Num preciso instante o tempo é preciso
quando o movimento do mundo precisamente
invisível
faz convergir as horas
autónomas os espaços lassos
os percursos dispersos
em circunstancial coexistência
Na simultaneidade surgem as silabas
as consoantes as palavras
Na convergência acercam-se passos intersectam-se traços
Irrompe o ângulo
O tempo é abreviadamente escasso
Uma breve impertinência
impermanente
Que lentamente se dissolve na memória
Inóspito depósito de indizíveis incongruências
«Nunca te esquecer sem te
lembrar»
As palavras estendem-se num eco errante
Escutam-se confundem-se enredam-se
Enleiam-se no sopro de um vento adverso
Sussurram-se como liturgia fúnebre de um mito
( Mortas as palavras são
rosas)
As palavras ateiam-se
inflamam-se explodem
Deflagram no corpo exposto ao
passado
Todo o termo é instável movimento
Assim como oscilante é a raiz do medo
que nos forma
Indefinido pêndulo
Irregular compasso
Inevitável fissura
E se num acaso um rasgo rasga o tempo
Logo uma fenda no tempo se
pretende (amplitude)
Na palavra concreta incerta
Na distância incerta constante
Na palavra que aguarda distante
Digo horas vagas vazias
Na distância incerta constante
Na palavra que aguarda distante
Digo horas vagas vazias
Digo indefesa inerte implosão
Digo transgressão
Escrevo
Catarse circunstanciada circunscrevendo um esquecimento
Catarse circunstanciada circunscrevendo um esquecimento
(quase caminho)
Verso verso cinza cinza passo passo