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quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Leituras no Metro - 1041


A 6 de outubro de 1999, dia da morte de Amália Rodrigues, o escritor José Saramago levantou o véu sobre as frequentes ajudas monetárias que Amália tinha dado aos presos políticos. A única démarche que eu lhe conhecia foi para libertar Alain Oulman quando este esteve preso, no que foi bem sucedida. Alain Oulman foi libertado e enviado para o exílio.
Muitos artigos desta revista dão-nos a conhecer essas histórias 'secretas'. Espantoso é que, a seguir ao 25 de Abril,  quando ela foi atacadíssima pelas suas relações com a ditadura - ou talvez melhor: pelo aproveitamento que o regime fez dela -, a única pessoa que a defendeu foi Manuel Alegre.
Revelações para mim muitos interessantes e que me fazem olhar para esta mulher de um modo diferente.


sexta-feira, 27 de maio de 2016

Citações


Como tem olhado para a geringonça ? António Costa é refém do PCP e do Bloco de Esquerda ?

Estão todos reféns uns dos outros. O PCP tem de mostrar trabalho feito se quer resistir ao Bloco. O Bloco tinha de ir para o Governo, senão seria cilindrado entre o PCP e o PS . Para o PS era a última oportunidade de regressar ao poder. Portanto, ficaram os três prisioneiros. Como o PCP quer estar com os dois pés fora e com uma mão segurar a fechadura da porta, como o Bloco quer estar com um pé dentro e outro fora, e como o PS quer estar com os dois pés dentro e até lhe convém que os outros não estejam por lá, a geringonça mantém-se. Quanto tempo ? Ninguém sabe. Pelo menos até este segundo orçamento parece-me que durará . Mas o PCP precisa de crescer, senão ficará eternamente o terceiro partido de esquerda. O Bloco de Esquerda quer crescer para a direita, para o PS, quer comer o PS. Uma aliança entre três cujo destino é desfazerem-se uns aos outros, claro que não durará eternamente. O Jerónimo de Sousa todas as semanas alerta : " Este não é o nosso governo ", " Este não é um governo de esquerda ". Penso que algum sairá primeiro da geringonça, quando perceber que vai perder votos. Penso que vai ser um dos pequenos.

- António Barreto, na entrevista constante da VISÃO desta semana .

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Citações



(...) O resultado desta superficialidade ao sabor das conveniências é, só pode continuar a ser, o caminho do fim do regime. Ou, hipótese não mais reconfortante, o pasto para que, dentro dele, se tornem atrativas todas e quaisquer propostas que, por mais abjectas que possam parecer, tenham o condão de ser claras.
Basta aliás olhar para fora de portas . Alguém julga que é por acaso que no país da fraternité o Front National vai fazendo caminho ? Alguém julga que é uma coincidência que no país das liberdades individuais o Sr.Trump cavalgue grotescamente sondagens ? Alguém ignora que o triunfo dos nacionalismos e dos radicalismos religiosos, no próprio seio da civilização ocidental, é o triunfo desta enorme náusea ? Alguém verdadeiramente acha que a coisa não chega cá ?

- Pedro Norton , na VISÃO .

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Citações : Ainda Marcelo



(...) Marcelo não venceu porque esteve na televisão; Marcelo esteve na televisão porque tem as características necessárias para ganhar qualquer eleição - e era nisso que deveriam ter refletido os outros candidatos. Pensaram ao contrário; raciocinaram à boa maneira portuguesa de ver situações de favor onde, afinal, há mérito. As audiências são implacáveis e só um grande comunicador consegue manter-se frente às câmaras durante dezena e meia de anos. (...)

- João Garcia, director da Visão , no número mais recente da revista .


E é isto mesmo que também penso . Goste-se ou não do estilo e da mensagem, Marcelo é um grande comunicador e isso foi o factor decisivo .

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Humor pela manhã



Suceder a Cavaco Silva na presidência é como casar em segundas núpcias com a Tina Turner . Depois daquele primeiro marido, qualquer homem é um príncipe .

- Ricardo Araújo Pereira , na VISÃO .

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Citações


(...) sendo ambos fantasiosos, tanto o mundo de Sócrates como o do Mickey devem reger-se por regras próprias, diferentes das do nosso mundo . Não faz sentido acusar o Mickey de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais . 
Disney opta por não justificar o estilo de vida das suas personagens : umas são príncipes e princesas, e supõe-se que tenham fortuna, outras vivem numa realidade imaginária, da qual o trabalho está ausente . Sócrates vive num mundo de fantasia porque tem um amigo fantástico. A explicação parece um deus ex machina mas não é . É um amicum ex machina .
A única semelhança é que este amigo, tal como deus, também aparente ser omnibenevolente.
(...) Santos Silva partilha o seu dinheiro com Sócrates ,que o partilha com vários familiares e amigos. (...)

- Ricardo Araújo Pereira , na VISÃO .


Não me parece que venhamos a ter em 2016 o julgamento da " Operação Marquês " , mas a acusação formal seria bom que aparecesse já neste primeiro trimestre para depois se seguirem as demais fases processuais .

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Pensamento ( s )



(...) Merkel, Hollande, Cameron são convencionais " nacionalistas moderados ", com agendas curtas e acanhadas, incapazes de construir uma nova e verdadeira escala política europeia, também para a Defesa e as Relações Exteriores. Uma escala europeia para podermos enfrentar os gigantescos desafios da regulação do capitalismo global, da segurança militar e da sustentabilidade ambiental . Sem um milagre improvável, a Europa que nos deixarão por herança será uma manta de retalhos, onde tudo será mais frágil e precário . Incluindo as liberdades, o pão e a justiça .

- Viriato Soromenho-Marques , na Visão .

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Citações



A fase de linchamento público de José Sócrates, de que ele se dizia vítima e os seus advogados e amigos corroboravam, acabou no sábado, depois da conferência em Vila Velha de Ródão. Naquele dia, começou a fase de lavagem pública da imagem do antigo primeiro-ministro.
Apenas registo a mudança e faço-o sem qualquer intuito recriminatório. Sócrates tem todo o direito de se defender na praça pública, depois de tanto se ter insurgido por ter sido condenado em tribunais populares. ( Escusava, porém, de tentar associar os sistemas judiciais angolano e português, ele que é largamente responsável pelo que se passa em Portugal em matéria de justiça. )
A reflexão que esta nova situação suscita tem a ver com o insuportável segredo em que as nossas autoridades se escondem e na hipocrisia dos muitos envolvidos em processos mediáticos, que se apressam a condenar as revelações quando as não controlam. Afinal, como Sócrates mostrou, para eles o mal não está em falar dos processos, está em que sejam outros a falar . (...)

- João Garcia , na Visão desta semana .

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Pensamento ( s )



... E sobre a importância da leitura

As pegadas e os vestígios anunciam o grande perigo ou a possível salvação . Podes ser devorado, podes comer.
Sejamos então claros: um animal que é bom leitor de vestígios, o bom leitor em geral, aquele que interpreta bem os sinais, sobrevive. Ler é interpretar. Nós somos, então, herdeiros dos animais que sobreviveram; nós somos filhos de filhos de filhos de bons leitores; leitores que leram bem os vestígios, os sinais. Que conseguiram compreender o que o visível - as pegadas, os vestígios - anunciava. Pelo visível leram, interpretaram, adivinharam o invisível, o que não estava ali - o animal anunciado - o predador ou a presa. (...)

- Gonçalo M.Tavares, na Visão da semana passada .

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Pensamento ( s )








Tornou-se estúpido ser inteligente porque a estupidez adquiriu a inteligência de não querer provar nada, de apenas ser uma peça do jogo. A impunidade traz inteligência à estupidez.

- José Gil , na Visão desta semana .

terça-feira, 7 de julho de 2015

Da vinheta


Uma vinheta triste, sugerida pelo último parágrafo do belo " obituário " escrito por José Manuel dos Santos na Visão da semana passada :

Este ano, as praias do seu Algarve natal vão sentir a falta dos passos dela sobre o areal, naquelas caminhadas de muitos quilómetros que Maria Barroso gostava de fazer ao amanhecer de cada dia das suas férias no Vau. Mas, desenhando a sua presença na areia, o mar vai e vem, recomeçando sempre. Assim também regressa, como um recomeço, a nossa imagem dela . E, nessa imagem, como na dos retratos que Graça Morais lhe fez, está presente o brilho rápido da vida .

R.I.P.

terça-feira, 23 de junho de 2015

Citações



(...) Os que desejaram transformar a Rússia no inimigo ideológico, garantindo assim a coesão do mundo ocidental, da NATO, da União Europeia, viram a sua autoprofecia realizar-se . Queriam um inimigo, aí o têm. Queriam continuar a viver na Guerra Fria, ela está de volta.
Mas não tenhamos ilusões, a segurança europeia não é divisível e não haverá paz no continente europeu enquanto o Ocidente e a Rússia não se entenderem. Enquanto não chegarem a acordo sobre a arquitetura de segurança da Europa.
A União Europeia ajudou a destruir a URSS e pode até contribuir para o fim do regime de Putine se, entretanto, não se destruir a si própria. Mas a Rússia não vai sair de onde está.

- Luís Amado, na Visão .

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Citações



(...) A ideia de que austeridade é sinónimo de derrota eleitoral é, como se vê, uma ideia ligeiramente exagerada. Pode ser ou não ser. No Reino Unido não foi. Em Espanha também não. Sobretudo depois do que está a acontecer na Grécia, os eleitores estão menos eufóricos com a ideia de mudar por mudar. Por isso, o Podemos inchou nas sondagens com a vitória do Syriza e começou a emagrecer à medida que a sua alma gémea começou a empalidecer. Até por cá António Costa mudou. Começou por se colar à vitória na Grécia e acabou nos últimos dias a acusar de tontos os dirigentes do Syriza. Afinal parece que mesmo em política, " cautelas e caldos de galinha " nunca fizeram mal a ninguém.

- Marques Mendes, na Visão desta semana .

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Citações



(...) A questão é que o sindicato dos pilotos se comporta, não como um baluarte da luta pelos direitos laborais, mas sim como o representante de uma corporação nociva ( passe o pleonasmo ). Não é aceitável que o País possa ficar refém de uma corporação, seja ela a dos pilotos aviadores, a dos pilotos de barra ou a dos camionistas - como já aconteceu . Os sindicatos convocam greves para lutar por melhores condições salariais, ou de trabalho . Não para boicotar decisões políticas que competem ao poder executivo - como, por exemplo, a opção pela privatização. E muito menos para proteger o interesse capitalista dos seus associados uma fatia das empresas. A lei da greve permite isto ? Não devia .

- Filipe Luís, na Visão .

Pensamento ( s )





(...) Em múltiplos domínios, o indivíduo é confrontado com receitas, prescrições quantificadas, fórmulas rigorosas que lhe indicam o único procedimento para alcançar o melhor modo de vida. Na educação, na saúde, na administração e na vida privada; da dietética à cosmética e à cirurgia plástica, da sexualidade ao equilíbrio das emoções, a ciência e a tecnologia definem o único padrão de comportamento a adotar, a única via para o cidadão, o pai de família, o utente, o contribuinte, a futura mãe, a educadora, a trabalhadora . (...)

- José Gil, na Visão .

terça-feira, 28 de abril de 2015

Citações


(...) após o 11 de Março as anunciadas eleições para a Constituinte estiveram em perigo efetivo, pois sobretudo um setor de militares de extrema-esquerda, ou assim ditos, então com muita força, a elas se opunha. E para a sua realização, sem prejuízo de outros importantes contributos, mormente do que viria a constituir o " Grupo dos Nove ", em particular Vasco Lourenço, foi decisiva a intervenção do Presidente da República, Costa Gomes . Isto mesmo e - entre reais ou aparentes flutuações para manter os equilíbrios possíveis - o papel essencial que teve ainda para ser evitada uma guerra civil, no Verão Quente de 1975, foi reconhecido nas suas Memórias por Freitas do Amaral, líder do partido então mais à direita, e também membro do Conselho de Estado. (...)

- José Carlos de Vasconcelos, na Visão .

Não tenho especial apreço por Costa Gomes, mas ainda assim reconheço que a sua inteligência política era muito superior à de Spínola, para o bem e para o mal ...

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Pensamento ( s )



(...) Talvez por justiça poética, o governo Merkel reúne as duas famílias políticas ( democratas-cristãos e socialistas ) que estão a destruir a Europa, a mesma Europa por elas reeerguida das ruínas de 1945. Pela terceira, e provavelmente última vez, Berlim, apesar de ser hoje uma robusta democracia, ficaria associada a uma desastrosa derrocada europeia .

- Viriato Soromenho Marques , na Visão.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

À mesa

N.º de abril de 2015, uma das minhas atuais leituras no Metro. Tem o seguinte sumário:

ANTIGUIDADE
No antigo Egito "comia-se" cerveja
A Bíblia é de comer
Pão com todos na Grécia antiga
Roma, banquetes e frugalidade
Conservas de peixe 'made in Lusitania'

IDADE MÉDIA
Carências e excessos de uma época
D. Afonso V, um rei que gostava de ostras
O que se comia no "Portugal" islâmico
As grandes fomes na Europa

IDADE MODERNA
Especiarias, uma história picante
Viver e comer a bordo das naus
Os (muitos) alimentos vindos da América
Sabores portugueses exportados para o Japão
Açúcar, viver com doçura
D. João III e a exuberância das ementas reais
Livros de receitas de outros tempos
Vinho, do Douro dos romanos ao Porto dos ingleses
Bacalhau, o alimento "mais português"
A conservação antes do frigorífico
A arte das boas maneiras à mesa

IDADE CONTEMPORÂNEA
Os primeiros restaurantes
A sopa, ou o triunfo das virtudes
Três menus lisboetas

sábado, 11 de abril de 2015

Pensamento ( s )



(...) a atitude mais verdadeira que um indivíduo pode ter perante a morte : agir de forma a que a sua própria morte sirva a vida da comunidade. Reconhece assim que a sua existência individual é inteiramente atravessada pela existência dos outros - o que lhe dá toda a espessura ética : morrer é sobreviver com os homens que continuam ( mesmo se os homens são maus ). O " eu " dissolve-se. Por isso apreciamos tanto os que morrem a trabalhar, a criar, a produzir vida.

Estamos nos antípodas do que aconteceu com Lubitz . Aquele laço vital foi cortado. A morte-nada que desejou para ele, invadiu a sua cabina, apagou a humanidade dos passageiros e Lubitz pôde assassiná-los friamente.
O nada da sua morte, o nada haver depois da morte deu-lhe a irresponsabilidade total para executar um homicídio coletivo. Não é o nada da morte de Deus, mas, como diria Foucault, da morte do homem. Que essa morte se inscreva tão fortemente na vida, que ela possa surgir como nada radical nas cabeças dos indivíduos é sinal do niilismo terrível e avassalador dos tempos de hoje.

- José Gil , na Visão.