Costumava invejar a triste sorte de Orfeu,
Que amou e foi amado,
Que foi herói e foi fracasso,
Sem inveja nenhuma. Mas havia em Orfeu,
Uma moral para aprender e
Momentos houve que julguei
Se ouvisse, de perto, a voz de Orfeu
Então aprenderia como ele
A fazer a lira chorar.
Mas eis que eu fui amado
Mas não amei
E fui herói
Mas não fracassei
A minha lira nunca chorava
Porque não tinha a corda triste.
Costumava invejar a triste sorte de Orfeu,
O som da lira é o som dos homens
O sucesso tem o seu quê de trágico
E eu não sofri para fazer a lira ter esse som
Melodioso
De quem ri sem lembrar porquê.
Sempre invejei a triste sorte de Orfeu,
Sem inveja nenhuma,
A eficácia tem o seu quê de trágica.