terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Gestão do plantel é necessária

Depois de uma primeira volta com resultados muito interessantes, iniciamos a 2ª volta com um resultado muito moralizador e que abre expectativas muito interessantes quanto à nossa capacidade de lutar pela conquista do 1º lugar. 

Um dos segredos da 1ª volta esteve no uso do plantel. Foram utilizados de forma frequente cerca de 20 jogadores o que permitiu abordar todos os jogos nas melhores condições físicas e com resultados muito satisfatórios.

Nunca é demais relembrar que no ano passado, por esta altura, estávamos embalados para a conquista do campeonato com 5 pontos de vantagem e que, não obstante as arbitragens cirúrgicas a que fomos sujeitos, a participação na Liga dos Campeões e um período longo com 2 jogos semanais nas várias competições onde estávamos inseridos, acabaram por esgotar os jogadores, originando exibições e resultados maus e que significaram apenas a conquista da taça da Liga.

Na presente temporada, nesta fase, é legítimo que tenhamos ambições na conquista das 3 provas nacionais em disputa. Para tal teremos que gerir muito bem o plantel. Para já a saída de Bruno Cesar e ao que tudo indica de Nolito reduzem as opções, principalmente se os problemas físicos de Carlos Martins e Aimar se mantiverem, contudo caso não tenhamos lesões graves nas principais opções, creio que o plantel poderá chegar, se bem gerido.

Assim sendo, importa já no jogo de amanhã alterar as opções iniciais, sugere-se descansar: Melgarejo; Enzo; Salvio; Gaitan e Lima entrando Luisinho; André Gomes (ou carlos Martins); Urreta (ou Nolito se tiver disponível); Rodrigo e Cardozo. Para o jogo de Domingo frente ao Setúbal descansa-se Maxi; Matic; Ola John e Rodrigo, e fazem-se regressar as apostas principais. Desta forma teremos sempre 17/18 jogadores com ritmo e opções válidas e frescas para lançar em qualquer altura.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Porque não Miguel Rosa?

Parece-me que a saída do Bruno César e os problemas físicos do Aimar e Carlos Martins deveriam ser uma oportuidade para ir lançando na equipa o Miguel Rosa - até para percebermos de uma vez por todas se ele é ou não uma alternativa válida. Mas sinceramente, pior do que o BCésar tem feito este ano quando joga, acho difícil.

Já agora - o valor recebido pelo BCésar não é um pouco baixo? Tanto quanto sabemos, pagámos 6M, a cláusula de rescisão era de 30M, e vendemos por 5,5M. Não teria sido possível um pouco mais?

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Preparemo-nos

Preparemo-nos: está montado o circo para que proença apite o jogo no dragão. Porque esse jogo é na penúlrtima jornada, o que acontecer aí vai ditar o campeonato, e aí é que proença pode ser decisivo, muito mais do que no jogo cá. E por isso, e só por isso, é que não foi ele a apitar o jogo na Catedral.

Já "toda a gente", dirigentes do fcp, jornaleiros e comentadeiros, agora o lucho, "estranhou" que não fosse proença a arbitar na Luz. Todos "estranharam" e até com ar de "ofendidos".

O pereira dos árbitros já veio apressadamente "explicar" que o desdentado afinal "estava de férias" - como se isso fosse possível se o dito não soubesse já que ia ser guardado para melhor ocasião.

Tenho para mim que estava tudo mais do que arranjado entre os vários intervenientes, todos eles agora devidamente "surpreendidos" como convém.

Para finalizar, temos a "rábula" do "proença melhor árbitro do mundo", com a habitual cumplicidade  basbaque daquilo a que chamamos "orgãos de informação desportiva". Já não é sequer o factual e correcto "primeiro classificado na lista mundial da IFHS". É só já "melhor árbitro do mundo" (o lucho já pegou na deixa, e o proença teve uma declaração que é uma pérola de vaidade e narcisismo - "não sei se o futebol português merece"; leia-se nas entrelinhas "me merece", claro).

Entendamo-nos; o que o proença ganhou foi o primeiro lugar numa votação organizada por um organismo não oficial para o qual o melhor clube português de 2012 foi... o sporting. Acho que estamos conversados.

Enfim, voltando ao início e ao que interessa; se na penúltima jornada não for este o apitador escolhido para o nosso jogo, o muito mas muito surpreendido serei eu.


terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Uma visão encarnada do Clássico



Depois de ouvir e ler opiniões sobre a partida de Domingo de companheiros de bancada, de amigos, de grandes analistas de futebol..no facebook, de ler um diário desportivo, de ouvir comentaristas nas rádios, nas televisões e de fazer (finalmente) a minha própria analise, concluo o seguinte:

- O Benfica fez um jogo abaixo daquilo que na minha opinião poderia e deveria ter feito. A falta de Homens no meio campo deve ter sido a principal causa. Não quero imaginar se jogasse Javi Garcia no lugar de Matic...

- O Porto fez aquilo que neste momento é capaz de fazer. Ganhar o meio campo e aproveitar as falhas do adversário. Com um ataque tão débil era normal que mais não conseguisse fazer.

- Mesmo com inferioridade numérica na zona nevrálgica do campo, os comandados de JJ conseguiram igualar a posse de bola(sinceramente no Estádio não me pareceu), tiveram mais remates, mais remates à baliza (o Porto n fez mais nenhum alem dos golos), mais cantos e ainda cometeram menos faltas. A isto muitos apelidaram de banho de bola azul e branco.

- No que toca a arbitragem, aquele tema que só os burros gostam de falar (o nosso país esta cheio deles), há que perceber o que se quer.. Ou se aplica critérios largos e Matic's, Maxi's, Moutinho's, Fernando's, Mangala's e companhia acabam os jogos ou se aplica critérios apertados e vai tudo tomar banho mais cedo.Quanto aos foras de jogo, erros imperdoaveis. Deve custar tanto perder jogos assim!! Ao contrario de muitos dos Benfiquistas, eu percebo a ira dos portistas sobre o tema, quem está habituado a Olegário's, Jorges Sousa's(já foi mandado para Coimbra na 5ª feira), Martins dos Santos, Augustos Duarte's, Proença's (fora de jogo.. What?) e companhia é natural que se sinta completamente revoltado.

- Para finalizar, acho que assisti a um jogo grande e não a um grande jogo. De repente, dei por mim a assistir a uma 2ª parte de forma totalmente tranquila em que só me exaltei de forma negativa com o falhanço do meu ídolo Oscar. 

Quanto ao resto da temporada, estou extremamente curioso para ver o que se vai suceder e em especial nos próximos jogos fora.. 
Ponto muito positivo do clássico, ocorreu tudo sem problemas dentro e fora de relvado e nenhum guarda-redes saiu do campo à stickada.

P.S – Este é o meu primeiro post no blog. Depois de o ter publicado no meu perfil de facebook, o João Tomaz convidou-me a transpô-lo para aqui e escrever mais umas coisas de vez em quando sobre o Nosso Benfica. Aceitei o desafio e vamos la ver como corre. Obrigado pela oportunidade amigo.


P.S.1 - Obrigado ao João Gonçalves do Blog Red Pass pela imagem que me cedeu.
E PLURIBUS UNUM,
1904

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Como Matic ontem


A análise da história deve ser fria e distanciada, algo extremamente difícil de fazer quando diz respeito a futebol. Existe sempre uma tendência natural de defesa do próprio clube, sem se realizar primeiro a devida constatação dos números e factos.

O Benfica é o clube com mais campeonatos nacionais conquistados em Portugal. Dos seus 32 títulos, conquistou 28 desde a época 1934/35 até 1989/90 e apenas 4 nos últimos 22 anos (1990/91, 1993/94, 2004/2005, 2009/2010), anos em que o FC Porto “dominou” o futebol português.

Nos últimos 22 anos, FC Porto e SL Benfica jogaram entre si 47 vezes para o Campeonato Nacional, incluindo o empate a duas bolas ontem no estádio da Luz. Infelizmente, a estatística não é animadora para o lado encarnado. Enquanto que nos jogos realizados em Lisboa se registaram 7 vitórias para cada lado (destas, 5 do Porto nos últimos 10 jogos na Luz) e 10 empates, com uma ligeira vantagem para o Benfica em número de golos marcados (27 contra 24), o registo no Porto é mais desequilibrado. No estádio das Antas e do Dragão, em 23 jogos, o FC Porto venceu 16 vezes, empatou 5, perdeu 2, marcou 46 golos e sofreu 19.

As década mais hegemónicas das vitórias benfiquistas foram as de 60 e 70 do século XX. Em 21 épocas, entre 1959/60 e 1979/80, o Benfica conquistou 14 Campeonatos Nacionais, (um “bis” em 1959-61 e quatro “tris”: 1962-65,  1967-69, 1970-73 e 1974-77), sobrando 5 para o Sporting (1961/62, 1965/66, 1969/70, 1973/74 e 1979/80) e 2 para o FC Porto após 19 campeonatos de jejum (1977/78 e 1978/79).

Neste período, SL Benfica e FC Porto defrontaram-se para o Campeonato Nacional 42 vezes, entre jogos fora e em casa. Na Luz, 11 vitórias para o Benfica, 7 empates e 3 derrotas, com 37 golos marcados e 20 sofridos. Na cidade do Porto, embora a vantagem azul e branca com 9 vitórias, registaram-se ainda 6 empates e 6 vitórias encarnadas.

Embora com um registo não tão distante para o lado do Porto como nos últimos anos, é visível que defrontar o FC Porto sempre foi uma tarefa complicada, tanto fora como em casa, mesmo nos anos de maior glória encarnada. Todavia, nos anos 60 e 70, a esta equação juntava-se ainda um importante Sporting, que era capaz de arrecadar frequentemente pontos no Porto e vencia habitualmente o FC Porto em casa, apresentado mais dificuldades contra o Benfica nos derbys decisivos.

Sem dúvida que a conquista de campeonatos nacionais em Portugal, onde o desequilíbrio entre os "grandes" e os restantes clubes é mais do que evidente, é essencial conseguir vencer os rivais mais próximos em casa e no limite, pelo menos, empatar esses jogos fora.

Atualmente, deve juntar-se a estas contas também o Sporting de Braga. De facto, neste campeonato 2012/2013, dos 9 pontos que o Benfica já disputou com Braga, Sporting e Porto, conquistou  apenas 5. Neste mesmo “campeonato dos grandes”, o FC Porto arrecadou 7 pontos. 

Embora se deva ter em conta que o Benfica irá defrontar o Sporting (de Lisboa) em casa e o Porto deslocar-se-á a Alvalade, o inverso se passa frente ao Sporting de Braga, clube contra o qual o Benfica já perdeu 2 pontos em casa. Além disso, toda a tradição tem a sua deriva e desde ontem que já se começaram a guardar “as bolas de golfe” para se atirar para dentro do campo na penúltima jornada quando o Benfica se deslocar ao terreno do dragão.

Por coincidência ou não, a última vez que o Porto empatou 2-2 na Luz na primeira volta de um Campeonato Nacional, foi no memorável Campeonato Nacional 1990/91. Na 2ª volta, o Benfica ia na frente do campeonato a poucas jornadas do fim, mas ainda faltava a visita ao estádio das Antas.  

Nesse tempo, a guerra ‘Norte-Sul’ já conhecia os seus dias e eram intensas as trocas de galhardetes entre os dois clubes. Os dias que antecederam esse jogo foram repletos de declarações incendiárias e inclusivamente  ameaças de morte ao presidente do Benfica João Santos. No próprio dia de jogo, o balneário tinha um cheiro nauseabundo ‘a bagaço’ de forma a obrigar os jogadores encarnados a equiparem-se no túnel e nos corredores do estádio, ao mesmo tempo que eram ofendidos por dirigentes portistas. No fundo, uma triste representação do expoente máximo do ridículo que a rivalidade pode atingir.

Dentro do campo, o empate foi-se mantendo. Nos últimos minutos, o FC Porto, uma vez que precisava da vitória, foi-se balanceando mais no ataque e começou a abrir espaços atrás. Eriksson, atento, não se faz rogado e colocou  César Brito em campo e numa jogada de contra-ataque, Vítor Paneira chegou à linha de fundo, cruzou ao primeiro poste e o sentido de oportunidade do número 15 fizeram o resto. Não convencido, poucos minutos depois, lançado por Valdo em velocidade, bateu a defesa e sentenciou o jogo com o 0-2 que permaneceria até ao final.

Tal como nesse glorioso dia 28 de Abril de 1991, é tempo de deixar de fazer contas. Mesmo depois dos 4 pontos decisivos perdidos em casa frente aos adversários mais perto na tabela, continuamos em primeiro. Com concentração, sem desculpas e sem complacências, preparemo-nos já para jogar para ganhar em todos os campos.  

Nas lutas intensas, é a capacidade de sacrifício, a vontade de vencer e o espírito que faz os campeões nos momentos decisivos que prevalece sempre e faz com que os títulos sejam merecidos. Como Matic ontem e César Brito em 1991, assim queiramos todos e seremos com certeza campeões no dia 12 de Maio de 2013.

Até ao fim, por um campeonato à Benfica cheio de instantes memoravelmente gloriosos. 





Charutada

Uma vez mais não ganhámos um jogo frente ao fcp na nossa casa.

Mais do que não ganhar, que pode sempre acontecer até porque o adversário tem valor, preocupa-me a forma como jogamos ou como não conseguimos jogar. Com uma diferença abismal na luta do meio-campo (5 contra 2), reforçada pelo facto de a defesa ter jogado bastante subida reduzindo em muito o espaço por onde os nossos deveriam ter andado, o fcp controlou todo o jogo, ainda que tenha sido completamente inofensivo (sem James não têm qualquer criatividade ou capacidade de provocar desequilíbrios).

O Benfica nunca conseguiu pegar no jogo, não conseguiu construir em termos ofensivos, não conseguiu ter bola, limitou-se a jogar aos repelões individuais mesclando com charutadas para a frente e corre Cardozo. Muito pouco para aquilo que sabemos e podemos fazer. Foi notório um complexo psicológico que teima em toldar as nossas qualidades. Artur, Maxi, Garay, Melgarejo, Enzo e Lima foram demasiado maus para o que se exigia de um jogo com estas características. Salvaram-se Matic e Jardel, que estiveram a um bom nível, enquanto os restantes foram cumprindo sem deslumbrar. JJ também não esteve ao seu nível, não conseguiu desatar o nó táctico presenteado pelo adversário e, nas substituições, acabou por não ser feliz (tardias e pouco certeiras).

Em meu entender salvou-se o resultado, que acaba por não ser péssimo pois permite-nos continuar em primeiro com legitimas possibilidades de conquistar o título, contudo urge corrigir os aspectos psicológicos que afectam os jogadores neste tipo de jogos. Quinta-feira temos um jogo importantíssimo num campo onde não temos sido felizes e o jogo em Braga está à porta.  
 
PS: É impressionante a capacidade física evidenciada pelos jogadores do fcp, com enfoque principal em Moutinho que, tendo jogado na quarta-feira, ontem dizimou todos os jogadores que encontrou pelo caminho. À atenção dos atletas olímpicos: Americanos, Chineses e Russos, estudem, perscrutem as metodologias de treino praticadas por aquela gente, há por ali muita capacidade.

Factos

Facto 1: Em três épocas e meia com Jorge Jesus, temos uma vitória em sete jogos (!) com o fcp para o campeonato.

Facto 2: Nos dois jogos em casa com as duas melhores equipas nossas adversárias do campeonato, fcp e braga, empatámos ambos.

Parece-me um registo pobre e que deve servir para reflectirmos, todos, na forma de o melhorar. Receio que a continuarmos assim os esperados títulos possam não aparecer.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

O pior jogo do ano

Nunca mais é domingo. A ansiedade para que chegue as 20h15 do dia 13/01/2013 é enorme, só superada pela ambição que chegue ainda mais rapidamente as 22h00 (mais coisa menos coisa) desse mesmo dia.

Os jogos frente ao fcp na Luz são, para mim, o pior jogo do ano. Não são 11 contra 11 e uma bola, trata-se dos nossos contra os outros, pelo meio uns Srs. que antes vestiam de negro a desequilibrar um jogo que, por si só, costuma pender para o outro lado. Trata-se de um jogo que, por norma, os nossos sentem-se pressionados e os outros sentem-se motivados. Trata-se de um jogo que é importantíssimo ganhar mas que por norma tal não ocorre. Trata-se de um jogo que se terminar em vitória dos nossos, significa, ou tem significado, vencer a competição subjacente a esse jogo. São 90 minutos de luta, nervosismo é certo, mas são 90 minutos que, apesar das inúmeras contingências possíveis de ocorrer, deverão significar, para os adeptos, força, crença e muito apoio. Deverá significar estádio cheio a gritar, em uníssono, VIVA O BENFICA!

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Assim não dá

Perdemos a liderança do campeonato de hóquei, e podemos ter comprometido o título, ao perdermos uma vez mais em casa com o fcp.

Mais uma vez, neste jogo, foi problema fundamental na nossa derrota a incapacidade total em converter livres directos e penaltis. Foram três, que convertidos nos dariam a vitória.

A mesma triste história, aliás, que já tinha acontecido nos empates em casa com o Paço de Arcos e com o Viareggio.

Este é um problema que se arrasta há anos. Há duas épocas, perdemos o título também com uma derrota em casa com o fcp, num jogo em que, se bem me recordo, falhámos seis dos sete lances destes de que dispusemos. Converter metade já teria dado a vitória, e o título.

Curiosamente, a época passada foi a única na qual o problema foi bastante atenuado graças à presença na equipa do Sérgio Silva, que raramente falhava bolas paradas. Resultado: fomos (somos!) Campeões Nacionais. Não pode ser coincidência!

Desde a implementação das novas regras que estes lances, que sempre forma importantes, se tormaram fundamentais. E enquanto não resolvermos o problema, parece-me difícil que consigamos conquistar títulos de forma consistente e continuada.

Espero que os responsáveis técnicos vejam o que se passa e corrijam isto quanto antes. Se não é possível melhorar o nível técnico e psicológico dos nossos jogadores para inverter a situação, então acho que é urgente identificar no mercado nacional ou internacional alguém que seja um especialista comprovado, e contratá-lo. Nem que não faça mais nada, valerá a pena.

Estpu convencido que está aqui a grande diferença entre ganhar ou não ganhar. Porque a nossa equipa tem muita qualidade, excelentes jogadores, e faz quase tudo bem, excepto "isto" das bolas paradas.

É este o "quase" que falta! Corrijam-no, por favor, e o mais cedo possível!

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Carta aberta ao Senhor Doutor Paulo de Andrade


 Lisboa, 1 de Janeiro de 2013


Exmo. e Respeitoso Sócio do Sporting Clube de Portugal,
Comentador no Programa Dia Seguinte da SIC Notícias,
Senhor Doutor Paulo de Andrade,


Assunto: Ser do Benfica e ser do Sporting é diferente.


Aquilo que nos move para a escrita desta missiva prende-se singularmente pelo respeito que é devido a cada cidadão na vida em sociedade, independentemente do clube que se escolhe.

Uma posição de destaque em horário nobre na televisão portuguesa deve ser, em princípio, consonante com elevação no discurso. Logo, partir de forma acesa para a deselegância com aqueles que não conhece é, por certo, a pior forma de defender os “seus”.

Senhor Doutor,

Em nenhuma das linhas do livro 100 Histórias à Benfica (ou as “Histórias do Pai Natal” ou as “Anedotas do Pai Natal”, como de forma tão deselegante a ele se pretendeu referir) existe o desrespeito para com o Sporting, a sua história ou qualquer um dos seus representantes, como aquele que manifestou para connosco.

Na verdade, o livro que orgulhosamente escrevemos nunca teve a pretensão de ser um livro de história. Ao invés, trata-se de um livro de dois adeptos sobre histórias do nosso clube. Todavia, existe nele algo que ninguém lhe poderá apontar: falta de rigor nos dados históricos apresentados.
Nenhum benfiquista, que preze a sua história, desconhece a influência que o jovem fundador do clube verde e branco, José Alvalade, financiado pelo avô Alfredo Augusto das Neves Holtreman, o primeiro e único Visconde de Alvalade, ia tendo no desfecho do clube encarnado logo nos primeiros anos de existência.

Embora frequentemente vitoriosos – como é disso exemplo a grande vitória sobre a potência futebolística da época, o Carcavellos, por 2-1 em 1907 - os jogadores do Grupo Sport Lisboa, “cansados” de tomar banho no poço e de se vestir e despir na rua para os jogos, cederam a uma proposta “milionária” de balneários e duches de água quente do Sporting, que julgaram muito mais condizente com o seu estatuto social.

E foi assim que José da Cruz Viegas (o entusiasta que escolhera a cor vermelha para os equipamentos em 1904), os irmãos António e Cândido Rosa Rodrigues, Emílio de Carvalho, Albano dos Santos, António Couto, Daniel Queirós dos Santos e Henrique Costa começaram a equipar-se de verde e branco.

Não sei se V. Excelência tinha conhecimento sobre este facto, mas foi com essa deselegante atitude de tentar compor, pelo poder do dinheiro, a primeira equipa principal do seu clube, que tinha sido fundado no ano anterior, que se temeu seriamente pelo futuro do Sport Lisboa. Este, após a fusão com o Sport Benfica, veio a dar origem ao Sport Lisboa e Benfica, a 13 de Setembro de 1908, graças ao esforço dos “sobrantes“ Cosme Damião, Marcolino Bragança, Félix Bermudes, entre outros.

É desta história (e de outras parecidas que se passaram nos anos 10 e 20) que nasce a frase REAL de Cosme Damião sobre dinheiro e dedicação, citada directamente do nosso livro pelo Dr. Rui Gomes da Silva, que deu origem ao intenso debate no programa de segunda-feira.
De facto, a grandeza ou a pequenez dos clubes nasce logo com as suas origens, mas a avaliação delas faz-se no presente. Assim, não deixa de ser notável verificar aquilo que um clube que nasceu pobre e humilde, sem campo próprio e que comprou a sua primeira bola em segunda mão por 1500 réis, como o Benfica, veio a alcançar, e o estado em que o Sporting, um clube que nasceu rico, dono do seu campo e que apresentava bolas novas em todos jogos, vive actualmente.
A terminar, citamos ainda aquilo que escreviam os estatutos do Sporting Clube de Portugal que vigoraram até à década de 50 do passado século:

“O Sporting Clube de Portugal é uma associação composta por indivíduos de ambos os sexos, de boa sociedade e conduta irrepreensível.”

Infelizmente, verificada a história e pela deselegância das palavras que proferiu em relação a algo que nem sequer se deu ao cuidado de ler, é um preceito que, ao que parece, apenas se prende ao papel.

Esperamos que V. Excelência não se esqueça também que o espaço para o nosso direito de resposta para a sua desagradável afirmação é reduzido, servindo a presente missiva para o efeito. Ficaremos na esperança de algum tipo de retratamento daquilo que, embora notoriamente a quente, de forma tão imprudente, fez questão de dizer.

Ser do Benfica e ser do Sporting é completamente diferente.
E, por isso mesmo, despedimo-nos com desportivismo e com os desejos de um ano novo melhor do que o anterior,

Fernando Arrobas

João Tomaz