A UTAO desapareceu do site da Assembleia da República, ou mudou-se de onde estava para parte incógnita. Apesar disso continua em funções e terá publicado um documento, citado pelo jornal “i”, que faz dois reparos ao cenário macroeconómico que consta do Relatório do Orçamento de Estado para 2012.
O primeiro reparo é sobre as perspectivas para o crescimento externo (1,1% para a zona do euro), quando as últimas previsões da Economist Intelligence Unitapontam para uma contracção de 0,3% para a região. Esta questão, sendo relevante, é aceitável já que estamos num período de sucessivas revisões em baixa de previsões, pelo que estas estão a desactualizar-se com muita rapidez e o governo não podia estar a rever o cenário macroeconómico até ao último minuto. No entanto, é claro que menores exportações significam uma recessão mais funda e um défice público maior.
O segundo reparo da UTAO é mais grave: “Para 2012 perspectiva-se uma contracção da actividade económica superior à verificada em anteriores episódios de redução real do PIB, porém esta é acompanhada por um aumento inferior do desemprego.” Aqui estamos em presença de uma inconsistência das previsões, que terão sido “marteladas” como demasiadas vezes acontece, em especial no governo de Sócrates, em que as previsões sobre o desemprego eram surreais.
É verdade que as previsões sobre o desemprego costumam ser atacadas com as demagogias mais descabeladas, lembro-me vagamente de um membro da oposição falar dessa previsão como um “objectivo” do governo. Apesar disso, lamentamos que o governo tenha seguido as pisadas socráticas neste domínio.
Em resumo, a UTAO chama a atenção para dois elementos de risco no Orçamento, o que me leva a concluir que, muito provavelmente, serão necessárias medidas adicionais para atingir o défice de 4,5% do PIB no próximo ano.