Natalino
Ainda é Natal
Todo dia se espera o presente
O Papai Noel virá?
Ainda é Natal
É tempo de esperança
De luzes a piscar
A família reunida
É Natal
O amor está no ar.
Todo dia deveria ser Natal
Não apenas o símbolo
Mas o espírito a brilhar
Natal o ano inteiro
A paz a se espalhar.
Se o Natal verdadeiro
Nascer em cada coração
A humanidade salvará!
Paula Belmino
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Recebemos um livro lindo sobre o Natal, um clima diferente, uma história que remete ao tema tão conhecido, mas que traz o contexto de uma família pobre que anseia conhecer o Papai Noel e receber um presente. Na família de três irmãos, criada apenas pela mãe, vive Natalino , seu nome tem significados e herança, o afeto, o simbolismo. Natalino deseja viver o Natal que tantos falam, a mãe diz que o Papai Noel não virá pois a casa tem cachorros que podem morder, e outros motivos o menino imagina para que ele não venha aparecer . O livro é escrito por @eliandrorocha e ilustrado por @alerampazo
Ao ler e ver as imagens que mostram um Natal simples numa família pobre, lembrei que quando criança não tínhamos árvores cheias de enfeites, gigantes, mas era meu avô quem fazia um espécie de árvore usando cabo de vassoura e arame, depois de pronta a base, minha mãe comprava papel seda verde e cortava , fazia cola com goma de tapioca , uma espécie de grude, e a gente montava , colocava-se as bolas, e um festão verde, ou dourado que brilhava luzinhas e acendia emoção em nossos corações. Estes enfeites natalinos eram guardadas de um ano para o outro numa caixa de sapato, com muito cuidado. Enfeitava-se uma lata de leite com papel de presente, colocava-se areia e a árvore dentro, e embaixo dela um menino Jesus simples, um anjinho, alguma imagem cristã como presépio . Ainda fazíamos uma vela usando as antigas latas de óleo vazias coberta com papel camurça, uma chama de cores diferentes e sob um prato de ágata, ali a vela acesa, a luz do Natal sob a mesa. Pisca-pisca era coisa das casas abastadas de nosso lugar.
Algumas amigas de minha mãe sabiam fazer sinos de papel de seda, nunca consegui, mas admirava o sininho a tocar no portal das casas, como quem badalasse convidando o Papai Noel ou avisando que Cristo nasceu, era Belém, e junto ao sono da matriz diziam: Cristo vem!
Nossa ceia não tinha perus, panetones, chesters, a iguaria era uma galinha criada no quintal, que se matava no dia, e bem temperada, cozinhava devagar numa panela de barro em fogão à lenha ou carvão. Servida com macarrão ou arroz e farofa. Ás vezes mamãe fazia salgadinhos ou pastéis com massa por ela estirada e cortadas bem feitos em óleo quente. Lembro que uma vez até estourou um pastel no óleo quente, e caiu mim e na minha irmã e fomos dormir com as costas ardendo, cozinha não era lugar de criança.
O Natal era diferente , era a família junta envolta da mesa , celebrando a vida. Por sorte mesmo em meio à simplicidade o Papai Noel passava em nossa rua, num carro de som com muitos presentes e nos dava um copo com canudo, uma boneca de plástico, e não entendíamos porque ele não dava o que nós tínhamos pedido na carta que escreviamos e deixavámos para ele. Outras vezes o Papai Noel deixava algo embaixo da nossa cama, é éramos advertidas: - Cuidado para não fazer xixi na cama, senão papai noel nao deixa o presente !
A história de Natalino é como a minha, como a de tantas famílias, como o sonho de tcriantantasças, e devia ser mesmo e ter o real sentido supremo do Natal, o amor em família, o maior presente a vida, o afeto , as boas relações de amizade, a esperança, a fé, o nunca perder o espírito da humildade, do ser feliz nas pequenas coisas, mesmo quando existem as dificuldades, as adversidades, saber que o tempo passa, o sino toca trazendo um dia, a felicidade.
Paula Belmino
📕 Natalino
Livro escrito por Eliandro Rocha
Ilustrado por Alexandre Rampazo
Publicado por Escrita Fina Edições, pertencente ao Grupo Editorial Zit.