John Broadwood começou por trabalhar para o construtor de Cravos
Burkat Shudi (incialmente
Tschudi) que mais tarde, em
1779, viria a ser seu sogro. Ficaria à frente do negócio de Shudi em
1782, ficando conhecido por
John Broadwood.
Broadwood construiu o seu primeiro piano de mesa em
1771 ou 1772. Ele desenvolveu o desenho simples de
Zumpe (ver
Post no.1) conferindo ao instrumento maior ressonância. Com estes melhoramentos, o piano de mesa foi bem aceite na primeira metade do Século XIX, alcançando vários lares mais modestos financeiramente do que os de cauda.
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Em
1795 a firma passa a ser designada como
John Broadwood & Son quando o seu filho
James Shudi Broadwood ficou com 50% da firma.
Em
1808 passa a ser
John Broadwood & Sons com a participação do seu segundo filho
Thomas.
Contribuiu grandemente para o desenvolvimento do chamado piano de cauda com modificações ao nível das pontes do tampo harmónico, da tensão das cordas, do aumento da extensão do teclado e do mecanismo do pedal. Foi com
Broadwood que o teclado aumentou para cerca de 6 oitavas em
1794 e é-lhe atribuída a utilização pela primeira vez, em
1783, de um mecanismo semelhante ao do actual pedal direito que era accionado pelo pé, contrariamente aos que existiam anteriormente (embora exista um exemplo anterior de
Americus Backers datado de
1772). Estes melhoramentos permitiram a
Broadwood retirar a máxima potência dos seus instrumentos que se tornaram os mais sonoros da época, conferindo à Inglaterra a liderança em qualidade e quantidade de produção.
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Cordas mais pesadas implicavam alterações ao mecanismo. Os martelos eram impulsionados para as cordas com mais intensidade e, por isso, era necessário um touché mais profundo e pesado, tornando as passagens mais rápidas um pouco mais difíceis de tocar. Esta tornou-se uma característica do que ficou conhecido como a mecânica Inglesa e dos pianos Broadwood em particular.
Este peso acrescido das cordas e a maior extensão do teclado provocavam, obviamente, uma tensão maior e, consequentemente, uma distorção da estrutura em madeira. Foi assim, que ao se aperceber de tal facto, em
1808,
James Shudi Broadwood introduziu três barras de tensão metálicas na zona média do piano. em
1818 já seriam usadas quatro barras.
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A firma Broadwood sempre esteve associada a grandes compositores como
Mozart,
Haydn,
Chopin,
Beethoven,
Liszt e
Elgar. Um dos últimos pianos de
Beethoven (de
1817) foi-lhe oferecido por
Broadwood em
1818. Este instrumento está agora no
Museu Nacional da Hungria e foi propriedade também de
Franz Liszt. Sofreu um importante restauro em 1991. Antes de ser oferecido a
Beethoven foi experimentado por
Clementi,
Cramer e
Ferdinand Ries que juntamente com outras personalidades distintas escreveram os seus nomes no interior do instrumento. O piano foi enviado para Viena a 27 de Dezembro de 1817.
Beethoven ficou bastante agradecido pelo instrumento e em
1818 enviou uma carta de agradecimento muito lisonjeira a
Thomas Broadwood (em francês).
Em
1846 Walter Broadwood dá instruções aos seus técnicos para utilizarem nos seus instrumentos o
temperamento igual. Nos concertos que
Chopin fez na Inglaterra e Escócia em
1848, foi em 3 pianos
Broadwood. Estes pianos presume-se que já estariam afinados neste sistema.
Liszt tocaria num
Broadwood na sua última visita a Londres em
1886.
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Em
1867, um piano de mesa
Broadwood and Sons de
1844 foi adquirido pelo pai de
E.Elgar que mais tarde ficaria para o próprio
Elgar. Foi inscrito no tampo harmónico uma listagem das obras compostas por
Elgar neste instrumento.
REGISTOS ÁUDIOfelizmente, na minha pesquisa consegui encontrar variadíssimos registos áudio em pianos
ORIGINAIS Broadwood. Aqui apresento apenas alguns:
Broadwood de 1792 (da colecção de Stalney Hoogland)
1. Haydn - Sonata Hob.XVI:51 - 1. Andante - Hoogland
2. Haydn - Sonata Hob.XVI:51 - 2. Presto - Hoogland
Broadwood de 1796 (presente no Museum of Fine Arts, Boston)
3.
Beethoven - Sonata, Op.13 - Grave - Peter Sykes (excerto)
Broadwood & Son de 1801
4. Haydn - Sonata No.60, Hob.XVI:50 - 1. Allegro - Richard Burnett
5. Haydn - Sonata No.60, Hob.XVI:50 - 2. Adagio - Richard Burnett
6. Haydn - Sonata No.60, Hob.XVI:50 - 3. Allegro - Richard Burnett
Broadwood & Son de 1804 (presente no Museum of Fine Arts, Boston)
7. Haydn - Sonata No.60, Hob.XVI:50 - 1. Allegro - Christine Schornsheim
8. Haydn - Sonata No.60, Hob.XVI:50 - 2. Adagio - Christine Schornsheim
9. Haydn - Sonata No.60, Hob.XVI:50 - 3. Allegro - Christine Schornsheim
10. Haydn - 4 Variações sobre 'Gott erhalte', Hob.III:77 - Tema: Poco adagio - Christine Schorsheim
11. Haydn - 4 Variações sobre 'Gott erhalte', Hob.III:77 - Var.I: - Christine Schorsheim
12. Haydn - 4 Variações sobre 'Gott erhalte', Hob.III:77 - Var.II: - Christine Schorsheim
13. Haydn - 4 Variações sobre 'Gott erhalte', Hob.III:77 - Var.III: - Christine Schorsheim
14. Haydn - 4 Variações sobre 'Gott erhalte', Hob.III:77 - Var.IV: - Christine Schorsheim
Broadwood & Sons de 1815 (presente na Lawrence University)
15.
Haydn - Sonata No.60, Hob.XVI:50 - 1. Allegro - Tom Beghim
16. Haydn - Sonata No.60, Hob.XVI:50 - 2. Adagio - Tom Beghim
17. Haydn - Sonata No.60, Hob.XVI:50 - 3. Allegro - Tom Beghim
Broadwood & Sons de 1817 (presente no Museu Nacional Húngaro)
piano de Beethoven e Liszt
APÓS O RESTAURO
18. Beethoven - 7 Variações sobre 'God Save the King' WoO78 - Melvyn Tan
19. Beethoven - 5 Variações sobre 'Rule Britannia' WoO79 - Melvyn Tan
20. Beethoven - Bagatela, Op.33 no.1, Andante grazioso, quasi allegro - Melvyn Tan
21. Beethoven - Bagatela, Op.119 no.1, Allegretto - Melvyn Tan
22. Beethoven - Bagatela, Op.126 no.6, Presto - Andante amabile e con moto - Tempo I - Melvyn Tan
ANTES DO RESTAURO
23. Beethoven - Bagatela, Op.119 no.1, Allegretto - András Schiff
24. Beethoven - Bagatela, Op.126 no.6, Presto - Andante amabile e con moto - Tempo I - András Schiff
Broadwood & Sons de 1822 (piano de mesa)
25. Beethoven - Rondo, Op.51 no.1 - Paula Bär-Giese
Broadwood & Sons de 1833 (piano de mesa)
26.
Beethoven - Bagatela, Op.119 no.1, Allegretto - Craig Hansen
Como podem reparar pela listagem incluí sempre que possível a mesma obra tocada em instrumentos diferentes para que seja possível efectuar uma melhor comparação sonora e tímbrica.