quinta-feira, 30 de julho de 2009

O diamante e o arenito

Alexandre diz:
nós somos 2 rochas
q coisa feia
Natália Coelho diz:
vc tá mais pra granito, enquanto eu sou apenas um arenitozinho
Alexandre diz:
granito...
sou diamante fia


Certa noite, o arenito caminhando nos pastos verdejantes onde ora abundavam a serenidade das estrelas, se deparou com um vistoso e chamativo diamante, encrustado em sua própria beleza única. Este fitava os raios do luar como um ser que não admitia qualquer concorrência com sua bela forma física. Então o arenito se aproximou e disse:

- Ó Diamante, gostaria de enfatizar que Narciso se matou por que só via e admirava a si mesmo.
- E daí? Narciso era apenas um humano fraco, eu sou o que há de mais resistente e inquebrável.
- Ó Diamante, você tem que pensar mais nos outros, esquecer um pouco de você. Sabia que pessoas estão morrendo por sua causa na África?
- Sério? - Diamante pela primeira vez olhou para Arenito.
- Sim, seríssimo.
- O que eu devo fazer, ó Arenito?
- Deixe de ser egoísta e passe a se multiplicar, para que assim a sua escassez finde, o seu valor diminua e as pessoas parem de se matar na disputa por um pedaço seu.
E então, Diamante pensou, pensou e disse:
- Tudo bem, afinal milhares de coisas magníficas é sempre melhor do que uma só. Me multiplicarei para o meu próprio bem, não pense que é para a salvação desse povo da tal da África.
- Já é algum avanço, senhor egocêntrico. - Arenito disse, já impaciente com tamanho narcisismo.
- Não vou parar por aqui, pequeno Arenito. Se pensas que aproveitarei pouco da situação, estás muito enganado. Vou fazê-los me admirarem muito mais.
- O que falta ainda?
- Que venha a luz, e me irradie para o bem de toda a humanidade! - gritou Diamante - E no dia seguinte, ao nascer do sol, Diamante irradiou sua luz para todos aqueles que pereciam na Terra. A humanidade se estarreceu perante o fenônemo espectral que surgia do seu encontro com os raios solares. Todos se apaixonaram por tal maravilha, acirrando ainda mais a luta por um pedaço das cópias do Diamante. Acreditavam que os feixes de luz, separados pelo diamante, tinham o dom da cura e da sabedoria. - Diamante contou o seu sonho de dominar o desejo mundial.
-E assim, o mundo inteiro se matou por conta de ti, Diamante. E você teve toda essa imensidão para iluminar, mas nenhuma viv'alma para admirar a beleza e o encanto de sua forma. - respondeu Arenito.
Diamante Narciso não mais respondeu. E Arenito prosseguiu seu caminho sentindo que haveria menos um suicídio por afogamento no mundo, ele tinha salvado uma "vida".



Alexandre diz:
vc percebeu q acabamos de criar uma fábula-metáfora da porra???
Alexandre diz:
acabamos de criar um post pro seu blog
Natália Coelho diz:
kkkkk
Alexandre diz:
O diamante e o arenito






Criação via msn, de autoria minha e do nada viajante, Cara das Paredes, mais conhecido como Alexandre.


sexta-feira, 24 de julho de 2009

DÓI SER BONITA?

ESTE NÃO É UM POST SOBRE DICAS DE BELEZA. HOMENS, LEIAM TRANQUILOS.

Se tem algo que seja universal à todas as culturas do mundo, em se tratando de mulher, isso se chama VAIDADE FEMININA. Por que não há mulher alguma que não queira se sentir bem, olhar no espelho e falar " Tô linda!" (mesmo que isso seja somente a sua verdade) e que não goste de receber elogios sobre o seu visual. Mulheres, não teimem em dizer que o importante é ser legal, nem venham, no fundo vocês querem um pescoço girando quando você passa, um fiufiu e não um "poxa,você é muito divertida e inteligente". Essa frase foi feita pra vir depois, se é que me entendem.

E como se fazer bela? Simples, passando horas e horas dentro de um salão de beleza. Uma hora (se tiver sorte) fazendo a unha, mais uma hora pra escovar os cabelos e mais outra horinha para a depilação. 3 horas no mínimo, isso se você descontar os atrasos, a hidratação, a espera da cera esquentando, enfim, dia da beleza é um dia, em partes, perdido. E eu simplesmente ODEIO ir ao salão. Mas odeio mesmo, me dá preguiça pensar que vou desperdiçar o meu dia nesse lugar, e geralmente isso acontece aos sábados. No entanto, em prol do resultado final, porque este sim me agrada e muito, eu abro mão das horas do dia e claro, abro a carteira também, afinal nada é de graça nesse mundo. E mulheres são caras, caríssimas.

Mas falando do local em si, o salão de beleza. Há salões e salões. Tem os vips, em que você mal entra e eles já pegam a sua bolsa, quase te carregam no colo, lhe oferecem um café, chá, suco, dentre outras coisas e sempre a chamam de Sra, Srta, tudo muito polido. A única parte aterrorizante é a conta final, mas o resultado (quase) sempre vale a pena. E Salão de rico geralmente tem as palavras "coiffeur" ou "estúdio" integrado ao nome, quando não, o nome do dono com aqueles sobrenomes chiquetérrimos.

Já no outro lado da moeda, existem os "Salão Fashion Hair" e "Cleide, cabelelero´s" (sim, com apóstrofo, porque é chique,bem e é lero mesmo) para a alegria das mulheres desafortunadas. Nestes, ninguém pega a sua bolsa, você chega e a joga num canto, a cabeleireira te cumprimenta efusivamente: "Ô Marinete, quanto tempo sua piranha, voltou pra abaixar essa juba,né?!

Porém, todos eles têm uma coisa em comum: a futilidade dos assuntos. Puta merda (perdão pela palavra), mas mulher quando junta, não sai muita coisa boa. Analise comigo, o que nós fazemos nesse ambiente bacana: enquanto esperamos o atendimento, se tiver uma revista para ler, ela nunca vai ser uma Economist ou Bravo!, só haverá Contigo, Tititi e no máximo uma Caras. A capa em si, já cria assunto pra muitos minutos. Falar da vida dos artistas é sempre polêmico. "Menina, Ivete Sangalo tá grávida???", "E nem casou, minha filha". Você desiste de ler e vai ver televisão, dependendo do dia e horário, sua cultura será enriquecida com Balanço Geral, TV Xuxa, Senhora do Destino, TV Fama , A tarde é sua e o polêmico Márcia, esse sim, cria inúmeras discussões. Você cansou da TV, vai prestar atenção nas conversas. O grau de importância é altíssimo, quase sempre o tema central é HOMEM. E mulher não tem escrúpulos pra falar da sua vida sexual, mal sabem os maridos e namorados que todo o seu desempenho está ali, aberto à várias outras mulheres. A última opção, é não fazer nenhuma das três anteriores e ficar quieta na sua, apenas observando. E eu sigo ela direitinho, entro muda e saio calada.


Agora me diga, todo esse sofrimento para ficar bonita pra quem? Para os homens ou para as mulheres?
Sinto muito rapazes, mas mulher se produz pra mulher. Por que o julgamento feminino é muito mais detalhista e cruel do que o masculino. Os homens só olham para o conjunto da obra, e o que eles reparam já está pronto, não precisa ser feito em salões de beleza.
Mas, mesmo com tantos sacríficios, sempre queremos ouvir o que Zeca Baleiro cantou em sua música, Salão de beleza :
Se aquela mulher é vaidosa eu não sei
Eu não sei
Vem você me dizer que vai a um salão de beleza
[...]
Baby você não precisa de um salão de beleza
Há menos beleza num salão de beleza
A sua beleza é bem maior do que qualquer beleza de qualquer salão
Mundo velho e decadente mundo
Ainda não aprendeu a admirar a beleza
A verdadeira beleza
A beleza que põe mesa
E que deita na cama
A beleza de quem come
A beleza de quem ama
A beleza do erro puro do engano da imperfeição

Que desperdicemos tempo, dinheiro e paciência nesse lugar abominável, mas que fiquemos lindas, seja pra quem for, melhor ainda se for pra nós mesmas!



Para que vocês, homens, não digam que isso é frescura de mulher.


Dói, ser feia? Não. Doloroso é ficar bonita. A feiura é natural.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

And isn't it ironic ... don't you think?

Já dizia Alanis Morissette, com a música Ironic.


"Well life has a funny way of sneaking up on you when you
think everything's
okay and everything's going right"

ou

"Bem, a vida tem uma engraçada maneira de te atrapalhar
quando você pensa que está tudo bem e tudo está dando certo
"



Hoje mais cedo, enquanto estudava história, mais exatamente a Crise de 1929, eu me deparei com esta imagem e imediatamente pensei:

Well, isn´t it ironic? Don´t you think?



Nada melhor que o modo de vida americano, diz o cartaz. Na frente, fila de desempregados, a maioria negros, esperando doações. EUA, década de 30.



Após a 1ª Guerra Mundial, o EUA apareceu como a nação mais rica do mundo, devido a inúmeras exportações para os países Europeus, paralisados pelo conflito. Com o desenvolvimento industrial, a população norte-americana passou a ter um estilo de vida consumista, onde a aquisição de bens era sinônimo de felicidade, o chamado American Way of Life. Entretanto, toda essa euforia teve fim com o crash da Bolsa de Nova York, causada pela crise de superprodução, em 1929. Durante o período da Grande Depressão, 80 mil empresas faliram nos EUA, deixando cerca de 15 milhões de trabalhadores desempregados.


Será que eles continuaram sorrindo como a família do cartaz acima?
Porque não fizeram um com o "Unemployed Way of Life. How to live without money"?


E a Alanis continua:

"And life has a funny way of helping you out when you think everything's
gone wrong
and everthing blows up in your face"

ou

"E a vida tem uma engraçada maneira de te ajudar quando você
pensa que tudo deu errado
e tudo explode na sua cara"



E a "vida" ajudou os norte-americanos...

A Depressão dos anos 30 interrompeu o ciclo de prosperidade dos EUA, mas após o término da 2ª Guerra houve uma nova onda de crescimento que manteria a hegemonia norte-americana sobre o mundo até os dias atuais (mesmo em meio à crises).




Eu odeio os Estados Unidos em geral. Não me agradaria ir para lá, só de graça mesmo. Mas meus filmes preferidos vieram de lá, as minhas músicas e bandas prediletas também são da terra do Tio Sam, eu visto jeans diariamente, uso tênis Nike, bebo Coca-Cola e ainda vou no Mc Donald´s.

And isn't it ironic ... don't you think?

domingo, 19 de julho de 2009

E PRA QUE SERVEM, AFINAL?

- Amiga, olha o orkut da nova namorada do fulano, me diz o que achou.
A amiga olha, até acha a menina bonita, mas dizer isso à outra vai contra as leis femininas.
- E aí? Fala logo!
- "Rôrosa"! Sou muito mais você,viu. Nossa, ele fez uma péssima troca.
- É, também achei isso.

Amigo chega na casa do outro amigo, o encontra largado, com vestimenta de mendigo, cara mais que amassada em pleno sábado.
- Caralho, levanta essa bunda daí. Bora sair.
- Má nem mesmo.
- Anda logo, tô mandando.
- Vamo sair pra onde?
- Vamo ali no shopping pagar conta e tomar uma casquinha do McDonald´s.
- Porra, programão ein!
- Cala boca e se troca, pelo menos tô te tirando de casa.


3h da manhã, em alguma festa bombada.
- Ou, tô bem não.
- Tá como?
- Sei lá, essa bebida me deu uma tristeza profunda... Amiga, cê me ama?
- Ai, Jizuis. Amo, tá bom?
- Mas porque o X não me ama?
Começa uma sessão do descarrego e claro, a amiga escutou a festa inteira, largou o "peguete" e as bebidas, ou seja, fim de festa.

Logo após ter escrito um texto, o amigo se dirige ao outro para que este avaliasse sua obra. Ao terminar de ler, ele fala:
- Tá uma merda.
- Quê?!
- É isso aí, corrige aqui, ali, tira essa parte melosa rídicula do fim.
- Nuss, agradeço a sinceridade.
- Por nada, amigos são pra isso.

Sexta à tarde, no telefone:
- Y. vem passar o final de semana aqui em casa, que cê acha?
- Poxa, não vai dá, o Z. vai vir aqui pra casa e ele também não gosta que eu durma fora.
- Ah, tá bom então. Esqueci que você casou.
- Cê não fica chateada não, né? Qualquer dia eu passo ai, você espera?
- Claro, amigas são pra isso.

Consolar, fazer programa de índio, ouvir idiotices, emprestar coisas que nunca serão devolvidas, ver eles sumirem e reaparecerem momentâneamente, escutar as verdades, os casos, as lamúrias,dar conselhos, rir demasiadamente sem motivo, nos fazer feliz dentre outras coisas. Enfim, AMIGOS SÃO PRA ISSO!

Você deve estar se perguntando: Por que um texto sobre este assunto mais que comum?
E eu o respondo,digníssimo leitor. Amanhã, dia 20 é o DIA DO AMIGO e essa foi a única maneira não melosa que eu encontrei de dizer como eu sou grata e feliz por ter vivido situações como as acima e dizer que SIM, EU TENHO AMIGOS, E MAIS, QUE ELES SÃO DE EXTREMA IMPORTÂNCIA EM MINHA VIDA.

A título de curiosidade, o Dia do amigo foi criado por um "inimigo" brasileiro. O argentino Enrique Ernesto Febbraro, no dia 20 de Julho de 1969 inspirado pela chegada do homem à lua, criou esse dia fofo, dizendo que da conquista dos EUA surgiu a oportunidade de fazermos novos amigos em outros planetas. O cara viajou, mas o fato é que muitos países, um deles o Brasil, claro, adotou essa comemoração no seu calendário.

Me pergunto porque uma data mega importante como esta, não é feriado...

Enfim, um FELIZ DIA DO AMIGO à todos e digam aos seus respectivos o quanto os amam, espalhem esse amor pelo mundo. Vamos fazer uma corrente da amizade! [momento cuticuti mode off]

E claro, não ligue e nem vá a casa deles dar um abraço, mande um scrap, dá uma twittada porque isto está muito mais in.



Um exemplo fictício de amizade verdadeira. Minha preferida, por sinal.

sábado, 18 de julho de 2009

A mania do encontro


Marcos estava ansioso, afinal chegara o grande dia. Aquele pelo qual ele sonhara durante três anos. Três anos de uma intensa troca de intimidades, tempo suficiente para gerar uma cumplicidade entre os dois, um carinho e um afeto indescrítivel. Experiência única para ele. Era hoje que iria materializar todas as suas vontades e desejos. Tornar aquela relação palpável. Ela, finalmente sairia daquela tela de dezessete polegadas, não seria mais "Roberta está online" e sim "Roberta, está aqui no Rio, comigo".


"Às 15 horas no aeroporto", ela disse. Estava vindo do Rio Grande do Sul para passar as férias com ele, em sua casa. Um mês inteiro reservado para os dois. Já eram 14h30 e ele se dirigia para o ponto de encontro. Mas antes, como era de praxe, Marcos teve um surto e todas as suas manias vieram à tona.

No dia anterior, Marcos rói todas as unhas, come as tampas das canetas, arruma toda a sua coleção de livros em ordem alfabética, verifica se suas cuecas estão separadas por cor, marca e modelo. Abre o armário, coloca as vasilhas em ordem de tamanho, as pequenas dentro das maiores, varre o chão da sala pela quinta vez no dia, coloca as almofadas do sofá em tons gradientes, do azul claro ao escuro. "Ela gostava dessa cor", pensou. Vai ao cabeleireiro, corta o cabelo, faz a barba. Se olha no espelho, vê um pequeno defeito no corte, volta e pede o serviço direito, afinal tinha um momento importante por vir. Passa no supermercado, enche o carrinho com vinhos, queijo, massas e afins, e claro, compra a sua caixa com doze pacotes de Trident.


Marcos, não poderia ficar sem mascar chiclete mesmo em ocasiões comuns, agora com seus hormônios e batimentos cardíacos à todo vapor, Trident era uma espécie de calmante pessoal. Chega em casa, coloca três tabletes de uma vez na boca, ele precisa relaxar! Desentorta os quadros da parede. Vê se o Bom Ar está na dispensa, pretende deixar o ambiente perfumado. Liga pra Neuza, pede que amanhã ela prepare um jantar especial e vá embora logo em seguida, quer a casa só para eles.



À essa altura já se foram 6 pacotes de Trident, cada um contendo 5, 30 chicletes tinham sido triturados. Lembrou de Roberta dizendo, "Marcos, isso ainda irá lhe render uma gastrite, pára com isso". A lembrança o atormentou mais ainda, e dà-lhe mais um chiclete na boca.


Tentou dormir, não conseguia, olhava o relógio, "Meu Deus, o tempo não passa". Ligou a TV, acendeu a luz e abriu o livro de cabeceira pra ver se o sono vinha. Marcos tinha esse defeito de gastar energia apenas para ouvir o barulho da TV,nunca era pra assistir algum programa, apenas para embalar seus sonos. Adormeceu. Um sonho agitado e estressante. Roberta não viria mais...


PI PI PI PI PI. 11 horas da manhã, ele acorda assustado, com o celular tocando. "Ufa, foi só um sonho." Pega o tablete ao lado da cama, e lá se vai o primeiro chiclete do dia. Olha pra caixinha, "É meus calmantes estão acabando, preciso comprar mais.

Marcos repete toda a sua rotina de verificar se está tudo na mais perfeita ordem para recebê-la. Queria que tudo a agradasse, o seu cheiro, seu corpo, a sua casa. Nada poderia dar errado.


Já eram 14h30 e ele se dirigia para o ponto de encontro. Chega ao aeroporto exatamente às 15h, ela o aguarda em frente a cafeteria, como combinado. Enquanto caminha para o local, seu coração acelera, tamanha sua expectativa e ansiedade. Marcos começa a suar, é só virar a direita e... e... e...:


- Droga! Meu Trident acabou!







Texto escrito no dia 4 de maio de 2009, para o quadro Sopão do blog Ponto de Continuação, do Marcos Pinheiro, onde a idéia é criar um texto que contenha uma das suas frases da semana, ou Miojo do Dia. A minha escolhida foi "Droga! Meu Trident acabou."
É isso, sem idéias para novas criações, sorry.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

A influência dos pensamentos

Pensamentos negativos atraem coisas negativas.

Frase mais velha do que a Dercy quando morreu. Não sou de depositar créditos nas frases populares, mas não posso deixar de falar que às vezes elas funcionam na prática. Até porque, se não funcionassem ao menos uma vez, como iriam ganhar tamanha fama? Pois bem, ontem eu presenciei a realização da frase acima e pude dar um voto de confiança ás sabedorias de Vovó.

Estava eu, sentada no ônibus (sim, mais uma história nesse ambiente agradável) próximo a roleta, quando três pessoas entram no veículo. Eram uma mulher, uma criança e um homem. Logo percebi que eles estavam juntos. A mulher passou a roleta, em seguida veio o que supus ser seu filho. O homem ficou para trás, pois estava segurando uma caixa enorme e teve mais dificuldade para se locomover. Quando ele finalmente vai passar na roleta, grita(sim, no meu ônibus é comum as pessoas gritarem) para a que eu também inferi, sua mulher:

- Ou, cê pagou sua passagi e a do muleque?
- Eu não! - a mulher responde em voz alta.
- Toma no cu, viu. Que carai, sô, cê tá folgada dimai aê.

A minha primeira reação foi esta:


What? Eu escutei isso mesmo? Um marido dizendo essas atrocidades para sua esposa? Foi isso mesmo? Sim, meus caros. Eu não sei nos seus, mas no meu mundo isso não é normal. Eu esperando que a mulher fizesse um barraco, gritasse e metesse a mão na fuça daquele boçal e... nada. Ela só mandou ele pagar a passagem sem reclamar. Hunf, juro que eu quis colocar meu pé na frente pra ele cair, juro.

Continuando o episódio, este ser sentou atrás de mim e eu tive de seguir a viagem escutando suas belas palavras: "Que porra sô"; "Eu já falei 'praquele' fidaputa me pagar, e nada daquela disgrama aparecer"; "Carai de vida,viu", etc, etc e etc.

Enfim, ele ficou o tempo inteiro proferindo palavrões e reclamando da sua desgraça, e claro, chingando sua amada esposa. Finalmente chega seu ponto de descida, ele pega a imensa caixa com seu jeitinho revoltado, totalmente estabanado e nervoso, resultado: a caixa cai na rua e eu só escuto um CREC. Não sei o contéudo daquela caixa, mas pelo barulho era de vidro e tinha virado pedacinhos o que antes estava ali. O sujeito, educado que só ele, pra fechar com chave de ouro, chuta a caixa ao som de "Porra, só faltava essa desgraça quebrar", POF e dá-lhe chutes nos caquinhos.



Confesso, eu ri, mas eu ri muito e pior, ri sozinha. Ah! Cara mais estúpido, merecia alguma liçãozinha (tá, eu duvido que isso tenha sido lição pra ele,mas enfim...).

Moral da história:
Reclamou, chingou, se estressou e se fudeu.
Bem feito.

Good vibrations, pratique. Por via das dúvidas, é o melhor caminho.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Por que os sábios(ás) se vão?

Paulo estava no jardim de sua casa, entretido com o que ele chamou de "meu dever para com ele", quando sua mãe Maria das Dores chega e pergunta:

- Por que você construiu uma cruz e está escavando o jardim, meu filho?

-Mãe, meu melhor amigo merece um enterro digno tal qual ele foi. Respeite o meu sofrimento, por favor. - ele disse enquanto cavava a tal "cova".

- Ai, minha nossa senhora! O Felipe morreu?!!! Jesus amado! Como se deu isso, menino? - D. das Dores se desespera.

- Não, mãe. Não foi o Felipe. Se bem que às vezes eu prefiriria que tivesse sido ele, talvez fizesse menos falta... - respondeu Paulo, como se estivesse com o pensamento longe.

- Fala logo, quem foi que morreu, Paulinho? Tô que não me aguento de aflição.

- O Soprano, mãe. Hoje eu acordei e quando fui ver, ele estava lá, estático e mudo. Durinho. - ele revelou, ao passo que descobria o defunto antes coberto por uma lona preta.

- Ah, Paulo Canário! Tenha dó! Eu aqui pensando que era um de seus amigos e você me fala do passarinho! - zombou Maria das Dores.

- Soprano era mais que um passarinho pra mim, mamãe. Por isso vou enterrá-lo aqui, para que ele esteja sempre por perto.

- Era é?

-Era. Nos dias ruins, só ele sabia "cantar falando" pra mim, o que eu de fato precisava ouvir. Os outros, você, Lipe e companhia, apenas ficavam citando frases de consolo formuladas pelo senso comum. Davam conselhos e conselhos, como se fossem receitas médicas. E quer saber de uma coisa, mãe? - neste momento, Paulo olhou bem nos olhos de das Dores e continuou - Eu ODEIO o senso comum, e mais, não suporto esses "conselhos medicinais" que não curam coisa alguma. - e retorna ao seu trabalho de coveiro.

-Paulinho, não fique assim. Você só está desiludido e triste com a perda do Soprano. Espere um pouquinho que isso logo passa - disse das Dores enquanto passava a mão na cabeça de Paulo -Olha, vou até permitir essa loucura de enterrá-lo aqui em casa, já que isso o conforta. E também vou lhe comprar outro pássaro mais bonito. O que você acha?

Paulo apenas olha ceticamente para sua mãe, sem ao menos respondê-la. Mas ela não desiste:

- Relaxe, meu filho. O tempo cura tudo, tudo mesmo, você vai ver.

-Aff.- ele suspirou - Soprano, meu sábio sabiá, volte, por favor! - Paulo sussurou para si mesmo, enquanto colocava sua pequena cruz sob o túmulo de Soprano.