junho 30, 2012

UM SONHO EMBALADO PELO TROMBONE

 KLÊNIO BARROS
A trajetória do jovem trombonista potiguar, que saiu de Cruzeta,
 tornou-se professor de música e agora parte rumo à Europa

 A EMOÇÃO DE TOCAR SENTIMENTOS

Por
Pedro Vale DO NOVO JORNAL 

Se Klênio Barros pudesse descrever em uma palavra o que significa música para ele, o vocábulo escolhido seria “emoção”. Para o trombonista de 25 anos, fazer música é mais do que tocar as notas certas no tempo adequado: o que importa são os sentimentos que os que tocam conseguem despertar nos que ouvem. E foi essa grande emoção tanto no ouvir quanto no fazer música que fez com que aquele menino de Cruzeta chegasse à capital do estado, conquistasse a noite natalense, se tornasse professor universitário, lançasse um disco próprio e agora se prepare para fazer, em setembro, um curso de mestrado em Portugal.

Antes de descrever as conquistas do cruzetense, entretanto, voltemos alguns anos atrás. O gosto pela música surgiu em Klênio ainda quando ele era muito pequeno e nem se imaginava fora de Cruzeta, município de 8 mil pessoas da região do Seridó, localizado a 219 km de Natal. “Lá em casa eu sempre acordava com o som do radinho de pilha da minha mãe. Eu me levantava, tomava café e me arrumava pra escola ouvindo o baião, xote e forró pé-de-serra de Dominguinhos e Luiz Gonzaga”, recorda o músico. Porém, foi somente aos 13 anos que Klênio realmente foi tocado pela música. Ele ainda lembra da ocasião com clareza. Cruzeta estava em festa, no auge das comemorações da Festa da Padroeira, e no meio das atrações tocava a Banda Filarmônica 24 de Outubro, formada por membros da Escola de Música de Cruzeta.

Enquanto os outros adolescentes passavam, escutavam por alguns minutos e logo se dispersavam, Klênio se sentiu absolutamente hipnotizado por um instrumento específico: o trombone de vara. “Bati o olho no trombone e me encantei. Enquanto os outros instrumentos de sopro possuem orifícios que servem para regular as notas, a música do trombone é feita só pelo deslizar da vara. Imaginei que aquilo devia ser dificílimo, mas achei fantástico e decidi que queria tocar aquilo”, lembra.
 
Inspirado pela vivência, o cruzetense passou a visitar frequentemente os ensaios da banda. Certo dia ele ficou sabendo que uma turma de teoria musical havia sido aberta na Escola de Música, e o menino não tardou a se inscrever. As aulas eram ministradas pelo maestro Bembem, que desde aquela época é o regente da Filarmônica 24 de Outubro. “No interior o pensamento geral é que músico é uma carreira sem futuro, sem perspectiva. Eu mesmo pensava assim. O maestro Bembem foi o responsável por mudar meu ponto de vista e foi incentivado por ele que decidi seguir a carreira”, conta Klênio.

Ao ser informado de que a vaga de trombonista da Filarmônica havia ficado vaga, o jovem não hesitou em participar do teste para preencher a vaga. O resultado foi um fracasso completo: “Não consegui nem soprar o trombone”, relata Klênio aos risos. “Outro cara conseguiu a vaga”, completa.

Contudo, essa primeira derrota não foi capaz de acabar com o ânimo do cruzetense: tão logo o rapaz que havia assumido o posto de trombonista largou a banda, ele se candidatou a preencher a vaga e, desta vez, foi escolhido. Embora estivesse satisfeito na banda, logo surgiu em Klênio o desejo de se aperfeiçoar na sua arte e, incentivado principalmente pelo maestro Bembem, o rapaz - então com 14 anos - resolveu participar de um curso técnico da Escola de Música da Universidade Federal do RN. Seus pais não gostaram da ideia a princípio: “Achavam que todo músico é cachaceiro, esse tipo de coisa”, explica. Com o tempo, entretanto, eles perceberam que o filho estava de fato determinado e deixaram que ele se inscrevesse no curso técnico de trombone.    
 
  Klênio cursou pós-graduação e está prestes a embarcar rumo a Europa
o  músico precisa de 800 euros por mês para garantir o mestrado

 NATAL E ALÉM

O curso era ministrado duas vezes por semana, e Klênio teve que se virar para conciliar os estudos de ensino médio em Cruzeta com as aulas de trombone na Escola de Música. “Toda semana eu precisava fazer as quatro horas de ônibus entre Cruzeta e Natal. Como as aulas de trombone eram em dias de semana, eu também perdia dois dias letivos da escola em Cruzeta”, conta.

O jovem também tinha pouco dinheiro e não tinha onde ficar na capital; sua salvação foi o Giulvando Pereira, seu professor de trombone e mais conhecido como Azeitona. Pereira praticamente adotou o pupilo, oferecendo-lhe teto e comida. Antes de concluir o curso técnico, o aprendiz a trombonista se formou no ensino médio e prestou vestibular de bacharelado em Música, com habilitação em Trombone, na UFRN.

Passou de primeira na prova e se deslocou definitivamente para Natal, onde passou a morar em uma residência universitária. Através da universidade, Klênio fez amizade com outros músicos, expandiu sua rede de contatos e não demorou a tocar nos bares e botecos da noite natalense. “Essa fase foi um período muito produtivo da minha vida. Tocava com grandes nomes como Jubileu, Chico Beethoven e Eduardo Talfic. Através de Chico, fui convidado para tocar na banda de Valquíria Santos, com quem fiquei por uns oito meses”, lembra. 

As apresentações não se limitavam ao Rio Grande do Norte: com Valquíria, Klênio tocou em Alagoas, Piauí, Paraíba e outros estados nordestinos. Ao deixar a banda, já havia atingido um certo reconhecimento profissional  e, segundo descreve, seu telefone nunca parava de tocar.

No entanto, o cruzentense não demorou a se fixar novamente em outro conjunto musical. Pouco depois de ter deixado a banda da forrozeira Valquíria Santos, Klênio foi convidado para tocar a música latina do Perfume de Gardênia, banda com a qual chegou a ficar cinco anos. “Saí em 2010 por problemas pessoais, mas cresci muito no Perfume de Gardênia. Gravei três discos e um DVD com a banda, a gente tocava todo sábado em Recife... Sem contar com os contatos que a gente fazia. Junto com Jubileu no trumpete e Chico Beethoven no sax, cheguei a tocar com bandas como Cavaleiros do Forró, Saia Rodada e Cidade Negra”, relata o jovem.

Logo após sair do Perfume, Klênio fez um teste para professor substituto de trombone na universidade (Azeitona, que ainda exercia o cargo, o deixou para fazer um mestrado em João Pessoa) e foi aprovado. Embora lecione até hoje na universidade, logo o trombonista terá que sair para dar lugar ao professor Azeitona, que retorna neste segundo semestre.


Klênio Barros possui um disco de música instrumental completamente de sua autoria, intitulado “Klênio Barros em Segredos”. A obra, com 11 faixas recheadas de choro, samba e gafieira, foi lançada no ano passado, durante o 17º Festival de Trombone, realizado em Natal/RN.

Mas a jornada do cruzetense não acaba por aqui: há cerca de dois meses ele foi selecionado para fazer um curso de mestrado em “Práticas Interpretativas do Século XX e XXI” na Universidade de Aveiro, em Portugal, começando em setembro. Em sua corrida na qual apenas o céu é o limite, a maior preocupação de Klênio é com dona Maria Jaecy, sua mãe: “Ela está feliz por mim, mas também está nervosíssima porque eu vou pra longe. Coisa de mãe”, ri o músico.
   
 ...fonte...
 Pedro Vale DO NOVO JORNAL

...informe... 
Os interessados na obra de Klênio poderão comprar seu CD na  loja Arte Musical, no shopping Via Direta, ou por meio de contato direto com o trombonista, atráves do endereço de e-mail: kleniotrombone@hotmail.com

junho 27, 2012

O GRITO DA FOTOGRAFIA POTIGUAR

   Alex Gurgel à frente da APHOTO - Associação Potiguar de Fotografia 
única entidade em defesa do segmento no Rio Grande do Norte

O GRITO DA FOTOGRAFIA POTIGUAR

Por
Sérgio Vilar   

“Imagem é tudo”. A frase virou quase aforismo. E antes valorizasse o segmento da fotografia. E produtores fotográficos nem querem “tudo” com suas imagens. Um movimento nacional já com braços articulados em Natal reivindica apenas uma cota específica na hora da divisão do bolo do orçamento destinado à cultura.

Depois da criação das redes potiguares de música, e da formação das redes de teatro e cinema, fotógrafos têm se articulado em torno da Rede Poti de Fotografia – uma espécie de braço da Rede de Produtores Culturais da Fotografia no Brasil. A intenção é acompanhar a tendência nacional de independência do setor nos meandros culturais.

“Não há política pública específica para a fotografia. O orçamento federal é destinado ao audiovisual. E neste bojo está o cinema, as artes plásticas, o grafite, a performance, o hip hop, a moda e também a fotografia. Só o cinema abocanha 85% dos recursos. Praticamente nada sobra pra gente”, lamentou o presidente da Aphoto, Alex Gurgel.

A Associação Potiguar de Fotografia é a única entidade em defesa do segmento no Rio Grande do Norte. Possui 120 associados em dia. Entre eles, profissionais renomados a exemplo de Marcelo Buainain, Adrovando Claro, Pablo Pinheiro, Ricardo Junqueira, e outros, além de milhares de simpatizantes cadastrados em suas redes sociais.

Alex Gurgel tem feito campanha para que fotógrafos potiguares tomem a iniciativa de ingressar nos conselhos e câmaras setoriais da cultura para defender mais espaço à categoria. “É claro que o conselheiro que é músico olhará com melhores olhos projetos musicais. O cineasta com o cinema. O poeta com a literatura. Precisamos de fotógrafos nesses campos para termos vez e voz”, sugeriu.

Um dos setores importantes neste quesito já pode ser pleiteado. Basta o fotógrafo entrar no site do Ministério da Cultura (www.cultura.gov.br/setoriais) e se cadastrar para a seleção de delegados estaduais para representar o Rio Grande do Norte no Conselho Nacional de Produtores Culturais da categoria. O Rio Grande do Norte já possui 30 cadastrados, atrás apenas de São Paulo, com 32.

“A fotografia é a mãe do cinema e prima mais velha das artes plásticas, da pintura. É o segundo produto mais consumido do mundo, dizem especialistas. O primeiro é o sexo, que usa até fotografia para promoção. É um segmento cultural que irá completar 200 anos. Merecemos mais atenção. Queremos um Salão da Fotografia, e não concorrer junto com esculturas e todo tipo de pinturas no Salão de Artes Visuais. Ou na disponibilidade dos recursos públicos, concorrer com o audiovisual. Fotografia não tem som”, reclama Alex Gurgel.

ENCONTRO NACIONAL

No último fim de semana, Alex Gurgel participou do Encontro Norte-Nordeste de Produtores Culturais da Fotografia. O evento aconteceu em Belém do Pará, e funcionou como prévia do Encontro Nacional que acontecerá no mês de Novembro, em Fortaleza. Antes disso, em 19 de Agosto, a Aphoto promove o Fotoriografia do Norte: um fórum para discutir a radiografar a fotografia potiguar.

“Abordaremos a questão a produção de livros de fotografia, o direito autoral, projetos culturais que envolvam o setor, a fotografia como veículo de inclusão digital, a história da fotografia no Rio Grande do Norte, e pretendemos convidar Itamar Nobre, da UFRN para propormos um curso de extensão na Universidade envolvendo a fotografia”. Alex ressalta que deste fórum sairá a Carta de Natal, que será levada ao encontro em Fortaleza.

MEMÓRIA PERDIDA

Uma das ideias da Rede Poti de Fotografia é a criação de uma Casa da Fotografia. Espaço para exposição, lançamento de livros, e principalmente um ambiente climatizado para acervo fotográfico impresso e digital, responsável pela memória fotográfica da cidade, hoje dispersa em computadores particulares ou nos setores de arquivos de jornais.

“Darei um exemplo: faremos pelo oitavo ano seguido a Expedição Noturna Natalina. Registramos em fotografia a iluminação de Natal. É um acervo que fica pra história. E nada recebemos por isso. A prefeitura premia a fachada mais bonita de casas e instituições. E quando acaba o período natalino e as luzes são retiradas, o que fica? A foto, o registro! Mas isso não é valorizado”, reclama Alex Gurgel.

A Aphoto também pretende criar o Dia do Fotógrafo Potiguar. Um processo com o pleito já corre nos corredores da Assembleia Legislativa. O Dia Nacional a Fotografia já é comemorado em 8 de janeiro. E o Dia Mundial, em 19 de agosto. A data escolhida para celebrar o Dia Potiguar da Fotografia foi 26 de setembro.

A data de 26 de setembro rende homenagem à provável primeira fotos tirada no Rio Grande do Norte. A autoria é do alemão Bruno Max Bourgard. Ele veio do Recife e clicou a imagem de flagelados da seca reunidos em frente à casa do então governador Tavares de Lira, na subida da Junqueira Aires – hoje o prédio abriga o Solar Bela Vista. A foto é datada de 1905.


...visite...
 APHOTO
Associação Potiguar de Fotografia
www.aphoto.art.br

junho 23, 2012

UMA JANELA PARA A ARTE POTIGUAR

 Uma janela para a arte e cultura potiguar
montagem: Jorge Henrique  - fotografias: Canindé Soares
 
BLOG POTIGUARTE - CHEGAMOS A 51 MIL VISUALIZAÇÕES
SÃO 51.000 OBRIGADOS, VIU?
 
Por
José Carlos da Silva
A você e às mais de 51.000 pessoas que visualizaram, comentaram e elogiaram as inúmeras postagens do blog Potiguarte nestes quase dois anos de existência... o nosso mais sincero agradecimento pela companhia.

Nosso maior orgulho é tomar conhecimento do alcance do nosso trabalho, o carinho da receptividade à nossa proposta, a conquista em um espaço virtual ao fazer a diferença enaltecendo uma cultura regional, a cultura potiguar - o nosso maior foco.

O blog tem buscado referências nos principais jornais do nosso Estado, o Rio Grande do Norte, e tem encontrado textos primorosos de excelentes repórteres, retratando fielmente a arte e a cultura produzidas pelos potiguares - aqui e por esse mundo afora. A eles, um agradecimento especial, convictos de que o blog não teria o alcance percebido sem a efetiva referência de suas reportagens.

Salientamos que temos a contínua preocupação de registrar toda e qualquer fonte, seja texto, fotografia e ou vídeo concernente às postagens no blog ancoradas.

Elencamos adiante o nosso fiel público - mantidos até aqui e que nos fizeram alcançar a nobre marca das 51 mil visualizações - listados por ordem númerica crescente em visita ao blog, a saber: Brasil: 43.047; Estados Unidos: 4.062; Portugal: 673; Bélgica: 668; Rússia: 566; Alemanha: 483; Japão: 133; França: 100; Reino Unido: 89 e Holanda: 69 visualizações.

Continuemos firmes, empolgados, fascinados em difundir, propagar a arte e cultura produzidas no nosso Rio Grande do Norte. Compartilhe conosco esta idéia, compartilhe conosco esta atitude. Afinal, como citou Câmara Cascudo: “O melhor do Brasil é o brasileiro”.
José Carlos da Silva
administrador do blog Potiguarte
potiguarte@hotmail.com
www.potiguarte.blogspot.com

junho 21, 2012

ZÉ HILTON: UM SANFONEIRO SEM DISTINÇÃO

 Instrumentista e compositor que transita entre o forró eletrônico e de raiz, 
Zé Hilton tem canções gravadas por bruno e Marrone e Aviões do Forró fotografia: paulo nobrega filho

 FORRÓ SEM DISTINÇÃO

Por
Yuno Silva

Há duas décadas, o então adolescente José Hilton começou a dar os primeiros resfôlegos na sanfona que o irmão mais velho mantinha encostada em um canto da borracharia onde trabalhava. Aos 13 anos, dormia na rede armada na sala de casa e sonhava embalado pela música das bandas que tocavam no clube bem em frente onde morava na cidade de Pedro Velho. O tempo passou, o garoto cresceu e Zé Hilton se transformou em uma das principais referências no Rio Grande do Norte quando o assunto é sanfona.

Hoje aos 34 anos, acostumado a tocar forró em festas espalhadas pelo interior do Estado e atuar nos bastidores como músico de estúdio, o instrumentista e compositor passou para a linha de frente e vem se apresentando com escolta de orquestras sinfônicas - nos próximos dias 26 e 27 de junho, no Teatro Alberto Maranhão, Zé Hilton participa de concertos com a Orquestra Sinfônica do RN; e é uma das atrações principais, ao lado de Khrystal, Camila Masiso, Caio Padilha, Wigder Valle, Valéria Oliveira e Camila Masiso, do projeto "Concertos Sinfônicos Clássicos do Baião - Tributo a Gonzagão", realizado pelo Sesc/RN com presença da Sinfônica da UFRN, cuja temporada estreou dia 10 de junho em Mossoró.

"Quando comecei nem pensava em ganhar dinheiro com música, muito menos tocar com orquestra, só queria aprender a tocar", disse o músico autodidata, compositor de canções já gravadas por nomes conhecidos do grande público como a dupla Bruno e Marrone, a baiana Asa de Águia, e as bandas Aviões do Forró, Ferro na Boneca, entre outras. "Cresci misturado no meio de todos os estilos, ganhei a vida com todo tipo de forró, então nem tenho como dizer se este é melhor ou pior que aquele", garante Hilton quando questionado sobre o embate entre o forró tradicional e o eletrônico.

Experiente, o sanfoneiro já passou pela banda potiguar Cebola Ralada, acompanhou o saudoso Elino Julião por quatro anos, tocou com Dominguinhos, Xangai e Nando Cordel, fez parte do trio Candeeiro Jazz ao lado de Jubileu Filho e Sérgio Groove com o qual participou do Festival de Jazz de Cascavel em Santa Catarina, participou da gravação de quase 400 discos e garante que, particularmente, prefere o forró tradicional. "Na verdade, pra mim, o que importa é música boa!"

Para Zé Hilton, "o estilo tradicional precisa de mais apoio do Governo para fazer shows, circular. A rapaziada precisa gravar mais, pois não adianta ficar metendo o pau no trabalho dos outros e reclamando sem mostrar produção", avaliou o músico, que também mantém projeto com a cantora Nara Costa, com quem gravou recentemente disco em homenagem ao centenário de Luiz Gonzaga. "Gonzaga é referência até hoje, não tem pra onde correr".

Por enquanto ainda não pensa em frequentar um curso superior em música, os planos a curto prazo incluem a retomada do Candeeiro Jazz e a temporada com a Orquestra Sinfônica da UFRN, que retorna em agosto na zona Norte de Natal e faz duas apresentações no mês de dezembro em São Paulo. "Neste momento, a prioridade é ensinar meu filho (José Hilton Júnior) a tocar e colocar alguns projetos pra andar, entre eles uma escola de música em Pedro Velho".
 
A HISTÓRIA DA SANFONA QUE RODOU O MUNDO E VOLTOU PRA FAMÍLIA

Natural de Nova Cruz, Zé Hilton chegou em Pedro Velho aos dois anos de idade e de lá só saiu quando foi escalado para tocar com Messias Paraguai. "Quando estava aprendendo, onde tinha quadrilha eu ia. Com uns 14 anos, cheguei a tocar zabumba com um sanfoneiro só para ele me deixar dar uma canja no fim do show. Foi quando me deu vontade mesmo de ser músico profissional", recorda.

Ganhou um "dinheirinho" do pai e resolveu ir juntando para comprar o próprio instrumento. "Nessa época eu fazia de tudo um pouco: buscava botijão de gás de cozinha, limpava quintal, ajudava meu irmão na borracharia; mas quando comecei a tocar, abriram as portas do mundo e fui entrando".

E o destino realmente colocou a sanfona no caminho de Zé Hilton: antes de completar 16 anos, pegou o dinheiro economizado e foi até o distrito de Piquiri, em Canguaretama, município vizinho de Pedro Velho onde morava, para comprar uma sanfona usada de 80 baixos. "Rapaz, não é que a sanfona tinha sido do meu irmão na infância!? Como meu irmão é bem mais velho, não tinha nem nascido quando venderam a sanfoninha. Até hoje existe e meu filho estuda com ela", orgulha-se o sanfoneiro, que atualmente trabalha com uma Scandalli italiana de 120 baixos.

Com a tal sanfoninha de 80 baixos começou a ser convidado para tocar em grupos e cantores de cidades vizinhas. "Tinha uns 15 anos quando fui tocar na Festa do Boi, e recebi meu primeiro cachê. Achei massa demais!". Percebendo seu potencial, resolveu montar o próprio trio, "Os jovens do forró", e passou a tocar em todo lugar: porta de supermercado, quermesse, arraiás. "Rapaz, nesse tempo estava alucinado e só queria tocar, lanchar e tomar refrigerante", diverte-se. Pouco depois começou a tocar profissionalmente com Messias Paraguai e não parou mais.

DE OLHO NO DIREITO AUTORAL

Em sua trajetória, Zé Hilton topou com o compositor potiguar Cabeção do Forró, e começaram a trabalhar juntos. "Ele trazia umas letras legais e eu elaborava as melodias. Fiz com ele a música 'O que tiver de ser será', gravada pelo Asa de Águia e Aviões do Forró, e virou sucesso nacional". Em seguida, já em parceria com Cabeção e Ranieri Mazile, vieram "Tentativas em vão", registrada pela banda natalense Deixe de Brincadeira e pela dupla Bruno e Marrone; "Escravos do amor", "Meu amanhecer", entre outras.

Em meio a concorrência do mercado do forró e da pirataria vigente, Zé Hilton conseguiu garantir rendimento como compositor fiscalizando. "Nunca pagam o que uma música rende, mas o Ecad (Escritório Central de Arrecadação de Direitos Autorais) até que paga, mas tem que ficar esperto, saber como funciona e fiscalizar. Tem que ficar no pé senão não rola". Ele disse que os direitos exclusivos de gravação de algumas músicas são acertados com as bandas para evitar problemas - "Isso é bom pra quem canta e quem compõe".

Sobre a existência de preconceito com a sanfona, diz que "isso é lenda, o povo é louco por sanfona"; e quanto ao reconhecimento como músico acredita que tudo o que está acontecendo é resultado de muito trabalho e dedicação. "Tenho muitas amizades aqui no RN e em outros estados, e quando vou tocar em Pedro Velho é casa cheia. Isso é reconhecimento!"

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junho 18, 2012

AS MÃOS CALEJADAS DO ESCRAVO DA ARTE

 A arte começou a fazer parte da vida de Escravo a partir de 1978, 
quando  participou de um curso de talha. De lá para cá, 
foram os trabalhos com as esculturas em madeira que o sustentaram
  fotografia: Ricardo Lopes

  UMA VIDA DEDICADA À ARTE

Por
Cristiano Xavier

Em um pequeno alpendre do bairro Boa Vista, em Mossoró, um escultor apronta alguns trabalhos para serem expostos durante o Mossoró Cidade Junina. Gilvan Almeida Vital ou Escravo da Arte, como gosta de ser chamado, é um exemplo de artista que vive do seu ofício.

Ao lado da casa dos músicos Mazinho Viana e Regina Casa Forte, ele maneja uma pequena lâmina e corta a madeira, calmamente. Nas mãos, as marcas do trabalho: uma cicatriz próxima ao pulso foi a pior delas. "Eu estava utilizando uma lâmina muito afiada e, por uma pequena displicência, ela atingiu esta região... fiquei preocupado, pois sangrava muito", comenta Escravo, mostrando a cicatriz e as mãos calejadas de esculpir nas imburanas.

Seus trabalhos revelam o Nordeste e a cultura africana, com a qual se identifica. Ao lado do alpendre, uma escultura de Zumbi dos Palmares (ainda por terminar) é um das peças a que o artista se dedica já há alguns anos. "Comecei a esculpi-la há uns oito anos, mas ainda não terminei, porque apareceram outros trabalhos", explica, enquanto segura as correntes que aprisionam a escultura a um dos mourões que sustentam o alpendre: "Ele está preso por conta dos ladrões", brinca Escravo, frisando que a escultura fica ali durante toda a semana, em exposição, acorrentada. "Mas é por pura necessidade de se acorrentar mesmo", reforça.

Escravo é um dos muitos artistas que, durante o período junino, aumentam a receita com a venda de produtos artesanais. "Este período é importante, pois muitas pessoas de fora vêm para a cidade e adquirem o material exposto na Cidadela. Considero o melhor período para se negociar arte. Infelizmente, devido à escassez de material para se trabalhar, principalmente a madeira, temos que correr para aprontar as esculturas... Penso em fazer uma exposição, mas a necessidade não permite agora. Então, não dá para juntar trabalhos. Vou fazendo e vendendo", declara, enquanto mostra a réplica da Igreja de São Vicente, um dos seus trabalhos preferidos...

Os trabalhos também servem para chamar atenção durante o evento. "Esta igreja, por exemplo, é uma espécie de trabalho que serve para chamar o público. É uma forma que temos de mostrar esculturas maiores, bem trabalhadas", diz. Perguntamos se ele venderia a igreja. Escravo fala que não, mas revela que a necessidade já fez com que muitas vezes "saísse por aí", vendendo o material. "Tudo depende da necessidade. Quem é artista, que vive do seu trabalho, sabe do que estou falando. Já me aconteceu de sair com as minhas esculturas, chegar numa praça, expor e vendê-las... às vezes, até por um preço muito abaixo do que imaginava. Em algumas situações, o preço do trabalho é igual à necessidade do artista", diz, sorrindo, enquanto mostra o lugar onde trabalha. "Sabe, aqui é bom. Ninguém me perturba. Eu tinha um celular e resolvi vendê-lo, porque vez por outra pessoas ficavam ligando, até mesmo a família ligava para coisas pequenas: trocar uma lâmpada, fazer isso e aquilo. Então, assim trabalho em paz", frisa.

Na cidade, no entanto, Escravo ainda acredita que o espaço para a arte que produz é pouco. "Acho que é preciso espaço para todos. Falta, por exemplo, um lugar para os artistas trabalharem ao ar livre, como vemos em outras cidades do País ou mesmo um mercado alternativo de arte, como o Mercado Modelo, em Salvador. Lá, a arte é feita na calçada, em todos os lugares e ainda existe uma associação dos artistas. Isso poderia ser feito aqui, sem dúvida nenhuma", salienta, frisando que a ideia atrairia os turistas, não apenas em períodos juninos como durante outros eventos. "Vou expor alguns trabalhos, dentro dos próximos dias, no Memorial da Resistência. São peças temáticas e creio que será interessante, porque pelo Memorial passam muitos turistas. Se tivéssemos um espaço dedicado à prática da arte ao ar livre naquele lugar, seria ainda melhor", diz.

Para ele, apesar das dificuldades na divulgação da sua arte, o que importa é que o trabalho "será visto por muitas pessoas durante os dias de Cidade Junina". "Faltam apoios, eu sei disso... mas temos que produzir com ou sem apoio. Isso é inevitável", fala.
 
  "Muitas pessoas começam a esculpir aleatoriamente, 
no entanto não têm disciplina, não praticam de forma diária 
e acabam por deixar a arte"
    fotografia: Ricardo Lopes
 
"A ARTE DA ESCULTURA É UM DOM"

Escravo da Arte acredita que esculpir está ligado ao dom. "Escultura é dom e um pouco de técnica", explica, enquanto mostra os trabalhos que estão por terminar. "Às vezes, muitas pessoas começam a esculpir aleatoriamente, no entanto não têm disciplina, não praticam de forma diária e acabam por deixar a arte. Além disso, creio que muitos não possuem o dom para a coisa", salienta.

Alguns, para o artista, têm o dom, mas lhes faltam recursos para comprar material e ferramentas. "Algumas ferramentas eu mesmo fabrico, porque as originais são um pouco caras... Quanto à madeira, sempre conseguimos comprar com pessoas que sabem onde se pode encontrar o produto. Esta, por exemplo, ainda estou devendo ao fornecedor", fala, e solta um sorriso largo. "Mas a conta não é tão cara. Com a venda de uma escultura, pagarei", frisa.

Escravo brinca com a situação. Faz uma graça e diz que teve sorte durante a vida porque sempre viveu com poucos recursos. "Com muito pouco, me conformo. Isto é uma coisa pela qual me alegro, pois poderia ter crescido com muito e hoje seria uma pessoa inconformada com determinadas situações", explica. 

EVOLUÇÃO CULTURAL

O artista acredita que a cidade, de uns anos para cá, tem evoluído no sentido cultural. "Mossoró hoje é uma cidade boa de ganhar dinheiro", analisa, perguntando à reportagem se vamos mesmo publicar suas observações. "Melhorou... antes, nós não tínhamos a Praça da Convivência nem o Memorial, que são dois importantes pontos para expor trabalhos. Também eventos como o Mossoró Cidade Junina. Isto traz um novo fôlego para quem produz e vive da arte, vendendo seus trabalhos em praças e logradouros com muito fluxo de pessoas", destaca.

Ele próprio diz que está "contando com a festa para terminar os outros trabalhos". "Estou empolgado com o evento... sempre fico por lá, à tarde e à noite, com minhas esculturas. Mas não se iluda", aponta para o fotógrafo e dispara: "Todo mundo pechincha, meu filho", diz, sorrindo.

Um dos objetivos de Escravo é, entre outras coisas, terminar a escultura quase em tamanho natural de Zumbi dos Palmares e outros trabalhos maiores, a fim de que estes sejam alugados para instituições. "Algumas peças são alugadas e com isso sempre entra um dinheirinho e esculpir é prazeroso. Não cansa", finaliza.

...fonte...
Cristiano Xavier

junho 13, 2012

A ARTE DE VIVER PEDE PASSAGEM

NAZARENO VIEIRA
Conhecido nas vozes de gente grande da Música Popular Brasileira como
Emílio Santiago, Elizete Cardoso, Originais do Samba e Wilson Simonal,
compositor potiguar iniciou sua carreira em Macau/RN, nos anos 60 
 
 SOS NAZARENO VIEIRA

 Por
Sérgio Vilar 
 
O compositor Nazareno Vieira está com estado avançado de câncer, já em cadeira de rodas e magérrimo. Nazareno é figura importante na história musical potiguar. Durante décadas esteve na linha de frente na luta pelos direitos dos músicos. Conta hoje 73 anos. Vive modestamente. Os amigos Castelo Casado e Kiko Chagas têm procurado mobilizar a classe artística na tentativa de prestar um show-homenagem a Nazareno. Para tal, irão solicitar uma pauta no Teatro Alberto Maranhão - Natal/RN -  e a participação de músicos para compor a programação. Empresas e artistas que queiram colaborar, basta entrar em contato com eles pelos contatos 84.9128-8267 (Castelo Casado) e 84.9138-1824 (Kiko Chagas).

Nazareno Vieira foi amigo de Wilson Simonal, teve composição regravada por intérpretes de renome nacional, participou dos programas de auditório mais famosos da TV brasileira e é autor do sucesso nacional Vai doer. Nos anos dourados pelo sucesso, viveu décadas rodeado de famosos. Cantou nas melhores casas danoite paulistana, carioca e nos programas televisivos do Chacrinha, Raul Gil, Silvio Santos e Bolinha. Das suas 110 composições, Emílio Santiago, Noite Ilustrada, Simonal e Elizeth Cardoso gravaram algumas. Mas ele mesmo foi sucesso na interpretação única, na voz rouca e seresteira.

O compositor se mostrou entusiasmado com a ideia da homenagem. "Está tudo autorizado. O que fizerem está ótimo. Graças a Deus eu já posso comparecer, sentado na minha cadeira de roda a qualquer lugar". A conquista é porque Nazareno passou um mês internado no Hospital Onofre Lopes. Os médicos preferiram não realizar procedimentos cirúrgicos diante da gravidade da doença. Por isso ele voltou pra casa. Perguntado quem ele gostaria de ver no palco para lhe homenagear, ele disse: "Lane Cardoso, Nara Costa, Lucinha Lira, Kiko Chagas, Silvana, Pedro Mendes. São todos artistas conhecidos, de muitos fãs, e sei que posso contar com eles". 

 Teatro Alberto Maranhão
uma pauta para um show-homenagem a Nazareno

INICIATIVA

Quando soube da tentativa de homenagem, o maestro Franklin Novaes se manifestou: "Acho uma ótima ideia, mas para que funcione é necessário comunhão entre casas de evento, firmas de som e luz, produtores culturais e artistas com real boa vontade e que encarem um evento beneficente com profissionalismo e estejam dispostos a domar seu ego em prol de uma boa causa, afinal todos estamos sujeitos às mesmas condições independente de talento ou classe social, sobretudo em nossa cidade de memória curta e artistas com 'rei na barriga' (sem querer generalizar)". E concluiu: "Tem o meu apoio. Afinal todos caminhamos para a velhice e não podemos prever o amanhã ainda".

 "NATAL É UM CEMITÉRIO PARA O ARTISTA"

Depois de um intervalo de mais de uma década, Nazareno voltou a gravar em 2008. O CD Feliz da Vida foi lançado com participação dos filhos de Wilson Simonal: Simoninha e Max de Castro, além dos antigos parceiros musicais, Tová e Neném; o prestigiado compositor e cantor Luiz Américo; o potiguar João Batista; e seu irmão Gilson, ainda com carreira no Rio de Janeiro e músicas gravadas por mais de 30 artistas nacionais, desde Altemar Dutra a Paula Toller e outros mais internacionais. Como citou Nazareno, Gilson - autor de I Love You Baby e Casinha Branca - é outro artista nacional apagado para a mídia.

Em entrevista para o Diário de Natal em maio de 2009, Nazareno se mostrou amargurado com a cena local: "Adoro Natal, mas ela é um cemitério para o artista. Gilson tem pelo menos 12 sucessos nacionais. A luta do compositor é muito árdua. A glória do sucesso vai para o Emílio Santiago, grande intérprete das músicas de Gilson. Quer outro exemplo? Gilson não vem ao Seis e Meia como atração nacional. Se vier é local, para receber mil reais". O compositor reclama ainda da cultura local voltada ao que vem de fora: "No Seis e Meia, as pessoas esperam no pátio do Teatro a atração nacional, enquanto o artista local canta para ninguém".

Nazareno enumerou uma lista de dezenas de cantores, compositores e intérpretes potiguares de "nível nacional e internacional" que poderiam substituir ou integrar o time de nomes consagrados da MPB nacional. Alguns sequer conhecidos do público local, como Andrezza e Diana Cravo, ou músicos como Eduardo Taufic, Jubileu, Joca Costa, Sérgio Groove e Manoca. "Temos ainda o João Batista que é muito maior do que aquele programa que ele participou (Fama) e é um dos grandes cantores do Brasil. Já passou o tempo do reconhecimeto aos nossos valores". 
CARREIRA

Depois de lançar 12 Lps enquanto integrou trios, duplas e quartetos musicais no eixo Rio-São Paulo, entre as décadas de 1960 e 1970, Nazareno foi convidado para abrir o show da intérprete Joana, no projeto Seis e Meia, em setembro de 2008. O compositor de Vai doer - já gravada na Europa na década de 1970 por Edi Goouneth, e regravada pela mesma cantora em 2005 - vive hoje de uma parca aposentadoria e da marmitaria da esposa, com quem tem dois filhos: um de 12 anos e uma criança de 4 anos. Antes do câncer, descoberto há aproximadamente três meses, Nazareno recebia convites esporádicos para produção musical de CDs e shows.


...fonte..
 Sérgio Vilar

junho 12, 2012

OS TRABALHOS ICÔNICOS DE MATHWS

 
"PESSOAS"
Mathws Aires realiza sua primeira exposição fotográfica
   a mostra revela moda, arte, personalidade e uma pitada de ousadia
 arte: blog Potiguarte

 AS PESSOAS DE MATHWS

Por
Cristiano Xavier

Mathws Aires tem estilo, apura seu trabalho. É a primeira impressão que nos passa, ao falar ou mesmo mostrar parte de seu material, que ele publica no site http://www.houseofmathws.com. São fotos variadas, com diferentes temas. Publicitário, Mateus Aires (que assina Mathws Aires) não abraçou a carreira, mas dedicou-se à outra profissão: a fotografia. 

O fotógrafo agora faz sua primeira exposição, intitulada Pessoas: em moda, arte e personalidade, até dia 30 deste mês, na Sala Joseph Boulier, Memorial da Resistência, Mossoró/RN, das 16h às 21h. 

Segundo Mathws, desde muito cedo ele pensava em coisas que tivessem relação com a imagem. "Sempre soube que essa seria minha área de atuação; só não sabia como e que tipo de imagem. Foi no curso de Publicidade e Propaganda (Uern), a partir de um trabalho que envolvia a fotografia de moda, que descobri que era esse o caminho", lembra.

Mathws revela que no início de 2010, enquanto assistia ao filme Julie & Júlia, percebeu que era essa a ideia que faltava ao seu blog. "Estabeleci postar 365 imagens em 365 dias, e consegui. Além de pessoas e editoriais que fui criando para isso, postava imagens de moda, arte, culinária, lugares, objetos. Depois desse primeiro objetivo conseguido, criei doze editoriais fotográficos em doze meses. Junho é o último mês deste segundo ciclo. Cumprirei meu segundo objetivo. Em outubro, volto com mais um. O site é houseofmathws.com", diz.

Para ele, fotografar pessoas é um pouco mais trabalhoso. "Requer uma produção. As pessoas querem sair bonitas, obviamente, e isto já implica trabalhar com maquiagem, por exemplo. Ainda há a questão de figurino, cenário e muitas vezes, particularmente, tenho uma ideia mais complicada e algumas pessoas não aceitam, pois a beleza nem é sempre aquela dentro dos padrões e este é um assunto delicado", explica o fotógrafo.

Ele revela que presta muito atenção aos trabalhos dos grandes fotógrafos de moda de hoje e de ontem. "Mas, saio da moda, vou para as artes, visito museus quando tenho oportunidade, leio sobre arte, inspiro-me no cinema, na música, nos artistas, na arquitetura, etc. Livro-me dos preconceitos para poder aceitar as coisas, porque tudo pode somar", revela o jovem fotógrafo.

Apesar de novo na área de fotografia, Mathws já começou com pé direito. A receptividade ao seu trabalho tem sido boa. "Fiquei muito surpreso com a boa receptividade para o que faço na minha cidade; todos estão ansiosos e comentando a exposição. Além disso, muitos abraçaram minha ideia e isto é muito bom. Mostra uma sociedade mais madura e desenvolvida, que sabe, pensa e consome arte e moda (deixando de lado o caráter superficial desta) e todas as áreas que a cercam. Estou feliz", fala. 

Um momento importante na carreira de Mathws Aires
"Procuro trazer o corpo para o caráter de obra"
fotografia: Mathws Aires

 SELEÇÃO DE TRABALHOS ICÔNICOS
 
Os 25 trabalhos expostos na Sala Joseph Boulier, no Memorial da Resistência, marcam um momento importante na carreira de Mathws Aires, que pensa em levar a exposição para a capital do Estado e negociar, também, as fotografias. "Isto será possível. Interessados podem já entrar em contato", diz.

O fotógrafo salienta que a exposição é "uma seleção dos trabalhos mais icônicos que já produziu. "Há imagens do início, em 2007, quando nem carreira existia, até trabalhos que fiz especificamente para esta exposição. Prioritariamente, fotografia de moda e arte, sempre retratando pessoas e suas identidades. Vários biótipos, o corpo e a nudez como obra, conceito e arte. Procurei montar um ambiente limpo, sofisticado e que desse aos visitantes uma sensação inspiradora", explica.

Para Mathws, a profundidade do tema a ser explorado nas fotografias é essencial. "Procuro aprofundar os temas que quero explorar. Se vou falar do kitsch, faço uma pesquisa do assunto. Se vou falar do corpo, da mesma forma... Sempre gosto de focar no conceito das imagens. As minhas técnicas são várias. Na exposição que está acontecendo no Memorial da Resistência, há imagens em que utilizei o sol, luz de celular, experimentei velocidades e manipulação digital. Tenho Photoshop como um ateliê digital à minha disposição", comenta.

Ano passado, Mathws Aires fez uma série de fotografias em que retratava modelos femininos. Para ele, esse foi um novo desafio. "Nunca havia experimentado fotografar o nu. Também fiz o masculino mais recentemente e posso comparar as duas experiências. Com mulher, a coisa é mais complicada, porque há uma preocupação maior em deixá-la linda. Também há a questão da nudez: com elas, a coisa é mais difícil de conseguir. Com os homens, a naturalidade flui mais e eles não ficam tão preocupados se vai ser o cabelo assim, ou isso ou aquilo. Elas têm mais medo de aparecer demais; tirar a roupa era mais difícil... Mas foi uma ótima experiência e pretendo fazer outras, no entanto, quero frisar que não pretendo ser conhecido como fotógrafo de ensaios sensuais, e, sim, de moda e arte... Logo, procuro trazer o corpo para o caráter de obra", explica.    


  "Fiquei muito surpreso com a boa receptividade para o que faço" 
 fotografia: Mathws Aires

 "QUERO TRABALHAR MINHAS IDEIAS LIVREMENTE"

Mathws salienta que a House (houseofmathws.com), sua página na internet, é um projeto pessoal, onde pretende trabalhar as ideias livremente. "Todo criador precisa deste lado para se sentir bem e livre. Se eu começar a querer transformá-lo em algo mais comercial, vou perder este espaço. No entanto, pretendo montar uma empresa com o mesmo nome e o estúdio. Trabalhar com fotografia é 8 ou 80... Você precisa de muito dinheiro, pois os equipamentos são caros. No início, o retorno é muito difícil e é necessário construir um nome e agregar valor ao seu trabalho, depois, como tudo, vem o sucesso... Ainda estou longe de conseguir o que penso, mas a caminhada é boa. O mercado também é algo que merece ser levado em consideração. Em cidades como São Paulo, por exemplo, as coisas fluem mais rápido e a renda é maior, assim como os custos", finaliza.

...fonte..
 www.gazetadooeste.com.br

...visite...
 www.houseofmathws.com

junho 09, 2012

O SORRISO DO CHORINHO POTIGUAR

 CARLOS ZENS
"SORRISOS DO CHORO: UMA JORNADA MUSICAL ATRAVÉS DE CAMINHOS CRUZADOS"
Instrumentista potiguar foi um dos nomes na obra de Julie Koidin
 uma pesquisa significativa, cujos registros duraram  quase uma década
fotografia: Canindé Soares

 ANTOLOGIA PÕE POTIGUARES NO PANTEÃO DO CHORO

 Por
Yuno Silva

Inspirada no antológico "O Choro: reminiscências dos chorões antigos", livro do cantor e cavaquinista carioca Alexandre Gonçalves Pinto (1870-1940) publicado em 1936, a flautista norte-americana Julie Koidin mergulha no universo da mais erudita das vertentes populares da música brasileira e apresenta "Os sorrisos do Choro: uma jornada musical através de caminhos cruzados", obra que traz um registro significativo de toda uma geração de instrumentistas, compositores e personagens do quilate de Altamiro Carrilho, Hermeto Pascoal, Guinga, Sivuca, Yamandu Costa, Henrique Cazes, Paulo Moura e Carlos Malta.

A pesquisa de Julie levou quase uma década ser concluída, reúne 52 entrevistas (transcrições na íntegra) e destaca nomes do Rio de Janeiro, Brasília, Fortaleza, Recife, São Paulo e Natal. "Foi tudo muito por acaso: em junho de 2002, ela estava de passagem por Natal para descansar e, ouvindo o programa Chorinhos e Canções da rádio FM Universitária, quis conhecer quem estava tocando", lembrou o flautista, cantor e compositor natalense Carlos Zens, que ao lado do instrumentista e compositor João Juvanklin representam os músicos do Rio Grande do Norte no livro de 514 páginas.

"Na época questionaram os motivos dela só ter conversado conosco, mas há dez anos não havia tantos discos lançados na praça e vários nomes que hoje atuam como compositores ainda se destacavam apenas como intérpretes", justificou Juvanklin. O músico de Serra Caiada, que em 2002 tinha CD e song book lançados, contou que chegou a citar, durante a entrevista que concedeu à Julie Koidin, o irmão Franklin e o sobrinho Alexandre Moreira como outros representantes do choro potiguar. "Mas ela queria focar a pesquisa em compositores com trabalho lançado. Se fosse hoje, teríamos muito mais gente para indicar como Diogo Guanabara entre outros ótimos nomes", garante o músico.

Para ambos, o reconhecimento e a oportunidade de figurar ao lado de grandes personalidades da música nacional é a grande recompensa de ter participado do projeto. "Não quero chamar atenção, nem tenho mais idade pra isso e cheguei a pensar que o livro nem seria publicado, mas fiquei extremamente gratificado de estar ao lado nomes como Hamilton de Holanda, que na minha opinião está entre os grandes cavaquinistas da atualidade. Acredito que nossa presença no livro, minha e de Zens, serve para mostrar ao resto do país que aqui em Natal tem boa música sendo feita. Somos apenas a ponta do iceberg", garante.

Aos 74 anos, João Juvanklin já lançou três discos inteiramente autorais e está fechando a produção do quarto álbum e de seu segundo song book (livro com partituras). Em 1998, editou o song book "Trinta e uma peças musicais" e gravou o CD "Bandolim, Cavaquinho e Violão". "Estou na fase de documentar e deixar minhas composições registradas para as futuras gerações, é a minha contribuição com a cultura musical".  
 
 
JULIE KOIDIN
a flautista fez sua investigação particular sobre o ritmo
o encanto pela espontaneidade e improvisos dos músicos brasileiros

CD DE ALTAMIRO CARRILHO, ACHADO EM SEBO, DEU O PONTAPÉ

Para Carlos Zens, o livro de Julie Koidin é um documento histórico, não só pela abrangência da pesquisa como também pela presença de músicos consagrados e muitos já falecidos como Sivuca e Paulo Moura. "É um trabalho incrível, ela juntou os maiores nomes do choro no Brasil e teve o cuidado de não se limitar aos grandes centros. Acredito que a obra oferece um ótimo material para quem se preocupa com a pesquisa do choro".O flautista disse ser "muito legal" estar junto com grandes músicos do gênero, reconhecidos internacionalmente: "Isso dá boa visibilidade aqui pra nós do RN e reforça laços de amizade que já existiam", verificou Carlos Zens, que apelidou a pesquisadora norte-americana de 'Julie Cajá' - "Ela simplesmente ficou fascinada com as frutas daqui do Nordeste, e virou fã do suco de cajá. Em todo lugar era só o que pedia", diverte-se o músico.

Zens contou que Julie conheceu o choro brasileiro através de um disco do flautista Altamiro Carrilho, 87, encontrado em um sebo nos Estados Unidos. "Carrilho é um dos mestres do choro, nome obrigatório para flautistas de qualquer parte do mundo", ressaltou Zens, explicando que a base do chorinho é formada pela dupla bandolim e flauta. Quando Julie esteve em Natal, Carlos Zens levou a norte-americana naquela primeira primeira roda de chorinho do Beco da Lama, bem antes de existir o Buraco da Catita. "Ficou encantada e, claro, pediu mais um copo de suco de cajá para acompanhar a galera na flauta", recorda.

Segundo Zens e Juvanklin, Julie Koidin planeja vir a Natal no próximo mês de julho para lançar oficialmente o livro "Os sorrisos do Choro: uma jornada musical através de caminhos cruzados" (Global Choro Music) - disponível para compra em páginas eletrônicas de livrarias por preço médio de R$ 45 (o título também pode ser encomendado na livraria Saraiva).

MODA E RECEIO - Sobre o fato do samba e do choro estarem passando por uma nova onda de modismo no país, Zens acha válida a valorização, mas vê com ressalvas e receio a possibilidade da tradição ser enfraquecida com a mercantilização exagerada do gênero. "É muito amor, muita paixão, quando começo a ouvir entro até em depressão com a choradeira. Minha preocupação é essa vulgarização. O samba e o choro são muito mais que isso, vide as crônicas sociais e urbanas de Noel Rosa. Mas uma coisa é certa, eles nunca vão morrer, podem até agonizar, mas morrer não". Carlos Zens explicou que o choro é base instrumental da música brasileira, é a partir dele que se desdobraram o samba, o baião e o sertanejo raiz. "O choro é referência fundamental para a música brasileira, foi a maneira que encontramos para traduzir a música erudita europeia que desembarcou junto com a família real no início do século 19".


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junho 07, 2012

A POESIA NA STREET ART

 Artista urbana e poeta, Eveline Gomes, ou apenas Sinhá
 trabalhos divulgados na Colômbia, França, Espanha e Coréia do Sul

O LADO DE DENTRO DE SINHÁ  

Via
Jornal de Hoje & Correio da Tarde

Quem passa pelas ruas da cidade não fica inerte ao perceber que existem pássaros atravessados em Sinhá. Mulher de cores vivas, fortes e repleta de sentido. Ela está no prédio do DoSol, nos muros em frente ao antigo Machadão, no barco atracado em Búzios e em diferentes paragens. Assim também é Eveline Gomes, a Sinhá poeta, artista e escritora que voa junto com os pássaros e nos arrebata ao escrever poemas na obra “Devolva Meu Lado de Dentro”, seu primeiro livro de poesia, lançado recentemente na Casa da Ribeira, em Natal/RN.

Em suas inquietações, dizeres como “Quero o sagrado das ruas/E a calma de estar em mim/Longe da frieza dos mundos”, traz um pouco do seu amor por tintas e palavras. Potiguar e radicada em São Paulo, Eveline gosta de dizer que a paulicéia foi seu nascimento para a arte. “São Paulo é meu berço artístico. A cidade o tempo inteiro vai tirando coisas de você. São surpresas o tempo inteiro, sem fim”, disse Eveline em entrevista ao Jornal de Hoje com seus olhos de farol.

Os poemas chegam em diferentes ocasiões. “Não existe um ritual. Já cheguei a fazer poemas até com lápis de olho ou então mandando mensagens para mim mesma no celular, para que não perdesse o poema”. Lembrou. Um desses exemplos aconteceu em um dia andando no carro, quando avistou o amigo Birimba de Jesus “tocando” um samba numa caixa de cigarros e de repente saiu um poema.

O amor por tintas e palavras levou Sinhá a desnudar o cinza das ruas e o branco dos papéis. Entre as pinturas nos muros e prédios das cidades, colorindo até o arranha céu de São Paulo, ela encontrou a poesia. Com essa carga de sensações, tintas, loucuras, verdades e infinitos que Sinhá leva ao mundo seu primeiro livro, que vem de inspirações de até oito anos atrás.  “Escrevo desde os 14 anos, mas os poemas escolhidos para o livro vieram desses últimos anos, quando fui recolhendo um por um com a ajuda do Daniel (Minchoni – companheiro de Eveline) e também com a ajuda de Letícia Torres, uma irmã pra mim”, disse.

Seus textos curtos, intensos e livres nascem como quem voa. Como escreveu Criolo na orelha do livro “Para quem escolheu o quase viver, o quase sentir, o quase tentar, não visite Sinhá. O incômodo será insustentável”. O aviso é real. Em poucas palavras, sua poesia possibilita a leitura de mundos inteiros, quando sentimos tudo, deixando de lado a frieza dos mundos. Desde o copo americano de café onde cabe o amor perdido, até os “cacos de vidro, presos ao cimento do seu medo”, sua poética é peculiar.

É de chão, céu, extremos e vontades que a obra trata. Levando o leitor para dentro. Entre suas leituras estão os escritores Ferreira Gullar e Manoel de Barros. “São os dois amados da minha vida. Levo muitas vezes o Poema Sujo dentro da bolsa para me iluminar durante o dia a dia, estou sempre revisitando suas obras”, contou.

Além da poesia, a música tem um espaço muito especial em sua história/trajeto, chegando a ter parcerias com Kiko Dinucci em “Os Olhos da Cara” e a canção “Orquídea Ruíva” de Gui Amabis interpretada por Eveline (Sinhá) e Criolo, disparando entre os vídeos mais vistos no youtube. “As parcerias, por incrível que pareça, surgiram muito pela internet. É interessante esse universo que começa no virtual e termina trazendo amigos para a vida inteira”. As letras e as pinturas ganham espaço também em figurinos.

Eveline foi responsável pelo figurino de Anelis Assumpção no lançamento do seu mais recente disco “Sou Suspeita, Sou Sujeita, Não São Santa” e também o manto que cobriu Criolo no disco “Nó na Orelha”. “São parcerias lindas que levarei para sempre comigo”. Sua última parceria foi a capa do disco do compositor Luiz Gadelha, intitulado “Suculento”. E é ele quem estará cantando no lançamento que acontece na Casa da Ribeira, levando todos para o lado de dentro de Sinhá.

ARTE URBANA

Eveline Gomes – Sinhá nasceu em Natal/RN no dia 19 de fevereiro de 1982. Vive em São Paulo desde 2006. É escritora e artista. Pintou um prédio inteiro na Marginal Tietê em São Paulo e diversos muros da cidade desde 2007 e do mundo atravessando pássaros em sua personagem Sinhá ao lado de Sola. Participou de coletâneas literárias como “…” Participou da Exposição Graffiti Fine Art no Mube, Museu de Escultura Brasileiro.

Publicitária por formação, mas há três anos decidiu trocar os escritórios de propaganda em Natal pelas ruas de São Paulo, onde atualmente se dedica à street art. Aborda em seus trabalhos uma figura feminina que criou, personagem amarrada e sem braços, que contrasta com a liberdade dos pássaros ao seu redor. "Traz uma agonia, uma inquietação", explica.

A artista possui trabalhos divulgados na Colômbia, França, Espanha e Coréia do Sul. Em Natal, suas intervenções podem ser encontradas em bairros como Lagoa Nova, Mirassol, Centro e Ribeira. "Prefiro lugares destruídos e muros bem feios porque acho que acaba valorizando o trabalho", revela

Street art também conhecido como Arte Urbana é a expressão que refere-se a manifestações artísticas desenvolvidas no espaço público, distinguindo-se da manifestações de caráter institucional ou empresarial, bem como do mero vandalismo.

A street art foi gradativamente se constituindo como forma do fazer artístico, abrangendo várias modalidades de grafismos. Algumas vezes muito ricos em detalhes, que vão do Graffiti ao Estêncil, passando por stickers, cartazes lambe-lambe ,intervenções, instalações, flash mob, entre outras. São formas de pessas sozinhas, expressarem os seus sentimentos atraves de desenhos.

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 www.jornaldehoje.com.br
www.correiodatarde.com.br