(Continuação daqui)
402. O momento popozinho
A minha cunhada, que assistiu a todas as sessões do julgamento, e que já não acreditava muito na justiça, disse-me depois que a partir daquele momento deixou de acreditar de todo.
Mais tarde, eu baptizei esse momento como "O momento popozinho", depois que um neto meu, com seis ou sete anos de idade, certo dia me disse: "Oh avô, o teu popozinho é fixe". Até aí o popozinho era conhecido por branquinho ou por rasteirinho.
Estando a ser julgados alegados crimes de ofensas, a minha cunhada não conseguia compreender a que propósito um carro que eu possuía era levado para a sala do tribunal (cf. aqui e aqui).
Mas nessa altura eu já tinha compreendido a razão porque vários elementos do meu património pessoal e da Associação mecenática a que eu presidia tinham desfilado pela sala do tribunal em sessões anteriores. Na realidade, eu até já tinha perguntado à minha advogada, referindo-me à Cuatrecasas e ao Ministério Público:
-Eles andam-me a devassar a vida, não andam?
Eles andavam à procura de off-shores, fugas ao fisco, transferência suspeitas, lavagens de dinheiro, enfim, tudo aquilo em que a Cuatrecasas é especialista e em que o Ministério Público também é suposto ter alguma expertise. Até o juiz, escolhido aleatoriamente, tinha expertise em criminalidade financeira (cf. aqui).
A ideia era ver se encontravam alguma coisa por onde me pudessem pegar para me atribuirem crimes financeiros e arrestar o património. Por um momento temi que me arrestassem o popozinho. "Tudo, menos o popozinho", pensei mas, felizmente, eles não encontraram nada.
Quanto à resposta que a minha advogada me deu, foi a seguinte:
-Pode ter a certeza, eles já viram tudo...
e acrescentou:
-Mas já concluíram que o senhor professor é uma pessoa séria.
Ainda hoje ressinto ter o meu carácter avaliado por duas corporações de bandoleiros.
(Continua acolá)
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