A Feira do Livro está, este ano, mais agradável para o visitante. Porém continua-se a sentir a falta de muitas editoras, principalmente a Assírio & Alvim, sempre recomendável pela sua qualidade. Já se sabe, o pior é as vendas, que parece até terem decrescido, como resultado da crise que por aqui e ali vai.
Desta vez o debate sobre a qualidade de algumas obras subiu de tom. Ainda bem.
Toda a gente tem direito à publicação, agora que se misture Literatura com Escrita, isso não. A tenda mais fraquinha, pela falta de qualidade dos livros apresentados, foi a da Associação dos Escritores da Madeira. Lamentável.
Saúda-se a nova edição de A Canga, da responsabilidade da organização do Funchal 500 anos. Esta obra de Horácio Bento de Gouveia retrata-nos a relação de colonia mas transmite-nos também a ambiência da vida em Ponta Delgada na primeira metade do séc.XX. Num realismo evidente, Horácio Bento de Gouveia descreve o espaço físico e social com a pena sensível de um profundo conhecedor do meio.
A Canga encontrava-se esgotada há muito. Encontrava-se nos alfarrabistas e coleccionadores, a bom preço. Li-a na Biblioteca da Escola Jaime Moniz e reencontrei-a na da APEL e aproveito para salientar a importância de boas bibliotecas escolares, que não podem ser, nunca, estantes de tudo o que se vai publicando, lebres e gatos.
Destaco também, desta Feira do Livro, A Casa Transparente, de Amândio Reis, já publicado em 2006, pela Editora "Sete Dias, Seis Noites", com um conjunto de contos notáveis. É o primeiro livro deste jovem autor, mas faz mal quem o tomar apenas por um autor jovem.