"Ai coitadinhos de nós, vítimas do imperialismo franco-alemão! Farta do
choradinho piroso! Ponham o estatuto de vítima de lado e reconheçam que o erro
foi e é só nosso. Em Portugal entre o que entrar a miséria é sempre a mesma.
Fomos sempre pobres, já nos tempos em que Salazar nos impingia que éramos um
dos povos mais ricos do mundo. Ainda me lembro da escola primária, quando se cantava o
hino nacional de bata branca, à frente dum crucifixo ladeado por Salazar e Américo –
tínhamos ouro, diamantes, petróleo e fome – nessa altura, lá bem longe de
Lisboa, haviam famílias que dividiam uma única sardinha por três entes na única refeiçäo do
dia – a coisa melhorou, não por esforço próprio – a CEE veio e trouxe muito
consigo. Compraram-se iates, vivendas, palacetes e abacates – não se investiu na
indústria, optámos muito orgulhosos e peneirentos pelos maiores centros comerciais da Europa e
do mundo, para vendermos aquilo que não produzimos. A formação profissional significa em Portugal carreia académica.
Pedreiros, soldadores, mecânicos, aprendem assim no improviso. Quem exerce estas
profissöes em Portugal, säo só aqueles que näo tiveram outra oportunidade,
porque ninguém sabe dar valor à boa mäo-de-obra – o importante na vida é ser-se
doutor, nem que seja a fingir. Se sofremos com o imperialismo franco-alemäo
entäo o melhor é saírmos de imediato da uniäo. Com esta acçäo, caçávamos duas
moscas com uma só chibatada : näo só mandávamos passear os malditos Imperadores, os parasitas que sugam o que entra, ficavam a secar, diminuindo assim a
tremenda e injusta desigualdade.
Na Alemanha trabalha-se bem. Aqui há poucos doutores, e aqueles que
injustamente o título utilizam, correm o risco de serem identificados e devidamente
punidos ! Em Portugal nada acontence, só se fazem anedotas e o deliquente
continua descaradamente a politicar.
O ouro do Brasil, os vários recursos naturais extraídos dos solos das
abastadas ex-colónias africanas, as correntes de dinheiros da UE que entraram no país, nunca proporcionaram à
maioria da população em Portugal uma vida mais decente, por isso aconselho, estimadas
Senhoras e Senhores, procurem a agulha noutro palheiro, porque naquele que têm andado sempre a vasculhar, é o errado.
Quem não está apto a reconhecer os seus erros ou a admitir que erra, nunca
irá superar as suas barreiras. A Angela Merkel e o holandês de França não têm mesmo
nada a ver com o nosso desgoverno.