TRANSMUTAÇÃO

"Faço-te mártir de meus sujos pecados
Para que tu entres no inferno dos gozos infinitos.
Faço tua boca matar-me de prazeres carnais
Para que eu possa viver de gozos e gemidos.
E fazer-te algoz de meus gritos e meus ais,
De meus suspiros e desejos reprimidos."
                                            PDR

LUXÚRIA

Entre nós dois... não existem segredos.
Não existem regras, nem surpresas,
Existe um momento intenso e íntimo
Onde tuas mãos são minhas
Onde teu corpo é meu!
Um momento onde alcançamos
O elo irrestrito, que nunca será quebrado!
                                                   PDR

O FIO DA TERNURA

"No fio da respiração,
rola a minha vida monótona,
rola o peso do meu coração.
Tu não vês o jogo perdendo-se
como as palavras de uma canção.
Passas longe, entre nuvens rápidas,
com tantas estrelas na mão...
— Para que serve o fio trêmulo
em que rola o meu coração.."
                               Cecília Meireles ( 7 de novembro de 1901 - 9 de novembro de 1964)

A CÓPULA - MANUEL BANDEIRA

Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho foi um grande literato brasileiro.
Nasceu no dia 19 de abril de 1886, no Recife, Pernambuco.  Faleceu no Rio de Janeiro, aos 82 anos, em 13 de outubro de 1968, vítima de hemorragia gástrica.Grande poeta, literato, e que deixou vasta obra. Uma delas, pouco conhecida pelo explícito teor pornográfico, está aqui!

A CÓPULA 

"Depois de lhe beijar meticulosamente
O cu, que é uma pimenta, a boceta, que é um doce,
O moço exibe à moça a bagagem que trouxe:
Colhões e membro, um membro enorme e turgescente.

Ela toma-o na boca e morde-o. Incontinênti,
Não pode ele conter-se, e, de um jacto, esporrou-se.
Não desarmou porém. Antes, mais rijo, alteou-se
E fodeu-a. Ela geme, ela peida, ela sente

Que vai morrer: – “Eu morro! Ai, não queres que eu morra?!”
Grita para o rapaz que, aceso como um diabo,
Arde em cio e tesão na amorosa gangorra

E titilando-a nos mamilos e no rabo
(Que depois irá ter sua ração de porra),
Lhe enfia cona adentro o mangalho até o cabo."

REENCARNAÇÃO

 "Após minha morte, voltarei para junto de ti.
Pousarei minha boca na tua
E na mais ampla loucura e frenesi,
Despojarei-te de tuas roupas e  te farei  nua.

Olharei teus olhos uma última vez
Fixarei na  minha retina os olhos teus
E verás  minha fome de ti, minha avidez
Olhando-me com os olhos meus.

Amar-te-ei de forma louca
Beijarei  teu ventre, tua boca,
Teu corpo, teu sexo.

E na quietude do depois
Eu te olharia perplexo
Agora, no infinito etéreo, não estou só, somos dois."
                                                                       PDR