Eu saio marcado
Como um animal que você adestrou por esses anos
E agora, sem sonhos, sem planos
Eu ando cambaleante
Por entre esquinas da cidade delirante
Com a insegurança de quem sai da prisão
E tem a liberdade como única conhecida
O céu não é o mesmo de quatro anos atrás
Os pássaros ganharam penas e asas novas
E as minhas velhas asas são provas
De que da vida eu estive ausente
E agora eu a encaro novamente
Com a estranheza de um cego que recupera a visão
E liberta da escuridão a sua alma aflita.
Anderson Lopes
18 de dezembro de 2011
16 de dezembro de 2011
Anti-inspiração
Eu sei que não está sendo fácil pra você
Dormir e e acordar comigo
Não tenho sido capaz de sentir nem provocar prazer
O sexo não me torna mais vivo
Você está cada vez menos mulher
Já que seu homem se entregou ao total desgaste do ser
e não endurece como você gosta e necessita
E só deseja ser outro ser para se esconder
Mulher de homem sem poesia
Triste musa abandonada
Lua apagada
Anti-inspiração
Poeta sem poesia é homem sem dinheiro
Passa dias inteiros
Com a folha em branco na mão.
Anderson lopes
15 de dezembro de 2011
Céu de Dezembro
Começo de Dezembro
Não quero fechar os olhos e enxergar lá dentro
E ver a bagunça que ficou a minha alma
Depois da embriaguês dos meses que se foram
Não quero fechar os olhos e enxergar lá dentro
E ver a bagunça que ficou a minha alma
Depois da embriaguês dos meses que se foram
Dezembro veio e me pegou de ressaca
Deparou-se com a minha cara
Imersa em água fria
Odeio quando ele chega
Fazendo cobranças
Trazendo sempre essa tristeza que caracteriza os finais
Infelizes.
Anderson Lopes
16 de novembro de 2011
O Vento Que Te Trouxe De Volta
A saudade que esse vento traz
E as lembranças que eu não queria mais...
O vento soprou e trouxe tudo de volta
Jogou as poeiras por debaixo da porta
Sujando o que eu já havia limpadado
Ah, o vento, esse menino mal criado
Que revira o lixo recolhido
E sopra em meus ouvidos
O que eu já tinha esquecido...
Anderson lopes
30 de outubro de 2011
Bruna
Quanta dor há naquela menina
Tão nova ainda
E a tristeza já fez morada
A vida pesa
Naquelas mãos delicadas
Amores já viveu
Com a experiência de mulher já feita
Amores já perdeu
Já derramou prantos de viúva aflita
A pele muito jovem
Reveste a alma envelhecida
E quanta alma há naquela menina
Transborda em seu corpo
Como o mar que a praia invade
E arranca o cais em noite de tempestade
Com a mesma força que tem a saudade
Em seu peito ainda em formação.
Anderson Lopes
24 de outubro de 2011
Ele e o Mar
Espera
Voltei Pro Samba
22 de outubro de 2011
Sem Apetite
Noite de São João
16 de outubro de 2011
Do Menino Que Eu Fui
Cadeira de Balanço
10 de setembro de 2011
Um Poema Novo
23 de agosto de 2011
O Que Me Afastou De Ti
9 de agosto de 2011
Jogado Na Calçada
Jogado na calçada
Derrubado pela vida
Vomitando restos de alma
Misturados com bebida
Nada dentro de mim
Nada fora
Jogado na calçada
Chamando a atenção de quem passa
Quem há de negar a minha existência
Enquanto eu estiver jogado na calçada?
[Dan S. John]
Noite Solitária
Embriago-me com a sua falta
Até que a minha mente te reconstrói:
Você na minha sala
Sem roupa, sem armas
Você suscetível
Tão no meu nível
Curtindo o som do Doors
Cantando alto
Perdendo a voz
Dançando com o sexo ao vento
Ardendo em chamas por dentro
Come on, baby, light my fire
E incendeie esta noite solitária
Até o dia vir apagar o nosso fogo...
A bebida acaba
E você se vai com o último gole
Adeus, baby
Até o próximo porre.
[Dan S. John]
29 de julho de 2011
Reabilitação
Ela está tentando se reerguer
Depois da última overdose
Consumiu a vida em excesso
E vida em excesso é droga pesada
Morte anunciada
Misturou álcool, amor e ódio
Tudo no mesmo copo
E depois de vários cigarros
Vários tragos de desesperança
Viu sua alma evaporar feito fumaça
É assim toda vez que a tristeza a abraça
E a seduz como um vício sem cura.
[Anderson Lopes]
28 de julho de 2011
Anestesia
Álcool, cigarros e poesia
O vício me anestesia
E a falta do teu amor não me dói
Mas sempre chega o dia
A ressaca
As cinzas
E as palavras de agonia
São registros de uma noite vazia
O meu corpo se esfria
E a necessidade do teu calor
Faz doer até a alma
Aí vem o vício e me acalma
E o meu coração para
De bater por você
[Dan S. John]
Lógica Alcoólica
Confesso, eu sou um desastre
E longe de você eu vou de mal a pior
E como um kamikaze
Lanço-me em queda livre e retorno ao pó
Corre álcool em minhas veias
Já que você sugou todo o meu sangue
Tenho um coração embriagado
Uma garrafa de vodka pulsante
Eu sou apenas um bêbado solitário
E você o meu delírio constante
Perco-me na minha lógica alcoólica]
Consumindo aos goles o seu amor viciante.
[Dan S. John]
27 de julho de 2011
Volto Para o Meu Luto
Volto outra vez para o meu luto
Tiro o seu branco e visto o meu escuro
Volto outra vez a ser sozinho
Bicho acuado e sem carinho
Volto a te ver daqui da jaula
Volto a sentir a sua falta
Volto a querer morrer de tédio
Volto a consumir os meus remédios
Você morreu para mim
E levou a minha vida para o túmulo
Rosas vermelhas enfeitam o seu caixão
Na tentativa de colorir o meu mundo
Luto
Volto para o meu luto
E não luto contra a minha sina
Luto
Volto para o meu luto
Volto para o lado negro da vida
[Dan S. John, ouvindo Back To Black de Amy Winehouse]
Em Outros Vícios
Venha ver eu me destruindo
Talvez há algum pedaço meu que te sirva de adereço
Venha dizer que eu mereço
Um fim trágico assim
Venha ver eu ser rejeitado no céu
E ser condenado a viver mil anos sem amor
Venha vingar a sua dor
E todo o mal que eu te causei
Venha ver o inferno que você me desejou
Nele há tudo de ti que eu não gosto
Venha ver eu tentando me achar em outros vícios
E me evaporar sem deixar vestígios
Venha andar sobre os destroços de mim
E erguer o meu coração ferido
Como um troféu.
[Anderson Lopes]
25 de julho de 2011
Quando o Baseado Acaba
É quando o sol brilha na manhã cinzenta
Que eu percebo o quão dele eu preciso
A noite tem feito estragos
E eu insisto em estar vivo
Quando o baseado acaba
A sobriedade é o mais terrível castigo
A minha alma trepa com o meu corpo
Sussurrando obscenidades em meu ouvido
Eu sinto o meu peso sobre o piso
E a dor da certeza de que eu existo
Oh, eu existo!
[Dan S. John ]
Guerra Pagã
Ela é a minha mulher de Atenas
Tão pequena e tão frágil
Num trago torna-se grande e ágil
Lutando ao lado do seu homem
Numa guerra pagã
Ela é a minha Helena
E toda noite foge comigo
Dois bêbados em busca de prazer e perigo
A procura de quem nos afronte
Numa guerra pagã.
[Dan S. John]
Você Sabia Que Eu Não Presto
Eu disse que eu não presto
Que não tenho casa
Portanto não tenho hora para chegar
Em nenhum lugar
Você sabia que eu fumo
Que costumo encher a cara
E que não sou capaz de amar
Estando num balcão de um bar
Eu trituro a minha vida
Para consumi-la em pó
Oh, baby, eu não sou erva que se cheire
Sou pedra quebrando tudo ao meu redor
Eu vou te levar para o poço
Fuja de mim antes que eu te envolva na minha teia de desgraças
Oh, baby, você sabia que eu não presto
Volte para os seus pais e me deixe só com minha cachaça.
[Dan S. John]
19 de junho de 2011
Aquele Fim
Bebeu
Tragou
Tragou
Injetou Ódio no peito
E saiu para dançar
Injuriado
Sem nada a perder
Sem tempo a ganhar
Atravessou a avenida
Movimentada
Enfurecida
Perdeu-se entre os carros
Achou-se em pedaços
Nos braços da morte
Azar ou sorte
Aquele fim?
[,anderson lopes]
15 de maio de 2011
Eu e o Tempo
Cai sobre os meus pés o tempo
Sem medo de ir adiante
Eu não me rendo
Ao tamanho e ao peso do tempo
E sigo em frente
Semeando
O futuro que eu quero colher
Enterrando
O passado que eu quero esquecer
Usufruindo
O momento que estou a viver
E o tempo
Antes implacável
E senhor de si
Rende-se ao ver
Que sobre mim ele não pesa
Que sobre mim ele não tem poder
'...E o tempo se rói
Com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor
Pra tentar reviver...
[Anderson Lopes__ 'trecho da canção Resposta ao Tempo, de Aldir Blanc]
14 de maio de 2011
Sóbrio
Nenhuma dose
Nenhum trago
Insuportavelmente sóbrio
Nenhuma pílula para aliviar
Nenhuma arma para descarregar
Nenhum abrigo para eu me refugiar
Nenhum sentido
Nenhum inimigo
Para me desafiar
Nem mesmo uma segunda cara
Eu tenho para disfarçar.
[Anderson Lopes]
13 de maio de 2011
Este Cara
Este cara que tu vês
Na mesa do bar
Não é o mesmo cara que se fez
De suor
Antes do sol raiar
Este cara é o outro que habita no outro
Que pede socorro
Que bebe por todos
Que amam sem poupar dor
Este cara é o oco
É o nada no todo
É vitima e refém do teu amor.
[Anderson Lopes]
2 de abril de 2011
Tudo Bem
Tudo bem
Eu vou me ajeitar por aqui
Eu vou me acertar, pode ir
Não precisa se preocupar comigo
Eu vou fingir que entendo os seus motivos
Até acreditar que quem errou fui eu
Tudo bem
Eu vou me esquecer do que vi
Não vou te culpar, pode ir
Não sou do tipo que castiga
O meu cativeiro não esconde a saída
E você está livre para respirar
O novo ar que te envolveu
Leve todos os seus livros
Deixe intacto os meus discos
Apague o meu nome das páginas
Não derramarei nenhuma lágrima
Ao ouvir a nossa canção
Um dia a gente se encontra por aí
E eu vou te mostrar o quanto evoluí
Vamos sentar para conversar
E, civilizados, vamos rememorar
A vida que tivemos em mãos
Tudo bem
Confesso que não sou tão forte assim
E lá no fundo eu desejo que sejas infeliz
Mas a minha boca não confessa
A minha alma seca
Ao te ver indo embora...
[Anderson Lopes]
6 de fevereiro de 2011
Por Trás das Portas
Ruas, digam-me onde ela mora
Em que casa ela se guarda
Para o primeiro que aparecer
Digam-me em que esquina ela se desdobra
E se divide entre a santa e a outra
Para se encontrar e se perder
As pedras que por ela rolam
Na certa saberão dizer
Por trás de qual dessas portas ela se tranca
Depois de tanto acontecer
Ruas, digam-me em que janela ela joga
Os seus versos ao vento
Para o tempo colher.
[Anderson Lopes]
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