terça-feira, 5 de fevereiro de 2008
quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
Do Drama Ao Enjoo
O Suicida
Quereria acrescentar uma nota sobre o tema na Pátria do Pintor: os Franceses são pródigos em reverter para os Ingleses tudo o que desconsideram. Mesmo coisas que lhes sáo geralmente atribuídas. A sífilis, conhecida em todo o lado como Mal Francês, é dada por eles como Mal Espanhol, pretendidamente trazida pelos companheiros de Colombo para Nápoles, pelo que igualmente lhe chamam Mal Napolitano. Toda a outra gente diz que sair sem se despedir é fazê-lo à francesa; mas lá estão eles a contrariar, dizendo que é à inglesa. Seria ainda mais ocioso que suicidar-se - e, em todo o caso, fazê-lo como escritor credível - tentar imputar aos habitantes da Albion a prática, no seu todo. Mas Etienne de Jouy não hesitou em dizer que a maior objecção contra o suicídio é que ele encontra frequentemente a fonte numa vil mania que nos vem de Inglaterra e que nós tomámos por moda, como os jockeys e os cavalos de cauda curta, as «Noites» de Young e spencers. Os ingleses matam-se para se desenfastiar. Deixemos-lhes esse passatempo que não convém ao nosso carácter nem ao nosso clima.
E, contudo, o delírio como prefácio acaba por ser truque expedito para transformar uma sentença moral de conclusão quase num dito de espírito:
o suicídio é frequentemente um crime, por vezes uma mania, raramente uma desculpa e quase sempre um erro de cálculo.
Posted by O Réprobo at 22:09 5 anátemas
Atalhos: França, Inglaterra, Morte
terça-feira, 15 de janeiro de 2008
Consumo Público
sábado, 12 de janeiro de 2008
Os Anéis da Cascavel
Mais grave era o caso, relatado numa carta magnífica a Ferreira de Castro, creio que por Jaime Brasil, entre as coligidas pelo Compadre RAA: um conhecido deles, viúvo, que, na iminência de um segundo casamento, derretera as duas alianças do primeiro para fazer uma só, "a dele, porque se teriam passado a usar mais grossas"!".
Num caso, o altruísmo da outorga da propriedade dos sentimentos, no outro o egoísmo da Avareza!
Nota acrescentada em 13/1: informa o Incansável Investigador citado, em comentário, que o relator epistolar da reciclagem da ourivesaria matrimonial foi Roberto Nobre e não Jaime Brasil. Nada como ter a chancela da Autoridade!
Posted by O Réprobo at 23:12 8 anátemas
sexta-feira, 28 de dezembro de 2007
Faraós, Múmias e Camelos
Em primeiro lugar, cumpre lamentar que no dia de hoje, em Países Cristãos, se pareça pensar que a Fuga para o Egipto diz respeito a este périplo. Depois, não percebo a admiração, tanto compararam o Presidente Francês ao primeiro Bonaparte que ele, sabedor do episódio célebre do outro termo da comparação, deve ter achado que os quarenta séculos das Pirâmides teriam muito mais gosto em contemplar a Bruni do que os soldados de França. Como diria o célebre professor encarnado por Agildo Ribeiro, aquele que chamava "múmia paralítica" ao vigilante, a BruuuuuuunI!!!...
Depois, não percebo o espanto com o fausto de uma visita que vai cirandar por uma terra de nome LUXOr...
E chegamos à vaca fria, quer dizer, ao momento de falar a sério. Os políticos oposicionistas interrogam-se sobre quais os ganhos que serão dados ao patrocinador, como contrapartida. A questão é legítima e pertinente, já tivemos um caso paralelo com umas férias oferecias a José (então Durão) Barroso por um empresário. A minha resposta é de que o caso português cheirava pior: com personalidades senhoras de uma imagem tão namoradeira das câmaras e objectivas como o casal excursionista, o sponsor pode defender-se dizendo que o seu lucro foi ver o nome associado a eles.
Alguém concebe a mesma justificação tendo por base o actual Presidente da Comissão Europeia?
Posted by O Réprobo at 20:13 8 anátemas
Atalhos: Actualidade, França, História, Mulher
segunda-feira, 29 de outubro de 2007
O Nó do Problema
Antes de discutir se o principal ponto do abandono pelo Presidente Sarkozy da entrevista em que uma jornalista o interrogou sobre a solidão em que Cécilia o deixou é ou não o problema do nó, gostaria de chamar a atenção para o papel precursor de Santana Lopes, quando se retirou por lhe ver preferido nas prioridades Mourinho; e para a notícia do fim de semana, em que o jogador italiano Cassano saiu dum jogo por não concordar com uma decisão do árbitro. O que os três episódios têm em comum é remeterem para questões de estatuto. O do atleta transalpino é censurável, na medida em que consiste numa subtracção a autoridade que se tinha comprometido a aceitar. O do Político Luso, já por mim abordado, muito compreensível, por recusar que fosse levada às últimas consequências a inversão de hierarquia entre quem tem a incumbência de noticiar e quem tem a capacidade de tomar decisões a que seja dada relevância noticiosa, apesar das transigências que a dependência dos votos e das câmaras impõe.
E o Chefe de Estado Francês? Claro que está no seu pleníssimo direito de não expor detalhes da vida matrimonial, como qualquer outro cidadão. Mas não assim no "profissionalismo" dos membros das Famílias Reais, sabedores de que a privacidade que podem reivindicar é muito mais reduzida do que a do vulgo, desde os tempos em que as Rainhas de França davam à luz em público. A medida da incompetência da jornalista esteve em não se ter apercebido de que inquirir um político eleito é incompatível com a nostalgia da Royauté. E de que a postura dos entrevistados está longe do sonho dos entrevistadores, de um abandono à sua condução, num relacionamento frio e sem afecto.
Posted by O Réprobo at 19:18 0 anátemas
Atalhos: Actualidade, Família, França, Poder, TV
sexta-feira, 26 de outubro de 2007
Milho Verde
Posted by O Réprobo at 12:47 2 anátemas
Atalhos: França, partidocracia, revolucionários
terça-feira, 14 de agosto de 2007
A Coerência Democrática
Que espanta? Nas letras Claudel também publicou um poema laudatório dirigido ao Condenado, quando ele estava por cima. E quatro anos depois, outro, ao político que mais pesou neste exemplar acto judicial...
Ao contrário, o Réu, como única defesa, proferiu:
Ao vosso julgamento responderá o de Deus e o da posteridade. Eles serão suficientes à minha consciência e à minha memória. Confio-me à França.
Apesar da odiosa fantochada nunca se alterou.
quarta-feira, 8 de agosto de 2007
Desmitificação do Ogre
Posted by O Réprobo at 20:38 0 anátemas
Atalhos: Actualidade, França, partidocracia
quinta-feira, 5 de julho de 2007
Quando o Telefone Toca...
Je m'engage à servir ses disciplines et à rester fidèle à sa personne et à son oeuvre.
François Mitterrand
Essa foi fácil, Caríssimo Carlos Portugal! Foi só digitar Mitterrand 1943 e saltou, fresquinha. Como brinde ainda Lhe deixo a declaração cerimonial do agraciado com a Francisque. Aquele abraço.
Posted by O Réprobo at 18:35 4 anátemas
Atalhos: França, História, partidocracia
segunda-feira, 18 de junho de 2007
Sem Fazer Ondas
Pronto, Nicolas Sarkozy lá tem a sua maioria, mas sem ser o vagalhão previsto, que lhe tinha permitido o sonho de surfar. De tanto tocar a rebate, o PSF conseguiu convencer os eleitores adversários de que eram "favas contadas", os seus da mobilização geral e os oscilantes da sua imprescindibilidade parlamentar. Resultado: obtiveram uns bons quarenta deputados de acréscimo, relativamente às últimas legislativas, entre os quais cinco dezenas de royalistes que pareciam ameaçados. Como o seu ex-qualquer coisa Hollande também meteu quase outros tantos partidários, provou-se que dois é bom, noventa e tal é demais; e o casal anunciou a sua separação.
De resto importa parafrasear Bernanos: la majorité pour quoi-faire? O que mais me irrita nesta Direita é o primado do Económico sobre as questões político-morais, no discurso. Neste contexto dou graças aos Céus por ter sido derrotado Alain Juppé, a ponte que o Chefe de Estado queria fazer com o chiraquismo. Para além de me agradar ver um cúmplice de malfeitorias cadastradas obrigado politicamente à demissão, agora que o ex-presidente perdeu a imunidade, vislumbro, com este sinal, um encorajamento a que do Eliseu não venha, em caso de condenação, um qualquer perdão presidencial dum inimigo dentro do aparelho gaulista, em nome da "abrangência" - conceito estimável que poderia tornar-se uma fixação.
Resultados ontem corrigidos em baixa, como hoje o foi a cotação bolsística das acções do Benfica.
Posted by O Réprobo at 11:58 0 anátemas
Atalhos: Actualidade, Eleições, França
segunda-feira, 11 de junho de 2007
Vagas Eleiçoeiras
No resto, Madame Royal anda entretida em ser Presidente de alguma coisa, nem que seja do próprio partido, cargo a criar, para não afrontar demasiado o Primeiro-Secretário com quem partilha a vida, apesar de este poder vir a ser posto na alheta, caso aí uma metade do grupo parlamentar do PSF seja varrida da assembleia.
Ah! e o Sr. Bayrou? Pois, o MoDEM provou não ser o dispositivo adequado para ligar o Centrismo ao eleitorado.
Mas atenção, as votações mais expressivas são as que podem comportar maiores desilusões, apesar de o discurso unitário do momento me parecer merecedor de apreço. Não sei é por quanto tempo um regime de conflitos permitirá mantê-lo.
Posted by O Réprobo at 11:49 0 anátemas
sexta-feira, 18 de maio de 2007
Uma Esquerda de Mestre?
É um Bando dos Quatro. Não porque tenha cometido malfeitorias equivalentes, mas porque a solicitação deles para que integrassem a equipa dirigente vinda do outro lado é uma verdadeira "Revolução Cultural" na rotina política do Pais. Os nomes: Claude Allègre - o coveiro da PUF -, Anne Lauvergeon, Hubert Védrine, Bernard Kouchner. Os convites geraram logo rangeres de dentes dos aparelhos partidários: na Maioria com desabafos à boca pequena de que um estaria muito bem, mas quatro em quinze ministros seria levar a governação para a Gauche. No PSF, transformando François Hollande em controleiro, ao declarar inaceitavel a cooperação de inscritos no Partido com o inimigo e o inefável Maire de Paris a adoptar linguagem ameaçadora para os "traidores". Três recusas terão resolvido os embaraços maiores da questão. E o que cedeu acaba por ser o menos significativo, embora o mais popular deles. Kouchner, apesar do cartão de militante, sempre se moveu com uma autonomia que o transformava em sucessor de Tapie como a amante cara dos socialistas. É um homem paradoxal, com uma vontade efectiva de realizar boas obras, mas uma quasi-patológica - e e todo o caso infantil - necessidade de aparecer a protagonizá-las para o Grande Público. As explicações que se vão dando para a sua nomeação em vez de Védrine para as Relações Exteriores, o seu pendor filoisraelita, confrontado com o extremo anti-sionismo do outro ministeriável, cai pela base, dado o preenchimento da vaga ter tido origem na nega deste último e não numa retirada do convite em função das propaladas pressões da Comunidade Judaica. Mas creio que a razão última da abertura de Sarkozy não foi ditada pela Política Externa, antes pela vontade de emitir sinais para os compatriotas. Quer dizer, pelo privilégio da abrangência da Nação, contra o fraccionismo dos partidos. Precisamente o contrário do que Royal fez, pressionando os seus pares para uma designação imediata do candidato ao próximo despique, daqui a cinco anos, oferecendo-se, modestamente para o cargo. Se achava assim tão vital a alteração, mandaria o pudor que não se disponibilizasse. Estou a gostar da forma como um soube ganhar e a entristecer-me com a maneira como a outra não mostra saber perder. Dentro do triste espectáculo que é sempre uma corrida divisionista, claro está.
Posted by O Réprobo at 12:30 4 anátemas
Atalhos: Eleições, França, partidocracia
terça-feira, 15 de maio de 2007
domingo, 6 de maio de 2007
Belle du Jour
Já no plano estético que substitua as curvas pela recta analítica, tenho de sublinhar as diferenças de reacções e como faz diferença a Reacção. O vencedor fez um discurso para o Futuro que diz querer tornar sorridente, a bela vencida discursou sorridente para tornar a ter um Futuro, pois já há gente a querer abocanhar-lhe a sucessão como disputante eleitoral do PSF. E, vendo a animosidade dos azuis contra Royal, emendada pelo seu herói triunfante, tal como a de Ségó contra o seu rival, aclamada pela multidão dos vermelhos que a confortava, dei comigo a olhar para o Branco, cor do meio do pavilhão tricolor e nom adoptado pelos fiéis à Realeza Franca, que não punha uma metade da Nação contra a outra...
Logo, cedendo a uma fraqueza contra a qual não posso lutar, dei comigo a lamentar que, em vez da Royalté não esteja a chefiar o estado francês uma Royauté; e a felicitar-me por não ir nos cantos das sereias republicanas, as tais que só têm a metade das escamas...
quinta-feira, 26 de abril de 2007
Explicação dos Pássaros
Posted by O Réprobo at 18:22 7 anátemas
Atalhos: Eleições, França, partidocracia
quinta-feira, 19 de abril de 2007
Desconsiderações Sobre a França
Joseph de Maistre in Considerações Sobre a França
A conquista do Ar, de Roger La Fresnaye
Apoderei-me propositadamente desta imagem para ilustrar o que me vai na alma enquanto tocaio o triste espectáculo de uma eleição presidencial mais em França. A pintura foi concebida para comemorar os êxitos pioneiros da aviação francesa, porém a mesa vazia e o desconsolo da ilegitimidade tricolor a voar parecem-me mais do que apropriados para exprimir o atentado que é a prevaricação em preencher por papeluchos, o lugar que foi de São Luís, isto é, a patética tentativa de se apoderar do vazio.
E, no entanto, o mal não está nas pessoas. Os candidatos são melhores do que a V República habituou. Até aqui, tínhamos a arrogância como imagem de marca, De Gaulle à cabeça, olhando de alto do seu metro e noventa e sete, fingindo lutar contra a decadência ao trucidar os que estavam na mó de baixo, camuflando com "passos históricos" as cedências vergonhosas cuja rejeição prometida lhe tinham valido o Poder. Pompidou pouco contou, mas a sua afabilidade relativa não escondia a presunção da nata financeira donde foi extraído. Giscard tinha o olhar altaneiro e não tinha mais, salvo as perigosas ligações diamantíferas a circenses Napoleões africanos. Mitterand nunca a escondeu, por detrás do florentinismo com que enrolou família e País. Até alguém vindo dos meios católicos, como Delors, não conseguia evitar os tiques da auto-suficiência pesporrente com que amassava as tradições nacionais sob o rolo compressor burocrático.
Na última eleição tocou-se no fundo, com um burlão comum a vencer, depois de eliminado o Jospin de anedota, homem cujo drama reside em não ver a opinião que faz da sua estatura política corroborada por alguém mais, o que significa que a justiça não se sumiu de todo.
Perante isto, Sarkozy, que adoptou alguns dos tiques dos seus predecessores gaulistas parece uma esperança redentora, pois consegue fazer da antipatia peculiar aos litigantes dos sufrágios um sinal de decisão. Que é aquilo por que os franceses mais suspiram, massacrados pela regular criminalidade protestatária.
Madame Royal estava longe de ser, como a querem fazer os seus compatriotas e a extensão portuguesa deles, apenas uma carinha-laroca. Tinha, realmente, uma panóplia de propostas substantivas que, contudo, teve de meter na carteira, porque não agradavam à sua base de apoio. A descentralização era incompatível com o jacobinismo legiferante caro aos militantes socialistas gauleses. O ambientalismo é por eles tido como mero apêndice eleitoral, não cativa, para além do que os Verdes possam acrescentar a uma maioria. A reforma do Serviço Público é impensável no partido cuja maior base de apoio está, justamente, nos funcionários do Estado. E vamos ver até que ponto foi um erro afirmar firmeza no combate ao crime sem aceitar a descida da idade de responsabilidade penal, dado constatar-se a preponderância juvenil no recenseamento etário da criminalidade.
O Sr. Bayrou, creio-o, na verdade, bom homem, tanto quanto um político o pode ser. Mas, de cada vez que é inquirido sobre propostas concretas, só lhe saem frases ocas sobre "a necessidade de políticas novas", com o engasgo subsequente quando lhe pedem para precisar, bem como o aprofundamento em abstracto da União Europeia. Faz lembrar o actual Presidente da Comissão, com mais bonomia, não admirando que lhe teça os encómios que invariavelmente debita.
E Le Pen já não é o mesmo. À transigência em correr com as regras do Sistema este Réprobo, maior do que o que escreve, soma agora a rendição perante as inovações instiladas pela filha e presuntiva herdeira, tacitamente capitulando perante a convicção - e não já mera aceitação - republicana, eleiçoeira e abortista com que se pretendeu renovar no Campo Nacional. O seu corajoso combate ameaça diluir-se numa progressiva indiferenciação.
Perante isto, não se pode concluir por coisa diferente de que, apesar da melhoria no material humano, as contingências impostas pelo regime e pelo Arco Consensual continuarão a fazer das paragens que condenaram Maurras um péssimo exemplo para o Mundo. Pode-se seguir o espectáculo, mas como de baixa comédia que é.
Posted by O Réprobo at 15:01 6 anátemas