d.matt
Por que existem poucos filmes de comédias clássicas? Não é por falta de grandes atores comediantes, geniais. Em verdade, cito como exemplo apenas um que vale por dezenas, o inesquecível e maravilhoso CANTINFLAS. Mas, o mais genial é quando um artista de talento, reconhecido pelos seus grandes desempenhos em grandes dramas, aventuras e romances, aceitam trabalhar em grandes comédias, algumas inesquecíveis como neste caso.
As comédias para serem levadas a sério, exigem um grande diretor com muito talento, do contrário descambam para o pastelão e não há enredo e produção que salve uma comédia mal feita, e é muito difícil fazer uma boa comédia, mesmo com grande produção, sem a mão firme e talentosa de um grande diretor. Neste caso, todos tiveram sorte, pois o diretor é o grande BILLY WILDER que conseguiu um milagre, contratou um elenco de primeiríssima grandeza. Atores de grande projeção e muito talento, todos GIGANTES na arte de representar. Elenco este que conta com celebridades cinematográficas como : Marylin Monroe, Tony Curtis, Jack Lemmon, George Raft , Pat O'Brian, e Joe E. Brown.
JACK LEMMON já tinha sido dirigido otimamente pelo diretor BILLY WILDER , na deliciosa comédia romântica "THE APARTMENT" filme premiadíssimo vencedor de 6 Oscars, incluindo Melhor Filme. TONY CURTIS como sempre bem correto e com muita versatilidade, compõe o seu personagem difícil, pois a toda hora aparenta ser duas personalidades diferentes e demonstra grande talento para comédias. MARYLIN MONROE está adorável, nunca esteve mais bela, mais sedutora, mais atriz, segura com muita dignidade e competência num personagem difícil, cantando (belissimamente), mostrando o seu enorme talento no gênero comédia.
Os demais estão excelentes, ninguém escapa da direção segura e competente do maestro Billy Wilder, com um destaque merecido para o excelente Joe E. Brown que soube aproveitar a oportunidade e mostrar nesse filme o que era capaz de fazer, relembrando os bons tempos. Os Bandidos, a Máfia e a Policia estão bem contidas e não exageram criando uma situação que se não fora bem contida daria um enorme pastelão, o que o diretor soube dosar e evitar no seu filme.
A estória é hilária e muito bem bolada, quando dois músicos são perseguidos pela Máfia e para fugir se travestem de mulher e vão trabalhar em uma orquestra só de mulheres, na qual cantora é a deliciosa Marylin Monroe.
A comicidade explicita começa na viagem de trem, quando Jack Lemmon fica entusiasmado por estar entre tantas mulheres fogosas e abre um enorme olho quando lhe perguntam o nome e ele apatetado responde num aparente estado fora de si e responde o primeiro nome que lhe vem à mente "DAPHNE" e fica sendo Daphne até o fim do filme. Tony Curtis entra na farsa e personifica uma "Josephine" hilária e com muitas situações difíceis, pois está perdidamente apaixonado pela sua colega de banda Marylin Monroe.
Eles continuam sendo procurados e perseguidos pela Máfia, cujo chefe o lendário George Raft está sempre no seu caminho e a farsa tem que continuar. Um bem bolado esquema cômico é belamente explorado quando o personagem travesti "Daphne " encontra um Playboy bem coroa, milionário (Joe E. Brown), que fica apaixonado pela Daphne e ela para melhor se esconder da Máfia aceita a corte e em algumas cenas hilárias, dançam rumbas e tangos, juntos como um par apaixonado.
Esse personagem interpretado pelo ótimo ator comediantye JOE E. BROWN é um achado incrível, pois a sua presença no filme ajuda a manter o ritmo cômico em alta dose e sua parceira (Daphne) mesmo a contragosto colabora na farsa para manter a sua segurança e a do seu amigo . Impagável é a cena na qual a personagem Daphne conta para o seu amigo também travesti que recebeu uma proposta de casamento e quando questionada porque aceitaria, responde, por segurança, pois quando ele descobrir que não sou uma mulher, vai pedir divorcio e vou receber uma gorda pensão mensal.
Cenas tórridas entre Marilyn e Tony Curtis no Yatch do milionário Playboy apaixonado e grande cena, quando na orquestra a cantora Marilyn canta chorando de infelicidade pois acredita que perdeu o seu amor pelo personagem que na verdade é o travesti Josephine e esta ao seu lado, a abraça e dá-lhe um apaixonado beijo na boca diante de toda orquestra, provocando um escândalo e muita surpresa.
a direção do filme é excepcional, somente um grande diretor como Billy Wlder para saber dosar as situações de farsa e manter os personagens em travestis no tom certo, sem resvalar para o ridículo ou afetações afeminadas. tudo está dentro do ritmo de comédia de alta classe, jamais descambando para o pastelão das comédias baratas.
O filme foi indicado para sete prêmios Oscars, o crítico criador do livro movie &video guide leonard maltin's classificou este filme como "lendário, sensacional do inicio ao fim", com a maior cotação (cinco estrelas). No seu referido livro, na última edição, em meu poder de 2020, este livro contém 20.000 filmes com verbetes e sinopse dos filmes, com cotações de 0 a 5.
Faço esta informação apenas para mostrar aos leitores o grau de qualificação e aceitação crítica desse filme, que é merecidamente considerado como o melhor filme comédia de todos os tempos. O final é inesquecível, e acredito ser o diálogo final mais famoso da toda história do cinema, pois quando o playboy apaixonado pela Daphne é informado que ela é um homem, ele simplesmente diz "NINGUÉM É PERFEITO".
Acredito que essa frase famosa seja reconhecida como a frase final mais perfeita e gratificante em todo o filme e um dos motivos do seu grande sucesso. Acredito que talvez essa frase tenha sido escrita, no intuito de considerar que ao dizê-la o Playboy coroa não estava se importando se ele era mulher ou não, pois ele já sabia que a DAPHNE, na realidade, era um travesti.