segunda-feira, 21 de março de 2011
Qual a origem da expressão: mãe coruja?
O tempo passa e a expressão "mãe coruja" não sai da moda. Vamos saber o porque desse dito? Ah sim, há também pai coruja, avó coruja, avô coruja, tio coruja, mas mãe coruja é mais famoso. Por que geralmente é essa pessoa que está sempre do nosso lado e que não enxerga os nossos defeitos.
Mas de onde nasceu essa expressão mãe coruja? Ela nasceu da fábula “A coruja e a águia”, que foi divulgada por Monteiro Lobato :
“Era uma vez duas aves que brigavam demais, a águia e a coruja. Depois de muitas brigas, decidiram fazer as pazes. A coruja propôs para a águia que uma não comesse o filho da outra e a águia concordou. A águia pediu que a coruja descrevesse seus filhotinhos para que ela não os devorasse. Então a coruja, demais orgulhosa e feliz, estufou o peito e disse que suas corujinhas eram as criaturas mais lindas e preciosas da floresta, que tinham penas maravilhosas, olhar marcante e uma esperteza fora do normal.
Passou um tempo, a águia estava em seu voo caçando algo para se alimentar e avistou um ninho com alguns monstrinhos e que nem tinha força para abrir os olhos. Ela pensou: “ - É claro que passa longe daquela descrição feita pela coruja, então irei devorá-los.”
Ao regressar à toca, a coruja estava aos prantos e foi até a comadre águia falar sobre o fato ocorrido. Espantada, a águia disse: “Misericórdia, aqueles bichinhos horrorosos eram os seus filhotes? Mas, não pareciam em nada com o que você havia me dito!”
domingo, 20 de março de 2011
Ídolos são de barro.
Crônica por Edna Costa.
Conheci o sr Heitor quando eu tinha uns dezoito anos. Naquela época (e lá se vão algumas décadas) fui trabalhar no escritório de uma metalúrgica de médio porte onde ele era um dos diretores. Eu trabalhava como ajudante de contabilidade e era a única mulher na firma. Todos me respeitavam e até faziam pequenos mimos comigo, por isso eu adorava trabalhar lá.
Eu gostava de todo mundo, mas esse homem me fascinava pela educação, simpatia e pelo sorriso franco e aberto. Ele era um gentleman! Era alto, cheiroso, tinha a pele alva pontuada por pequenas sardas, dentes perfeitos, a barba bem feita, e os cabelos encaracolados estavam sempre aparados como se estivessem sido acabados de cortar.
Os olhos, claros e luminosos, eram marcados por rugas que teimavam em se aprofundar sempre que ele sorria, o que acontecia frequentemente. Poucas vezes eu o vi alterado ou triste em todo tempo que trabalhamos juntos. Com ele aprendi a jogar a cabeça para trás e rir alto, sempre que achava alguma coisa muito engraçada.
Ele era muito bem casado, como gostava de frisar, e tinha um filho já crescido quando o conheci. Sempre que falava na família puxava a carteira e mostrava a foto da mulher e do filho, ambos muito bonitos. Uma das poucas vezes que o vi tenso foi quando alguem fez um comentário jocoso a respeito da família dele. Uma simples brincadeira que o deixou aborrecido e fez com que alterasse o tom de voz.
Mas, esse homem perfeito tinha um segredo que eu descobri quase casualmente: ele tinha uma família clandestina paralela à “social”. Tinha outra mulher e uma filha bastarda, que diziam ser tão bonita quanto o filho legítimo. Soube que ele as amparava, e muito bem, mas a família legitima não sabia de nada, evidentemente.
Esta descoberta foi um choque para mim e meu ídolo se quebrou! Fiquei tão decepcionada, que passei a olhar para ele com um certo desprezo e nossa relação já não era mais tão amigável, o que ele prontamente percebeu.
Ele nunca tocou no assunto sobre o que teria causado essa mudança brusca no meu comportamento, mas simplesmente aceitou isso como um fato consumado e rotineiro da vida.
Algum tempo depois eu saí da firma e nunca mais soube de ninguem de lá, mas ao longo da vida já me deparei com muitos outros homens iguais ao sr Heitor e me peguei pensando; porque??? A resposta, eu acho que nem Freud pode explicar satisfatóriamente.
Conheci o sr Heitor quando eu tinha uns dezoito anos. Naquela época (e lá se vão algumas décadas) fui trabalhar no escritório de uma metalúrgica de médio porte onde ele era um dos diretores. Eu trabalhava como ajudante de contabilidade e era a única mulher na firma. Todos me respeitavam e até faziam pequenos mimos comigo, por isso eu adorava trabalhar lá.
Eu gostava de todo mundo, mas esse homem me fascinava pela educação, simpatia e pelo sorriso franco e aberto. Ele era um gentleman! Era alto, cheiroso, tinha a pele alva pontuada por pequenas sardas, dentes perfeitos, a barba bem feita, e os cabelos encaracolados estavam sempre aparados como se estivessem sido acabados de cortar.
Os olhos, claros e luminosos, eram marcados por rugas que teimavam em se aprofundar sempre que ele sorria, o que acontecia frequentemente. Poucas vezes eu o vi alterado ou triste em todo tempo que trabalhamos juntos. Com ele aprendi a jogar a cabeça para trás e rir alto, sempre que achava alguma coisa muito engraçada.
Ele era muito bem casado, como gostava de frisar, e tinha um filho já crescido quando o conheci. Sempre que falava na família puxava a carteira e mostrava a foto da mulher e do filho, ambos muito bonitos. Uma das poucas vezes que o vi tenso foi quando alguem fez um comentário jocoso a respeito da família dele. Uma simples brincadeira que o deixou aborrecido e fez com que alterasse o tom de voz.
Mas, esse homem perfeito tinha um segredo que eu descobri quase casualmente: ele tinha uma família clandestina paralela à “social”. Tinha outra mulher e uma filha bastarda, que diziam ser tão bonita quanto o filho legítimo. Soube que ele as amparava, e muito bem, mas a família legitima não sabia de nada, evidentemente.
Esta descoberta foi um choque para mim e meu ídolo se quebrou! Fiquei tão decepcionada, que passei a olhar para ele com um certo desprezo e nossa relação já não era mais tão amigável, o que ele prontamente percebeu.
Ele nunca tocou no assunto sobre o que teria causado essa mudança brusca no meu comportamento, mas simplesmente aceitou isso como um fato consumado e rotineiro da vida.
Algum tempo depois eu saí da firma e nunca mais soube de ninguem de lá, mas ao longo da vida já me deparei com muitos outros homens iguais ao sr Heitor e me peguei pensando; porque??? A resposta, eu acho que nem Freud pode explicar satisfatóriamente.
domingo, 16 de janeiro de 2011
Crônica sobre um bolo.
Eu adoro cozinhar, mas fazer pães e bolos são especialmente prazeirosos para mim. Depois de alguns anos aqui neste país, criei o costume de faze-los para presentear os amigos e algumas outras pessoas, como meu médico, a recepcionista dele e até um enfermeiro do hospital que se chama Angel (ele é mesmo um anjo para todo mundo). No começo eles estranharam um pouco essa moda não usual por aqui, mas depois acostumaram e quando eu chego corrrem para ver o que trouxe de gostoso.
Depois de algum tempo frequentando meu cabelereiro eu levei um bolo de limão (muito famoso aqui em casa e com amigos) para ele, que me beijou/abraçou, agradeceu muito e entrou na pequena cozinha do salão onde tem microondas, geladeira e uma pequena mesa com duas cadeiras. Todos usam este espaço para almoçar, lanchar e as vezes até descansar um pouco numa velha e confortável poltrona marrom, um pouco desbotada pelo tempo e uso.
Passados alguns minutos ele, escandaloso que só, voltou com um pedaço do bolo na mão gritando tanto, que todo mundo se assustou. Eu fiquei gelada, quer dizer, mais gelada ainda pois lá fora fazia 11 graus negativos, imaginando que ele tinha achado algum fio de cabelo (meu) ou qq coisa estranha no bolo, até que ele parou e, afetadamente, disse:
Povo...isto aqui deve ter alguma droga, porque viciei. Já comi dois pedaços e queria o terceiro a-go-ra!!! Minina, disse apontando ameaçadoramente o dedo para mim, vou te pro-ces-saaaar! Em seguida, riu, balançou o esbelto corpo e disse que meu cabelo nunca mais seria o mesmo, de tanto que ele iria caprichar a partir deste momento.
Depois mandou a secretaria dividir o bolo em quadradinhos e dar um pedaço para cada uma das pessoas que estavam ali, acompanhado de cafézinho ou chá. Final da estória; todo mundo queria encomendar e começaram a me dar telefone e tal. Mas, como não faço mais encomendas para fora, a não ser para alguns clientes antigos e amigos, me desculpei prometendo que da próxima vez levaria o bendito bolo de novo.
Eu volto ao salão a cada dois meses e a partir deste dia sempre levo um bolo. Já levei de cenoura, laranja, chocolate, todos fofos demais tambem, mas vira e mexe ele diz: foo-faaa, faz repeteco do bolo de limão, pleeeaaase? E abre aquele sorriso que desarma qualquer um. Como negar?
Depois de algum tempo frequentando meu cabelereiro eu levei um bolo de limão (muito famoso aqui em casa e com amigos) para ele, que me beijou/abraçou, agradeceu muito e entrou na pequena cozinha do salão onde tem microondas, geladeira e uma pequena mesa com duas cadeiras. Todos usam este espaço para almoçar, lanchar e as vezes até descansar um pouco numa velha e confortável poltrona marrom, um pouco desbotada pelo tempo e uso.
Passados alguns minutos ele, escandaloso que só, voltou com um pedaço do bolo na mão gritando tanto, que todo mundo se assustou. Eu fiquei gelada, quer dizer, mais gelada ainda pois lá fora fazia 11 graus negativos, imaginando que ele tinha achado algum fio de cabelo (meu) ou qq coisa estranha no bolo, até que ele parou e, afetadamente, disse:
Povo...isto aqui deve ter alguma droga, porque viciei. Já comi dois pedaços e queria o terceiro a-go-ra!!! Minina, disse apontando ameaçadoramente o dedo para mim, vou te pro-ces-saaaar! Em seguida, riu, balançou o esbelto corpo e disse que meu cabelo nunca mais seria o mesmo, de tanto que ele iria caprichar a partir deste momento.
Depois mandou a secretaria dividir o bolo em quadradinhos e dar um pedaço para cada uma das pessoas que estavam ali, acompanhado de cafézinho ou chá. Final da estória; todo mundo queria encomendar e começaram a me dar telefone e tal. Mas, como não faço mais encomendas para fora, a não ser para alguns clientes antigos e amigos, me desculpei prometendo que da próxima vez levaria o bendito bolo de novo.
Eu volto ao salão a cada dois meses e a partir deste dia sempre levo um bolo. Já levei de cenoura, laranja, chocolate, todos fofos demais tambem, mas vira e mexe ele diz: foo-faaa, faz repeteco do bolo de limão, pleeeaaase? E abre aquele sorriso que desarma qualquer um. Como negar?
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
Natureza imprevisivel.
Ontem amanheceu nevando e no decorrer do dia uma nevasca daquelas começou a se formar. Durante a noite os ventos e a neve mudaram a paisagem e instalaram o caos. Segundo a meteorologia, a ultima vez que tinha nevado tanto foi em 2006. A temperatura aqui nesta epoca de ano anda sempre abaixo de zero, podendo chegar até os 20/30 negativos, mas hoje para piorar, ventos de 80 até 130 quilometros p/hora criavam redemoinhos de neve e tornavam a paisagem quase sem visibilidade.
A maioria das pessoas não conseguiu ir para o trabalho (inclusive nós) pois não havia metrô, trens e onibus. As autoridades pediam para que as pessoas não saíssem de suas casas, a não ser por absoluta necessidade. Conclusão: aeroportos fechados, grande parte do comércio sem funcionar, carros que se atreveram a sair da garagem atolados e, claro, prejuízo para todos.
Os unicos que se divertiram foram as crianças, que saíram com seus pais e foram escorregar nos montes de neve, esculpir bonecos e fazer a famosa guerra de bolas de neve. Esse espetáculo da natureza é maravilhoso, mas traz muitos problemas depois que passa. Coloquei algumas fotos tiradas hoje de manhã, aqui na minha rua (olha a altura da neve na minha floreira da janela!).
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Olha eu aqui :)))
Oi amigos, depois de um longo e tenebroso inverno ( estamos no outono, mas li isso em algum lugar e nunca mais esqueci...hehehe) apareci. Ando às voltas com aqueles velhos e irritantes problemas de sempre; falta de tempo e falta de inspiração.
Hoje passei só para deixar uma (quase) promessa e um pedido:
1) Tentarei postar minhas crônicas pelo menos uma vez por mês.
2) Por favor, quando passarem por aqui deixem mensagem para eu saber que alguem está lendo meu blog, pois só assim terei o combustível necessário para animar minha "jornada literária" (ó pretensão!).
Beijão a todos com muito carinho e saudades. Tenham um ótimo fds e fiquem com Deus.
Hoje passei só para deixar uma (quase) promessa e um pedido:
1) Tentarei postar minhas crônicas pelo menos uma vez por mês.
2) Por favor, quando passarem por aqui deixem mensagem para eu saber que alguem está lendo meu blog, pois só assim terei o combustível necessário para animar minha "jornada literária" (ó pretensão!).
Beijão a todos com muito carinho e saudades. Tenham um ótimo fds e fiquem com Deus.
quarta-feira, 7 de abril de 2010
Sufoco. Crônica por Edna Costa.
Conheci Maria no metrô. Olhei-a e pensei; já vi essa cara em algum lugar. Ela pareceu pensar o mesmo de mim pois primeiro me olhou de soslaio e depois direta e profundamente. Sorrimos uma para a outra com simpatia e seguimos nossa rotina, eu fazendo minhas palavras cruzadas e ela olhando fixamente para o chão. Fiquei imaginando o que estaria pensando, essa pequenina e intrigante figurinha.
Com o passar dos dias começamos a nos cumprimentar e finalmente um dia conversamos, ela falando do seu emprego, seu país (Mexico), sua família e eu idem. Ficamos amigas de percurso e assim fomos confidenciando pequenos problemas, grandes alegrias, trocando receitas culinárias, etc. Até que dias atrás ela me contou uma história engraçada, que imediatamente se delineou em minha mente de crônista e que repasso para vocês como imagino ter acontecido.
“Era um dia de muita neve e frio extremo. Assim que entravam no metrô as pessoas procuravam um lugar para sentar-se e, ao invés de reclamar do aperto, devido aos grossos casacos de frio, aconchegavam-se uns aos outros para ficarem ainda mais aquecidas. Maria entrou rápidamente e como os demais acomodou-se em um banco de três lugares, onde já estava instalada uma senhora de rosto largo, pele escura, cabelos escondidos por um engraçado chapéu de lã e um chamativo e longo casaco de pele de onça.
Devido ao seu imenso corpo, a senhora ocupava dois lugares, mas a pequenina Maria encaixou-se ao seu lado e a viagem seguiu. Com o balanço do trem e devido ao cansaço, não demorou quase nada para que a volumosa senhora dormisse. Em alguns minutos a cabeça pendeu para o lado de Maria, que primeiro ficou meio incomodada, mas depois se encaixou no pescoço da senhora e assim “ferrou” no sono também.
Acontece que ela teria que descer no meio do caminho, mas o sono foi tão forte que quando ela acordou já havia passado da sua estação. Quis dar um pulo e sair correndo para descer na próxima estação e tomar o trem de volta, mas a mulher continuava dormindo e impedindo que ela saísse da posição em que se encontrava. Cutucou suavemente a mulher que soltou um pequeno grunhido metendo medo em Maria, que por sua vez prendeu a respiração e começou a suar, apesar do frio que entrava toda vez que o trem abria as portas.
Com um leve sorriso a mulher lambeu os lábios grossos, estalando a língua como se estivesse sonhando com algum manjar (e pelo tamanho dela, bota manjar nisso) e reacomodou-se na pobre Maria, agora já apavorada, e recomeçou a respirar pesado de novo, até que finalmente o trem chegou ao destino final. Apesar dos avisos do falante em altos brados, parecia que a mulher iria ficar ali em cima da Maria hibernando até que o inverno acabasse, pois não havia nada que a acordasse.
Resignada a coitada pensou, que apesar das dores que tinha no corpo e pescoço tortos por tanto tempo na mesma posiçao, pelo menos ela teria que voltar de todo jeito e então preparou mentalmente um plano de fuga; quando chegasse em sua estação sairia correndo e deixaria a mulher entregue ao seu destino. Pensando na mulher caindo do banco estreptosamente, começou primeiro a rir baixinho, depois o riso foi se transformando em histeria para finalmente terminar em choro.
De repente percebeu que a mulher a estava olhando boquiaberta e já a havia libertado para levantar. Maria enxugou as lágrimas com medo que ela lhe dirigisse a palavra, quem sabe para tirar satisfações, mas a senhora saiu rápidamente balançando a grande cabeça de um lado para outro, como se Maria fosse um alienígena e ela finalmente relaxou o corpo dolorido pela tensão. O trem avisou que partiria em seguida. Ela estava sentindo-se só e desamparada mesmo no meio de tanta gente, quando um senhor gordinho e simpático veio sentar-se ao seu lado.
Acomodaram-se todos e o trem partiu. Maria dirigiu seus pensamentos para sua casa, um banho quente, um jantar feito às pressas, um bocadinho de conversa para contar a aventura do dia e finalmente sua velha e aconchegante cama recebendo-a para o merecido descanso. Foi quando sentiu a cabeça do gordinho pendendo para seu lado. O trem foi ganhando velocidade, o balanço fatal foi deixando o corpo de Maria mole (rs...) e ela resignadamente preparou-se para recomeçar tudo de novo, mas jurando que desta vez não dormiria.”
Com o passar dos dias começamos a nos cumprimentar e finalmente um dia conversamos, ela falando do seu emprego, seu país (Mexico), sua família e eu idem. Ficamos amigas de percurso e assim fomos confidenciando pequenos problemas, grandes alegrias, trocando receitas culinárias, etc. Até que dias atrás ela me contou uma história engraçada, que imediatamente se delineou em minha mente de crônista e que repasso para vocês como imagino ter acontecido.
“Era um dia de muita neve e frio extremo. Assim que entravam no metrô as pessoas procuravam um lugar para sentar-se e, ao invés de reclamar do aperto, devido aos grossos casacos de frio, aconchegavam-se uns aos outros para ficarem ainda mais aquecidas. Maria entrou rápidamente e como os demais acomodou-se em um banco de três lugares, onde já estava instalada uma senhora de rosto largo, pele escura, cabelos escondidos por um engraçado chapéu de lã e um chamativo e longo casaco de pele de onça.
Devido ao seu imenso corpo, a senhora ocupava dois lugares, mas a pequenina Maria encaixou-se ao seu lado e a viagem seguiu. Com o balanço do trem e devido ao cansaço, não demorou quase nada para que a volumosa senhora dormisse. Em alguns minutos a cabeça pendeu para o lado de Maria, que primeiro ficou meio incomodada, mas depois se encaixou no pescoço da senhora e assim “ferrou” no sono também.
Acontece que ela teria que descer no meio do caminho, mas o sono foi tão forte que quando ela acordou já havia passado da sua estação. Quis dar um pulo e sair correndo para descer na próxima estação e tomar o trem de volta, mas a mulher continuava dormindo e impedindo que ela saísse da posição em que se encontrava. Cutucou suavemente a mulher que soltou um pequeno grunhido metendo medo em Maria, que por sua vez prendeu a respiração e começou a suar, apesar do frio que entrava toda vez que o trem abria as portas.
Com um leve sorriso a mulher lambeu os lábios grossos, estalando a língua como se estivesse sonhando com algum manjar (e pelo tamanho dela, bota manjar nisso) e reacomodou-se na pobre Maria, agora já apavorada, e recomeçou a respirar pesado de novo, até que finalmente o trem chegou ao destino final. Apesar dos avisos do falante em altos brados, parecia que a mulher iria ficar ali em cima da Maria hibernando até que o inverno acabasse, pois não havia nada que a acordasse.
Resignada a coitada pensou, que apesar das dores que tinha no corpo e pescoço tortos por tanto tempo na mesma posiçao, pelo menos ela teria que voltar de todo jeito e então preparou mentalmente um plano de fuga; quando chegasse em sua estação sairia correndo e deixaria a mulher entregue ao seu destino. Pensando na mulher caindo do banco estreptosamente, começou primeiro a rir baixinho, depois o riso foi se transformando em histeria para finalmente terminar em choro.
De repente percebeu que a mulher a estava olhando boquiaberta e já a havia libertado para levantar. Maria enxugou as lágrimas com medo que ela lhe dirigisse a palavra, quem sabe para tirar satisfações, mas a senhora saiu rápidamente balançando a grande cabeça de um lado para outro, como se Maria fosse um alienígena e ela finalmente relaxou o corpo dolorido pela tensão. O trem avisou que partiria em seguida. Ela estava sentindo-se só e desamparada mesmo no meio de tanta gente, quando um senhor gordinho e simpático veio sentar-se ao seu lado.
Acomodaram-se todos e o trem partiu. Maria dirigiu seus pensamentos para sua casa, um banho quente, um jantar feito às pressas, um bocadinho de conversa para contar a aventura do dia e finalmente sua velha e aconchegante cama recebendo-a para o merecido descanso. Foi quando sentiu a cabeça do gordinho pendendo para seu lado. O trem foi ganhando velocidade, o balanço fatal foi deixando o corpo de Maria mole (rs...) e ela resignadamente preparou-se para recomeçar tudo de novo, mas jurando que desta vez não dormiria.”
quarta-feira, 24 de março de 2010
Descansando na marra.
Bom amigos, estou de molho por conta de um tombaço que caí na segunda-feira e aproveito o repouso forçado para narrar aqui minha odisséia. Chovia muito aqui quando saí do serviço, já tarde da noite e quando eu estava para atravessar a rua virei para ver se o sinal ia abrir e...catapimba, caí de costas e de braços abertos que nem Jesus na cruz.
Dá pra acreditar que depois de onze anos aqui (vai fazer em maio) eu, que nunca caí na neve, gelo, etc, consegui levar um tombo estando parada??? E foi feio porque bati primeiro a ponta da coluna na quina da calçada, depois as costas e finalmente a cabeça. Fiquei lá no meio da chuva estatelada, sem conseguir levantar. Quem me ajudou foi um rapaz que pegou na minha mão e me puxou com delicadeza e uma senhora que me deu apoio. Fiquei ali meio tonta e com tanta dor que comecei a chorar e fui atravessando a avenida meio atazanada para pegar um taxi, com os dois me acompanhando e consolando.
Vim chorando de dor e de raiva pelo acontecido. Só quando cheguei em casa é que vi o estado lamentavel em que me encontrava, com a parte de tras toda molhada de agua suja, inclusive a cabeça. Tomei um banho completo quase sem poder me mexer tamanha eram as dores, tomei um comprimido para dormir e me enfiei embaixo das cobertas.
Apesar do comprimido, nao consegui dormir quase nada e ontem acordei com varias manchas roxas e com as dores piores ainda. Comecei a tomar um antiinflamatorio e fiquei o dia todo na cama só levantando para o necessario e assim mesmo gemendo de dor. A noite ja dormi melhor e hoje graças a Deus amanheci e passei o dia bem melhor. Minhas dores estao bem fracas e ja consigo sentar mais tempo, mas vou continuar com um pouco mais de repouso, quem sabe até amanha.
Entao, é sempre assim...a gente faz um plano e ELE faz outro. Eu queria aproveitar que estou de folga esta semana e fazer um monte de coisas e acabei tendo que ficar na cama. Mas vendo pelo lado otimista eu acabei sendo forçada a descansar e acho que isso vai me fazer bem, pois eu nunca faria isso se estivesse com saude.
Bom, depois desse romance fico por aqui porque já estou sentada tempo demais e minha coluna vai reclamar daqui a pouco. Beijao pra voces e fiquem bem.
Dá pra acreditar que depois de onze anos aqui (vai fazer em maio) eu, que nunca caí na neve, gelo, etc, consegui levar um tombo estando parada??? E foi feio porque bati primeiro a ponta da coluna na quina da calçada, depois as costas e finalmente a cabeça. Fiquei lá no meio da chuva estatelada, sem conseguir levantar. Quem me ajudou foi um rapaz que pegou na minha mão e me puxou com delicadeza e uma senhora que me deu apoio. Fiquei ali meio tonta e com tanta dor que comecei a chorar e fui atravessando a avenida meio atazanada para pegar um taxi, com os dois me acompanhando e consolando.
Vim chorando de dor e de raiva pelo acontecido. Só quando cheguei em casa é que vi o estado lamentavel em que me encontrava, com a parte de tras toda molhada de agua suja, inclusive a cabeça. Tomei um banho completo quase sem poder me mexer tamanha eram as dores, tomei um comprimido para dormir e me enfiei embaixo das cobertas.
Apesar do comprimido, nao consegui dormir quase nada e ontem acordei com varias manchas roxas e com as dores piores ainda. Comecei a tomar um antiinflamatorio e fiquei o dia todo na cama só levantando para o necessario e assim mesmo gemendo de dor. A noite ja dormi melhor e hoje graças a Deus amanheci e passei o dia bem melhor. Minhas dores estao bem fracas e ja consigo sentar mais tempo, mas vou continuar com um pouco mais de repouso, quem sabe até amanha.
Entao, é sempre assim...a gente faz um plano e ELE faz outro. Eu queria aproveitar que estou de folga esta semana e fazer um monte de coisas e acabei tendo que ficar na cama. Mas vendo pelo lado otimista eu acabei sendo forçada a descansar e acho que isso vai me fazer bem, pois eu nunca faria isso se estivesse com saude.
Bom, depois desse romance fico por aqui porque já estou sentada tempo demais e minha coluna vai reclamar daqui a pouco. Beijao pra voces e fiquem bem.
Assinar:
Postagens (Atom)