quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Elucubrações... pretensamente poéticas: sobre uma vida

teces
- ovelha afagosa –
com tua lã de ternura
a pele da vida
do rebanho do teu curral

planas
- águia das atalaias -
as alturas dos céus
com pios de alerta
sobre as fragas das crias do teu ninho

perscrutas
- guardiã vigilante -
os uivos dissimulados dos lobos
(ou cordeiros na pele)
que cercam a segurança da tua sebe

hoje
engoli o medo com uma lágrima
e tu nem gemeste...
resistes sempre inteira
mesmo que te remendem os ossos!

macviana
30.09.10

Para descontrair, num tempo de espera


Agradeço ao João Carlos Taveira o envio desta espetacular atuação  :0

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Aqui, há português (in)correto... (9)


O chefe de serviço deste típico restaurante é, com certeza, um "ás" na copa; o cozinheiro apostará o "ás de trunfo" na qualidade das refeições... mas, garantidamente, "às" 2.as não há mesa (nem de jogo) para ninguém.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Hoje, proponho este poema: "Flores de verde pino", D. Dinis

de El-Rei D. Dinis

-Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo?
Ai, Deus, e u é?

Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado?
Ai, Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pos comigo?
Ai, Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi há jurado?
Ai, Deus, e u é?

-Vós me perguntades polo voss' amigo,
e eu bem vos digo que é sano e vivo.
- Ai, Deus, e u é?

-Vós me perguntades polo voss' amado,
e eu bem vos digo que é viv' e sano.
-Ai, Deus, e u é?

-E eu bem vos digo que é sano e vivo,
e seerá vosc’ ant' o prazo saido.
-Ai, Deus, e u é?

-E eu bem vos digo que é viv' e sano,
E será vosc'ant' o prazo passado.
-Ai, Deus, e u é?

... e esta canção que me fica no ouvido: "Uma flor de verde pinho" - Carlos do Carmo

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Elucubrações... pretensamente poéticas: sobre uns sinos

com a infância pendurada
no tronco de um carvalho
a fazer o pino
puxo o toque da memória
pelo arame das badaladas
chamando três vezes à missa

vultos negros sussurram
pancadas no peito
da desgraça e do medo

recolho à sacristia
e recebo a paga
em hóstias consagrada
da boa acção do dia

macviana
27.09.10

Terras de Bouro no rolo das memórias: a torre de carvalho


A torre e a capela de S. Brás

Era ainda criança quando a freguesia de Moimenta, paroquiada pelo padre Faria, organizou um cortejo de oferendas para cobrir de telhas novas a Capela de S. Brás e angariar fundos para a construção do respetivo campanário. Os sinos, deslocados da Igreja Matriz, de Moimenta-a-Nova, num processo algo rocambolesco (e que em futura oportunidade aqui tenciono relatar), estavam até então "enforcados" nuns troncos de carvalho, num pequeno outeiro sobranceiro à capela.
Recordo, do cortejo, esta cantiga da autoria do meu avô, Joaquim Martins Viana:
"Rapazes e raparigas,
Cantai cantigas
Com muito ardor.
Pois sim...
A igreja de Covas,
Com telhas novas,
Fica um amor!"

sábado, 25 de setembro de 2010

Elucubrações... pretensamente poéticas: conquista

escreverei um poema
decidi
procuro uma palavra
apago
encontro outra
corto
adivinho a terceira
desisto

os versos são dos pássaros
e eu sou bicho da terra
trago raízes no chão
que me prendem a ilusão
de me libertar um dia
ganhar asas
e voar na poesia

num último arrojo porém
a palavra tão ansiada
num murmúrio de afago
insinuou
que a verdade do verso
germina do húmus do chão
dessas raízes que trago

macviana
25.09.10

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

(3) Ó sr. ministro, venha cá ver isto!...


Passei há dias por este contentor de solidariedade.
O povo português, quando se trata de caridade espetáculo, até costuma ser bastante generoso! A SOLIDARIEDADE exige, porém, discrição e o máximo respeito pela dignidade daqueles a quem se destina. Deixar amontoar quilos de trapos, roídos pelos ratos e apodrecidos do mofo, é humilhante para os seus destinatários e desonroso para aqueles que, de boa fé, colaboram nestas campanhas (solidariamente bem visíveis)!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Aqui, há português (in)correto... (8)

 

Imagens passadas, ontem, na RTP1
Onyang, vinda do Quénia, entrou ilegalmente nos Estados Unidos há 10 anos. Conseguiu contornar as ordens de expulsão e vive em Boston com casa e subsídios do Estado. Assegura que nunca pediu nada ao presidente e considera que a sua situação é um dos "milagres de Deus".

"Sou tia dele (de Barack Obama). Se ele fizer algo errado, sou a única pessoa na Terra com autoridade para lhe puxar as orelhas e dar-lhe um tabefe. A tia é uma pessoa muito venerada na cultura africana.
- O que lhe devem os Estados Unidos? - pergunta o entrevistador.
- Nada - responde - e eu não lhes devo nada... é um País livre aos olhos de Deus. O sonho americano tornou-se no meu pior pesadelo americano. Por tudo aquilo por que passei... foi muito, mesmo muita coisa!..."

Ah! Grande tia, é assim mesmo! Que tudo aquilo por que (= pelo qual) passaste jamais te amoleça a têmpera africana! Nem que seja preciso dar um tabefe ao presidente dos Estados Unidos... e um puxão de orelhas a quem fez a legenda!...

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

"Nós precisamos, absolutamente, de nos orgulharmos dos nossos alunos!..." - Isabel Alçada*

Se nas escolas EB 2,3/S falássemos assim tão infantilmente para os adolescentes e jovens, o circo seria ainda muito mais animado!...


Vejam, agora, a réplica deste miúdo: tem sentido de humor, não é ofensiva e revela espírito crítico.


Desafio aos professores: "quantos de nós se orgulhariam, absolutamente, deste aluno?"

* - Saberão, aqueles que me conhecem, que procuro cultivar o valor da cidadania e da livre opinião. Aquando das lutas dos professores contra a avaliação de desempenho, fui um declarado opositor a um modelo que considerei mesquinho e humilhante, pernicioso e injusto. Maria de Lurdes Rodrigues sempre me pareceu alguém com azedume, de mal com a classe e, sobretudo, de mal com a vida... e as marcas de uma política educativa orientada sobretudo para ilusórios objetivos estatísticos levarão anos a serem remediadas. Isabel Alçada, por seu turno, é uma pessoa culta e educada, bem intencionada e preocupada, absolutamente, com o sucesso da "escola" (sem ironia).
O sua comunicação "aos alunos, aos professores e até às famílias" é que me parece despropositadamente infantil e maternalista.

Canção que me fica no ouvido: "Menino do Bairro Negro" - Zeca Afonso

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Hoje, proponho este poema: "Os Filhos...", José Jorge Letria

Os Filhos São Figuras Estremecidas
José Jorge Letria, in "Os Achados da Noite"

Os filhos são figuras estremecidas
e, quando dormem, a felicidade
cerra-lhes as pálpebras, toca-lhes
os lábios, ama-os sobre as camas.
É por mim que chamam quando temem
o eclipse e o temporal. Trazem nos cabelos
o aroma do leite e da festa das rosas.
Voam-me por entre os dedos, por entre
as malhas da rede de espuma
que lanço a seus pés. Reinam
num sítio de penumbra onde não
me atrevo sequer a dizer quem sou.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Terras de Bouro no rolo das memórias: Grupo Desportivo


No tempo em que a equipa do Grupo Desportivo de Terras de Bouro era totalmente constituída por jovens da Terra. Esta equipa, com pontuais alterações, foi Campeã Distrital da 3ª Divisão (1980/81), Campeã Distrital da 2ª Divisão (1983/84) e competiu largos anos no Campeonato Distrital da 1ª Divisão (hoje, Divisão de Honra da A.F.Braga)... e nunca nos "deixou mal"!...

Há cerca de meia dúzia de anos, alguns dirigentes e os "craques" então contratados pelo Grupo Desportivo "venceram" tudo - até o próprio nome do clube - e este foi extinto, tendo passado a designar-se Associação Desportiva, Recreativa e Cultural de Terras de Bouro.
Parece-me que as excelentes condições atuais - bancada coberta, campo relvado e novos balneários - poderiam ser mais potencializadoras de um verdadeiro desenvolvimento desportivo dos jovens do meu concelho e das terras vizinhas, pois entendo que um clube desportivo de uma região como Terras de Bouro se deveria preocupar, fundamentalmente, com o desenvolvimento da juventude que serve e não tanto com objetivos de natureza competitiva.
O desporto é um serviço público que é (e deverá continuar a ser) estimulado e subsidiado com erário público, concedo; mas deverá ser um serviço público prestado, sobretudo, àqueles que o praticam, às suas famílias e à comunidade cuja juventude é por ele integrada e valorizada. Por isso, os jovens locais deveriam estar mais presentes na prática desportiva e os clubes não se deveriam preocupar tanto em agradar àqueles que, de prática desportiva, têm apenas o hábito de vociferar impropérios enquanto assistem aos jogos na bancada.

domingo, 19 de setembro de 2010

(2) Ó sr. ministro, venha cá ver isto!...

in "Estatuto do Aluno dos Ensinos Básico e Secundário"

Ora aqui está um "dever" para nenhum aluno cumprir!

Ó sr. ministro, sabia que há escolas que, "mais papistas do que o papa", se apressaram a pôr no seu regulamento a proibição de transportar telemóveis no recinto da escola?
Mas alguém com o mínimo bom-senso acredita que esta norma será cumprida?!... Alguém concebe que os jovens (e as famílias) de hoje "viverão" sem os telemóveis?!...
Que, durante as aulas, os alunos devam ter, obrigatoriamente, os telemóveis desligados e colocados nas respetivas mochilas, muito bem, eu aplaudo!... Agora que não os possam levar para a escola é um absurdo, é a própria escola a promover o culto "tuga", do chico-espertismo que não cumpre leis nem regulamentos e promove a cidadania com o "favorzinho" do grande amigo que tem lá nos serviços...
Em Portugal (e, agora, parece que também nas escolas portuguesas), aqueles que cumprem as leis são uns otários!...

sábado, 18 de setembro de 2010

Aqui, há português (in)correto... (7)


Numa conhecida loja de Braga, há três edições "disponíveis" dos CD do grande Camané, fadista que eu já tive oportunidade de ver atuar ao vivo: presença segura, voz fantástica, espetáculo envolvente!...

Se gosta de Camané, ouça "Sei de um Rio" e "Ciúmes da Saudade"

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

(1) Ó sr. ministro, venha cá ver isto!...*

Enquanto andamos distraídos com o despedimento (encomendado) de Carlos Queiroz, com os futebolísticos êxitos e fracassos e com a contratação (salvífica) de José Mourinho...

  

  

* - Com os posts que agora inicio com este "título", pretendo sensibilizar (sugerir, alertar, denunciar...) para as mais diversas situações que julgo merecedoras de uma chamada de atenção. O "sr. ministro" é, aqui, a personificação do "poder"; é quem, de algum modo, possa ter a capacidade de interferir na situação-alvo do reparo, mesmo que seja a nossa consciência... cívica.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Hoje, proponho este poema: "Ode à Paz", Natália Correia

Ode à Paz

Pela verdade, pelo riso, pela luz, pela beleza,
Pelas aves que voam no olhar de uma criança,
Pela limpeza do vento, pelos actos de pureza,
Pela alegria, pelo vinho, pela música, pela dança,
Pela branda melodia do rumor dos regatos,
Pelo fulgor do estio, pelo azul do claro dia,
Pelas flores que esmaltam os campos, pelo sossego dos pastos,
Pela exactidão das rosas, pela Sabedoria,
Pelas pérolas que gotejam dos olhos dos amantes,
Pelos prodígios que são verdadeiros nos sonhos,
Pelo amor, pela liberdade, pelas coisas radiantes,
Pelos aromas maduros de suaves outonos,
Pela futura manhã dos grandes transparentes,
Pelas entranhas maternas e fecundas da terra,
Pelas lágrimas das mães a quem nuvens sangrentas
Arrebatam os filhos para a torpeza da guerra,
Eu te conjuro ó paz, eu te invoco ó benigna,
Ó Santa, ó talismã contra a indústria feroz.
Com tuas mãos que abatem as bandeiras da ira,
Com o teu esconjuro da bomba e do algoz,
Abre as portas da História,
deixa passar a Vida!

Natália Correia

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Canção que me fica no ouvido: "O Espírito da Paz" - Madredeus


Em memória do violoncelista Francisco Ribeiro, um dos fundadores dos Madredeus, que faleceu ontem, vítima de cancro.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Terras de Bouro no rolo das memórias: Banda de Música de Covas


A Banda de Música de Covas, em S. Mateus da Ribeira
(segundo informação de Manuel José M. M. Capela, in "Bandas Filarmónicas", edição da Banda de Música de Carvalheira, 2001)

Meu avô, Joaquim Martins Viana, o maestro da banda, está ao centro, em pé, no 7º lugar (no sentido da escrita).
Foi ainda possível identificar:
Em pé (no sentido da escrita): 1º-Maia (de Souto); 2º-João Araújo (Cochicho); 4º-Adolfo Dias (sapateiro); 5º-Manuel Oliveira (Nelinho do Aranha); 8º-António da Deolinda (alfaiate); 12º-José Oliveira (José do Chasco); 14º-Aires Nicolau (sapateiro); 18º-António Viana (meu tio-avô); ...
No chão (no mesmo sentido): 2º-Adelino Cunha (Lino da Estefânia-"Café Luar"); ...

Se algum "visitante" do "Pass'Aarão" (re)conhecer mais alguém, diga, p.f., que eu irei atualizando "a legenda".

Um pouco de "história"...

Manuel José Capela, na obra citada na legenda da foto (pp. 68-69), informa que esta banda "tocou ao despique" com variadíssimas  bandas da região e atuou, como reconhecimento da sua categoria, nas Festas de S. João, em Braga, em 1931. Segundo o autor, a Banda de Música de Covas extinguiu-se "devido a rivalidades entre alguns dos seus componentes (especialmente entre os senhores Adolfo e Aires - mestres sapateiros na localidade) e desentendimento do Maestro Joaquim Viana com alguns dos elementos da dita Música. O senhor Viana foi para Regente da Música da Feira Nova (Amares) e o senhor José Pereira foi para executante da Banda de Vila Verde."
Segundo testemunho do meu pai, acresce outra razão à apontada: faziam parte de banda vários músicos de Valbom (S. Pedro e S. Martinho) e foi precisamente nessa época que houve um grande surto de emigração, sobretudo para o Brasil, América e, naturalmente, para a Europa. A banda ficou, por esse facto, muito desfalcada e, pouco motivada pelas desavenças intestinas, acabaria por extinguir-se.

Na página 99 e seguintes da referida obra, o "Sr. Capela" diz que foram "Maestros e Regentes da Banda de Carvalheira", entre outros: "Félix Almeida Martins Viana, de Salvador - Touvedo (Ponte da Barca), radicado em Covas, onde fora empregado do Correio e por fim  fogueteiro. Por desavenças na Música de Covas, onde era Maestro, passou a reger a Música de Carvalheira, onde era muito estimado mas... um dia em Pergoím, onde eram os ensaios da Música, alguém rasgou a camisa do seu filho Joaquim, que nessa altura também tocava na Banda de Carvalheira. O Mestre Félinhos não gostou da acção e... nunca mais dirigiu a Música carvalheirense."

Foi uma agradável novidade ter sabido que quer o meu bisavô, como maestro, quer o meu avô, como executante, inscreveram os seus nomes na antiquíssima e sempre jovem Banda Musical de Carvalheira, cuja atuação nas últimas Festas Concelhias de Terras de Bouro/2010 revelou grande jovialidade e promissora progessão artística.

Aqui, há português (in)correto... (6)


O pintor desta placa revela que há nele grande queda para a colocação, grave, dos acentos para a esquerda. Desafia-nos ainda, com especulações diárias, a adivinharmos o significado de "D ponto e vírgula" e "R dois pontos"  -  alguém consegue decifrar aquele código?

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

De regresso às aulas... com escolas fechadas!

À direita, a escola onde a minha mãe estudou (Chorense, Terras de Bouro), encerrada há um ano.

O presente ano letivo inicia-se sob o signo do encerramento de centenas de escolas. Na verdade, as escolas de aldeia que todos nós conhecemos já fazem parte do mundo da nostalgia, saudosista e poético.
Criadas pelo Estado Novo, estas escolas foram, no seu tempo, uma extraordinária resposta republicana à ignorância e ao obscurantismo reinantes, pois a monarquia pouco ou nada se importou com a alfabetização e a escolarização do povo.
Porém, face às exigências atuais, jamais seria possível insistir na "escolinha da terra", frequentada por um número muito reduzido de alunos, cuja socialização era nula, se não seriamente atrofiadora das suas personalidades. A escola de hoje deverá ser capaz de dar respostas pluridisciplinares, abrangentes e globalizantes, preparando as crianças para as exigências do presente e do futuro.
Eu próprio, quer na qualidade de autarca quer como membro do conselho pedagógico, visitava anualmente diversas escolas primárias e o que via era algo, confesso, confrangedor: escolas com um, dois, três ou meia dúzia alunos, que não tinham sequer a hipótese de saltar à corda, organizar uma "macaca" ou disputar uma bola!... E alguns professores (há que dizê-lo sem meias tintas) que se entregavam a um laxismo e a um absentismo francamente vergonhosos!
Hoje, o que está errado não é o encerramento dessas escolas e a consequente concentração em centros escolares; o que está errado é a insistência num “modelo” de desenvolvimento do território que tudo investe nos grandes centros urbanos e despreza por completo o mundo rural e a valorização da organização sócio-económica tradicional, ligada ao setor primário (agricultura, pecuária, gestão florestal, caça, pesca, mineração…), levando milhares e milhares de famílias a abandonarem as suas aldeias.

domingo, 12 de setembro de 2010

Canção que me fica no ouvido: "Porto Sentido" - Rui Veloso


Uma cançom linda comó carago por sugestom da "Nossa Zi", tá benhe?!...

Já nem na selva o leão é o que era!...


Reparem como o "leãozinho" está totalmente desconcentrado...
...muito mais preocupado com algo que se passa à sua volta.
E lá vai ele com o rabo entre as pernas!...

sábado, 11 de setembro de 2010

Hoje, proponho este poema: "Guerra", Cecília Meireles

Guerra

Tanto é o sangue
que os rios desistem de seu ritmo,
e o oceano delira
e rejeita as espumas vermelhas.

Tanto é o sangue
que até a lua se levanta horrível,
e erra nos lugares serenos,
sonâmbula de auréolas rubras,
com o fogo do inferno em suas madeixas.

Tanta é a morte
que nem os rostos se conhecem, lado a lado,
e os pedaços de corpo estão por ali como tábuas sem uso.

Oh, os dedos com alianças perdidos na lama...
Os olhos que já não pestanejam com a poeira...
As bocas de recados perdidos...
O coração dado aos vermes, dentro dos densos uniformes...

Tanta é a morte
que só as almas formariam colunas,
as almas desprendidas... — e alcançariam as estrelas.

E as máquinas de entranhas abertas,
e os cadáveres ainda armados,
e a terra com suas flores ardendo,
e os rios espavoridos como tigres, com suas máculas,
e este mar desvairado de incêndios e náufragos,
e a lua alucinada de seu testemunho,
e nós e vós, imunes,
chorando, apenas, sobre fotografias,
- tudo é um natural armar e desarmar de andaimes
entre tempos vagarosos,
sonhando arquiteturas.

Cecília Meireles

Camões, mesmo zarolho, era um grande visionário!...

Perdigão perdeu a pena
Não há mal que lhe não venha

Perdigão que o pensamento
Subiu a um alto lugar,
Perde a pena do voar,
Ganha a pena do tormento.
Não tem no ar nem no vento
Asas com que se sustenha:
Não há mal que lhe não venha.

Quis voar a uma alta torre,
Mas achou-se desasado;
E, vendo-se depenado,
De puro penado morre.
Se a queixumes se socorre,
Lança no fogo mais lenha:
Não há mal que lhe não venha.

Luís de Camões

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Últimas novidades do "A Cor do Horto Gráfico"...


O Aurélio Rui, conhecendo-me um defensor da evolução ortográfica da língua portuguesa, teve a gentileza de me enviar um e-mail com as mais recentes alterações semânticas impostas pelo documento que se designa "A Cor do Horto Gráfico".

Até Camões aplaude, republicanamente, esta última atualização do dicionário de língua portuguesa:

Abismado:       Sujeito que caiu de um abismo
Aspirado:         Carta de baralho completamente maluca
Assaltante:       Um 'A' que salta
Barracão:         Proíbe a entrada de caninos
Biscoito:          Fazer sexo duas vezes
Cleptomaníaco: Mania por Eric Clapton
Coitado:           Pessoa vítima de coito
Contribuir:       Ir para algum lugar com vários índios
Conversão:      Conversa prolongada
Coordenada:   Que não tem cor
Democracia:    Sistema de governo do inferno
Destilado:       Do lado contrário
Detergente:     Acto de prender seres humanos
Determine:      Prender a namorada do Mickey Mouse
Eficiência:       Estudo das propriedades da letra F
Estouro:         Boi que sofreu operação de mudança de sexo
Expedidor:     Mendigo que mudou de classe social
Halogéneo:     Forma de cumprimentar pessoas muito inteligentes
Homossexual: Sabão em pó para lavar as partes íntimas
Luz solar:       Sapato que emite luz por baixo
Ministério:     Aparelho de som de dimensões muito reduzidas
Ortográfico:   Horta feita com letras
Padrão:         Padre muito alto
Pornográfico: O mesmo que colocar no desenho
Presidiário:    Aquele que é preso diariamente
Pressupor:    Colocar preço em alguma coisa
Ratificar:       Tornar-se um rato
Testículo:      Texto pequeno
Tripulante:     Especialista em salto triplo
Violentamente: Viu com lentidão

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Quem disser "filho da p..." é um réprobo herege!... ou "Quem se meter com "eles" leva!..."

    


"CAUSADOR", NÃO... mas alguém terá dúvidas de que Laurentino Dias mexeu os cordelinhos (numa promíscua interferência da "política" no associativismo futeboleiro) para que Carlos Queiroz fosse de vela?...

Canção que me fica no ouvido: "Pão de Pedras" - Pedro Barroso

Pedro Barroso


Quando ouço Pedro Barroso, ecoa-me da sua voz a força de um homem paradigma das vidas saboreadas, dos gestos solidários e das palavras-energia.
Na apresentação do seu livro "A história maravilhosa do País bimbo: Subsídios para uma melhor compreensão sócio-antropológica de um país inverosímil à face de qualquer lógica comum", editado pela Calidum, em 2005 (cuja leitura aconselho vivamente a quem quiser conhecer(-se) o verdadeiro "Tuga"), tive a fortuna de experimentar um dos mais extraordinários momentos de cumplicidade de um artista com o público, numa espécie de concerto "à roda da fogueira".
Sei que Pedro Barroso se tornou "nosso" amigo através da poesia do João Luís Dias. Aliás, devemos ao João Luís as mais harmoniosas "construções com palavras" - POEMAS E RECADOS - e raros momentos de vivência cultural!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Terras de Bouro no rolo das memórias: alunos da Escola do Barreto

por volta de 1940

No tempo em que uma "sala" tinha 36 alunos, só rapazes!...
A "escola das raparigas", que funcionava na "Casa das Caseiras", na Corredoura, e da qual não conheço fotografias, teria, por sua vez, cerca de 30 alunas.
Hoje, é preciso juntar as crianças de todas a freguesias do Vale do Homem!...

Fila de Baixo - da esquerda para a direita: Domingos “Caseiro”, Eduardo Piscalho, Manuel Venâncio, Gabriel Melo, Abel Cochicho

2ª Fila - da esquerda para a direita: Chico “Caseiro”, Manuel da “Costa”, João do Cândido, José Leite Machado, Manuel Melo, Diamantino Viana (meu pai), Júlio Viana (meu tio), Adolfo Leite, António Formiga, Manuel da Quina, Isidoro (Casa de Cima), Delfim Araújo

3ª Fila - da esquerda para a direita: Abílio “Batata” (primo do Flor), António Machado, Fernando Rodrigues (meu tio - já falecido - marido da tia "Locas"), Artur Nicolau, Amadeu Aguiar, Adelino Cunha, António Nicolau, Manuel Quintas, Carlos Aguiar, Álvaro Dias, Arlindo Pereira

4ª Fila - da esquerda para a direita: Professor José António Oliveira - Artur Quintas, António Rodrigues, Evaristo Fernandes, Adelino Leite, António “Carteiro”, João Martins “Caseiro”, José Araújo (ex-Presidente da Câmara), José Nicolau.



Aquelas três janelas são da sala onde os 36 "rapazes" acima identificados tinham as aulas: a Escola da "Casa do Barreto"

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Hoje, proponho este poema: "As Mãos", Manuel Alegre

As Mãos

Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas, mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor, cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.

Manuel Alegre

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Dizem cada uma na Festa do Avante!...


Como se faz?!... Como se faz?!...

Cá p'ra mim, fácil, fácil - e altamente provável - é ser desempregado 
...e teso!

Aqui, há português (in)correto... (5)

"A ETERNIDADE DE UMA PAIXÃO"


O que verdadeiramente importa é a declaração do caráter "eterno" do "AMO-TE" e dizer convictamente à amada: "PRECIOSA, NUNCA TE ESQUEÇAS!"
...o resto são minudências desta "estrada da vida"!
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Porém, meses mais tarde...

"A EFEMERIDADE DE UMA PAIXÃO"
...a jura de amor "eterno" vai, agora, para a Kiduxa!

"MaisPortugal TV" apresenta ...um Paraíso Minhoto

domingo, 5 de setembro de 2010

Terras de Bouro no rolo das memórias: a Casa do Barreto


O meu amigo e barbeiro Carlos Leite, grande "caçador de memórias" de Terras de Bouro, despertou-me para a organização de um ficheiro informático de fotografias antigas.
Tenho já um espólio de cerca de 70 fotos (que devo também ao Adriano Chaves Afonso); no entanto, admito que muitas mais haverá por aí e, eventualmente, perder-se-ão se continuarem no fundo da velha caixa.
Desafio, daqui, todos aqueles que têm fotos com "memórias de décadas" que façam o obséquio de as facultarem ao "Pass'Arão". Obrigado!

Canção que me fica no ouvido: "Cavalo à Solta" - Fernando Tordo



(Hoje, deu-me para um certo saudosismo!...)

sábado, 4 de setembro de 2010

Espero um fim de semana "p'ra ganhar coragem", mas o início é bastante depressivo!...

  

     

Como era previsível, as manchetes de todos os jornais de hoje destacam o julgamento do caso "Casa Pia".
Nestas questões da justiça não meto "foice", pois muito pouco entendo de processos judiciários. Uma coisa eu sei: tudo se arrastou por demasiado tempo e, pelo que me apercebo, arrastar-se-á por muito mais...
Como não sei julgar, recorro a este lugar comum: que os culpados sejam condenados, os inocentes ilibados e as vítimas ressarcidas (se é que isso é possível!)...

  

E sobre a NOSSA SELEÇÃO... que dizer?
Será que a Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP) foi incomodar, "às altas horas da madrugada", os nossso craques?!...

P.S.:  uma nota de pesar pelo falecimento do "magriço" JOSÉ TORRES, um dos "ídolos" da minha adolescência.

Hoje, proponho este poema: "Se um Dia a Juventude Voltasse", Al Berto

Se um Dia a Juventude Voltasse

se um dia a juventude voltasse
na pele das serpentes atravessaria toda a memória
com a língua em teus cabelos dormiria no sossego
da noite transformada em pássaro de lume cortante
como a navalha de vidro que nos sinaliza a vida

sulcaria com as unhas o medo de te perder... eu
veleiro sem madrugadas nem promessas nem riqueza
apenas um vazio sem dimensão nas algibeiras
porque só aquele que nada possui e tudo partilhou
pode devassar a noite doutros corpos inocentes
sem se ferir no esplendor breve do amor

depois... mudaria de nome de casa de cidade de rio
de noite visitaria amigos que pouco dormem e têm gatos
mas aconteça o que tem de acontecer
não estou triste não tenho projectos nem ambições
guardo a fera que segrega a insónia e solta os ventos
espalho a saliva das visões pela demorada noite
onde deambula a melancolia lunar do corpo

mas se a juventude viesse novamente do fundo de mim
com suas raízes de escamas em forma de coração
e me chegasse à boca a sombra do rosto esquecido
pegaria sem hesitações no leme do frágil barco... eu
humilde e cansado piloto
que só de te sonhar me morro de aflição

Al Berto

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Aqui, há português (in)correto... (4)

"pim-pam-pum
cada bola mata um,
p´rá galinha e p´ró perú,
quem leva a cedilha és mesmo... tu!"

Ora aqui está um caso em que o novo acordo ortográfico resolverá o problema!...

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O POVO NO PODER... Ôoh!... O POVO NO PODER... Ôoh!...

Durante as manifestações de ontem em Maputo, os manifestantes gritaram "o povo no poder", uma frase emblemática, que é também um "rap" de um conhecido cantor moçambicano, Azagaia. Em declarações citadas pela Lusa, o cantor mostrou-se cauteloso: "É difícil avaliar até que ponto poderei ter influenciado as pessoas, mas uma coisa é certa: tanto eu como Azagaia, e se calhar o fenómeno social Azagaia, e também a imprensa nacional, tudo isto combinado, faz com que as pessoas se sintam mais libertas para dizer o que pensam, o que acham".

Ouça o “rap” que está a incendiar Maputo.

Fonte: http://tv1.rtp.pt/noticias/?headline=46&visual=9&tm=7&t=O-rap-que-incendeia-Maputo.rtp&article=372170

Juniores do S.C.Braga (época 1975-76) em Terras de Bouro

No próximo sábado, dia 04 de setembro, a equipa de Juniores do Sporting Clube de Braga, da época 1975-76, vai  concentrar-se em Terras de Bouro para mais um (re)encontro anual.
Tive o privilégio de fazer parte deste fantástico grupo de jogadores (comandados por um grande condutor de homens, Carlos Baptista), que projetaram o futebol júnior do S.C.Braga para patamares de excelência... hoje, todos cinquentões de muitas brancas e algumas proeminentes barriguinhas.

Em cima (da esq. para drt):  Rebelo (dir.), José Mário (massagista), Orlando (seccionista), Chico, Louro, Ricardo, Lito, Ramôa, Nogueira, Tó Zé, Bonjardim, Melo, João Pinto, Nelito, Zé Mário, Carlos Baptista (treinador), ? e Joaquim (roupeiro e sapateiro);
Em baixo (da esq. para drt):  Ernesto, Rafael, João, Raimundo, M. Cracel, Mingos, Quim (cap.), Eduardo, Raúl, Porfírio (e Rifa).
Da esq para drt: Ramôa, Lito, M. Cracel, Mingos, Eduardo, Bonjardim, João Pinto e Nelito.

Com o meu primo Zé Manel Cracel (jogador da equipa de juvenis, campeã regional norte e finalista da Taça Nacional de Juvenis)

Com o "mister" Carlos Baptista