Assim como quando vejo alguns políticos prometendo maravilhas na televisão, tenho certa desconfiança pelos remakes de filmes e afins, por princípio (sei que a comparaçao pode parecer um pouco esdrúxula, mas é verdade, pois há em mim um sentimento de "é difícil acreditar, até que se prove o contrário").
Por mais que tenhamos uma esperança, e até o desejo de que a refilmagem seja maravilhosa - ainda melhor que a original - a realidade quase sempre acaba nos provando que não...
Fora algumas esparsas exceções, a grande maioria das refilmagens não se sustenta quando comparada às versões originais correspondentes. Além de no mínimo serem marcantes (até por ser mais improvável um remake de um filme inespressivo), há ainda o apego emocional, a memória afetiva.
Filmes como
Lolita ( Kubrick, 62'/ Adrian Lyne, 97') ,
Asas do desejo (Win Wenders, 87'/ "
Cidade dos Anjos", que não é remake mas baseado no primeiro),
Psicose (Hitchcock, 60'/ Gus Van Sant, 97'. Este dirigiu entre outros
Good Will Hunting, um lindo filme), para mim, estariam nessa lista.
Veja o caso do recente "
Fúria de Titãs". O
original, de 1981, em termos de efeitos especiais evidentemente não apresentava os recursos que a nova versão traz, (afinal são quase trinta anos separando as duas versões). Mas a poesia vinha justamente da limitação, até de uma certa ingenuidade, pureza, o que acabava valorizando as interpretações dos atores, e que atores! Laurence Olivier fazendo o papel de Zeus, Ursula Andrews (Afrodite), Maggie Smith ( a professora de Harry Porter aqui vestindo a Deusa Tétis)...
Já imaginaram o quixotesco "
L'armata Brancaleone" em versão remake: em 3D, com armaduras fashion e cavalos voadores?
Bom, para contrabalancear, um remake bem interessante tanto pela visão inusitada e extremamente pessoal do diretor, como toda concepção e 'vibe' obscura ( totalmente diferente da primeira versão, de 1951), é
Alice in Wonderland, de Tim Burton (embora ainda tenha certa predileção pelo
original, da Disney - da época em que desenho animado se fazia "na mão" e à lapis!)
Ah, e estão dizendo que o novo filme dos irmãos Cohen, "
True Grit", com Jeff bridges no papel que foi de John Wayne na
versão original (1969), é muito bom. Enfim, é ver para crer....