domingo, janeiro 22, 2006

Insónias














Foto por: Hipnoz

Um cigarro a minha mão acende
Para me fazer acompanhar
De algo que me desprende
Da hora de me ir deitar.

Por entre bafejos de fumo
Relembro este dia passado
Como outros tantos por mim contado.

Reparo agora nas sombras
E no fumo que circula no ar
São imagens duras
Com quem não dá para falar

Alguém deu um nome a isto por que passo
Chamaram-lhe insónias.
E eu chamo-as todos os dias
Com elas vagueio neste espaço
São as minhas fiéis companhias

Não as desprezo
No fundo acho que as invejo
Pois sou eu que as chamo
Para fazerem parte do meu rejo.

Estão comigo sempre que reclamo
Por um pouco de companhia.
Por isso as chamei hoje.
E voltarei as chamar com certeza noutro dia





domingo, janeiro 15, 2006

Apenas Nada


















Foto por: Jorge Garcia

Sinto-me bem entre vós
Sinto-me bem entre mulheres
Oiço a vossa voz
E vossos pareceres

Gostava tanto de vos entender
Adorava vossos pensamentos ler

Para um dia perceber
O que significa o Nada
Pois não sei o que fazer
Quando tal palavra é proferida.

Dizem-na muitas vezes em solidão
Dizem também por ansiedade
Usam-na como confissão

Mas malograda locução
Para qual nenhum homem
Ainda arranjou tradução

Dizei-me então
Aqui entre minhas amigas
Que conteúdo tem tal palavrão
Ou não sabeis vós mesmo o que digas?

Acredito que assim seja!
Porque não nos querem dizer
O que o vosso coração deseja

Ou não encontram palavras para se abrirem
E então encontram o Nada
Para assim se exprimirem
E fecharem em vós tal floresta encantada
Que é o coração de uma mulher.

Para o qual só abrem quando aparecer
Aquele que a palavra Nada possa colher
E então a cada uma única de vós entender.

Assim como quereis ser entendida
Se escondeis entre vós
Tão palavra ilustrada
E depois dizeis que sentem-se sós
Dizendo apenas Não é Nada!

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Ano Novo Feliz!?













Foto por: Tiago Lourenço

Sento-me em rua movimentada
Vejo passos, vejo vultos passar,
Tanta agitação por quase nada
Até parece que o mundo se vai acabar.

Mas nada se altera, a não ser as linhas.
Linhas de rosto, linhas de expressão.
Vejam-se nas velhinhas
E todo o tempo que mostram na mão.

Essas não procuram nada em especial
Apenas algo que sirva de recordação
Nesta época chamada Natal.
Por nós tornado símbolo pagão.

Será que não vêem nada mais além
As crianças são crianças o ano inteiro
Mas tudo isso no ano passa aquém
Visto por perto não existir nenhum pinheiro.

Com o ano novo chega Janeiro
Mês comprido para quem diz não ter dinheiro
Agora cabisbaixo passa sorrateiro
Aquele que quis ser grande festeiro.

Um mês agora já passado
Revejo passos e vultos apresados
Do mesmo lugar sentado
Fito seus rostos amargurados.

Vão-se os abraços e beijinhos
As estrelas e os lacinhos,
E assim ficam novos e velhinhos
Mais um ano tristes e sozinhos.

E ainda em muita boca se diz
Que tenha um Ano Novo Feliz!



domingo, janeiro 08, 2006

Apenas Um Momento













Foto por: Kent Porter

O que sinto agora não sei explicar
Foi algo que aconteceu no teu primeiro olhar
Reservei-me o mais que pude
Mas dessa tua magia não consegui fugir.
És anjo alado que me fez sorrir.

Toquei-te apenas numa ocasião
Mas ela logo se prolongou
Nunca soube que tal gesto me trouxesse tanta inquietação
Mas agora vejo em que ele se tornou.

Sonho acordado em te ter
Peço a todos os anjos que me dêem alento
Até ao dia em que te possa rever
Pois de tanto desejo não sei quanto mais aguento.

Por bosques de pensamentos espero te encontrar
Silvo tudo em meu redor, estou farto deste impedimento
Peço-te que me entendas e me venhas procurar
Para nos podermos amar em tão único momento.

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