns posts bem longos (peço desculpa, mas a variedade tem sido grande, e como o objectivo a que me propus foi partilhar convosco o que vou vendo e aprendendo por aqui), e que dão algum trabalho. Mas quando os estou a escrever, sinto que estou em contacto com Portugal, muitos amigos meus e familiares (entre os quais os meus pais), para além dos nossos "Republicanos" militantes têm seguido as minhas peripécias através destes posts… E isso é muito importante… Para quem está fora, quase diria que não tem preço… Mesmo com o Programa cheio (mas fantástico) que tenho vindo a cumprir, chego à noite cansado, mas não me deito sem mandar daqui notícias…
Já é diferente a realidade quando estou em Portugal. Primeiro, não há este “huge ocean ahead”, como “eles” dizem, que nos separa… Estou aí (não sei se me faço entender…). E é certo que poderia publicar no blog muito mais do que o faço, eu sei. E muitas vezes me lembro de o fazer, quando tomo nota de alguns acontecimentos que por certo mereceriam comentários. Mas depois, por isto ou por aquilo, penso “é mais logo” ou “é amanhã” e… de repente, já passou o timing… Isto para além de que ser Deputado e ao mesmo tempo estar ligado ao BES – como penso que todos sabem que estou – tem também os seus custos em termos de tempo… E ainda há a coluna no Jornal de Negócios de quinze em quinze dias, que também dá algum trabalho (mas muito gozo!...) e, portanto, como tenho o hábito de cumprir as minhas obrigações profissionais (e nem admitia que fosse de outra forma…) muitas vezes, quem perde é a família, porque os fins de semana são bem mais curtos e, por vezes, se bem que excepcionalmente, praticamente inexistentes. Daí que o blog, com muita pena minha, também sofra um pouco.
Estarei agora eu desculpado, cara Marga? Enfim, o que lhe posso prometer é que este meu tour pela América também teve o mérito (entre outros…) de tornar a minha actividade republicana bem maior, e isto é contagiante… pelo que, quando regressar, estou certo que me verá a publicar muito mais vezes.
Vejamos agora a reflexão mais político/parlamentar. Estava consciente de que quando abordei, no meu post de ontem, a questão dos Deputados nos EUA e em Portugal, as suas condições (incluindo financeiras), a organização de trabalhos, etc. estava a tocar numa questão que é tudo menos consensual. E que, sendo eu Deputado, as minhas opiniões podem ser deturpadas e mal-interpretadas.
Mas resolvi correr o risco. Desde logo, porque nunca tinha manifestado opinião sobre o assunto.
Ora, quando comparei realidades tão díspares, era difícil ficar calado…
Poderão dizer: contra mim falo, porque não estou em exclusividade parlamentar. É verdade. É-me permitida esta opção e, desde que cumpra com o meu dever para ambas as instituições (como julgo que tenho cumprido), estou tranquilo. Aliás, chegou-me aos ouvidos que a “Visão” publicou um trabalho ontem sobre a actividade dos parlamentares, em que eu apareço como um dos mais interventivos. O que é sempre positivo (ainda que eu ache que tenho beneficiado pelo facto de as questões do défice e da economia continuarem na ordem do dia… mas disso, não tenho eu culpa, não é?). Porém defendo, realmente, que os parlamentares deviam ter exclusividade, como acontece com os membros do Governo – o que obriga a condições, financeiras e não só, como observei no post de ontem… – bem diferentes das actuais. E depois, aí, quem quiser quer, quem não quiser, segue a sua vida noutras funções (se me fosse colocado, logo avaliaria a situação, até porque gosto realmente do que faço, quer enquanto Deputado, quer no BES).
Mas há aqui outro ponto, e percebo quando o nosso comentador PP refere a delicadeza da questão da disparidade dos rendimentos existente em Portugal e da melhoria das condições dos Deputados. Claro que é delicado, e é também por isso que ponderei antes de escrever sobre isso, como já acima referi. Mas julgo que o problema é bem mais profundo do que isso. Primeiro: acho que isso se devia aplicar a toda a classe política, isto é, também a Governantes, e mesmo órgãos autárquicos, e não apenas a Deputados. Dou um exemplo, para perceberem onde quero chegar. Então mas existe lá alguém mais importante para um país do que um Presidente da República ou um Primeiro-Ministro?... Eleitos pelo povo, não é verdade?! Mas então, não deveriam dispor das condições dos melhores, ou então muito perto disso? Que responsabilidade maior existe ao nível nacional do que gerir os destinos de um país?!... Ora, por exemplo, na Malásia (que não me parece seja um dos países mais avançados do Mundo…), o salário do Primeiro-Ministro corresponde a 80% da média do salário dos 20 CEO melhor remunerados no país. E, uma vez determinado este valor, daí para baixo é estabelecida uma tabela para todos os outros cargos políticos, isto é, outros membros do Governo, Membros do Parlamento, Autarcas, etc.
É que, meus amigos, se assim não for, duvido que se consiga, de facto, atrair os melhores para o exercício da vida política activa, e julgo que é o destino do país em questão que fica em jogo. E é toda uma população que poderia viver melhor, mas não vive…
Escusado será dizer que, concordando com a exclusividade de funções para qualquer titular de cargo político, sou naturalmente favorável a que, quando as suas funções cessem, tenham direito a um subsídio de reintegração. Afinal, quanto mais tempo se está a defender o interesse público (dos eleitores) e não na vida produtiva (chamemos-lhe assim), mais dificuldades se tem depois em “regressar” ou entrar. Como referi no post de ontem, nos EUA isto também sucede, e é proporcional ao tempo em que se esteve investido em funções, isto é, quanto mais tempo, maior esse subsídio. Afinal, o mesmo sistema que vigorava em Portugal e que recentemente foi abolido (parece que uma parte muito considerável do que fazemos é em sentido contrário ao que devíamos fazer, não é?!...).
Quanto à idade de reforma, e às condições da reforma em si, não vejo por que não devam os políticos regular-se pelas regras “normais”… Os mesmos descontos, as mesmas condições, a mesma idade de reforma de qualquer outro cidadão do regime geral. Curiosamente (ou talvez não....), também assim sucede nos EUA.
Julgo que só desta forma, proporcionando "outras" condições (a nível funcional e financeiro) conseguiremos atrair não só os melhores para a arena política, como atraí-los em maior número relativamente ao que hoje sucede. E, assumindo-se uma qualquer referência nacional (veja-se o exemplo da Malásia), estamos a guiar-nos por padrões internos, que têm a ver com a nossa realidade, e não de quaisquer outras paragens. De outro modo, continuaremos alegremente a empobrecer, ano após ano, legislatura após legislatura, mandato após mandato, a qualidade média dos eleitos pelo povo.
Obviamente, o facto de tudo “isto” sobre o qual tenho vindo a reflectir não se passar, não justifica o que se passou recentemente no Parlamento, que em nada dignifica (antes pelo contrário) quer os Deputados, quer os políticos em geral.
Aliás, foi mesmo devido a este assunto que há pouco soube que o Jornal “24 Horas”andou a visitar o nosso blog e resolveu meter-se comigo, através de uma senhora chamada Gracinha de Sousa Botelho, que não conheço de lado nenhum, mas que se admitiu fazer considerações sobre os meus relatos e a viagem que, apesar do nome que possui, não têm… qualquer gracinha (foi em Abril 27, na coluna “Quentes e Boas”). Sobretudo quando refere – e isto não poderia deixar de passar em claro – que fazer esta viagem foi um excelente motivo para "me baldar" ao Parlamento. Além de ser de profundo mau gosto, cara Senhora Gracinda de Sousa Botelho, eu não tenho o costume de me baldar seja ao que for. Tenho compromissos, e procuro sempre respeitá-los. O convite para esta viagem surgiu no final do ano passado, devido, em boa parte, ao facto de ser Deputado na Assembleia da República. Logo que se colocou a questão, verifiquei quer com o Grupo Parlamentar do PSD, quer com o BES, se seria possível realizar a viagem, e qual a melhor altura para o fazer. E foi assim que se chegou a este período, que acaba em 14 de Maio. Portanto, saio devidamente autorizado e as minhas ausências foram atempadamente justificadas. E mesmo aqui nos EUA, tenho acompanhado (à distância, claro…), quer a actividade parlamentar, quer a minha área no BES, quer mesmo a nível partidário. A este nível, por exemplo, tenho pena de não votar nas primeiras eleições directas para Presidente do PSD!... Mas quando elas foram marcadas, já este compromisso estava há muito assumido…
O que não posso aceitar é que se escreva que arranjei esta desculpa para me “baldar” ao Parlamento… Francamente!… Mas é o estilo de alguns jornalistas em Portugal, que nem se incomodam a apurar a verdade, o que interessa é que a notícia seja “picante”…
Enfim, partilho estas reflexões convosco e, sobretudo, na questão “dos políticos” sei que me estou a expor – mas até a escrever o “Diário” isso acontece, como ficou provado pela notícia do “24 Horas”! Portanto… o assunto já não é novo, muito se escreve sobre ele – sobretudo em vésperas de actos eleitorais – e há sempre quem esteja a favor e contra…
E é tudo. Até mais logo, quando escrever o post relativo ao dia de hoje, a seguir ao jogo da NBA (e perdoem-me a prolixidade)…
Cara Marga, comecemos por si.
Depois das desculpas (aceites, mas nem tinha que as pedir, no hard feelings!!!), pergunta-me você por que estou tão activo no blog só agora que saí do país. Sabe, em parte, isso justifica-se exactamente por isso – por estar longe de Portugal. Na verdade, tenho feito alguns posts bem longos (peço desculpa, mas a variedade tem sido grande, e como o objectivo a que me propus foi partilhar convosco o que vou vendo e aprendendo por aqui), e que dão algum trabalho. Mas quando os estou a escrever, sinto que estou em contacto com Portugal, muitos amigos meus e familiares (entre os quais os meus pais), para além dos nossos "Republicanos" militantes têm seguido as minhas peripécias através destes posts… E isso é muito importante… Para quem está fora, quase diria que não tem preço… Mesmo com o Programa cheio (mas fantástico) que tenho vindo a cumprir, chego à noite cansado, mas não me deito sem mandar daqui notícias…
Já é diferente a realidade quando estou em Portugal. Primeiro, não há este “huge ocean ahead”, como “eles” dizem, que nos separa… Estou aí (não sei se me faço entender…). E é certo que poderia publicar no blog muito mais do que o faço, eu sei. E muitas vezes me lembro de o fazer, quando tomo nota de alguns acontecimentos que por certo mereceriam comentários. Mas depois, por isto ou por aquilo, penso “é mais logo” ou “é amanhã” e… de repente, já passou o timing… Isto para além de que ser Deputado e ao mesmo tempo estar ligado ao BES – como penso que todos sabem que estou – tem também os seus custos em termos de tempo… E ainda há a coluna no Jornal de Negócios de quinze em quinze dias, que também dá algum trabalho (mas muito gozo!...) e, portanto, como tenho o hábito de cumprir as minhas obrigações profissionais (e nem admitia que fosse de outra forma…) muitas vezes, quem perde é a família, porque os fins de semana são bem mais curtos e, por vezes, se bem que excepcionalmente, praticamente inexistentes. Daí que o blog, com muita pena minha, também sofra um pouco.
Estarei agora eu desculpado, cara Marga? Enfim, o que lhe posso prometer é que este meu tour pela América também teve o mérito (entre outros…) de tornar a minha actividade republicana bem maior, e isto é contagiante… pelo que, quando regressar, estou certo que me verá a publicar muito mais vezes.
Vejamos agora a reflexão mais político/parlamentar. Estava consciente de que quando abordei, no meu post de ontem, a questão dos Deputados nos EUA e em Portugal, as suas condições (incluindo financeiras), a organização de trabalhos, etc. estava a tocar numa questão que é tudo menos consensual. E que, sendo eu Deputado, as minhas opiniões podem ser deturpadas e mal-interpretadas.
Mas resolvi correr o risco. Desde logo, porque nunca tinha manifestado opinião sobre o assunto.
Ora, quando comparei realidades tão díspares, era difícil ficar calado…
Poderão dizer: contra mim falo, porque não estou em exclusividade parlamentar. É verdade. É-me permitida esta opção e, desde que cumpra com o meu dever para ambas as instituições (como julgo que tenho cumprido), estou tranquilo. Aliás, chegou-me aos ouvidos que a “Visão” publicou um trabalho ontem sobre a actividade dos parlamentares, em que eu apareço como um dos mais interventivos. O que é sempre positivo (ainda que eu ache que tenho beneficiado pelo facto de as questões do défice e da economia continuarem na ordem do dia… mas disso, não tenho eu culpa, não é?). Porém defendo, realmente, que os parlamentares deviam ter exclusividade, como acontece com os membros do Governo – o que obriga a condições, financeiras e não só, como observei no post de ontem… – bem diferentes das actuais. E depois, aí, quem quiser quer, quem não quiser, segue a sua vida noutras funções (se me fosse colocado, logo avaliaria a situação, até porque gosto realmente do que faço, quer enquanto Deputado, quer no BES).
Mas há aqui outro ponto, e percebo quando o nosso comentador PP refere a delicadeza da questão da disparidade dos rendimentos existente em Portugal e da melhoria das condições dos Deputados. Claro que é delicado, e é também por isso que ponderei antes de escrever sobre isso, como já acima referi. Mas julgo que o problema é bem mais profundo do que isso. Primeiro: acho que isso se devia aplicar a toda a classe política, isto é, também a Governantes, e mesmo órgãos autárquicos, e não apenas a Deputados. Dou um exemplo, para perceberem onde quero chegar. Então mas existe lá alguém mais importante para um país do que um Presidente da República ou um Primeiro-Ministro?... Eleitos pelo povo, não é verdade?! Mas então, não deveriam dispor das condições dos melhores, ou então muito perto disso? Que responsabilidade maior existe ao nível nacional do que gerir os destinos de um país?!... Ora, por exemplo, na Malásia (que não me parece seja um dos países mais avançados do Mundo…), o salário do Primeiro-Ministro corresponde a 80% da média do salário dos 20 CEO melhor remunerados no país. E, uma vez determinado este valor, daí para baixo é estabelecida uma tabela para todos os outros cargos políticos, isto é, outros membros do Governo, Membros do Parlamento, Autarcas, etc.
É que, meus amigos, se assim não for, duvido que se consiga, de facto, atrair os melhores para o exercício da vida política activa, e julgo que é o destino do país em questão que fica em jogo. E é toda uma população que poderia viver melhor, mas não vive…
Escusado será dizer que, concordando com a exclusividade de funções para qualquer titular de cargo político, sou naturalmente favorável a que, quando as suas funções cessem, tenham direito a um subsídio de reintegração. Afinal, quanto mais tempo se está a defender o interesse público (dos eleitores) e não na vida produtiva (chamemos-lhe assim), mais dificuldades se tem depois em “regressar” ou entrar. Como referi no post de ontem, nos EUA isto também sucede, e é proporcional ao tempo em que se esteve investido em funções, isto é, quanto mais tempo, maior esse subsídio. Afinal, o mesmo sistema que vigorava em Portugal e que recentemente foi abolido (parece que uma parte muito considerável do que fazemos é em sentido contrário ao que devíamos fazer, não é?!...).
Quanto à idade de reforma, e às condições da reforma em si, não vejo por que não devam os políticos regular-se pelas regras “normais”… Os mesmos descontos, as mesmas condições, a mesma idade de reforma de qualquer outro cidadão do regime geral. Curiosamente (ou talvez não....), também assim sucede nos EUA.
Julgo que só desta forma, proporcionando "outras" condições (a nível funcional e financeiro) conseguiremos atrair não só os melhores para a arena política, como atraí-los em maior número relativamente ao que hoje sucede. E, assumindo-se uma qualquer referência nacional (veja-se o exemplo da Malásia), estamos a guiar-nos por padrões internos, que têm a ver com a nossa realidade, e não de quaisquer outras paragens. De outro modo, continuaremos alegremente a empobrecer, ano após ano, legislatura após legislatura, mandato após mandato, a qualidade média dos eleitos pelo povo.
Obviamente, o facto de tudo “isto” sobre o qual tenho vindo a reflectir não se passar, não justifica o que se passou recentemente no Parlamento, que em nada dignifica (antes pelo contrário) quer os Deputados, quer os políticos em geral.
Aliás, foi mesmo devido a este assunto que há pouco soube que o Jornal “24 Horas”andou a visitar o nosso blog e resolveu meter-se comigo, através de uma senhora chamada Gracinha de Sousa Botelho, que não conheço de lado nenhum, mas que se admitiu fazer considerações sobre os meus relatos e a viagem que, apesar do nome que possui, não têm… qualquer gracinha (foi em Abril 27, na coluna “Quentes e Boas”). Sobretudo quando refere – e isto não poderia deixar de passar em claro – que fazer esta viagem foi um excelente motivo para "me baldar" ao Parlamento. Além de ser de profundo mau gosto, cara Senhora Gracinda de Sousa Botelho, eu não tenho o costume de me baldar seja ao que for. Tenho compromissos, e procuro sempre respeitá-los. O convite para esta viagem surgiu no final do ano passado, devido, em boa parte, ao facto de ser Deputado na Assembleia da República. Logo que se colocou a questão, verifiquei quer com o Grupo Parlamentar do PSD, quer com o BES, se seria possível realizar a viagem, e qual a melhor altura para o fazer. E foi assim que se chegou a este período, que acaba em 14 de Maio. Portanto, saio devidamente autorizado e as minhas ausências foram atempadamente justificadas. E mesmo aqui nos EUA, tenho acompanhado (à distância, claro…), quer a actividade parlamentar, quer a minha área no BES, quer mesmo a nível partidário. A este nível, por exemplo, tenho pena de não votar nas primeiras eleições directas para Presidente do PSD!... Mas quando elas foram marcadas, já este compromisso estava há muito assumido…
O que não posso aceitar é que se escreva que arranjei esta desculpa para me “baldar” ao Parlamento… Francamente!… Mas é o estilo de alguns jornalistas em Portugal, que nem se incomodam a apurar a verdade, o que interessa é que a notícia seja “picante”…
Enfim, partilho estas reflexões convosco e, sobretudo, na questão “dos políticos” sei que me estou a expor – mas até a escrever o “Diário” isso acontece, como ficou provado pela notícia do “24 Horas”! Portanto… o assunto já não é novo, muito se escreve sobre ele – sobretudo em vésperas de actos eleitorais – e há sempre quem esteja a favor e contra…
E é tudo. Até mais logo, quando escrever o post relativo ao dia de hoje, a seguir ao jogo da NBA (e perdoem-me a prolixidade)…
E vão 21!
O Conselho de Ministros aprovou ontem a 21ª alteração ao Código Penal.
Vinte e uma alterações a uma código que reflecte os valores fundamentais da sociedade, aprovado, na sua versão originária há14 anos.
Em média verificou-se mais do que uma alteração por ano à lei penal.
Um código deve garantir coerência ao sub-sistema normativo a que respeita. Mas igualmente estabilidade.
Esta pulsão permanente para o "faz-desfaz" legislativo, diz muito da verdadeira crise que vivemos.
Por Terras do Tio Sam – Abril 27, Quinta – Capítulo 6
Outro dia profundamente intenso… e interessante, como verão.
A primeira reunião foi na House of Representatives, às 10 da manhã, uma das duas câmaras que compõem o Congresso (a outra é o Senado, em que estive à tarde). De manhã, o encontro foi com o Dr. W. Christopher Leahy, Policy Coordinator and Counsel do Committee on Energy and Commerce, Subcommittee on Commerce, Trade and Consumer Protection.
Fiquei a saber como se trabalha no Congresso, nomeadamente a interligação entre a House of Representatives e o Senado, e as relações de ambos com os Departments do Governo dos EUA; como se trabalha em comissão e no plenário desta Câmara e, enfim, a interligação do staff das Comissões (a que pertence o meu anfitrião, na Comissão acima mencionada) com o staff dos Deputados e o staff dos Senadores. E assim soube que, ao contrário do que sucede em Portugal, se trabalha muito mais em reuniões de Comissão do que em Plenário; não é que este não reúna, não é isso. Agora, o que se passa é que, tal como sucede no Parlamento Europeu, só os deputados que têm a ver com o debate em questão é que lá estão. Os outros, estarão ocupados com outras tarefas e, sem dúvida, com uma produtividade bem mais elevada do que se estivessem no Plenário a assistir a um debate que, provavelmente, pouco lhes diria… Acho que por aqui é perceptível a diferença para o que se passa na nossa Assembleia da República, a que pertenço. Já no passado tentei sem sucesso, caminhar neste sentido; podem estar certos que quando regressar, o continuarei a fazer, quiçá com mais intensidade…
Enfim, ainda apurei que é exigida exclusividade aos membros do Congresso (quer os Deputados que formam a House of Representatitives, 435 no total, eleitos a cada dois anos em círculos nominais; quer os Senadores, 100 no total, 2 por cada Estado com mandatos de 6 anos e que são eleitos a cada dois anos, 1/3 de cada vez), e que cada um deles aufere, em termos líquidos, em média, cerca de 3 vezes mais do que um Deputado Português e tem um staff à sua disposição de cerca de 30 membros, entre secretárias, assessores, adjuntos… para além de um plafond de despesas de representação. Ora aqui está uma forma com a qual me identifico (quem me conhece melhor sabe que penso assim – já pensava antes de ser deputado… –, e que se devia exigir exclusividade aos deputados, melhorando substancialmente as suas condições financeiras e de trabalho, incluindo staff… que é, a nível individual, virtualmente inexistente). Ah, e já agora: nos EUA, quando um Deputado ou Senador cessa funções, tem direito a um subsídio de reintegração, proporcional ao tempo em que esteve a servir o país nessas funções (lembram-se do que fez o Engº Sócrates nesta matéria, ainda há uns meses a esta parte?... E não, não estou a falar disto porque me atingiu também a mim…– nunca o fiz até agora, e só devido ao que hoje soube aqui nos EUA o estou a fazer). Enfim, condições que reputo de acertadas, e que permitem que um Deputado, eleito pela população, cumpra o seu dever com o máximo de dignidade.
Enfim, condições que só posso qualificar como correctas ou apropriadas (invejáveis, para nós), e que permitem que um Deputado, eleito pela população, cumpra o seu dever com o máximo de dignidade.
Outro pormenor, que também marca a diferença para o que se passa em Portugal: nos EUA, só as duas Câmaras do Congresso podem ter iniciativas legislativas – o Governo não pode. “Só” tem poder executivo. Claro que isto confere aos eleitos pelo povo uma importância acrescida e faz com que, obrigatoriamente, o Governo esteja em permanente contacto com ambas. Claro que uma ideia legislativa pode partir do Executivo – mas nunca poderá ser este a apresentá-la. Isso terá sempre que ser feito através do Congresso.
Finalmente, devo dizer que por aqui ninguém entende como é que uma Câmara de Deputados, como a Assembleia da República, pode ser dissolvida. “Como?”, perguntam os americanos. “Os 'eleitos pelo povo' podem ser impedidos de terminar o seu mandato por outro 'eleito pelo povo' (nota minha: o Presidente da República)? Qual a legitimidade?” Não, absolutamente impensável para “eles”… e, acrescento eu, elucidativo. De facto, se pensarmos bem… tendo ambos sido eleitos pelo povo…
Bem, chega de falar de política e da classe política!
No caminho para a reunião seguinte, às 13:30, passei pela Congress Library (fantástica), pelo Supreme Court (imponente) e detive-me em frente à Casa Branca, a famosa White House (não podia deixar de o mencionar!...). O almoço foi uma pizza numa dessas cadeias de fast food que por aqui proliferam (ainda mais do que em Lisboa) e seguiu-se então uma reunião no Council of Economic Advisors do Presidente Bush, com uma equipa de três advisors liderada pela Dra. Christine A. McDaniel, Senior Economist for International Trade deste mesmo Council. Foi igualmente interessante, mas a visão que me foi dada quer da economia dos EUA e dos seus problemas e perspectivas, quer do comércio internacional e da globalização, foi muito a “linha oficial”, sem grandes desvios (se é que me faço entender…). Assim, tendo sido interessante, podia na verdade ter sido… bem melhor.
Agora, a seguir sim, foi um verdadeiro espectáculo: The Brookings Institution, uma “think tank”, e a reunião com o Chairman, Prof. Barry P. Bosworth. Foi uma hora de troca de impressões, mas ainda lá podíamos estar a esta hora!... Que senhor dinâmico (apesar dos cabelos brancos), que raciocínio fantástico, que visão mais moderna da economia! Enfim, falámos de tudo, EUA, Portugal, Europa, Ásia, opções de política económica in an ever changing world… realmente fantástico! Acho que constituiu um ponto tão alto como a reunião no FMI, ontem. Sem dúvida os melhores, pelo menos até agora.
A seguir, voltámos à zona do Congresso, desta vez para uma reunião no Senado (Senate), com o Dr. Stephen Schaefer, International Trade Counsel, do Committee on Finance. Uma conversa muito semelhante à que já tinha tido de manhã na House of Representatives, desta vez relacionada com o Senado, e que também foi muito profícua.
Enfim, depois passámos pelas instalações do Delphi International Program of World Learning (que administra o Programa através do qual fui convidado pelo Department of State do Governo dos EUA), e que visou passar em revista os Programas para as cidades de Seattle, Dallas, Boston e New York, ou seja, para o resto do Programa, a partir de Sábado, Abril 29, dia em que parto de Washington, DC (ou só DC, como “eles” dizem) para Seattle.
Como ontem já tinha referido que aconteceria, tive depois o jantar com os meus conhecidos (e amigos) portugueses que cá estão em DC, Nuno Mota Pinto, André Lince de Faria, Rita Ramalho e o seu namorado (o brasileiro Marcos, quadro do FMI, como o André) e o Dr. António Gamito, Conselheiro na Embaixada de Portugal em DC, que conheci neste jantar. Só faltou, em relação ao café de ontem, a Rita Sá Couto, o que foi pena, mas pronto, paciência… Foi excelente, num restaurante libanês na zona de Georgetown. Boa disposição, convívio óptimo, as experiências internacionais de cada um (deles!) nos EUA e não só, e, claro, depois, não podia faltar o nosso país, a situação que atravessamos, etc. Por fim ofereceram-me o jantar!... A todos o meu público muito obrigado por um serão inesquecível e que guardarei sempre como ponto alto da minha presença em DC.
O Nuno, que simpaticamente já me tinha vindo buscar ao hotel, veio depois cá deixar-me, e agora é hora de dormir, até porque, acima não referi, mas quando acabei a reunião no Senado estava positivamente de rastos… E neste sentido de dizer que “isto” não é propriamente turismo, falta-me acrescentar ao post de ontem que é, de facto, um Programa muito cansativo, mas a oportunidade é única, e vale bem o sacrifício das “saudades” de aqui estar sozinho… Isto, claro, para além dos eventos que estes fantásticos americanos – e são mesmo, cada vez mais tenho a certeza disso! – me vão proporcionar extra-Programa, a maioria dos quais porque manifestei interesse. Já assim foi com a visita ao Pentágono de segunda-feira passada, e assim será amanhã, quando assistir, às 20 horas locais (1 da manhã em Lisboa), ao primeiro jodo do play-off da NBA (pois é, é verdade!...), no Verizon Center, entre os Washington Wizards e os Cleveland Cavaliers (este apontamento foi só para vos fazer crescer água na boca…). Quando posso, vejo as transmissões que a SportTV faz dos jogos da NBA, e nunca assisti a nenhum ao vivo. Ora, penso eu, deparando-se-me esta oportunidade, não seria idiota em não aproveitar?!...
Enfim, no post de amanhã faço o relato!
Antes de terminar, só uma nota que já deixei num comentário ao meu post de ontem (que aqui quero enfatizar), e que tem a ver com a suspeição da “nossa” comentadora Marga, que supõe que a minha viagem aos States saiu do bolso dos contribuintes portugueses, isto é, de todos nós (aliás, devo confessar que nem percebo bem o intuito da suspeição…). Ora, vamos lá esclarecer o assunto, para que não fiquem dúvidas. Creio que no meu post “0” referi que era convidado do Governo dos EUA. Para mim, quando me convidam, tal significa que não tenho que me preocupar com nada, nem com aspectos financeiros – a não ser que mo digam explicitamente. Como também referi no meu post de terça-feira, Abril 25, nesse dia foi-me entregue o meu “per diem”, a quantia que o Department of State estimou que, em média, eu gastaria por dia durante a minha estadia. E que, portanto, cobrirá, em média, as minhas despesas de hotéis, alimentação, e transportes (claro que se, por exemplo, eu quiser comer muito bem a todas as refeições, não chegará; mas também se comer fast (ou junk) food a toda a hora, ainda sobrará…). Como o Department of State ainda paga as passagens de avião, cara Marga, são de facto os contribuintes que financiam a minha viagem, é certo, mas os contribuintes… norte-americanos, e não portugueses! Pelo que folgo muito com a sua preocupação em relação ao destino dos dinheiros pagos pelos contribuintes dos EUA!... Questão encerrada?!...
Até amanhã a todos!
A primeira reunião foi na House of Representatives, às 10 da manhã, uma das duas câmaras que compõem o Congresso (a outra é o Senado, em que estive à tarde). De manhã, o encontro foi com o Dr. W. Christopher Leahy, Policy Coordinator and Counsel do Committee on Energy and Commerce, Subcommittee on Commerce, Trade and Consumer Protection.
Fiquei a saber como se trabalha no Congresso, nomeadamente a interligação entre a House of Representatives e o Senado, e as relações de ambos com os Departments do Governo dos EUA; como se trabalha em comissão e no plenário desta Câmara e, enfim, a interligação do staff das Comissões (a que pertence o meu anfitrião, na Comissão acima mencionada) com o staff dos Deputados e o staff dos Senadores. E assim soube que, ao contrário do que sucede em Portugal, se trabalha muito mais em reuniões de Comissão do que em Plenário; não é que este não reúna, não é isso. Agora, o que se passa é que, tal como sucede no Parlamento Europeu, só os deputados que têm a ver com o debate em questão é que lá estão. Os outros, estarão ocupados com outras tarefas e, sem dúvida, com uma produtividade bem mais elevada do que se estivessem no Plenário a assistir a um debate que, provavelmente, pouco lhes diria… Acho que por aqui é perceptível a diferença para o que se passa na nossa Assembleia da República, a que pertenço. Já no passado tentei sem sucesso, caminhar neste sentido; podem estar certos que quando regressar, o continuarei a fazer, quiçá com mais intensidade…
Enfim, ainda apurei que é exigida exclusividade aos membros do Congresso (quer os Deputados que formam a House of Representatitives, 435 no total, eleitos a cada dois anos em círculos nominais; quer os Senadores, 100 no total, 2 por cada Estado com mandatos de 6 anos e que são eleitos a cada dois anos, 1/3 de cada vez), e que cada um deles aufere, em termos líquidos, em média, cerca de 3 vezes mais do que um Deputado Português e tem um staff à sua disposição de cerca de 30 membros, entre secretárias, assessores, adjuntos… para além de um plafond de despesas de representação. Ora aqui está uma forma com a qual me identifico (quem me conhece melhor sabe que penso assim – já pensava antes de ser deputado… –, e que se devia exigir exclusividade aos deputados, melhorando substancialmente as suas condições financeiras e de trabalho, incluindo staff… que é, a nível individual, virtualmente inexistente). Ah, e já agora: nos EUA, quando um Deputado ou Senador cessa funções, tem direito a um subsídio de reintegração, proporcional ao tempo em que esteve a servir o país nessas funções (lembram-se do que fez o Engº Sócrates nesta matéria, ainda há uns meses a esta parte?... E não, não estou a falar disto porque me atingiu também a mim…– nunca o fiz até agora, e só devido ao que hoje soube aqui nos EUA o estou a fazer). Enfim, condições que reputo de acertadas, e que permitem que um Deputado, eleito pela população, cumpra o seu dever com o máximo de dignidade.
Enfim, condições que só posso qualificar como correctas ou apropriadas (invejáveis, para nós), e que permitem que um Deputado, eleito pela população, cumpra o seu dever com o máximo de dignidade.
Outro pormenor, que também marca a diferença para o que se passa em Portugal: nos EUA, só as duas Câmaras do Congresso podem ter iniciativas legislativas – o Governo não pode. “Só” tem poder executivo. Claro que isto confere aos eleitos pelo povo uma importância acrescida e faz com que, obrigatoriamente, o Governo esteja em permanente contacto com ambas. Claro que uma ideia legislativa pode partir do Executivo – mas nunca poderá ser este a apresentá-la. Isso terá sempre que ser feito através do Congresso.
Finalmente, devo dizer que por aqui ninguém entende como é que uma Câmara de Deputados, como a Assembleia da República, pode ser dissolvida. “Como?”, perguntam os americanos. “Os 'eleitos pelo povo' podem ser impedidos de terminar o seu mandato por outro 'eleito pelo povo' (nota minha: o Presidente da República)? Qual a legitimidade?” Não, absolutamente impensável para “eles”… e, acrescento eu, elucidativo. De facto, se pensarmos bem… tendo ambos sido eleitos pelo povo…
Bem, chega de falar de política e da classe política!
No caminho para a reunião seguinte, às 13:30, passei pela Congress Library (fantástica), pelo Supreme Court (imponente) e detive-me em frente à Casa Branca, a famosa White House (não podia deixar de o mencionar!...). O almoço foi uma pizza numa dessas cadeias de fast food que por aqui proliferam (ainda mais do que em Lisboa) e seguiu-se então uma reunião no Council of Economic Advisors do Presidente Bush, com uma equipa de três advisors liderada pela Dra. Christine A. McDaniel, Senior Economist for International Trade deste mesmo Council. Foi igualmente interessante, mas a visão que me foi dada quer da economia dos EUA e dos seus problemas e perspectivas, quer do comércio internacional e da globalização, foi muito a “linha oficial”, sem grandes desvios (se é que me faço entender…). Assim, tendo sido interessante, podia na verdade ter sido… bem melhor.
Agora, a seguir sim, foi um verdadeiro espectáculo: The Brookings Institution, uma “think tank”, e a reunião com o Chairman, Prof. Barry P. Bosworth. Foi uma hora de troca de impressões, mas ainda lá podíamos estar a esta hora!... Que senhor dinâmico (apesar dos cabelos brancos), que raciocínio fantástico, que visão mais moderna da economia! Enfim, falámos de tudo, EUA, Portugal, Europa, Ásia, opções de política económica in an ever changing world… realmente fantástico! Acho que constituiu um ponto tão alto como a reunião no FMI, ontem. Sem dúvida os melhores, pelo menos até agora.
A seguir, voltámos à zona do Congresso, desta vez para uma reunião no Senado (Senate), com o Dr. Stephen Schaefer, International Trade Counsel, do Committee on Finance. Uma conversa muito semelhante à que já tinha tido de manhã na House of Representatives, desta vez relacionada com o Senado, e que também foi muito profícua.
Enfim, depois passámos pelas instalações do Delphi International Program of World Learning (que administra o Programa através do qual fui convidado pelo Department of State do Governo dos EUA), e que visou passar em revista os Programas para as cidades de Seattle, Dallas, Boston e New York, ou seja, para o resto do Programa, a partir de Sábado, Abril 29, dia em que parto de Washington, DC (ou só DC, como “eles” dizem) para Seattle.
Como ontem já tinha referido que aconteceria, tive depois o jantar com os meus conhecidos (e amigos) portugueses que cá estão em DC, Nuno Mota Pinto, André Lince de Faria, Rita Ramalho e o seu namorado (o brasileiro Marcos, quadro do FMI, como o André) e o Dr. António Gamito, Conselheiro na Embaixada de Portugal em DC, que conheci neste jantar. Só faltou, em relação ao café de ontem, a Rita Sá Couto, o que foi pena, mas pronto, paciência… Foi excelente, num restaurante libanês na zona de Georgetown. Boa disposição, convívio óptimo, as experiências internacionais de cada um (deles!) nos EUA e não só, e, claro, depois, não podia faltar o nosso país, a situação que atravessamos, etc. Por fim ofereceram-me o jantar!... A todos o meu público muito obrigado por um serão inesquecível e que guardarei sempre como ponto alto da minha presença em DC.
O Nuno, que simpaticamente já me tinha vindo buscar ao hotel, veio depois cá deixar-me, e agora é hora de dormir, até porque, acima não referi, mas quando acabei a reunião no Senado estava positivamente de rastos… E neste sentido de dizer que “isto” não é propriamente turismo, falta-me acrescentar ao post de ontem que é, de facto, um Programa muito cansativo, mas a oportunidade é única, e vale bem o sacrifício das “saudades” de aqui estar sozinho… Isto, claro, para além dos eventos que estes fantásticos americanos – e são mesmo, cada vez mais tenho a certeza disso! – me vão proporcionar extra-Programa, a maioria dos quais porque manifestei interesse. Já assim foi com a visita ao Pentágono de segunda-feira passada, e assim será amanhã, quando assistir, às 20 horas locais (1 da manhã em Lisboa), ao primeiro jodo do play-off da NBA (pois é, é verdade!...), no Verizon Center, entre os Washington Wizards e os Cleveland Cavaliers (este apontamento foi só para vos fazer crescer água na boca…). Quando posso, vejo as transmissões que a SportTV faz dos jogos da NBA, e nunca assisti a nenhum ao vivo. Ora, penso eu, deparando-se-me esta oportunidade, não seria idiota em não aproveitar?!...
Enfim, no post de amanhã faço o relato!
Antes de terminar, só uma nota que já deixei num comentário ao meu post de ontem (que aqui quero enfatizar), e que tem a ver com a suspeição da “nossa” comentadora Marga, que supõe que a minha viagem aos States saiu do bolso dos contribuintes portugueses, isto é, de todos nós (aliás, devo confessar que nem percebo bem o intuito da suspeição…). Ora, vamos lá esclarecer o assunto, para que não fiquem dúvidas. Creio que no meu post “0” referi que era convidado do Governo dos EUA. Para mim, quando me convidam, tal significa que não tenho que me preocupar com nada, nem com aspectos financeiros – a não ser que mo digam explicitamente. Como também referi no meu post de terça-feira, Abril 25, nesse dia foi-me entregue o meu “per diem”, a quantia que o Department of State estimou que, em média, eu gastaria por dia durante a minha estadia. E que, portanto, cobrirá, em média, as minhas despesas de hotéis, alimentação, e transportes (claro que se, por exemplo, eu quiser comer muito bem a todas as refeições, não chegará; mas também se comer fast (ou junk) food a toda a hora, ainda sobrará…). Como o Department of State ainda paga as passagens de avião, cara Marga, são de facto os contribuintes que financiam a minha viagem, é certo, mas os contribuintes… norte-americanos, e não portugueses! Pelo que folgo muito com a sua preocupação em relação ao destino dos dinheiros pagos pelos contribuintes dos EUA!... Questão encerrada?!...
Até amanhã a todos!
quinta-feira, 27 de abril de 2006
A coesão social
O comentário politicamente violento de um conhecido dirigente comunista no DN de hoje leva-me a falar na coesão social, bem presente no recente discurso de Cavaco Silva .
O discurso do presidente da República no 25 de Abril vai ser lembrado por muitos anos: teve um tema, traçou uma linha de rumo, não criticou o Governo.
Porque teve um tema e traçou uma linha de rumo, não foi um discurso redondo, como foram muitos dos seus predecessores; porque não criticou o Governo de uma força que se lhe opôs eleitoralmente, também se distinguiu de quem o antecedeu.
O tema escolhido deixou, no momento, sem reacção os partidos mais à esquerda e também deixou algo perplexas algumas forças, à direita.
Habituados a reivindicarem para si o exclusivo da inclusão e da coesão social, o PCP e o Bloco sentiram um murro no estômago ao qual só a pouco e pouco puderam responder, como hoje aconteceu no DN por parte de um dirigente comunista.
Numa forma de comunicação lastimável, mas de há muito conhecida, deturpa o que Cavaco disse, valora sobretudo o que Cavaco não disse (…”sobre o desemprego, por exemplo, quedou-se no mais tonitruante silêncio…” e tira falsas conclusões, como essa notável de que o Presidente se limitou a apelar à caridade (…quando os políticos apelam à caridade, os povos sabem por experiência que não é dali que virá boa política…).
Essas forças sabem que o seu declínio mais se acentuará à medida que for possível alargar a coesão social e estender padrões de bem-estar a todos os cidadãos.
Cada degrau de ascensão do limiar de pobreza a outros padrões de vida é a saída de votos dessas forças.
Até por isso, é pouco inteligente a reacção de algumas forças de direita.
Tal como a saúde para os indivíduos, a coesão social é para toda a sociedade um bem inestimável, que só é devidamente apreciado quando se perde.
Tudo aquilo que se faça, Governo, sociedade civil, pessoas individualmente consideradas, por fortalecer essa coesão, para além de se impor em nome da dignidade humana, tem um retorno de largos benefícios para todos.
Aí não pode haver “cortes” orçamentais; esses terão que se estender a outros destinatários, por norma mais poderosos ou barulhentos.
Porque teve um tema e traçou uma linha de rumo, não foi um discurso redondo, como foram muitos dos seus predecessores; porque não criticou o Governo de uma força que se lhe opôs eleitoralmente, também se distinguiu de quem o antecedeu.
O tema escolhido deixou, no momento, sem reacção os partidos mais à esquerda e também deixou algo perplexas algumas forças, à direita.
Habituados a reivindicarem para si o exclusivo da inclusão e da coesão social, o PCP e o Bloco sentiram um murro no estômago ao qual só a pouco e pouco puderam responder, como hoje aconteceu no DN por parte de um dirigente comunista.
Numa forma de comunicação lastimável, mas de há muito conhecida, deturpa o que Cavaco disse, valora sobretudo o que Cavaco não disse (…”sobre o desemprego, por exemplo, quedou-se no mais tonitruante silêncio…” e tira falsas conclusões, como essa notável de que o Presidente se limitou a apelar à caridade (…quando os políticos apelam à caridade, os povos sabem por experiência que não é dali que virá boa política…).
Essas forças sabem que o seu declínio mais se acentuará à medida que for possível alargar a coesão social e estender padrões de bem-estar a todos os cidadãos.
Cada degrau de ascensão do limiar de pobreza a outros padrões de vida é a saída de votos dessas forças.
Até por isso, é pouco inteligente a reacção de algumas forças de direita.
Tal como a saúde para os indivíduos, a coesão social é para toda a sociedade um bem inestimável, que só é devidamente apreciado quando se perde.
Tudo aquilo que se faça, Governo, sociedade civil, pessoas individualmente consideradas, por fortalecer essa coesão, para além de se impor em nome da dignidade humana, tem um retorno de largos benefícios para todos.
Aí não pode haver “cortes” orçamentais; esses terão que se estender a outros destinatários, por norma mais poderosos ou barulhentos.
"De como dar utilidade à vida" ou "Parlamento, para que te quero?"
Pérolas...
"Passei na Assembleia mais de seis anos. Apesar das muitas actividades que exerci lá dentro, tive que arranjar muitas outras (públicas e não remuneradas) para dar alguma utilidade à vida. Até que me fartei. Optei por ganhar metade e trabalhar várias vezes mais como autarca".
Macário Correia, ao Público de hoje.
Levanta-te e anda ...assinar (take 2)
Depois da notificação judicial ao falecido que registámos aqui, eis que desta vez é o Conselho Nacional de Jurisdição do PSD que nos faz acreditar em milagres.
Ao que parece rejeitou a candidatura alternativa a Marques Mendes por, entre outras irregularidades, vir instruída com a assinatura de «dois militantes falecidos que vinham indicados»!
Decisão do Conselho de Jurisdição, segundo o Diário Digital: fixou-se um prazo de dois dias para que sejam ultrapassadas estas insuficiências.
Ao que parece rejeitou a candidatura alternativa a Marques Mendes por, entre outras irregularidades, vir instruída com a assinatura de «dois militantes falecidos que vinham indicados»!
Decisão do Conselho de Jurisdição, segundo o Diário Digital: fixou-se um prazo de dois dias para que sejam ultrapassadas estas insuficiências.
Maio, mês do coração…
As doenças cardiovasculares (DCV) constituem a principal causa de morte nos países ocidentalizados.
Em Portugal, o comportamento das DCV tem sofrido alterações de nota devido a várias circunstâncias. De facto, nas últimas duas décadas e meia observámos uma redução significativa da mortalidade.
Habitualmente, há uma tentação, perfeitamente legítima, para justificar tais mudanças com base nas modificações dos estilos de vida e do comportamento. Não pondo de parte as suas influências, podemos, no entanto, afirmar que, entre nós, não são suficientes para justificar as variações observadas.
Não deixa de ser curioso que, nos últimos anos, tenham ocorrido fenómenos que estão, aparentemente, em contradição com a evolução das DCV. De facto, a percentagem de diabéticos aumentou, assim como os que sofrem de hipercolesterolemia; os portugueses estão cada vez mais obesos, consomem mais gorduras e calorias, cada vez fazem menos exercício, além de não termos, infelizmente, observado reduções significativas da prevalência da hipertensão, nem do consumo do tabaco (à excepção dos homens).
A fim de demonstrar o impacto destas doenças na nossa sociedade, podemos afirmar que, anualmente, se perdem qualquer coisa, em média, como 69.000 anos de vida antes de atingirem os 70 anos. Destes, 30.500 são da responsabilidade das doenças isquémicas do coração e 38.500 da responsabilidade dos acidentes vasculares cerebrais.
Tal como já foi afirmado, Portugal apresenta em termos cardiovasculares uma evolução positiva da mortalidade nas últimas duas décadas, nomeadamente para os acidentes vasculares cerebrais, mas também para as doenças isquémicas do coração.
Um melhor controlo dos principais factores de risco deverá explicar esta tendência. Sendo assim, é de salientar que a classe médica tem intervindo de uma forma positiva no fenómeno, quer através de aconselhamento, quer através de terapêuticas instituídas.
Se a tendência na redução da mortalidade é um facto, o mesmo não se pode dizer da morbilidade, para a qual não dispomos de informação credível, mas tudo aponta para que esteja a aumentar.
Em trabalhos já realizados, tivemos oportunidade de explicar que a prevenção secundária constitui, muito provavelmente, a razão para a melhoria entretanto observada, apesar de não terem ocorrido grandes variações na prevalência dos principais factores. A proporção de hipercolesterolémicos, de hipertensos e de diabéticos não sofreram grande redução, mas é muito provável que, entretanto, os hipertensos tornaram-se “menos hipertensos”, os hipercolesterolémicos “menos hipercolesterolémicos” e os diabéticos “menos diabéticos”. Importa, face a esta análise, afirmar que existe de momento um elevado potencial susceptível de reduzir, ainda mais, a mortalidade cardiovascular. Para o efeito, a adesão à terapêutica tem que aumentar, assim como um efectivo controlo dos principais factores de risco, os quais estão, perfeitamente, ao nosso alcance. Bastaria “só”, por exemplo, um efectivo controlo da hipertensão arterial para evitar que mais de 140.000 portugueses com idades compreendidas entre os 55 e os 84 anos viessem a sofrer um AVC nos próximos dez anos. Números que só por si justificam uma forte intervenção na prevenção secundária, cujo potencial está muito subaproveitado.
Aproveitando o mês de Maio, mês do coração, aconselhamos que vigiem e controlem os principais factores de risco cardiovascular, que obedeçam às “ordens” médicas, que tomem, escrupulosamente, ou se preferirem, religiosamente, os medicamentos prescritos, que façam exercício, que deixem de fumar, que tenham mais cuidados com os hábitos alimentares e, não se esqueçam, “façam o favor de serem felizes”, porque a felicidade é um poderoso factor de protecção cardiovascular…
Poesia de intervenção!...
À Suzana Toscano e ao David Justino:
Se lá do assento etéreo onde subistes
Memória desta vida se consente
Mandem é lá uns posts cá p`ra gente
Ficarmos neste blog menos tristes!...
Agora é que eu vou testar se a poesia é uma arma!...
Se lá do assento etéreo onde subistes
Memória desta vida se consente
Mandem é lá uns posts cá p`ra gente
Ficarmos neste blog menos tristes!...
Agora é que eu vou testar se a poesia é uma arma!...
Para onde vamos?
Tal como prometido no último post, vou hoje referir-me ao relatório Bruegel, editado em Bruxelas em Fevereiro deste ano e divulgado na imprensa portuguesa no corrente mês (especialmente no D.Económico).
Uma primeira observação para dizer que, com excepção do DE, o documento passou quase despercebido nos órgãos de comunicação, tendo merecido bastante menos destaque e suscitado menos discussão (se alguma) que outros relatórios mais conjunturais como os do FMI/Primavera, OCDE e o boletim económico do BP do 1ºTrim/2006.
Em minha modesta opinião, este relatório é bem mais importante, todavia, que qualquer um desses relatórios conjunturais, pois mostra, com bastante clareza, porque razão a economia portuguesa se encontra na posição crítica que todos, mais ou menos, conhecemos.
E permite perceber o que teremos de fazer – e também de não fazer – para sair dessa crítica situação.
Permite ainda antever o que nos poderá suceder se não formos capazes de inverter, decisivamente, a natureza das políticas que parece teimarmos em seguir.
O relatório em causa faz um balanço dos primeiros 7 anos de experiência do euro (1999-2005), começando com um comentário interessante, que nos diz muito respeito: que a participação no euro tem os seus benefícios, mas que esses benefícios não são de acesso livre, com isto querendo dizer que para alcançar esses benefícios era preciso algum esforço.
E, acrescento eu, seria preciso em primeiro lugar ter percebido o significado e as implicações da participação no euro, coisa que em Portugal, sobretudo a nível oficial, quase ninguém entendeu.
Coisa que entre nós levou muitos anos a assimilar e ainda há quem não consiga ou não queira entender (ontem mesmo, ao ler um artigo de opinião no DE, intitulado “Portugal no buraco”, pude constatar que é possível, ainda nesta altura, haver “opinion makers” que vêm propor, como solução do nosso problema económico, uma receita que conduziria à insolvabilidade do Estado, ao agravamento da perda de competitividade e, como conclusão, ao afundamento definitivo da economia…)
O relatório esclarece, logo a seguir, que a participação numa zona monetária exige disciplina (financeira, em especial) e que a perda da taxa de câmbio como instrumento para enfrentar choques económicos pode ter um custo elevado.
E acrescenta que as divergências entre os países membros em matéria de crescimento e de inflação deveriam merecer muito maior atenção por parte das autoridades nacionais e comunitárias, a preocupação destas tem-se concentrado, quase em exclusivo, na implementação do Pacto de Estabilidade e Crescimento.
Chama ainda a atenção (i) para a necessidade de agilizar os mecanismos de formação de preços e de salários, a nível nacional, em ordem a permitir respostas mais prontas à mudança de condições económicas (que W. Munchau advogou como prioridade para o caso da Itália, no artigo a que me referi no último post), bem como (ii) para a exigência de evitar políticas orçamentais que contribuam para agravar ainda mais as divergências de preços e de crescimento.
Passando à análise do caso português, o relatório refere, em especial, a acentuada perda de competitividade que se registou no período pós-euro – a mais grave entre todos os países da zona medida pela taxa de cambio real.
Portugal teve, neste capítulo, o pior desempenho entre todos os países do euro. Comparável apenas ao caso da Itália, mas ainda pior infelizmente.
Coloca a nossa evolução em contraste com a da Irlanda, que durante os mesmos 7 anos conheceu um “boom” nas suas exportações (o euro não foi obstáculo).
A Irlanda constitui aliás um caso notável de sucesso na reforma da despesa pública, um bom exemplo para Portugal, ao qual tenciono dedicar um dos próximos textos em exclusivo, acho que vale a pena. Miguel Frasquilho tem já citado este exemplo, julgo que se justifica conhecê-lo um pouco melhor.
E aponta que a perda de competitividade em Portugal se deve a uma inflação acima da média da zona euro e que esta última é explicável pelo disparo da procura interna, em resposta a dois factores principais: (i) queda de mais de 6% no nível das taxas de juro reais, determinando uma “explosão” no recurso ao crédito bancário para financiar despesas de consumo e de investimento em habitação, e (ii) política orçamental fortemente expansionista, pró-cíclica, agravando as consequências da rápida expansão da despesa das famílias.
Acrescenta mais adiante um elucidativo comentário, ao dizer (cito) “Portugal cometeu erros significativos de política económica no período 1995-2000, quando o seu “headline” deficit (não corrigido de variações cíclicas) passou de 5% para 3% do PIB”.
O que deveria ter acontecido então, nesse período, para que não viéssemos a sofrer as consequências por que agora estamos a passar?
A resposta é até simples de enunciar: deveríamos ter passado para uma situação de SUPERAVIT orçamental significativo (da ordem dos 2 a 4% do PIB) exactamente como aconteceu na Irlanda, em vez de termos mantido um deficit de 3 ou 4% (lembro que o deficit de 2001, certificado pelo Eurostat, foi de 4,4% do PIB).
Não teria sido particularmente difícil, bastaria ter aproveitado o grande ritmo de crescimento da receita fiscal que então se verificou graças à rápida expansão da despesa de consumo das famílias (impostos indirectos) e ao crescimento dos rendimentos pessoais e das empresas (impostos directos).
Ao mesmo tempo, deveríamos ter travado, mas a sério, o crescimento da despesa pública.
Isso não teria causado qualquer dano ao crescimento da economia, bem pelo contrário teria até contribuído para um melhor desempenho das exportações e para um bem menor (ou para o não) agravamento do défice externo.Continua em próximo post a apreciação do relatório Bruegel. Este já vai muito longo, não quero complicar a vida ao comentador Anthrax…
Uma primeira observação para dizer que, com excepção do DE, o documento passou quase despercebido nos órgãos de comunicação, tendo merecido bastante menos destaque e suscitado menos discussão (se alguma) que outros relatórios mais conjunturais como os do FMI/Primavera, OCDE e o boletim económico do BP do 1ºTrim/2006.
Em minha modesta opinião, este relatório é bem mais importante, todavia, que qualquer um desses relatórios conjunturais, pois mostra, com bastante clareza, porque razão a economia portuguesa se encontra na posição crítica que todos, mais ou menos, conhecemos.
E permite perceber o que teremos de fazer – e também de não fazer – para sair dessa crítica situação.
Permite ainda antever o que nos poderá suceder se não formos capazes de inverter, decisivamente, a natureza das políticas que parece teimarmos em seguir.
O relatório em causa faz um balanço dos primeiros 7 anos de experiência do euro (1999-2005), começando com um comentário interessante, que nos diz muito respeito: que a participação no euro tem os seus benefícios, mas que esses benefícios não são de acesso livre, com isto querendo dizer que para alcançar esses benefícios era preciso algum esforço.
E, acrescento eu, seria preciso em primeiro lugar ter percebido o significado e as implicações da participação no euro, coisa que em Portugal, sobretudo a nível oficial, quase ninguém entendeu.
Coisa que entre nós levou muitos anos a assimilar e ainda há quem não consiga ou não queira entender (ontem mesmo, ao ler um artigo de opinião no DE, intitulado “Portugal no buraco”, pude constatar que é possível, ainda nesta altura, haver “opinion makers” que vêm propor, como solução do nosso problema económico, uma receita que conduziria à insolvabilidade do Estado, ao agravamento da perda de competitividade e, como conclusão, ao afundamento definitivo da economia…)
O relatório esclarece, logo a seguir, que a participação numa zona monetária exige disciplina (financeira, em especial) e que a perda da taxa de câmbio como instrumento para enfrentar choques económicos pode ter um custo elevado.
E acrescenta que as divergências entre os países membros em matéria de crescimento e de inflação deveriam merecer muito maior atenção por parte das autoridades nacionais e comunitárias, a preocupação destas tem-se concentrado, quase em exclusivo, na implementação do Pacto de Estabilidade e Crescimento.
Chama ainda a atenção (i) para a necessidade de agilizar os mecanismos de formação de preços e de salários, a nível nacional, em ordem a permitir respostas mais prontas à mudança de condições económicas (que W. Munchau advogou como prioridade para o caso da Itália, no artigo a que me referi no último post), bem como (ii) para a exigência de evitar políticas orçamentais que contribuam para agravar ainda mais as divergências de preços e de crescimento.
Passando à análise do caso português, o relatório refere, em especial, a acentuada perda de competitividade que se registou no período pós-euro – a mais grave entre todos os países da zona medida pela taxa de cambio real.
Portugal teve, neste capítulo, o pior desempenho entre todos os países do euro. Comparável apenas ao caso da Itália, mas ainda pior infelizmente.
Coloca a nossa evolução em contraste com a da Irlanda, que durante os mesmos 7 anos conheceu um “boom” nas suas exportações (o euro não foi obstáculo).
A Irlanda constitui aliás um caso notável de sucesso na reforma da despesa pública, um bom exemplo para Portugal, ao qual tenciono dedicar um dos próximos textos em exclusivo, acho que vale a pena. Miguel Frasquilho tem já citado este exemplo, julgo que se justifica conhecê-lo um pouco melhor.
E aponta que a perda de competitividade em Portugal se deve a uma inflação acima da média da zona euro e que esta última é explicável pelo disparo da procura interna, em resposta a dois factores principais: (i) queda de mais de 6% no nível das taxas de juro reais, determinando uma “explosão” no recurso ao crédito bancário para financiar despesas de consumo e de investimento em habitação, e (ii) política orçamental fortemente expansionista, pró-cíclica, agravando as consequências da rápida expansão da despesa das famílias.
Acrescenta mais adiante um elucidativo comentário, ao dizer (cito) “Portugal cometeu erros significativos de política económica no período 1995-2000, quando o seu “headline” deficit (não corrigido de variações cíclicas) passou de 5% para 3% do PIB”.
O que deveria ter acontecido então, nesse período, para que não viéssemos a sofrer as consequências por que agora estamos a passar?
A resposta é até simples de enunciar: deveríamos ter passado para uma situação de SUPERAVIT orçamental significativo (da ordem dos 2 a 4% do PIB) exactamente como aconteceu na Irlanda, em vez de termos mantido um deficit de 3 ou 4% (lembro que o deficit de 2001, certificado pelo Eurostat, foi de 4,4% do PIB).
Não teria sido particularmente difícil, bastaria ter aproveitado o grande ritmo de crescimento da receita fiscal que então se verificou graças à rápida expansão da despesa de consumo das famílias (impostos indirectos) e ao crescimento dos rendimentos pessoais e das empresas (impostos directos).
Ao mesmo tempo, deveríamos ter travado, mas a sério, o crescimento da despesa pública.
Isso não teria causado qualquer dano ao crescimento da economia, bem pelo contrário teria até contribuído para um melhor desempenho das exportações e para um bem menor (ou para o não) agravamento do défice externo.Continua em próximo post a apreciação do relatório Bruegel. Este já vai muito longo, não quero complicar a vida ao comentador Anthrax…
Por Terras do Tio Sam – Abril 26, Quarta – Capítulo 5
Terceiro dia do Programa e talvez o dia mais produtivo – e também, portanto, mais estimulante, sem qualquer desprimor para os anteriores.
Começou um pouco mais tarde do que o habitual (às 10 horas da manhã), com uma reunião no “think tank” Progressive Policy Institute, ligado ao Partido Democrata. Um encontro bastante proveitoso, em que se discutiu (e creio que muito aprendi…) sobre a situação política nos EUA (passado recente, presente e futuro, sobretudo perspectivas para a eleição presidencial de 2008), sobre a globalização e alguns tópicos específicos de política internacional, sobretudo a nível geo-político (Afeganistão, Iraque, Coreia do Norte, Irão…) e política ambiental. Da minha parte, o meu anfitrião quis saber sobre a situação na União Europeia (Constituição, alargamento, etc.) e a visão que eu tinha sobre os EUA… Sendo eu mais pró-republicano (julgo que não é surpresa para ninguém…), ouvir opiniões – e bem fundamentadas – de alguém muito próximo dos democratas, foi extremamente interessante e enriquecedor.
Seguiu-se o almoço, um pouco mais cedo do que o habitual, dado que às 13 horas tinha agendada uma reunião no Fundo Monetário Internacional (FMI) com a equipa que segue Portugal (ou, mais precisamente, a evolução da economia portuguesa), composta pelos Drs. Philip R. Gerson (Division Chief, European Department), Paulo Drummond (brasileiro, Senior Economist, European Department) e Yuan Xiao (Economist). E posso dizer-vos, meus amigos: foi excepcional! Foram 50 minutos, mas podia ter sido a tarde inteira, porque não só eles estavam muito bem informados sobre a situação no nosso país (acho que nem seria de esperar outra coisa…), mas quiserem também ouvir-me sobre este tema. Daí resultou a reunião mais “taco-a-taco” que tive até agora. E em que mais senti que podia ser útil, se é que me faço entender… Bem, sem revelar o conteúdo da reunião, por razões óbvias, sempre vos posso dizer que concordámos quase a 100% sobre a evolução recente… e também sobre as perspectivas para o nosso país. Um regalo (pelo menos do ponto de vista intelectual, para mim foi muito estimulante)! Ficámos de nos manter em contacto e de nos encontrarmos aquando da próxima visita da equipa do FMI a Portugal, agendada para Julho próximo.
Enfim, às 14 horas atravessámos (eu e o ELO, que julgo que já todos sabem quem é) a rua e tivemos duas reuniões no World Bank, a primeira com o Dr. Vicenzo La Via (Chief Financial Officer) e a segunda com os Drs. Engilbert Gufmundsson (Partnership Coordinator, Global Programs and Partnerships Group) e Richard H. Zechter (Senior Partnership Specialist, Global Programs and Partnerships Group & Concessional Finance and Global Partnerships). Ambos os encontros versaram sobre a situação corrente do World Bank, o seu actual papel na ajuda aos países menos desenvolvidos, e também sobre os Programas Globais que esta instituição tem lançado (por exemplo, apara acudir a fenómenos como o tsunami asiático, que afectou vários países). Claro que se falou dos países africanos de língua oficial portuguesa, do Brasil e de Timor Leste…
Pelo meio, entre as duas reuniões, tive a oportunidade de reunir com o Dr. Nuno Mota Pinto (filho do ex-Presidente do PSD Carlos Mota Pinto, infelizmente desaparecido nos anos 80), representante de Portugal no World Bank (Alternate Executive Director), sendo que este encontro já tinha sido agendado telefonicamente, estava eu ainda em Lisboa.
Por volta das 16 horas o Programa de hoje estava terminado, mas ainda tive o grato prazer de tomar um café com ex-alunos meus da Universidade Católica, com quem nunca perdi contacto, e que fazem parte do FMI e do World Bank: o Prof. Dr. André Lince de Faria e a esposa, Dra. Rita Sá Couto, bem como a Prof. Dra. Rita Ramalho (ele no FMI, elas no World Bank). Todos eles excelentes alunos, sendo que o André e a Rita se doutoraram nos EUA (ele na Universidade de Chicago, ela no MIT de Boston). E é sempre uma alegria encontrar Portugueses quando estamos no estrangeiro, ainda para mais quando já são “velhos” (e agradáveis) conhecidos. Foi quase uma horita em que cavaqueámos sobre muita coisa; da minha parte foi muito bom; creio que da parte deles também deve ter sido, porque sempre nos demos bem. Amanhã vou jantar, pelo menos, com o Nuno e o André – o que já será excelente. Mas, com sorte acrescida, pode ser que as “duas” Ritas também venham.
É quando nos encontramos em situações como esta que percebemos o agradável que é encontrar compatriotas fora da nossa terra… Bem sei que ainda estou há pouco tempo “fora de casa”, mas a verdade também é que estou sozinho (apesar de o ELO se mostrar sempre o mais cooperante e simpático possível, mas nunca é a mesma coisa, não é verdade?!), e assim vou continuar por mais duas semanas e meia… bem, sozinho não é bem verdade, porque todos os dias recebo telefonemas de Portugal no meu telemóvel (e também faço alguns – a conta vai ser elevada, mas há ocasiões em que isso é o que menos conta, e esta é uma delas), e quando chego ao quarto ligo-me à Internet. Tenho sempre alguns e-mails de amigos a quem responder e, depois, há “este” relato diário no nosso blog, através do qual também mato saudades… Abençoada Internet, não tenham dúvidas! Há quinze anos (ou mesmo dez anos) atrás seria bem mais complicado…
Bem, e depois desta parte mais sentimental (mil perdões!...), cumpre-me apenas dizer que o jantar de hoje foi indiano e, como sucedeu em dias anteriores, estava óptimo.
Uma palavra final para agradecer o comentário do Anthrax ao meu post anterior: é verdade, “isto” é muito, mas mesmo muito interessante (apesar de achar que vou “morrer” de saudades de Portugal e - desculpem-me todos os outros familiares, sobretudo os mais chegados, e os amigos - sobretudo dos meus adoráveis sobrinhos pequeninos, a Mariana e o Afonso, de quem hoje recebi umas deliciosas fotografias enviadas pelo meu irmão por e-mail…), e acho que sou um privilegiado em aqui estar é claro que estou a conhecer um mundo novo que, sem dúvida, me será muito útil no futuro. No entanto, tenham também a certeza de uma coisa: é muito cansativo! Por isso, mais uma vez repito (para todos os que teimosamente insistem no “tema”): não estou mesmo a fazer turismo!... E ainda bem!...
Meu caro Anthrax, muito obrigado pela ajuda.
Até amanhã!
Começou um pouco mais tarde do que o habitual (às 10 horas da manhã), com uma reunião no “think tank” Progressive Policy Institute, ligado ao Partido Democrata. Um encontro bastante proveitoso, em que se discutiu (e creio que muito aprendi…) sobre a situação política nos EUA (passado recente, presente e futuro, sobretudo perspectivas para a eleição presidencial de 2008), sobre a globalização e alguns tópicos específicos de política internacional, sobretudo a nível geo-político (Afeganistão, Iraque, Coreia do Norte, Irão…) e política ambiental. Da minha parte, o meu anfitrião quis saber sobre a situação na União Europeia (Constituição, alargamento, etc.) e a visão que eu tinha sobre os EUA… Sendo eu mais pró-republicano (julgo que não é surpresa para ninguém…), ouvir opiniões – e bem fundamentadas – de alguém muito próximo dos democratas, foi extremamente interessante e enriquecedor.
Seguiu-se o almoço, um pouco mais cedo do que o habitual, dado que às 13 horas tinha agendada uma reunião no Fundo Monetário Internacional (FMI) com a equipa que segue Portugal (ou, mais precisamente, a evolução da economia portuguesa), composta pelos Drs. Philip R. Gerson (Division Chief, European Department), Paulo Drummond (brasileiro, Senior Economist, European Department) e Yuan Xiao (Economist). E posso dizer-vos, meus amigos: foi excepcional! Foram 50 minutos, mas podia ter sido a tarde inteira, porque não só eles estavam muito bem informados sobre a situação no nosso país (acho que nem seria de esperar outra coisa…), mas quiserem também ouvir-me sobre este tema. Daí resultou a reunião mais “taco-a-taco” que tive até agora. E em que mais senti que podia ser útil, se é que me faço entender… Bem, sem revelar o conteúdo da reunião, por razões óbvias, sempre vos posso dizer que concordámos quase a 100% sobre a evolução recente… e também sobre as perspectivas para o nosso país. Um regalo (pelo menos do ponto de vista intelectual, para mim foi muito estimulante)! Ficámos de nos manter em contacto e de nos encontrarmos aquando da próxima visita da equipa do FMI a Portugal, agendada para Julho próximo.
Enfim, às 14 horas atravessámos (eu e o ELO, que julgo que já todos sabem quem é) a rua e tivemos duas reuniões no World Bank, a primeira com o Dr. Vicenzo La Via (Chief Financial Officer) e a segunda com os Drs. Engilbert Gufmundsson (Partnership Coordinator, Global Programs and Partnerships Group) e Richard H. Zechter (Senior Partnership Specialist, Global Programs and Partnerships Group & Concessional Finance and Global Partnerships). Ambos os encontros versaram sobre a situação corrente do World Bank, o seu actual papel na ajuda aos países menos desenvolvidos, e também sobre os Programas Globais que esta instituição tem lançado (por exemplo, apara acudir a fenómenos como o tsunami asiático, que afectou vários países). Claro que se falou dos países africanos de língua oficial portuguesa, do Brasil e de Timor Leste…
Pelo meio, entre as duas reuniões, tive a oportunidade de reunir com o Dr. Nuno Mota Pinto (filho do ex-Presidente do PSD Carlos Mota Pinto, infelizmente desaparecido nos anos 80), representante de Portugal no World Bank (Alternate Executive Director), sendo que este encontro já tinha sido agendado telefonicamente, estava eu ainda em Lisboa.
Por volta das 16 horas o Programa de hoje estava terminado, mas ainda tive o grato prazer de tomar um café com ex-alunos meus da Universidade Católica, com quem nunca perdi contacto, e que fazem parte do FMI e do World Bank: o Prof. Dr. André Lince de Faria e a esposa, Dra. Rita Sá Couto, bem como a Prof. Dra. Rita Ramalho (ele no FMI, elas no World Bank). Todos eles excelentes alunos, sendo que o André e a Rita se doutoraram nos EUA (ele na Universidade de Chicago, ela no MIT de Boston). E é sempre uma alegria encontrar Portugueses quando estamos no estrangeiro, ainda para mais quando já são “velhos” (e agradáveis) conhecidos. Foi quase uma horita em que cavaqueámos sobre muita coisa; da minha parte foi muito bom; creio que da parte deles também deve ter sido, porque sempre nos demos bem. Amanhã vou jantar, pelo menos, com o Nuno e o André – o que já será excelente. Mas, com sorte acrescida, pode ser que as “duas” Ritas também venham.
É quando nos encontramos em situações como esta que percebemos o agradável que é encontrar compatriotas fora da nossa terra… Bem sei que ainda estou há pouco tempo “fora de casa”, mas a verdade também é que estou sozinho (apesar de o ELO se mostrar sempre o mais cooperante e simpático possível, mas nunca é a mesma coisa, não é verdade?!), e assim vou continuar por mais duas semanas e meia… bem, sozinho não é bem verdade, porque todos os dias recebo telefonemas de Portugal no meu telemóvel (e também faço alguns – a conta vai ser elevada, mas há ocasiões em que isso é o que menos conta, e esta é uma delas), e quando chego ao quarto ligo-me à Internet. Tenho sempre alguns e-mails de amigos a quem responder e, depois, há “este” relato diário no nosso blog, através do qual também mato saudades… Abençoada Internet, não tenham dúvidas! Há quinze anos (ou mesmo dez anos) atrás seria bem mais complicado…
Bem, e depois desta parte mais sentimental (mil perdões!...), cumpre-me apenas dizer que o jantar de hoje foi indiano e, como sucedeu em dias anteriores, estava óptimo.
Uma palavra final para agradecer o comentário do Anthrax ao meu post anterior: é verdade, “isto” é muito, mas mesmo muito interessante (apesar de achar que vou “morrer” de saudades de Portugal e - desculpem-me todos os outros familiares, sobretudo os mais chegados, e os amigos - sobretudo dos meus adoráveis sobrinhos pequeninos, a Mariana e o Afonso, de quem hoje recebi umas deliciosas fotografias enviadas pelo meu irmão por e-mail…), e acho que sou um privilegiado em aqui estar é claro que estou a conhecer um mundo novo que, sem dúvida, me será muito útil no futuro. No entanto, tenham também a certeza de uma coisa: é muito cansativo! Por isso, mais uma vez repito (para todos os que teimosamente insistem no “tema”): não estou mesmo a fazer turismo!... E ainda bem!...
Meu caro Anthrax, muito obrigado pela ajuda.
Até amanhã!
quarta-feira, 26 de abril de 2006
Mulheres e comboios…
Os mais velhos ainda se recordam do tempo em que havia três classes no caminho-de-ferro: a primeira classe, para os ricos, com assentos almofadados e apoios de tecido branco para as ilustres cabeças, a segunda classe para os remediados, os quais, tinham direito a assentos e encostos revestidos a napa, e a terceira classe, de suma pau, para os da casta mais inferior!
Era interessante ver, nas estações, a deslocação das pessoas com as respectivas indumentárias e respectivos adereços à procura das diferentes carruagens, denunciando uma hierarquia social que, hoje, a muitos anos de distância, considero como obscena. Na altura, filho de ferroviário, tinha direito, com os meus pais, a viajar em segunda. Mas, apesar de conhecer o conforto e o “desconforto” de todas elas, pedia sempre ao meu pai para viajar em terceira classe. Pudera! Nesta classe saltava em cima dos assentos, de banco para banco, à vontade, sem os raspanetes, e não só, que ouvia nas carruagens mais ricas, porque podia sujar os assentos de tecido ou de napa. Além do mais, dava-me um gozo ter de abrir a porta, por fora, através da janela, a qual subia e descia graças a uma grande tira de couro vinda lá do fundo. O convívio com os restantes passageiros, partilhando dos apetitosos farnéis, a que não negava fogo, não sofria perturbação quer pelos respectivos e complexos odores, nem pelos animais que alguns transportavam à socapa e que me despertavam a atenção. Mais tarde foi abolida, e bem, a terceira classe, ficando os passageiros reduzidos a duas classes. Só recentemente, é que as diferenças entre as duas passaram a basear-se mais no “espaço” destinado ao utilizador do que propriamente no material dos assentos.
Poderíamos pensar que a discriminação social tinha já acabado, mas não, começa a ser substituída pela discriminação sexual. No Japão e, mais recentemente, no Brasil passou a haver carruagens só para mulheres, de forma a lutar ou prevenir o assédio sexual. No estado do Rio de Janeiro entrou em vigor, no passado dia 24 de Abril, uma lei que obriga os comboios e o metropolitano a disporem de carruagens exclusivas para o sexo feminino. Verdadeira patetice que, espero, não venha a ocorrer entre nós. Como deverão estar sinalizadas as carruagens? No tempo em que havia três classes, predominava a numeração romana. Agora, nestes casos, deverão apresentar símbolos sexuais idênticos aos que são utilizados nas casas de banho dos cafés e restaurantes, muitos dos quais se prestam a alguma confusão na primeira olhadela! Enfim, perfeitas loucuras, que não ficam por aqui. Não tarda muito, e ainda acabam por arranjar carruagens para os “limpinhos” e os “menos limpinhos”, ou carruagens para os assexuados e “outros”.
Alguns países querem separar as mulheres dos homens nos comboios. O nosso parlamento quer mais mulheres misturadas com os homens. Acho muito bem. Só não acho bem a fórmula encontrada para atrair o sexo feminino.
A lei da paridade é, no meu entender, uma ofensa às mulheres. Quer queiramos, quer não, mais tarde ou mais cedo, irá ocorrer a feminização da política, de forma idêntica ao que já ocorreu noutras actividades e sectores. Quando isso acontecer, quem sabe se esta lei não possa ser aproveitada para proteger os homens. Deve ser mesmo fácil: é só trocar o género!....
A quem aproveita?
Algo, que não só a estupidez, há-de explicar este desproporcionado ruído provocado pela divulgação de um relatório do SIS sobre o perigo da extrema-direita em Portugal.
Interrogo-me o que terá motivado este excelente serviço publicitário levado a cabo pelos nossos sempre prestimosos serviços de informações aos bandos de apelidados nacionalistas.
As TV´s, para além de divulgação ad nauseam da imagem de uma manifestação de alguns amalucados que se passearam há tempos pela baixa de Lisboa, chegaram ao cúmulo de dedicar debates (a SIC-Noticias está neste momento a transmitir, pasme-se, uma discussão em antena aberta com a presença de um alegado especialista!) e análises onde tudo se mete no mesmo saco (racismo, violência, nazismo, fascismo, extrema-direita, nacionalismo...).
De tudo resulta, na essência, o aproveitamento de movimentos cuja representatividade ou capacidade de actuação jamais justificariam tamanha promoção.
Interrogo-me o que terá motivado este excelente serviço publicitário levado a cabo pelos nossos sempre prestimosos serviços de informações aos bandos de apelidados nacionalistas.
As TV´s, para além de divulgação ad nauseam da imagem de uma manifestação de alguns amalucados que se passearam há tempos pela baixa de Lisboa, chegaram ao cúmulo de dedicar debates (a SIC-Noticias está neste momento a transmitir, pasme-se, uma discussão em antena aberta com a presença de um alegado especialista!) e análises onde tudo se mete no mesmo saco (racismo, violência, nazismo, fascismo, extrema-direita, nacionalismo...).
De tudo resulta, na essência, o aproveitamento de movimentos cuja representatividade ou capacidade de actuação jamais justificariam tamanha promoção.
Por Terras do Tio Sam – Abril 25, Terça – Capítulo 4
Segundo dia do Programa e feriado em Portugal. Devo confessar que a minha pena maior for não ter assistido ao primeiro discurso de Cavaco Silva como Presidente da República numa cerimónia de comemoração do 25 de Abril na Assembleia da República… Que, segundo já consegui apurar na Internet, correu bastante bem e foi bastante mais curto do que em ocasiões anteriores… Enfim, estou certo que no próximo ano já estarei presente.
Regressemos então aos States.
Hoje foi o dia de visitar o Department of State (o equivalente ao nosso Ministério dos Negócios Estrangeiros, e que é hoje liderado pela Dra. Condoleezza Rice) – de onde partiu, afinal, o convite que me foi endereçado.
O edifício, como quase todos os que albergam departamentos (ministérios) governamentais, é imponente visto de fora (e também por dentro – se bem que perca para o Pentágono, em minha opinião) e tem, no átrio, desfraldadas, as bandeiras de todos os países do mundo. Claro, lá se encontrava a Portuguesa…
A reunião começou ainda não eram 9 da manhã e culminou com um almoço de trabalho, no edifício, oferecido pela equipa do Department of State que tem tratado de tudo o que diz respeito à minha viagem pelos States. A responsável é a Dra. Diane E. Crow (program officer, Europe & Eurasia Branch) e com ela trabalharam, na minha viagem, as Dras. Tia Adé e Doreen Chi. São de uma simpatia cativante e de um profissionalismo exemplar, e foi com elas e com o meu ELO que a primeira reunião teve lugar. Versou, essencialmente, sobre o Programa que estou a cumprir aqui nos EUA, e também sobre a minha carreira profissional/política e as perspectivas. Quanto à viagem e ao Programa em si, tudo me foi explicado em detalhe, para que nada falhe (esta reunião devia ter tido lugar ontem – o primeiro dia do Programa – mas, por razões que se prendem com a agenda das minhas anfitriãs, foi adiada para hoje).
Depois, a meio da manhã, juntaram-se a nós a Dra. Tracey Thornton (do Bureau of European and Eurasian Affairs) e o Dr. John W. Struble (do Bureau of Economic and Business Affairs). A situação económica de ambos os países e as relações Portugal/EUA foram o “prato forte” da reunião.
A seguir, no almoço de trabalho estiveram as três senhoras acima referidas que me construíram o Programa (com base, também, nas indicações que transmiti à Embaixada Norte-Americana em Lisboa) e a Dra. Tania Chomiak-Salvi e o Dr. Nicolas Fetchko, ambos do Bureau of Western and Eurasian Affairs (e bastante bem informados sobre a realidade Portuguesa…). Aí, pude trocar mais alguns pontos de vista sobre temas directamente relacionados com os nossos dois países.
Da parte da tarde (14 horas) estive na Commodity Futures Trading Commission (CFTC), com as Dras. Jacqueline Hamra Mesa e Myra Silberstein (respectivamente director e special counsel, Office of International Affairs). A CFTC é a entidade reguladora nos EUA que equivale à nossa CMVM, mas que trata apenas das transacções no mercado de futuros de mercadorias. A regulação remanescente, isto é do resto das transacções no mercado de capitais é assegurada pela SEC (Securities and Exchange Commission). Em Portugal, toda a regulação neste tipo de matérias é assegurada pela CMVM (tal como na esmagadora maioria dos países europeus), não existindo a divisão que vigora nos EUA. Foi igualmente uma reunião muito proveitosa, em que aprendi muito sobre a experiência de regulação nacional e internacional da CFTC.
Finalmente, por volta das 16 horas, e como tinha ficado combinado de manhã, foi-me entregue, numa agência de Traveler’s Checks, o meu per diem, ou seja, o montante estimado pelo Department of State para as minhas despesas financeiras diárias (basicamente alimentação e transportes) e o pagamento dos hotéis onde vou ficar hospedado.
Depois, e como tem acontecido nos dias anteriores, regressei ao meu quarto do Helix Hotel e liguei-me à Internet para saber novidades de Lisboa e trabalhar um pouco em coisas minhas.
O jantar hoje foi tailandês e, como o de ontem, muito agradável. Agora, resta-me enviar mais este capítulo do diário e… descansar, para amanhã estar pronto para outro dia de Programa.
Espero que não com tanto calor, porque hoje foi um autêntico dia de Verão. E ainda estamos em Abril!...
Regressemos então aos States.
Hoje foi o dia de visitar o Department of State (o equivalente ao nosso Ministério dos Negócios Estrangeiros, e que é hoje liderado pela Dra. Condoleezza Rice) – de onde partiu, afinal, o convite que me foi endereçado.
O edifício, como quase todos os que albergam departamentos (ministérios) governamentais, é imponente visto de fora (e também por dentro – se bem que perca para o Pentágono, em minha opinião) e tem, no átrio, desfraldadas, as bandeiras de todos os países do mundo. Claro, lá se encontrava a Portuguesa…
A reunião começou ainda não eram 9 da manhã e culminou com um almoço de trabalho, no edifício, oferecido pela equipa do Department of State que tem tratado de tudo o que diz respeito à minha viagem pelos States. A responsável é a Dra. Diane E. Crow (program officer, Europe & Eurasia Branch) e com ela trabalharam, na minha viagem, as Dras. Tia Adé e Doreen Chi. São de uma simpatia cativante e de um profissionalismo exemplar, e foi com elas e com o meu ELO que a primeira reunião teve lugar. Versou, essencialmente, sobre o Programa que estou a cumprir aqui nos EUA, e também sobre a minha carreira profissional/política e as perspectivas. Quanto à viagem e ao Programa em si, tudo me foi explicado em detalhe, para que nada falhe (esta reunião devia ter tido lugar ontem – o primeiro dia do Programa – mas, por razões que se prendem com a agenda das minhas anfitriãs, foi adiada para hoje).
Depois, a meio da manhã, juntaram-se a nós a Dra. Tracey Thornton (do Bureau of European and Eurasian Affairs) e o Dr. John W. Struble (do Bureau of Economic and Business Affairs). A situação económica de ambos os países e as relações Portugal/EUA foram o “prato forte” da reunião.
A seguir, no almoço de trabalho estiveram as três senhoras acima referidas que me construíram o Programa (com base, também, nas indicações que transmiti à Embaixada Norte-Americana em Lisboa) e a Dra. Tania Chomiak-Salvi e o Dr. Nicolas Fetchko, ambos do Bureau of Western and Eurasian Affairs (e bastante bem informados sobre a realidade Portuguesa…). Aí, pude trocar mais alguns pontos de vista sobre temas directamente relacionados com os nossos dois países.
Da parte da tarde (14 horas) estive na Commodity Futures Trading Commission (CFTC), com as Dras. Jacqueline Hamra Mesa e Myra Silberstein (respectivamente director e special counsel, Office of International Affairs). A CFTC é a entidade reguladora nos EUA que equivale à nossa CMVM, mas que trata apenas das transacções no mercado de futuros de mercadorias. A regulação remanescente, isto é do resto das transacções no mercado de capitais é assegurada pela SEC (Securities and Exchange Commission). Em Portugal, toda a regulação neste tipo de matérias é assegurada pela CMVM (tal como na esmagadora maioria dos países europeus), não existindo a divisão que vigora nos EUA. Foi igualmente uma reunião muito proveitosa, em que aprendi muito sobre a experiência de regulação nacional e internacional da CFTC.
Finalmente, por volta das 16 horas, e como tinha ficado combinado de manhã, foi-me entregue, numa agência de Traveler’s Checks, o meu per diem, ou seja, o montante estimado pelo Department of State para as minhas despesas financeiras diárias (basicamente alimentação e transportes) e o pagamento dos hotéis onde vou ficar hospedado.
Depois, e como tem acontecido nos dias anteriores, regressei ao meu quarto do Helix Hotel e liguei-me à Internet para saber novidades de Lisboa e trabalhar um pouco em coisas minhas.
O jantar hoje foi tailandês e, como o de ontem, muito agradável. Agora, resta-me enviar mais este capítulo do diário e… descansar, para amanhã estar pronto para outro dia de Programa.
Espero que não com tanto calor, porque hoje foi um autêntico dia de Verão. E ainda estamos em Abril!...
Um pitoresco critério de escolha!...
Ontem li uma notícia, que reproduzia declarações de um conhecido e ilustre político e deputado, que irei citar de memória, mas creio que com fidelidade.
Aliás o facto relevante não é a pessoa, nem mesmo as declarações, já que a situação poderia referir-se a muitos outros políticos, mas o que essas declarações significam.
Por isso, a observação nada tem de pessoal, mas serve para ilustrar determinado estado de coisas.
Referia esse deputado, para justificar as suas ausências como Vereador na Câmara de Lisboa, que dava prioridade à sua presença na Assembleia Municipal, até porque era um Vereador sem pelouro e não constituia encargo para a Câmara, pois nada recebia pela função.
Então, o facto relevante é que há muitos políticos que aceitam candidatar-se a funções para as quais não têm tempo, nem jeito, disponibilidade ou gosto e que nunca irão exercer.
A sua apresentação ao eleitorado e posterior eleição acaba por ser uma mistificação e uma fraude.
A acumulação de múltiplas funções, que é apanágio de muitos políticos, tem como resultado não exercerem nenhuma convenientemente.
Apesar disso, e de se servirem da política, em vez de servir os cidadãos, através da política, tornam-se cada vez mais notáveis e imprescindíveis.
E quanto mais notáveis e imprescindíveis, a mais mais cargos serão candidatados e se candidatarão, para não os exercer!...
Aliás o facto relevante não é a pessoa, nem mesmo as declarações, já que a situação poderia referir-se a muitos outros políticos, mas o que essas declarações significam.
Por isso, a observação nada tem de pessoal, mas serve para ilustrar determinado estado de coisas.
Referia esse deputado, para justificar as suas ausências como Vereador na Câmara de Lisboa, que dava prioridade à sua presença na Assembleia Municipal, até porque era um Vereador sem pelouro e não constituia encargo para a Câmara, pois nada recebia pela função.
Então, o facto relevante é que há muitos políticos que aceitam candidatar-se a funções para as quais não têm tempo, nem jeito, disponibilidade ou gosto e que nunca irão exercer.
A sua apresentação ao eleitorado e posterior eleição acaba por ser uma mistificação e uma fraude.
A acumulação de múltiplas funções, que é apanágio de muitos políticos, tem como resultado não exercerem nenhuma convenientemente.
Apesar disso, e de se servirem da política, em vez de servir os cidadãos, através da política, tornam-se cada vez mais notáveis e imprescindíveis.
E quanto mais notáveis e imprescindíveis, a mais mais cargos serão candidatados e se candidatarão, para não os exercer!...
Pitorescos e extravagantes critérios de escolha das cúpulas partidárias!...
terça-feira, 25 de abril de 2006
Por Terras do Tio Sam – Abril 24, Segunda – Capítulo 3
Iniciou-se então, hoje, o Programa!
Deixámos (eu e o ELO que me acompanha) o hotel pouco depois das 8 horas da manhã e dirigimo-nos ao Department of Commerce, (o Ministério do Comércio, se fosse em Portugal), onde chegámos pouco depois das 8:30. Aí, tive uma reunião com Donald A. Galvert, da International Trade Administration, e especialista em relações comerciais dos EUA com alguns países europeus, entre os quais Portugal, e também com o Adido Comercial da Embaixada dos EUA em Lisboa, Gregory S. Taevs, que se encontra em Washington porque – vejam só a coincidência! – amanhã, o Secretary of State of Commerce terá uma reunião bilateral… com o Ministro da Economia, Manuel Pinho!...
Enfim, a reunião foi bastante agradável, tendo sido abordada a evolução das relações comerciais entre os dois países, e as perspectivas que se avizinham. Tive também oportunidade de trocar impressões sobre a visão americana da actual Europa e, mesmo, de Portugal. E expus, em traços gerais, o que penso sobre a evolução da nossa economia, as opções do actual Governo e o que, num futuro próximo nos espera. Sem revelar o conteúdo da conversão mantida (por razões óbvias), sempre posso dizer que concordámos na maioria dos pontos abordados…
Depois seguiu-se a visita ao Pentágono, onde funciona o Department of Defense. E, posso dizê-lo, foi fascinante! O edifício, que como sabem, tem a forma de um pentágono (!), é constituído por 5 andares, cada um com 5 corredores, que vão desde o mais interior ao mais exterior, com gabinetes e instalações operacionais de ambos os lados. O resultado? Um total de cerca de 17 milhas (pouco mais de 27 kms) de corredores, e um local onde, no total, trabalham cerca de 23 mil pessoas (17 mil militares e 6 mil civis)! Ou seja: uma verdadeira cidade! Que, como tal, possui tudo aquilo que consigam imaginar, desde diversos restaurantes, a lojas de todo o tipo de bens: roupas, sapatos, ourivesarias, recordações e bugigangas, barbeiros e cabeleireiros – afinal, já cerca de 20% do corpo militar dos EUA é composto por mulheres… –, bancos, repartições públicas, um enorme ginásio na cave (para os militares manterem a forma, porque a maior parte dos que ali está se ocupa de tarefas não-físicas), etc. Enfim, numa visita de quase duas horas não deu para ver nem 1/10 do Pentágono, mas deu para ter uma… pequena ideia…
Particularmente tocante foi a visita à ala que, no 9/11 (como os americanos chamam aos acontecimentos de Setembro 11, 2001), foi vítima do avião que atingiu o Pentágono, e que causou, só aí, a morte de 184 pessoas (se bem me recordo). Apesar de tudo, foi uma sorte o avião ter chocado nessa ala, porque era a única com revestimento especial de aço, o que travou em muito a entrada do avião, que chocou com o edifício no segundo andar e mesmo assim avançou até quase ao pátio interior… imagine-se o que não teria sido se a colisão se tivesse dado noutra ala do edifício!...
Enfim, menos de um ano depois, o Pentágono estava completamente reparado (antes dos prazos estipulados e com um custo abaixo do orçamentado – o que, dizem eles, foi também uma homenagem às vítimas), e nesse local foi erguida uma capela e o Pentagon Memorial, um tributo aos falecidos nesse fatídico dia. Em breve, creio que ainda este ano, será inaugurado um memorial exterior ao edifício, já que as visitas a este, no interior, são bastante limitadas, por razões de segurança – o que, ouvindo o relato da boca dos próprios americanos sobre o 9/11, se percebe perfeitamente. E que é visível na entrada do edifício, começando desde logo pelo facto de, desde o 9/11, a estação de metropolitano que tinha acesso directo ao edifício, agora, só ter acesso exterior…
Outro pormenor interessante é o jardim interior do Pentágono: enorme, cheio de espaços verdes e árvores, e restaurantes!... Muito agradável: nem se diria que estamos no meio do edifício do Ministério da Defesa dos EUA!...
Seguiu-se o almoço, num restaurante em pleno Washington Mall, num jardim bem bonito e, depois, às 14 horas, tive uma sessão no Meridian International Center, com o Professor Clarence Lusane (da American University, de Washington), e na presença de outros visitantes que nesta altura, e em programas do mesmo género do meu, se encontram em Washington, sobre o Sistema Político Norte-Americano: uma introdução; os três ramos do poder nos EUA (Executivo, Legislativo e Judicial); o Federalismo e os Estados Unidos; e os Partidos Políticos nos EUA e o Sistema Político.
Tratou-se de uma sessão muito interessante, que – tanto quanto é possível em cerca de 2 horas – me ajudou a perceber melhor como funciona a “política” por estas paragens, especialmente determinados aspectos que, às vezes, da Europa, parecem tão confusos…
A “aula” acabou pouco depois das 16 horas, e aí foi o regresso ao hotel, não só porque já estava bem cansado, mas como porque tinha trabalho a fazer para Lisboa (político e não só…) e contactos por e-mail para realizar.
Acabei agora de jantar (uma comida japonesa que me soube… a pato, eu que sou um apreciador nato de comida japonesa…) e regressei ao hotel, onde ainda vou trabalhar um pouco mais, não até muito tarde porque amanhã temos um programa que não será menos intenso (nem interessante, espero eu…) que o de hoje, e que começa no Department of State, às 8:30m horas.
Uma noite descansada a todos e até amanhã!
Deixámos (eu e o ELO que me acompanha) o hotel pouco depois das 8 horas da manhã e dirigimo-nos ao Department of Commerce, (o Ministério do Comércio, se fosse em Portugal), onde chegámos pouco depois das 8:30. Aí, tive uma reunião com Donald A. Galvert, da International Trade Administration, e especialista em relações comerciais dos EUA com alguns países europeus, entre os quais Portugal, e também com o Adido Comercial da Embaixada dos EUA em Lisboa, Gregory S. Taevs, que se encontra em Washington porque – vejam só a coincidência! – amanhã, o Secretary of State of Commerce terá uma reunião bilateral… com o Ministro da Economia, Manuel Pinho!...
Enfim, a reunião foi bastante agradável, tendo sido abordada a evolução das relações comerciais entre os dois países, e as perspectivas que se avizinham. Tive também oportunidade de trocar impressões sobre a visão americana da actual Europa e, mesmo, de Portugal. E expus, em traços gerais, o que penso sobre a evolução da nossa economia, as opções do actual Governo e o que, num futuro próximo nos espera. Sem revelar o conteúdo da conversão mantida (por razões óbvias), sempre posso dizer que concordámos na maioria dos pontos abordados…
Depois seguiu-se a visita ao Pentágono, onde funciona o Department of Defense. E, posso dizê-lo, foi fascinante! O edifício, que como sabem, tem a forma de um pentágono (!), é constituído por 5 andares, cada um com 5 corredores, que vão desde o mais interior ao mais exterior, com gabinetes e instalações operacionais de ambos os lados. O resultado? Um total de cerca de 17 milhas (pouco mais de 27 kms) de corredores, e um local onde, no total, trabalham cerca de 23 mil pessoas (17 mil militares e 6 mil civis)! Ou seja: uma verdadeira cidade! Que, como tal, possui tudo aquilo que consigam imaginar, desde diversos restaurantes, a lojas de todo o tipo de bens: roupas, sapatos, ourivesarias, recordações e bugigangas, barbeiros e cabeleireiros – afinal, já cerca de 20% do corpo militar dos EUA é composto por mulheres… –, bancos, repartições públicas, um enorme ginásio na cave (para os militares manterem a forma, porque a maior parte dos que ali está se ocupa de tarefas não-físicas), etc. Enfim, numa visita de quase duas horas não deu para ver nem 1/10 do Pentágono, mas deu para ter uma… pequena ideia…
Particularmente tocante foi a visita à ala que, no 9/11 (como os americanos chamam aos acontecimentos de Setembro 11, 2001), foi vítima do avião que atingiu o Pentágono, e que causou, só aí, a morte de 184 pessoas (se bem me recordo). Apesar de tudo, foi uma sorte o avião ter chocado nessa ala, porque era a única com revestimento especial de aço, o que travou em muito a entrada do avião, que chocou com o edifício no segundo andar e mesmo assim avançou até quase ao pátio interior… imagine-se o que não teria sido se a colisão se tivesse dado noutra ala do edifício!...
Enfim, menos de um ano depois, o Pentágono estava completamente reparado (antes dos prazos estipulados e com um custo abaixo do orçamentado – o que, dizem eles, foi também uma homenagem às vítimas), e nesse local foi erguida uma capela e o Pentagon Memorial, um tributo aos falecidos nesse fatídico dia. Em breve, creio que ainda este ano, será inaugurado um memorial exterior ao edifício, já que as visitas a este, no interior, são bastante limitadas, por razões de segurança – o que, ouvindo o relato da boca dos próprios americanos sobre o 9/11, se percebe perfeitamente. E que é visível na entrada do edifício, começando desde logo pelo facto de, desde o 9/11, a estação de metropolitano que tinha acesso directo ao edifício, agora, só ter acesso exterior…
Outro pormenor interessante é o jardim interior do Pentágono: enorme, cheio de espaços verdes e árvores, e restaurantes!... Muito agradável: nem se diria que estamos no meio do edifício do Ministério da Defesa dos EUA!...
Seguiu-se o almoço, num restaurante em pleno Washington Mall, num jardim bem bonito e, depois, às 14 horas, tive uma sessão no Meridian International Center, com o Professor Clarence Lusane (da American University, de Washington), e na presença de outros visitantes que nesta altura, e em programas do mesmo género do meu, se encontram em Washington, sobre o Sistema Político Norte-Americano: uma introdução; os três ramos do poder nos EUA (Executivo, Legislativo e Judicial); o Federalismo e os Estados Unidos; e os Partidos Políticos nos EUA e o Sistema Político.
Tratou-se de uma sessão muito interessante, que – tanto quanto é possível em cerca de 2 horas – me ajudou a perceber melhor como funciona a “política” por estas paragens, especialmente determinados aspectos que, às vezes, da Europa, parecem tão confusos…
A “aula” acabou pouco depois das 16 horas, e aí foi o regresso ao hotel, não só porque já estava bem cansado, mas como porque tinha trabalho a fazer para Lisboa (político e não só…) e contactos por e-mail para realizar.
Acabei agora de jantar (uma comida japonesa que me soube… a pato, eu que sou um apreciador nato de comida japonesa…) e regressei ao hotel, onde ainda vou trabalhar um pouco mais, não até muito tarde porque amanhã temos um programa que não será menos intenso (nem interessante, espero eu…) que o de hoje, e que começa no Department of State, às 8:30m horas.
Uma noite descansada a todos e até amanhã!
Competência e determinação!...
Na penúltima edição, em balão de ensaio da sua nova linha editorial de noticiar a previsão dos acontecimentos, o Expresso anunciou que o Presidente da República, em nome da dignificação da classe política, iria criticar, no seu discurso do 25 de Abril, a atitude faltosa dos deputados.
Há dois ou três dias, alguns deles, por sinal dos que Jaime Gama apontou como ausentes na quarta-feira santa, logo se insurgiram contra essa eventual atitude do Presidente, que configuraria uma atitude ilegítima para com um outro órgão da soberania.
Espanta-me que o Presidente, no uso dos seus poderes, possa dissolver a Assembleia, mas não possa deixar, ao menos, uma ténue mensagem da necessidade de medidas correctoras. Mas, adiante!…
Não querendo que lhe apontem os erros, mas também não sendo capaz de se auto-reformar, como resulta das declarações de responsáveis que foram no sentido de que, se a Assembleia tivesse encerrado, não haveria faltas ou, se Jaime Gama tivesse adiado a votação, as ausências nem seriam notadas, a Assembleia parece estar a juntar, com competência e determinação, todos os ingredientes necessários a uma voluntária e natural dissolução.
E até já teve um treino bem proveitoso, quando Jaime Gama “dissolveu” a sessão do dia 12 de Abril, por falta de quórum!...
Há dois ou três dias, alguns deles, por sinal dos que Jaime Gama apontou como ausentes na quarta-feira santa, logo se insurgiram contra essa eventual atitude do Presidente, que configuraria uma atitude ilegítima para com um outro órgão da soberania.
Espanta-me que o Presidente, no uso dos seus poderes, possa dissolver a Assembleia, mas não possa deixar, ao menos, uma ténue mensagem da necessidade de medidas correctoras. Mas, adiante!…
Não querendo que lhe apontem os erros, mas também não sendo capaz de se auto-reformar, como resulta das declarações de responsáveis que foram no sentido de que, se a Assembleia tivesse encerrado, não haveria faltas ou, se Jaime Gama tivesse adiado a votação, as ausências nem seriam notadas, a Assembleia parece estar a juntar, com competência e determinação, todos os ingredientes necessários a uma voluntária e natural dissolução.
E até já teve um treino bem proveitoso, quando Jaime Gama “dissolveu” a sessão do dia 12 de Abril, por falta de quórum!...
E com esta Nota, irei mudar de assunto nos próximos "posts".
segunda-feira, 24 de abril de 2006
Para onde vamos?
Num interessante artigo publicado no Financial Times de 20 de Março último, o habitual articulista Wolfgang Munchau abordava a crítica situação económica da Itália, faltavam então cerca de três semanas para as eleições que viriam a ditar a vitória tangencial da coligação de centro-esquerda.
Na sua análise, este articulista referia-se ao facto de haver correntes de opinião em Itália que identificam as dificuldades do País com a participação no euro e que, como tal, advogam a saída do euro como sine qua non para a superação dos problemas económicos. Outros, mais pessimistas, sustentam que a Itália corre o risco de uma situação de “debt default” semelhante à que atingiu a Argentina nos finais da década de 90.
W. Munchau, sem alinhar nesses fatalismos, chama no entanto a atenção para as nefastas consequências para a economia Italiana dos primeiros 7 anos de participação no euro, com uma acentuada perda de competitividade dos produtos italianos em consequência de uma forte apreciação real da taxa de câmbio nesse mesmo período.
Mas o problema, refere, não está propriamente na participação no euro está, sim, na adopção e persistência de políticas incompatíveis com essa participação e que explicam a perda de competitividade: (i) desregramento das finanças públicas, (ii) crescimento dos preços acima da média da zona euro, (iii) rigidez nos mecanismos de formação de salários e de preços, (iv) evolução desfavorável da produtividade.
A Itália é apontada, neste contexto, como um dos poucos países do euro capaz de gerar uma inflação acima da média mesmo em períodos recessivos.
Munchau sustenta que se torna prioritário, no caso da Itália, agilizar os mecanismos de determinação dos salários e dos preços, como elemento de uma política de crescimento mais rápido da produtividade.
Mas, curiosamente, manifestava a sua descrença na capacidade de qualquer das coligações que disputavam as eleições, de centro-esquerda ou de centro-direita, para resolver este complexo problema.
Munchau profetiza que no caso de a situação não se alterar significativamente, no decurso dos próximos 7 anos, as consequências para a industria italiana e para a solvabilidade do Estado italiano poderão ser quase catastróficas.
Agora que são conhecidos os resultados das eleições italianas, creio que Munchau deverá estar muito céptico em relação ao futuro da Itália e que o cenário de quase-catástrofe para os próximos 7 anos estará a subir muito nas apostas.
Perguntarão o que tem isto a ver com a situação portuguesa e com o título “Para onde vamos?”.
A resposta é que a situação portuguesa tem muito, mas mesmo muito de semelhante à situação da Itália. São de resto os dois piores exemplos de adaptação à zona euro.
No caso português, o desequilíbrio da economia é até bastante mais acentuado.
No caso italiano, o problema da dívida pública é bastante mais grave.
Um relatório divulgado em Março deste ano pelo Bruegel, reputado instituto de análise económica com base em Bruxelas, intitulado “The Euro:only for the agile”, traça um quadro muito negro dos resultados da participação de Portugal nestes primeiros 7 anos de experiência do euro.
E mostra que se não formos capazes de mudar radicalmente de políticas, o cenário “quase-catastrófico” que Munchau antevia para a Itália, poderá muito bem ser partilhado por Portugal.
Em próximo texto tenciono dedicar alguma atenção ao relatório Bruegel e ao caso português.
Não quero encerrar este sem deixar uma palavra de amizade para os bloguistas Pinho Cardão e Massano Cardoso pelas palavras de saudação que amavelmente me dirigiram pela minha estreia nesta quartarepublica.
Na sua análise, este articulista referia-se ao facto de haver correntes de opinião em Itália que identificam as dificuldades do País com a participação no euro e que, como tal, advogam a saída do euro como sine qua non para a superação dos problemas económicos. Outros, mais pessimistas, sustentam que a Itália corre o risco de uma situação de “debt default” semelhante à que atingiu a Argentina nos finais da década de 90.
W. Munchau, sem alinhar nesses fatalismos, chama no entanto a atenção para as nefastas consequências para a economia Italiana dos primeiros 7 anos de participação no euro, com uma acentuada perda de competitividade dos produtos italianos em consequência de uma forte apreciação real da taxa de câmbio nesse mesmo período.
Mas o problema, refere, não está propriamente na participação no euro está, sim, na adopção e persistência de políticas incompatíveis com essa participação e que explicam a perda de competitividade: (i) desregramento das finanças públicas, (ii) crescimento dos preços acima da média da zona euro, (iii) rigidez nos mecanismos de formação de salários e de preços, (iv) evolução desfavorável da produtividade.
A Itália é apontada, neste contexto, como um dos poucos países do euro capaz de gerar uma inflação acima da média mesmo em períodos recessivos.
Munchau sustenta que se torna prioritário, no caso da Itália, agilizar os mecanismos de determinação dos salários e dos preços, como elemento de uma política de crescimento mais rápido da produtividade.
Mas, curiosamente, manifestava a sua descrença na capacidade de qualquer das coligações que disputavam as eleições, de centro-esquerda ou de centro-direita, para resolver este complexo problema.
Munchau profetiza que no caso de a situação não se alterar significativamente, no decurso dos próximos 7 anos, as consequências para a industria italiana e para a solvabilidade do Estado italiano poderão ser quase catastróficas.
Agora que são conhecidos os resultados das eleições italianas, creio que Munchau deverá estar muito céptico em relação ao futuro da Itália e que o cenário de quase-catástrofe para os próximos 7 anos estará a subir muito nas apostas.
Perguntarão o que tem isto a ver com a situação portuguesa e com o título “Para onde vamos?”.
A resposta é que a situação portuguesa tem muito, mas mesmo muito de semelhante à situação da Itália. São de resto os dois piores exemplos de adaptação à zona euro.
No caso português, o desequilíbrio da economia é até bastante mais acentuado.
No caso italiano, o problema da dívida pública é bastante mais grave.
Um relatório divulgado em Março deste ano pelo Bruegel, reputado instituto de análise económica com base em Bruxelas, intitulado “The Euro:only for the agile”, traça um quadro muito negro dos resultados da participação de Portugal nestes primeiros 7 anos de experiência do euro.
E mostra que se não formos capazes de mudar radicalmente de políticas, o cenário “quase-catastrófico” que Munchau antevia para a Itália, poderá muito bem ser partilhado por Portugal.
Em próximo texto tenciono dedicar alguma atenção ao relatório Bruegel e ao caso português.
Não quero encerrar este sem deixar uma palavra de amizade para os bloguistas Pinho Cardão e Massano Cardoso pelas palavras de saudação que amavelmente me dirigiram pela minha estreia nesta quartarepublica.
Por Terras do Tio Sam – Abril 23, Domingo – Capítulo 2
O primeiro dia passado inteiramente em terras do Tio Sam. O chamado “dia de adaptação”, que já está quase no fim. Foi um dia passado, na sua maior parte, a conhecer a Washington cultural – mesmo com alguma chuva, que nos acompanhou de manhã (a tarde esteve bem mais agradável), precisamente a parte do dia em que mais andámos a céu descoberto!... Mas enfim, munidos de guarda-chuvas do hotel, eu e o ELO (English Language Speaker) que me acompanha quase em permanência ao longo de toda a minha estadia, o diplomata reformado Marc Nicholson, lá visitámos, na categoria dos monumentos, o Washington Monument, o Lincoln Memorial, o Jefferson Memorial, o Vietnam War Memorial e o World War II Memorial, que se encontram, ao longo de uma enorme extensão que tem muito de verde, que se apelida Washington Mall, e onde se encontra também o Reflecting Pool, lago artificial entre o Washington Monument e o Lincoln Memorial.
Depois foram os museus onde, pelo título, se poderão aperceber do que tratam: o National Air And Space Museum, o National Museum of The American Indian (onde almoçámos) e o National Museum of American History. Foi muito interessante e enriquecedor culturalmente mas, como poderão calcular, dado que tudo isto foi calcorreado a pé (e a distância é considerável, porque, como nas outras cidades americanas que conheço, tudo fica distante de tudo), cheguei ao Hotel estoirado – mas ainda arranjei forças para um jogging de fim-de-tarde, antes de me dedicar ao meu “diário” e a completar algum trabalho que tenho que enviar para Lisboa amanhã. Nada que, afinal, não aconteça nos fins-de-semana “normais” que passo em Portugal...
Amanhã começa então o Programa propriamente dito, bem cedo (saímos do hotel por volta das 8 horas da manhã), pelo que espero não demorar muito a deitar-me a seguir ao jantar, que mais uma vez será no quarto do hotel, devido não só ao cansaço mas, como já referi, ao trabalho que tenho que enviar para Lisboa.
Cá estarei, então, de volta amanhã. Boa noite a todos!
Depois foram os museus onde, pelo título, se poderão aperceber do que tratam: o National Air And Space Museum, o National Museum of The American Indian (onde almoçámos) e o National Museum of American History. Foi muito interessante e enriquecedor culturalmente mas, como poderão calcular, dado que tudo isto foi calcorreado a pé (e a distância é considerável, porque, como nas outras cidades americanas que conheço, tudo fica distante de tudo), cheguei ao Hotel estoirado – mas ainda arranjei forças para um jogging de fim-de-tarde, antes de me dedicar ao meu “diário” e a completar algum trabalho que tenho que enviar para Lisboa amanhã. Nada que, afinal, não aconteça nos fins-de-semana “normais” que passo em Portugal...
Amanhã começa então o Programa propriamente dito, bem cedo (saímos do hotel por volta das 8 horas da manhã), pelo que espero não demorar muito a deitar-me a seguir ao jantar, que mais uma vez será no quarto do hotel, devido não só ao cansaço mas, como já referi, ao trabalho que tenho que enviar para Lisboa.
Cá estarei, então, de volta amanhã. Boa noite a todos!
Ainda um Depoimento-As faltas dos deputados
Na anterior Legislatura, o então Presidente da Assembleia da República quis estabelecer novas regras, mais rígidas, em matérias de faltas de deputados. Por detrás das palavras formais de louvor à iniciativa, houve um “levantamento” significativo contra o "tempo" e o "modo", bem patente nas discussões que se seguiram.
Lembro-me que procurei dar o meu contributo e fi-lo oralmente e por escrito. A grande questão para mim nem se colocava nas ausências do Plenário, mas na hipocrisia de que todo o processo se revestia e reveste.
O Parlamento só reconhece três motivos de justificação de faltas: doença do próprio, morte de familiar ou trabalho político. E quem der mais que quatro faltas injustificadas, isto é, não justificadas desse modo, perde o mandato. Acontece que o Parlamento não exige exclusividade de funções e muitos deputados mantêm-se, paralelamente, como profissionais liberais, quadros de empresas, autarcas, empresários, professores etc., mas o regulamento das faltas ignora estas situações. Nestas condições, muitos deputados faltam por razões da sua vida profissional, um advogado deputado, porque tem que defender um cliente no tribunal, um quadro de uma empresa, porque teve que se deslocar ao estrangeiro, um empresário, porque tem um encontro de negócios inadiável, um professor universitário, porque participa num júri de doutoramento…
Como também há factos estritamente ligados à vida pessoal ou familiar de cada um que poderão impedir a presença na Assembleia.
Como, para muitos, estas faltas acontecem mais que 4 vezes, todas elas são geralmente justificadas como trabalho político ou doença, de forma a não correrem o risco de perda de mandato... com a terminação de não perderem também o ordenado nesses dias...O “expediente” está universalmente aceite, pois só assim se compreende que nunca tenha havido uma perda de mandato por faltas injustificadas!...
Ora para acabar com este “sistema” de hipocrisia, propus que fosse considerada uma nova categoria de faltas justificadas, devidas a razões inadiáveis de ordem profissional ou pessoal, com um número limitado, e sujeitas, obviamente, a desconto na remuneração. O procedimento tinha duas vantagens imediatas: acabava-se com a mentira na justificação e cada falta era descontada no ordenado.
Acontece que, mal apresentada, a sugestão nem aceite para discussão foi.
Disse-me logo o Presidente, taxativamente: isso está fora de causa, a Constituição só admite três motivos e esse não está lá incluído!...
Nem confirmei se a Constituição produzira tal aborto, mas sei que, apesar do esforço presidencial, acabou por sair um Regulamento …onde só à lupa, e depois de intensa pesquisa, se adivinhavam alterações em relação às “normas” até aí vigentes!...
Lembro-me que procurei dar o meu contributo e fi-lo oralmente e por escrito. A grande questão para mim nem se colocava nas ausências do Plenário, mas na hipocrisia de que todo o processo se revestia e reveste.
O Parlamento só reconhece três motivos de justificação de faltas: doença do próprio, morte de familiar ou trabalho político. E quem der mais que quatro faltas injustificadas, isto é, não justificadas desse modo, perde o mandato. Acontece que o Parlamento não exige exclusividade de funções e muitos deputados mantêm-se, paralelamente, como profissionais liberais, quadros de empresas, autarcas, empresários, professores etc., mas o regulamento das faltas ignora estas situações. Nestas condições, muitos deputados faltam por razões da sua vida profissional, um advogado deputado, porque tem que defender um cliente no tribunal, um quadro de uma empresa, porque teve que se deslocar ao estrangeiro, um empresário, porque tem um encontro de negócios inadiável, um professor universitário, porque participa num júri de doutoramento…
Como também há factos estritamente ligados à vida pessoal ou familiar de cada um que poderão impedir a presença na Assembleia.
Como, para muitos, estas faltas acontecem mais que 4 vezes, todas elas são geralmente justificadas como trabalho político ou doença, de forma a não correrem o risco de perda de mandato... com a terminação de não perderem também o ordenado nesses dias...O “expediente” está universalmente aceite, pois só assim se compreende que nunca tenha havido uma perda de mandato por faltas injustificadas!...
Ora para acabar com este “sistema” de hipocrisia, propus que fosse considerada uma nova categoria de faltas justificadas, devidas a razões inadiáveis de ordem profissional ou pessoal, com um número limitado, e sujeitas, obviamente, a desconto na remuneração. O procedimento tinha duas vantagens imediatas: acabava-se com a mentira na justificação e cada falta era descontada no ordenado.
Acontece que, mal apresentada, a sugestão nem aceite para discussão foi.
Disse-me logo o Presidente, taxativamente: isso está fora de causa, a Constituição só admite três motivos e esse não está lá incluído!...
Nem confirmei se a Constituição produzira tal aborto, mas sei que, apesar do esforço presidencial, acabou por sair um Regulamento …onde só à lupa, e depois de intensa pesquisa, se adivinhavam alterações em relação às “normas” até aí vigentes!...
domingo, 23 de abril de 2006
"Cuidados continuados permitem criar 49 mil empregos"
Anúncio feito pelo ministro da saúde
Cuidados continuados permitem criar 49 mil empregos
“Rede de cuidados destinada a idosos e dependentes foi novamente apresentada. Doentes serão encaminhados para unidades de convalescença e reabilitação, em alternativa ao internamento
O Governo espera criar mais 49 mil novos postos de trabalho na próxima década.”
Ora, foram prometidos 150.000, assim, 150.000– 49.000 = 101.000 empregos.
Faltam ainda 101.000 empregos! Quando? Até ao final do século.
Cuidados continuados permitem criar 49 mil empregos
“Rede de cuidados destinada a idosos e dependentes foi novamente apresentada. Doentes serão encaminhados para unidades de convalescença e reabilitação, em alternativa ao internamento
O Governo espera criar mais 49 mil novos postos de trabalho na próxima década.”
Ora, foram prometidos 150.000, assim, 150.000– 49.000 = 101.000 empregos.
Faltam ainda 101.000 empregos! Quando? Até ao final do século.
De como o simples é belo
Lavagem de memória?
Extraordinário o alarido e a angariação de multidão com que ontem o governo lançou a rede de cuidados continuados em saúde "que visam diminuir o número de internamentos hospitalares e aumentar as camas disponíveis para doentes crónicos e em convalescença"!
Então não havia já um diploma que criava a rede? Então não foi este ministro que pouco depois de ter chegado o revogou? Não teria bastado alterá-lo, se algumas correcções entendesse introduzir? O que parece importar é lavar memória e deixar a assinatura numa legislação!
E não foi este ministro que entrou a matar com as Misericórdias, quando quis argumentar contra a legislação do anterior governo, dizendo que as camas de que estas dispunham eram umas "enxergas deploráveis" onde os doentes agonizavam?(o que provocou a indignação da União das Misericórdias). E agora essa mesma União vem colocar de novo ao dispor sete a oito mil camas para cuidados continuados, na presença do governo e da comunicação social...serão as mesmas camas a que o ministro chamou "enxergas"?
Então não havia já um diploma que criava a rede? Então não foi este ministro que pouco depois de ter chegado o revogou? Não teria bastado alterá-lo, se algumas correcções entendesse introduzir? O que parece importar é lavar memória e deixar a assinatura numa legislação!
E não foi este ministro que entrou a matar com as Misericórdias, quando quis argumentar contra a legislação do anterior governo, dizendo que as camas de que estas dispunham eram umas "enxergas deploráveis" onde os doentes agonizavam?(o que provocou a indignação da União das Misericórdias). E agora essa mesma União vem colocar de novo ao dispor sete a oito mil camas para cuidados continuados, na presença do governo e da comunicação social...serão as mesmas camas a que o ministro chamou "enxergas"?
Por Terras do Tio Sam – Abril 22, Sábado – Capítulo 1
E pronto, lá começou a aventura! Já passa das 19 horas aqui em Washington (pouco depois da meia-noite em Lisboa), e encontro-me em frente ao meu computador no quarto do Helix Hotel, na Rhode Island Avenue, muito próximo do centro da cidade. Como poderão imaginar, estou bastante cansado, depois de duas viagens aéreas, a primeira das quais de 7 horas e 15 minutos (Lisboa-Newark)…
Mas permitam-me que comece por endereçar os parabéns ao meu amigo e companheiro da Quarta República Pinho Cardão: é que quando aqui cheguei tive logo conhecimento de que o FC Porto já era campeão nacional de futebol (as más notícias correm depressa!...). Depois fui à internet, ao nosso blog e lá estava, para que ninguém deixasse de reparar, o post “Porto, Porto, Porto, Campeão Nacional 2005/2006!” E portanto, com fair play, dado que não sou adepto do FC Porto (sou verde-e-branco, quer dos de Setúbal, quer dos de Lisboa…), aqui ficam as minhas felicitações. Mas com o aviso: a final da taça disputa-se no dia em que chegarei a Portugal (Maio 14) e estou certo de que o Vitória de Setúbal me dará uma enorme alegria (para compensar o campeonato no Porto!...).
Bem, mas voltemos à viagem. São sempre cansativos estes dias de viagens aéreas intercontinentais. Neste caso, foi o levantar bem cedo (6 da manhã, depois de dia anterior extenuante e que acabou bem tarde, para deixar tudo pronto), acabar de fazer as malas (para 3 semanas...), no aeroporto deparar com as regras/procedimentos/perguntas de segurança muito-mais-apertadas-do-que-o-normal nos voos para os EUA e, ainda não tinha descolado (mas já estava no avião), fui obrigado a despachar uma bagagem de mão que tinha comprado expressamente para levar na cabina comigo, mas que nos compartimentos do Boeing 757 da Continental não coube… tal como já tinha acontecido noutra viagem que há pouco tempo fiz, para Londres… No entanto, noutras aeronaves (quer Boeing, quer Airbus), o problema já não se colocou… vá-se lá perceber isto! Dá vontade de reclamar… mas com quem? A Boeing, ou o fabricante da mala?!... Pois é!...
Bom, depois foi o normal: a comida a bordo dos aviões é, como se sabe, de excelente qualidade e os assentos são muito espaçosos e confortáveis (!)… Mas enfim, era o que havia, portanto… lá cheguei a Newark, passei pela alfândega, mudei de terminal e depois, para embarcar para Washington, a passagem no raio X foi ainda mais exigente do que em Lisboa (até os sapatos tive que tirar) – mas se nos lembrarmos do Setembro 11, 2001… percebemos (e aceitamos) tudo!
O voo para o Reagan National Airport em Washington levou menos de uma hora e à minha espera encontrava-se o English Language Officer (ELO) que me acompanhará quase em permanência absoluta enquanto estiver nos EUA. E de facto a organização é impecável (ou não fossem eles americanos…): o meu ELO não só é uma simpatia como é um funcionário do Department of State reformado, que esteve, na sua vida activa, durante três anos na Embaixada dos EUA em Portugal e outros três anos na Embaixada dos EUA no Brasil, pelo que… fala português com uma fluência notável!...
O hotel é bastante simpático (não sendo nenhum luxo) e tem o para-mim-impresncindível fitness center que, estou certo, amanhã já experimentarei, num jogging matinal numa passadeira rolante (como, afinal faço todos os dias – hoje foi a excepção…).
Portanto, hoje, além das peripécias próprias de uma longa e cansativa viagem aérea (e para os EUA…), pouco mais há a contar. Como sucede habitualmente quando ando de avião, estou algo indisposto (a chicken parmesan a saber um pouco a plástico tem certamente culpas no cartório...) e, como quero descansar e adaptar-me à diferença horária (menos 5 horas do que em Portugal), hoje já não sairei do quarto (até porque o tempo chuvoso e ventoso também a isso convida…).
Enfim, não poderia terminar sem referir que, ao contrário do que alguns comentários ao meu post número zero sugerem, não vim fazer turismo, não… e isso será comprovado a partir de segunda-feira, quando vos começar a dar conta de toda a actividade que me foi preparada. E, digo eu, ainda bem – foi para isso mesmo que fui convidado e que cá estou!
De qualquer forma, mesmo não tendo ainda Programa oficial amanhã (como me explicaram, é o dia “de adaptação”), como o prometido é devido, cá estarei a completar a segunda etapa deste diário.
Até amanhã então.
Mas permitam-me que comece por endereçar os parabéns ao meu amigo e companheiro da Quarta República Pinho Cardão: é que quando aqui cheguei tive logo conhecimento de que o FC Porto já era campeão nacional de futebol (as más notícias correm depressa!...). Depois fui à internet, ao nosso blog e lá estava, para que ninguém deixasse de reparar, o post “Porto, Porto, Porto, Campeão Nacional 2005/2006!” E portanto, com fair play, dado que não sou adepto do FC Porto (sou verde-e-branco, quer dos de Setúbal, quer dos de Lisboa…), aqui ficam as minhas felicitações. Mas com o aviso: a final da taça disputa-se no dia em que chegarei a Portugal (Maio 14) e estou certo de que o Vitória de Setúbal me dará uma enorme alegria (para compensar o campeonato no Porto!...).
Bem, mas voltemos à viagem. São sempre cansativos estes dias de viagens aéreas intercontinentais. Neste caso, foi o levantar bem cedo (6 da manhã, depois de dia anterior extenuante e que acabou bem tarde, para deixar tudo pronto), acabar de fazer as malas (para 3 semanas...), no aeroporto deparar com as regras/procedimentos/perguntas de segurança muito-mais-apertadas-do-que-o-normal nos voos para os EUA e, ainda não tinha descolado (mas já estava no avião), fui obrigado a despachar uma bagagem de mão que tinha comprado expressamente para levar na cabina comigo, mas que nos compartimentos do Boeing 757 da Continental não coube… tal como já tinha acontecido noutra viagem que há pouco tempo fiz, para Londres… No entanto, noutras aeronaves (quer Boeing, quer Airbus), o problema já não se colocou… vá-se lá perceber isto! Dá vontade de reclamar… mas com quem? A Boeing, ou o fabricante da mala?!... Pois é!...
Bom, depois foi o normal: a comida a bordo dos aviões é, como se sabe, de excelente qualidade e os assentos são muito espaçosos e confortáveis (!)… Mas enfim, era o que havia, portanto… lá cheguei a Newark, passei pela alfândega, mudei de terminal e depois, para embarcar para Washington, a passagem no raio X foi ainda mais exigente do que em Lisboa (até os sapatos tive que tirar) – mas se nos lembrarmos do Setembro 11, 2001… percebemos (e aceitamos) tudo!
O voo para o Reagan National Airport em Washington levou menos de uma hora e à minha espera encontrava-se o English Language Officer (ELO) que me acompanhará quase em permanência absoluta enquanto estiver nos EUA. E de facto a organização é impecável (ou não fossem eles americanos…): o meu ELO não só é uma simpatia como é um funcionário do Department of State reformado, que esteve, na sua vida activa, durante três anos na Embaixada dos EUA em Portugal e outros três anos na Embaixada dos EUA no Brasil, pelo que… fala português com uma fluência notável!...
O hotel é bastante simpático (não sendo nenhum luxo) e tem o para-mim-impresncindível fitness center que, estou certo, amanhã já experimentarei, num jogging matinal numa passadeira rolante (como, afinal faço todos os dias – hoje foi a excepção…).
Portanto, hoje, além das peripécias próprias de uma longa e cansativa viagem aérea (e para os EUA…), pouco mais há a contar. Como sucede habitualmente quando ando de avião, estou algo indisposto (a chicken parmesan a saber um pouco a plástico tem certamente culpas no cartório...) e, como quero descansar e adaptar-me à diferença horária (menos 5 horas do que em Portugal), hoje já não sairei do quarto (até porque o tempo chuvoso e ventoso também a isso convida…).
Enfim, não poderia terminar sem referir que, ao contrário do que alguns comentários ao meu post número zero sugerem, não vim fazer turismo, não… e isso será comprovado a partir de segunda-feira, quando vos começar a dar conta de toda a actividade que me foi preparada. E, digo eu, ainda bem – foi para isso mesmo que fui convidado e que cá estou!
De qualquer forma, mesmo não tendo ainda Programa oficial amanhã (como me explicaram, é o dia “de adaptação”), como o prometido é devido, cá estarei a completar a segunda etapa deste diário.
Até amanhã então.
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