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segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

A Falta de Graça

Leitura de um interessante debate - que de todo desconhecia - sobre um dos filmes da minha vida, «A Minha Noite em Casa de Maud», de Rohmer. No número 162 da revista «Rumo» Carlos Pontes Leça e Luís Margarido Correia começam o diálogo algo irritantemente, denegando alguma masculinidade ao protagonista, confundindo a hesitação oriunda da timidez com a das preocupações de coerência numa planificação da vida, que é a que está presente. A conversa ganha fôlego quando passam a abordar a problemática religiosa na formação das personagens e, em especial, o papel do ideal de Santidade na vida de um católico. Mas é estranho que, ao increpar a resignação de Trintignant face à ausência da Graça que lhe permitisse o Salto moral de Resgate, sublinhando muito bem a obrigação que um Crente deve fixar, ideal e, tanto quanto possível, consequentemente, à importância da acção respectiva, não tenham feito a ligação a este passo essencial que aqui postei. O Jansenismo e Pascal não andam lá por acaso, mas porque, sem cairem na capitulação atentatória da dignidade que é a Predestinação, transmitem um tonus de enfraquecimento da vontade, na medida do reconhecimento da ausência ou presença de uma "quase vocação própria e prévia" para a Perfeição, ou uma menor imperfeição.
Assim como em duas católicas mentes parece pouco caridosa a despromoção de Maud face a Françoise, pela luta com a culpa com que esta se debate. É que a relevância de ambas reside na concorrência que exercem no espírito e desejo do mesmo homem, não temos dados suficientes para avaliar as respectivas complexidades integrais. E aí pode sempre argumentar-se que não há triunfo do perdão da culpada religiosa sobre a atracção da inocente sem Fé, mas apenas a vitória da pré-programação de casar com uma Mulher loura e Católica. E nessa adequação ao aprioristicamente estabelecido se estenderia a crítica mais subtil e bem-humorada ao espírito Jansenista, como aqui é apresentado...

sexta-feira, 30 de março de 2007

O Melhor Bocado

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Alguém que o é, realmente, defendeu na blogosfera ser contrário ao Cristianismo originário e à tradição mais fiel a ele a escolha de um Governante, direi antes do Governante por definição, para maior português de sempre. Venho aqui lavrar contestação: o preceito evangélico "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus" obriga a reconhecer a grandeza aos detentores do poder, desde que ela neles habite, evidentemente. Não o fazer é que seria infringir o Divino Comando, porquanto, mesmo comparativa, pode ser atributo de quem administra este Mundo. E como fica Deus nisto tudo e Os que a Ele aspiram com mais intensidade? Simples, esse caminho é o da humildade que renuncia a ser grande para mais próximo se situar do Senhor. Essa é a perfeição possível, mais estimável ainda do que a dimensão perceptível mais generalizadamente, que não exclui, antes deseja, como colaboradora na homenagem humana ao Criador. Não há infantilidade nem menoridade em honrar quem exerceu o poder terreno na direcção do Bem Comum, negá-lo é que seria despeito e revolta irreconciliáveis com a Esfera Divina, pois duas são as Vias que levam ao Pai: a dos Santos e a dos Justos, entendendo-se por estes não apenas os de recta acção, como também os que aplicaram a Divina Virtude (Cardeal) da Justiça no exercício da autoridade pública. Nesse sentido, blasfémia maior será insurgir-se contra o "paternalismo", em nome da irreverência que costuma ser apanágio da adolescência, fruto do orgulho insensato e egotista de quem pouco se conhece. Não, no caso, o Indivíduo, mas a atitude que não se sente confortável em louvar o que está mais alto, por temer ingenuamente ofuscar o Altíssimo. Ou que se deixa contaminar pela constatação da microscópica composição dos políticos em redor e nega a existência de Estadistas, em função dela...