Bebida (Tatyane Diniz)
Quando eu era criança
Acreditava que os sonhos
Se tornariam reais.
Como acontecem nos contos de fadas.
Ah! Criança... Ser criança.
Que eterno contentamento.
Sonhava acordado e vivia
Envolvido de encantamento.
Tomava banho de chuva,
Abria a boca para bebê-la.
A água caía das nuvens, do céu.
Que engraçado...
Isso é fantasia?
Não!
Era teimosia mesmo!
Quando a mamãe gritava:
- Filho, você vai ficar resfriado! Entra!
Quando na verdade, deitado na grama,
Aquele era o meu lugar... meu instante!
De sentir-me encharcado de cetim.
A chuva tinha gosto?
Não, não tinha gosto de nada.
Era um remédio enviado dos deuses.
A bebida rara de uma criança.
A chuva que caía enfeitava o verde
Do jardim de minha casa.
A magia dela fazia as margaridas sorrirem.