sábado, 21 de abril de 2012


Ouço o silêncio que me envolve
Numa camada espessa de vazio...
Já nada espero,
Nem sei se quero
Voltar a entrar nesse navio

Ou se prefiro ficar
Ancorada para sempre neste cais,
Mesmo que o sol me queime
E a chuva me fustigue
E as ondas me façam sofrer mais.

quinta-feira, 19 de abril de 2012


Não sei porque te espero
Na imensidão dos dias
E a esperança se esvai
Na noite sem calor...
Lá longe, bem distante,
Surges nos meus sonhos,
Num desenho abstrato
Pintado a sangue e dor.
Miragem tão fugaz
Do passado que não volta,
Da memória, da saudade
De todo o teu amor.


Bem aventurados os pobres de espírito
Bem aventurados os loucos
Bem aventurados os irresponsáveis
Os preguiçosos, os caloteiros
Os incumpridores, os falsificadores,
Os traidores, os mentirosos,
Os hipócritas e os corruptos,
Os que não pensam, os gastadores.
Bem aventurados todos eles,
Por terem a esperteza de viver o céu na terra
E mandar sofrer nela os cumpridores!

quarta-feira, 4 de abril de 2012

 
 
Queria transformar as minhas mãos
Num pincel de finas cerdas, colorido
E desenhar ao longo do teu corpo
Os sentimentos que, falando, não te digo.
Queria ser a tela onde pudesses
Marcar os teus devaneios loucos
E ser também o modelo que usasses
Para me ires desenhando aos poucos.
Nada disso sou e nada tenho
Neste mundo real e tão cruel
E resta-me a solidão da noite fria
E os sonhos desenhados em papel.

Se por um dia, um só dia
Eu pudesse voar em liberdade
Esquecer tudo o que penso
E livrar-me do que em mim é ansiedade
Percorrer montes e vales
Mergulhar nas águas das ribeiras
Descansar no campo bem florido
Eu seria feliz por um só dia
Mas teria forças para ver
Tudo o resto que vivo sem sentido...